(continuação)
ainda mais, pelo comércio com Cuba, seria atentar contra os legítimos interesses dos países americanos.
Mesmo que alguns particulares se enriqueçam no comércio com Havana, não é lícito sacrificar em benefício de uns poucos os interesses de milhões de pessoas.
Há, ainda, uma objeção a ser rebatida. Em Punta del Este, na recente reunião entre países latino-americanos e o MCE, o ministro do Comércio Exterior de Cuba, Marcelo Fernández, sabendo que os pretextos apresentados anteriormente para justificar a reintegração de Cuba eram muito débeis, saiu-se com outra tentativa de justificação. Ei-la: "Hoje muitos países aqui representados mantêm relações com vários outros Estados cujos governos são também marxistas-leninistas". Como não poderia deixar de ser, acrescentou a habitual expressão da jactância comunista: "Cuba retorna, assim, de fronte erguida, para manifestar livremente suas opiniões perante as demais nações".
Não vamos entrar na análise das razões que possam ter os países do mundo livre para estabelecer relações diplomáticas com nações comunistas.
Entretanto, o argumento do ministro de Fidel Castro evidencia, antes de mais nada, o vácuo que há em matéria de motivos para as nações americanas reatarem relações com Havana. Tratando com representantes de vários países, num forum diplomático altamente propício para a propaganda do reatamento, ao procurar o melhor argumento que possuía, o ministro só achou uma coisa a dizer para impressionar favoravelmente; "Vocês que estão aqui já têm relações com os outros governos comunistas. Por que não as têm com o nosso, que também o é?
Trocado em miúdos, o argumento é esse. O que nos leva a concluir que os comunistas do Caribe não têm nada de mais sólido para oferecer em defesa da cessação das sanções contra seu país. Eis uma excelente contra-prova para aqueles que vêem com apreensão a manobra político-publicitária destinada a reintegrar Havana no convívio das nações americanas.
Se admitíssemos esse argumento como base para o reatamento, faríamos tábula rasa da ameaça à segurança continental que o regime castrista representa, da tirania que exerce sobre nossos irmãos que permanecem na Ilha, do sofrimento e das esperanças de centenas de milhares de exilados.
É necessário ainda dizer que, embora os outros governos marxistas sejam em tudo semelhantes ao cubano, não dispõem eles das mesmas facilidades para espalhar a subversão em nosso continente. Nem de longe as embaixadas de outros países têm aqui as facilidades de manobra de que disporá uma representação cubana. Cuba está na América, fala a mesma língua, tem a mesma raça e os mesmos hábitos da maioria das nações latino-americanas.
De onde é certo que as probabilidades de vermos outros governos marxistas se implantarem no continente aumentarão consideravelmente pelo simples fato do término das sanções contra Fidel Castro.
Quem serão, perante Deus e a História, os responsáveis pela continuação dos sofrimentos e humilhações do povo cubano?
Covardes e traidores sempre os houve ao longo dos tempos.
Entretanto, as traições e as covardias em geral não prosperam quando contra elas se ergue, severa, a barreira da sanção social.
A eventual integração da anti-Cuba na comunidade americana se dará pela ação diplomática de homens como Kissinger, dispostos a fazer ao comunismo toda sorte de concessões.
Dar-se-á também pelo apoio que esses homens terão de governos e de meios de comunicação afins ideologicamente com a ditadura do Caribe.
Dar-se-á pela ação de certo Clero e burguesia comunistizantes, que farão tudo para amortecer as reações que naturalmente surgirão.
Mas também serão responsáveis aqueles que, podendo opor uma reação lógica, ardorosa, indignada — dentro da lei e da ordem — preferirem calar-se, acomodar-se e deixar campo livre aos setores mencionados. Essa parcela da opinião pública tem a chave na mão; se, por inércia e desinteresse, abrir a porta, entrarão os Kissingers, os governos e órgãos de imprensa esquerdistas, o Clero e a burguesia comunistizantes, que, não encontrando resistências, consumarão a tragédia. Fidel Castro, reintegrado no convívio latino-americano, assassinará as esperanças do povo cubano e consolidará sua ditadura.
Se a opinião pública bradar um enérgico não, a manobra se desfará como um cubo de gelo batido pelo sol do meio-dia.
Por que não trabalhar para a libertação de Cuba? Não é preciso exigir a deposição imediata de Fidel Castro.
Basta exigir eleições livres em Cuba, com todos os cidadãos da Ilha tendo completa liberdade de votar a sujeitando-se o processo eleitoral à supervisão da ONU e à irrestrita cobertura da imprensa internacional. E que esse direito seja concedido igualmente aos 800 mil cubanos que o comunismo escorraçou de sua pátria.
Não admitimos o princípio de que uma eleição, mesmo livre, sancione uma forma de governo contrária à lei natural, mas é tal nossa certeza de que Fidel Castro será fragorosamente derrotado, que propomos a realização do plebiscito.
Caso o ditador não aceite essa proposta, outros meios legais deverão ser tentados para livrar Cuba da opressão em que geme.
Deixamos expressa aqui nossa inconformidade e nossa indignação ante as manobras espúrias que visam reconduzir uma anti-Cuba ao convívio das demais nações do continente, enquanto a verdadeira "Pérola das Antilhas" geme em ferros.
Fidel Castro, ator consumado, representa uma nova peça no cenário internacional, desta vez para poder reingressar na comunidade americana. Qualidades para tanto não lhe faltam. Como já mencionamos, o anuário do Colégio Belém, onde estudou, traz em 1945 esta referência ao então adolescente Castro: "No faltará el actor que hay en él".
Entretanto, suas atitudes, para se fazer aceitar no cenário americano, não passarão de gestos para a galeria. A tragédia real que há anos se desenvolve em Cuba em nada se modificará.
Para o homem que jurava não ser comunista, tendo depois declarado que o havia sido sempre; para o líder de um movimento que proclamava sua aversão militante ao marxismo, alardeando aos quatro ventos sua condição de católico, para depois tudo desmentir; para o chefe que assegurava aos seus comandados a sua amizade, para depois os fazer eliminar, — mais uma representação nada tem de extraordinário.
O ditador do Caribe, que tantas vezes já iludiu a opinião pública, conta fazê-lo uma vez mais.
Desejamos rememorar alguns fatos que evidenciam a falsidade da nova manobra e a cumplicidade daqueles que a apóiam, como já apoiaram a Fidel (ou desalentaram seus opositores), em passado recente.
A ditadura marxista em Cuba não mudou. O escárnio aos sagrados direitos de Deus e do homem continua ali como era. Os campos de concentração estão cheios. A cortina de água salgada continua circunscrevendo a ilha, cada vez mais rígida, na proporção em que aumentam a fome e a opressão. Cuba é um mini-Arquipélago Gulac.
Não existe na Ilha nenhum jornal, rádio ou televisão que possa fazer oposição ao governo. Nenhuma organização tem permissão de atacar o marxismo. Cuba continua sendo um foco de subversão e ameaça para as Américas. Pode ser que o ditador tenha substituído o fuzil por táticas mais subtis, porém não menos perigosas. A subversão incruenta é tão criminosa como a subversão sangrenta.
Sem embargo do que, ponderáveis setores da Hierarquia e do Clero católico continuam apoiando Fidel Castro, ora pelo silêncio cúmplice, ora desalentando os eventuais opositores, e outras vezes por apoio caloroso ao regime.
O governo dos EUA continua em atitude dúbia. A política de Kennedy, ao entregar nas mãos de Castro os lutadores anticomunistas da Baía dos Porcos, não mudou. Setores responsáveis daquele país, desde o alto capitalismo, passando pela imprensa e pela direção de associações de classe, continuam a apoiar Fidel, como o fizeram desde os primeiros passos de sua trágica ascensão.
Como se vê, o apoio a Castro vem de onde ele deveria, conforme a doutrina marxista, esperar a reação. E a reação vem de onde ele deveria esperar o apoio, de acordo com a mesma doutrina, isto é, das massas cubanas, que são submetidas a implacável regime policial para evitar que derrubem o governo.
O que torna os setores mencionados co-responsáveis e cúmplices dos sofrimentos sob os quais geme o povo cubano.
• "Há mais de treze anos está-se lutando pela liberdade de nossos presos em Cuba, os quais cumprem sentenças proferidas por tribunais de exceção, desconhecedores de todo princípio legal e de toda norma de Direito, que não seja o extermínio e a degradação daqueles que não se submetem ao comunismo ateu e sanguinário" (Documento do Congresso Cubano Contra a Coexistência, Isla Verde, Puerto Rico, 1973, p. 3).
• "A proibição à Comissão Internacional de Juristas e à Cruz Vermelha Internacional, de investigar as denúncias sobre tratamento inumano e cruel e a prisão sem o cumprimento do disposto nas leis vigentes antes da detenção, são a mais evidente confissão de que o governo comunista não cumpriu com suas obrigações [...] em relação aos direitos humanos" (ibidem, p. 4).
• "Por mais de uma década, os presos políticos cubanos têm sofrido o mais cruel, desumano e degradante encarceramento conhecido na América. Tal encarceramento desumano é caracterizado por assassinatos, torturas físicas e mentais, escassez de alimento, falta de assistência médica, trabalho pesado, proibição de visitas, de entrega de alimentos e de correspondência [...]; encarceramento em celas muradas, onde dormem junto aos próprios excrementos e jamais vêem o sol; doutrinação comunista compulsória [...]; sujeição a experiências biológicas e psicológicas [...]" (entrevista coletiva do Dr. Humberto Mendrano, in "Committee to Denounce Cruelties to Cuban Political Prisoners Press Release", 1973).
■ "Esta denúncia tem poucas possibilidades de chegar ao Exterior; por tê-la dado a público corremos o risco de brutais represálias. Nós, prisioneiros políticos anticomunistas da Prisão de Boniato, na Província de Oriente, Cuba, temos sido confinados durante anos, impedidos de ver nossas famílias e de ter qualquer comunicação com elas por qualquer meio, sem permissão sequer de enviar ou receber cartas, internados como bestas furiosas em celas com janelas cobertas com chapas de aço e portas hermeticamente fechadas, apenas com um buraco num canto para as necessidades sanitárias, onde a urina e os excrementos se acumulam, tornando assim irrespirável pelo mau cheiro o pouco ar que ali penetra, sem sol nem luz, numa escuridão permanente, quase cegos e com a estrita proibição de qualquer assistência médica ou qualquer forma de medicação. Temos sido submetidos ao mais cruel e enlouquecedor sistema de aniquilamento físico e mental e de experimentação biológica que o mundo ocidental jamais conheceu em toda sua História. Médicos russos, tchecos e cubanos comunistas dirigem este plano de extermínio e de experimentação" (Carta dos Prisioneiros Políticos da Prisão de Boniato — Centro de Extermínio e de Experimentação Biológica — ibidem).
• A Rússia ainda mantém em Cuba bases para o lançamento de foguetes, os quais podem facilmente atingir os Estados Unidos (Luís V. Manrara, "Betrayal Opened the Door to Russian Missiles in Red Cuba", 1968).
• Castro ajuda as guerrilhas comunistas do Yemen do Sul ("The Washington Post", de 25 de junho de 1973). — Se até à Ásia chega a influência do ditador do Caribe, o que dizer dos países que lhe estão próximos?
• Há fortes suspeitas de que o grupo "Symbionese Liberation Army", que seqüestrou a jovem milionária Patricia Hearst, seja teleguiado por Cuba e adote táticas castristas ("The Red Line", de 18 de março de 1974).
• Em Cuba há milhares de ativistas das três Américas aperfeiçoando-se nas doutrinas e métodos marxistas, desde os mais refinados procedimentos psicológicos até as mais brutais táticas de guerrilhas (Juan A. Fernandez Pellicer, "Así Marcha Cuba", 1972, pp. 50-51).
• A Conferência Episcopal Cubana emitiu, em 10 de abril de 1969, comunicado pedindo o término do bloqueio econômico à Ilha. Fez o mesmo em 1972 ("The Voice", de Miami, e "Informations Catholiques Internationales", de 15 de julho de 1972).
• A Conferência Episcopal Norte-Americana pediu a cessação do bloqueio econômico a Cuba ("Informations Catholiques Internationales", de 15 de julho de 1972).
• A Agência Católica de Notícias, de Boston, apóia o regime comunista de Havana. O Arcebispo de Boston, Cardeal Humberto Medeiros, pôs fim a conversações com um comitê de senhoras católicas cubanas refugiadas, que só pediam que se rezasse pelo seu povo ("El Faro .Mundo", de 12 de maio de 1972).
• Declarações de Mons. Zacchi, Encarregado dos Negócios da Santa Sé em Havana: "Os católicos cubanos devem ser revolucionários e devem pertencer às milícias, porque os católicos devem servir sempre de exemplo, onde quer que se encontrem, e devem ser os primeiros a responder a qualquer apelo do governo a favor do povo [...]. Cuba é hoje uma grande família na qual os filhos estão trabalhando para um futuro de absoluta felicidade" ("ZigZag", Miarni, de 18 de janeiro de 1974).
• Mons. Agostinho Casaroli, Secretário do Conselho para os Assuntos Públicos do Vaticano, visitou Cuba em fins de março e começo de abril deste ano, mantendo encontros cordiais com Fidel Castro e com o presidente Dorticós. O enviado da Santa Sé levou aos Bispos cubanos uma mensagem na qual Paulo VI apóia a ação destes "em meio às profundas transformações ocorridas no país". Ao passar pelo México, de regresso, o alto Prelado vaticano declarou que "os católicos que vivem em Cuba são felizes dentro do regime socialista" (afirmação que desmentiria bem mais tarde) e que "os católicos e, de um modo geral, o povo cubano não têm o menor problema com o governo socialista". Terminou asseverando que "os católicos da Ilha são respeitados em suas crenças como quaisquer outros cidadãos", depois de afirmar que "a Igreja Católica cubana e seu guia espiritual procuram sempre não criar nenhum problema para o regime socialista que governa a Ilha" (cf. "Catolicismo", no.s 280 e 282, de abril e junho de 1974, e "O Estado de São Paulo", de 7 de abril de 1974).
• A M. L. Worthington, do Canadá, e as fábricas de automóveis Ford, General Motors e Chrysler da Argentina, filiais de empresas norte-americanas, vão vender a Cuba, respectivamente, locomotivas e automóveis. Segundo o "U. S. News and World Report", o governo dos EUA está disposto a aprovar a transação ("El Espectador", Bogotá, de 12 de março de 1974).
• "Sendo Vice-Presidente o Sr. Nixon, [...] o governo de Washington facilitou ao imperialismo russo-comunista a ocupação de nossa pátria. Note-se que esta não é somente a minha opinião. É a opinião de quatro embaixadores norte-americanos que atuaram pessoalmente durante o período em que os comunistas lutaram para obter o poder em Cuba" (Luís V. Manrara, artigo "Infundadas Esperanzas", in "Diario Las Américas", de 28 de agosto de 1968).
• "Queremos especialmente insistir em que o citado Ponto II do Tratado contra a Pirataria Aérea, de 15 de fevereiro de 1973, [...] está em aberto conflito com a Resolução Conjunta 230, de 3 de outubro de 1962, do Congresso dos Estados Unidos da América, a qual foi declarada Ato Público [...]. A referida Resolução Conjunta estabelece que os Estados Unidos da América oferecerão inteira cooperação aos cubanos livres na sua justa luta contra o atual regime cubano. Assim, pois, julgamos que, conforme o controvertido Ponto 11 do Tratado ou Acordo sobre Pirataria Aérea, os Estados Unidos punirão de acordo com suas leis e não permitirão a qualquer cubano a preparação, promoção ou participação em expedições ou outras atividades importantes, a partir de seu território, ou de qualquer lugar da América, contra o regime totalitário imposto a Cuba pelo embuste, pela força e pelo terror" (Manifesto dos Cubanos no Exílio ao Presidente Nixon e à Opinião Pública Mundial, in "The Washington Post", de 27 de março de 1973).
• "Da mesma maneira como o povo de Cuba no exílio condenou o pacto Kennedy-Kruchev — nascido como conseqüência da crise dos foguetes, de outubro de 1962, o qual, no fim das contas, serviu apenas para perpetuar Castro e seu regime no poder — agora igualmente os cubanos livres e democráticos censuram e denunciam qualquer intento de coexistência que tenda a manter a tirania cubana no poder e a condenar injustamente nosso povo a viver sob um regime-prisão que destruiu a nação cubana, estabeleceu o racionamento permanente e a pobreza, e viola todos os princípios do sistema interamericano" (idem).
• O multimilionário Cyrus S. Eaton deseja o restabelecimento de relações com Havana o mais cedo possível (H. J. Maidenberg, in "The New York Times").
• O presidente do Sindicato de trabalhadores na indústria automobilística, Leonard Woodcock, exortou o governo norte-americano a suspender o embargo comercial a Cuba, para que as indústrias de automóveis possam negociar com Castro ("Jornal do Brasil", Rio de Janeiro, de 17 de março de 1974).
• O líder da maioria no Senado, Mike Mansfield, pediu a Nixon que restabeleça relações diplomáticas com Havana ("O Globo", Rio de Janeiro, de 14 de março de 1974)•
• O deputado democrata de Massachusetts, Michael J. Harrington, apresentou projeto destinado a "normalizar" as relações com Cuba ("Diario Las Américas", Miami, de 19 de fevereiro de 1974).
• O secretário da Comissão de Relações Exteriores do Senado norte-americano, Pat Holt, iniciou visita de dez dias a Cuba ("O Estado de São Paulo", 30 de junho de 1974).
• "O Pe. Loredo [. ..] está já há cinco anos na prisão por defender sua Religião [...]. É possível que a execução de quinhentos seres humanos durante este ano [1972], e os 40 a 150 mil (neste ponto variam as fontes de informação) que sofrem na prisão em condições infra-humanas, não mereçam ao menos uma menção na Missa?" (carta de cubanos livres ao Cardeal Humberto Medeiros, Arcebispo de Boston, in "El Faro Mundo", de 12 de maio de 1972).
• "Para falar somente do aspecto material, nosso país regrediu pelo menos cem anos. Todo o povo, incluindo os que eram pobres antes de Castro, está em situação ainda pior que a dos escravos negros sob a dominação espanhola. Quanto à religião, ninguém pode negar que um cristão em Cuba é um cidadão de segunda classe, considerado como suspeito pelo governo" (idem).
• "Somos um pais revolucionário socialista, mas estamos longe de aplicar a norma do marxismo [...]. Parece assim que a tese fundamental do marxismo é utópica, idealista e impraticável para Cuba [...]. É possível demonstrar que empregamos uma força de trabalho muito maior do que a que empregavam [antes de 1959] os capitalistas na operação dos engenhos, os quais administramos menos eficazmente do que eles" (Fidel Castro, discurso ao Congresso Nacional de Trabalhadores de Cuba, em 12 de janeiro de 1974 — "Diario Las Américas", Miami, de 22 de fevereiro de 1974).
• "Nós, mães de mártires cubanos, assassinados pela ditadura castro-comunista que escraviza nossa pátria, e legítimas representantes da tragédia que vive nosso povo..." (Manifesto de Mães cubanas que tiveram filhos assassinados pelo regime castrista, dirigido a todas as Chancelarias do mundo, em fevereiro de 1974).
1 — Que as nações americanas cessem o bloqueio econômico de Cuba.
2 — Que as nações americanas reatem relações diplomáticas com Havana.
3 — Que os EUA concedam a Cuba empréstimos-donativos como os que a Rússia está recebendo.
4 — Que as nações americanas aceitem a perpetuação do regime comunista na Ilha.
5 — Que os EUA não exijam a retirada — verificada mediante controle internacional — de todas as tropas e armas russas que estão na Ilha.
6 — Que ninguém exija para os cubanos no exílio e para qualquer estrangeiro a inteira liberdade de entrar e sair na Ilha (para que não se possa constatar o malogro do regime).
7 — Que ninguém exija o fechamento de todas as escolas de treinamento de guerrilheiros existentes em Cuba.
8 — Que ninguém exija de Havana o fechamento de todos os campos de concentração e a revisão dos processos de todos os presos políticos.
9 — Que as nações americanas não exijam que as embaixadas cubanas deixem de servir de meio de propaganda do comunismo.
10 — Que os EUA concordem em recambiar para a Ilha todos os cubanos que vivem no exílio.
1- A continuação do bloqueio econômico.
2 - O não reatamento das relações diplomáticas.
3 - Se se der o reatamento, que pelo menos não se faça nenhuma concessão das enumeradas acima, sob pena de Cuba continuar a ser, e mais desembaraçadamente do que até agora tem sido, um prego envenenado cravado num ponto estratégico, que atinge, ao mesmo tempo, as três Américas.
Desejosos de apresentar a nossos leitores um testemunho sereno de quem viveu em Cuba nos anos anteriores à tomada do poder por Fidel Castro e nos primeiros anos de seu governo, procuramos no conjunto das personalidades cubanas no exílio aquela que estivesse mais apta para analisar com extensão e profundidade os diferentes aspectos da realidade de seu país.
Não encontramos ninguém mais autorizado do que o Exmo. Revmo. Mons. Eduardo Boza Masvidal, Bispo titular de Vinda e ex-Auxiliar de Havana, hoje vivendo na Venezuela, o qual acedeu gentilmente ao nosso pedido.
Iniciando a entrevista, o Prelado declarou que saiu de Cuba "não por vontade própria, mas porque me puseram, pela força das metralhadoras, em um navio. Do contrário, não teria saído".
Comentando a situação religiosa atual da Ilha, disse Mons. Boza Masvidal: "Foram fechadas as capelas dos colégios e as igrejas dos centros açucareiros, além de outras mais, como a de São Francisco, em Havana. O número de Padres diminuiu radicalmente: antes da revolução eles eram perto de 750; agora não chegam a duzentos, muitos dos quais já velhos e enfermos. E não há maneira de o regime deixar entrar algum Sacerdote, quer estrangeiro, ou menos ainda cubano, porque os cubanos são os que menos direito têm agora em sua terra. Depois de treze anos sem ordenações, foram ordenados em Cuba no ano passado uns quinze novos Padres. Esses duzentos Sacerdotes têm que atender a oito milhões de habitantes, católicos na maioria".
Perguntado se a Igreja pode atuar livremente, o ex-Bispo-Auxiliar de Havana respondeu: "Em absoluto! É uma Igreja impedida e amordaçada! Para o comunismo, a "liberdade religiosa" consiste em haver alguns templos abertos, no interior dos quais se possa celebrar Missa ou fazer batizados. Mas isto está muito longe de ser liberdade religiosa, que é a liberdade de praticar e viver a Fé sem temores nem represálias, de difundi-la, de nela educar os filhos, etc. E mesmo para essa Religião reduzida a restos no interior das igrejas, existem muitas pressões psicológicas sobre as pessoas, especialmente os jovens. Estes, por exemplo, se se apresentam como católicos não podem estudar na universidade".
Indagamos de Mons. Boza Masvidal se há escolas católicas em Cuba:
"Absolutamente nenhuma, respondeu. A educação é controlada totalmente pelo Estado, que promove doutrinação atéia e marxista desde o jardim da infância até a universidade. No princípio deixaram nas mãos da Igreja duas ou três creches, onde eram atendidas crianças que ainda não estavam em idade escolar, enquanto as mães iam trabalhar, mas depois tiraram até isso. O controle sobre a universidade é absoluto.
Aos velhos, deixam-nos um pouco mais tranqüilos porque eles já estão perto da morte e não interessam tanto. Assim, as Irmãzinhas dos Velhos Desamparados conservam um asilo em Havana e as Irmãs da Caridade continuam ainda no Hospital de Leprosos de Rincón de la Habana. Os velhos e os leprosos é possível tolerar que sejam cuidados pelas irmãs, mas a juventude é outra coisa, aí não se cede o mínimo".
Sobre os meios de comunicação social, S. Excia. Revma. declarou : "Todos os meios de comunicação estão em poder do Estado e a serviço da doutrinação marxista. Estão fechados para a Igreja a imprensa, o rádio, a televisão, o cinema, tudo, enfim, que pode ser utilizado para apresentar uma mensagem diferente. Fazer entrar livros de fora em Cuba é uma das coisas mais difíceis, pois existe um controle absoluto. Estão deixando apenas publicar uma pequena folha paroquial, em papel péssimo e com uma tiragem insignificante, que pode apenas falar de uma Religião etérea, nas nuvens, que não se ocupe em nada da situação em que vive o país, nem aplique o Evangelho às situações concretas da vida".
"Os bons católicos — prosseguiu o Prelado cubano — procuram manter a Fé através de uma ação individual, mas não existem associações apostólicas organizadas. Os quadros da Ação Católica, que estavam perfeitamente estruturados em todas as paróquias, em seus quatro ramos — homens, mulheres, rapazes e moças — desapareceram. No ano passado falou-se algo a respeito de uma nova Juventude Estudantil Católica, que parecia ser antes uma organização do regime, que da Igreja. Já se pode supor com que fins; ademais, não se voltou a falar nela".
Sobre a atitude do Encarregado de Negócios da Nunciatura de Havana, hoje Núncio Apostólico, assim se expressou Mons. Boza Masvidal: "Não compartilho a atitude de Mons. Cesare Zacchi, Encarregado da Nunciatura em Havana, por ser uma atitude de defesa do regime e de compromisso com o mesmo. Hoje que a Igreja quer em toda parte ter as mãos livres para cumprir a sua missão sem liames humanos, é inexplicável esse compromisso com um regime violador de todos os direitos e opressor da pessoa humana".
Presseguindo, o Sr. Bispo titular de Vinda referiu-se à política de alguns governos, de aproximação com o regime de Fidel Castro: "Quero apenas dizer que a nós cubanos dói-nos profundamente ver que em outros países se ponha como única condição para normalizar a situação com Cuba que esta não exporte a revolução. Ninguém se importa com o povo oprimido e subjugado que ali existe. — Onde fica, então, a defesa dos princípios e a solidariedade humana? Parece-me que é como na parábola do Bom Samaritano, em que Cristo reprovou os que disseram: "Desde que os ladrões não me assaltem, nem me firam, este outro pobre não me importa", e passaram ao largo",
"É bom que se saiba — prosseguiu S. Excia. Revina. — que o povo de Cuba não escolheu este caminho, o qual lhe foi imposto pela força e pelo terror. Quando um governo para manter-se necessita de conservar um número enorme de cidadãos na prisão ou no exílio, e essa terrível máquina de delação e de repressão, é sinal evidente de que tem contra si um povo que não se resigna à escravidão. Falar aqui de autodeterminação dos povos é um sarcasmo. Com um revólver ao peito todo mundo tem que se "autodeterminar".
O ilustre entrevistado elogiou o trabalho dos Sacerdotes que, nas condições mais adversas, continuam a exercer o seu ministério em Cuba, de modo algumas vezes até heróico. Criticou um certo anticomunismo meramente negativista, sem base doutrinária, e enfatizou a necessidade da aplicação dos ensinamentos das grandes Encíclicas pontifícias.
Mons. Eduardo Boza Masvidal encerrou a entrevista com uma verdadeira profissão de fé na Igreja, afirmando que só Ela tem os princípios estáveis e a capacidade renovadora para dar solução aos problemas que afligem a humanidade.