Conforme noticiamos na ocasião, no dia 7 de maio p.p. o Presidente do Uruguai, Sr. Juan Maria Bordaberry, promulgou uma resolução proibindo a atuação pública da Sociedade Uruguaia de Defesa da Tradição, Família e Propriedade. Em nosso número de junho estampamos um comunicado da TFP brasileira esclarecendo o que ocorrera com sua congênere oriental.
É o seguinte o texto da resolução em apreço:
"Tendo em vista que a associação denominada Tradição, Família e Propriedade (TFP), na difusão de suas ideias, realiza uma atividade pública inclinada a gerar incidentes e alterar a ordem pública;
- Sendo certo que a ideologia preconizada pela referida associação se caracteriza por uma posição radical e extremista, manifestando-se não só em sua formulação, mas também no modo como a exterioriza para sua difusão e propaganda;
- Considerando que o governo da República realiza os maiores esforços para conseguir no país um clima de paz e tranquilidade, necessário para seu desenvolvimento e especialmente para assegurar a unidade de todos os cidadãos em torno dos problemas fundamentais que afetam o país, conspirando todo extremismo contra este propósito;
- Atendendo ao exposto e ao que dispõem os incisos 1.° e 17 do artigo 168 da Constituição da República,
O Presidente da República resolve:
1.° — Declara-se que as manifestações públicas que realiza a associação denominada Tradição, Família e Propriedade estão compreendidas nas normas do decreto n.° 466/973, de 27 de junho de 1973, pelo qual se limitou o direito de reunião.
2.° — O Ministério do Interior disporá, com base nas Medidas Prontas de Segurança, em caso de violação da presente resolução, a detenção dos integrantes da aludida associação.
3.° — Dê-se conta ao Conselho de Estado, comunique-se, etc.".
No dia 16 de setembro p. findo, a TFP uruguaia publicou na imprensa diária de Montevideu a carta que, em data de 10 de maio, enviara ao Presidente Bordaberry a respeito desse decreto. O texto da carta veio acompanhado pela seguinte nota da entidade:
"Há mais de quatro meses, mais precisamente no dia 7 de maio p.p., o Poder Executivo resolveu suspender as atividades públicas da TFP.
Durante esse largo período, de uma inércia que tanto pesa a jovens como nós, esperamos dia a dia que um novo ato do Sr. Presidente da República revogasse aquela medida governamental, restituindo assim à população de Montevidéu e dos demais Departamentos a oportunidade de presenciar nossas campanhas pacíficas, tão apreciadas pelo público. Emudeceram nas ruas do Uruguai as vozes valentes e abnegadas que, representando autenticamente o Uruguai cristão, proclamavam com jovialidade e ufania o desejo comum de repelir o perigo comunista.
Ao longo desse tempo, privados dos meios de difundir em larga escala nossa revista "Lepanto", preferimos calar, permanecendo irredutíveis na esperança, e dando, com nosso inteiro acatamento à referida resolução, a prova de toda a nossa obediência à lei.
Desde há quatro meses continuamos esperando. Todavia, já não podemos guardar silêncio. Começa este a parecer um ato de conformidade com acusações que não podemos aceitar.
Assim, damos a público a carta que dirigimos ao ilustre Chefe de Estado no dia 10 de maio p.p. Contém ela tudo quanto temos para dizer a nossos compatriotas sobre este assunto, a bem da reputação da TFP e dos que a constituem.
Ao tomar esta iniciativa convidamos todos a que se unam a nós em uma oração à Virgem Santíssima, a fim de que Ela aplaine na concórdia e na paz as vias dos que não têm outra intenção senão a de abnegadamente servi-La".
É do seguinte teor a carta da SUDTFP ao Presidente da República:
"Montevideu, 10 de maio de 1974
Senhor Juan Maria Bordaberry Presidente da República Oriental do Uruguai
Excelentíssimo Senhor Presidente
Com nossos mais respeitosos e cordiais cumprimentos, pedimos vênia para apresentar ao Senhor Presidente algumas reflexões sugeridas pela resolução com que Vossa Excelência atingiu a Sociedade Uruguaia de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP).
Fazemo-lo em nome da Sociedade, mas antes de entrar no assunto queremos apresentar-nos a Vossa Excelência.
Somos jovens, extremamente jovens, como quase todos os componentes da TFP, e na maioria seguimos o curso universitário.
Por idealismo, todo o tempo disponível que temos nós o consagramos a contribuir para a defesa de nosso glorioso País contra a guerra psicológica desencadeada pela Rússia e por Cuba com a intenção de suprimir a independência nacional e sujeitar-nos a uma tirania anticristã.
Estamos certos de que, neste momento histórico em que todos os governos do mundo prestam especial atenção à voz dos jovens, o Senhor Presidente não haverá de constituir exceção, e condescenderá em examinar com atenção o que passamos a expor:
■ 1 — Deploramos profundamente, Senhor Presidente, que informantes seus lhe tenham dito que a ideologia que difundimos é extremista. Temos a penosa sensação de havermos sido condenados por esses informantes, sem termos sido ouvidos previamente, apesar de vivermos na época em que o diálogo é geralmente admitido como uma condição de toda relação verdadeiramente humana. Se tivéssemos sido ouvidos, poderíamos ter apresentado todas as nossas publicações, perguntando aos seus informantes em que obra, em que página, em que linha, se encontra a doutrina por eles arguida de extremista. E temos a mais absoluta e tranquila certeza de que esses informantes nada teriam que indicar.
■ 2 — Com efeito, Senhor Presidente, toda a doutrina contida nessas publicações não é senão a doutrina tradicional da Santa Igreja Católica, Apostólica e Romana. Bem entendido, se seus informantes perguntarem a Sacerdotes imbuídos de espírito progressista se nossa doutrina é ortodoxa, eles dirão que não o é. Mas temos a prova da identidade de nossa doutrina com a da Santa Igreja: essa prova consiste em que nenhum desses Padres jamais teve, nem jamais terá coragem de sair a público, por escrito, para apontar concretamente um erro em nossa doutrina.
■ 3 — Vista assim a questão em seu verdadeiro aspecto, trata-se de saber se: a) a doutrina exposta pela TFP é ortodoxa; b) se a doutrina ortodoxa é extremista.
Pedimos empenhadamente a Vossa Excelência, Senhor Presidente, que nos perdoe se, com respeitosa franqueza, solicitamos sua atenção para a posição muito incômoda que seus informantes o levaram a tomar diante do País e diante da História, quando lhe sugeriram que qualificasse de extremista nossa doutrina tão equilibrada. Vossa Excelência, Senhor Presidente, Chefe de um Estado leigo, foi induzido a tomar uma posição essencialmente religiosa, definindo como extremista, e portanto anticatólica, uma corrente católica contra a qual nenhum documento da Igreja ousou lançar essa acusação.
Diríamos que o Senhor Presidente repete as interferências césaro-papistas, de tão má memória, dos Imperadores de Bizâncio, os quais julgavam o Estado habilitado a decidir problemas doutrinários de ordem religiosa.
■ 4 — Quanto à afirmação contida na resolução do Senhor Presidente, de que o modo pelo qual fazemos nossa propaganda é extremista, pedimos autorização para ponderar que:
a) se isto se refere à linguagem de nossas obras, deve-se indicar-nos o que ela tem de extremista. Estamos certos de que, em um diálogo livre, demonstraremos que nada se pode provar a esse respeito;
b) se se refere a nossas insígnias, deve-se dizer-nos em que elas são provocadoras. O leão é um símbolo comum da heráldica; a Escritura chama Nosso Senhor Jesus Cristo de "Leão de Judá". O vermelho não pode ser tido como cor proibida. Seria desconcertante que no momento em que a Igreja suprime o "Index" dos livros proibidos, um governo estabeleça um "Index" de cores proibidas;
c) se nos acusam de havermos praticado alguma agressão em praça pública, não chegamos a compreender porque os informantes do Senhor Presidente não nos ouviram antes de dar como certas essas acusações. Estamos dispostos, a qualquer momento, a um diálogo a esse respeito, e sustentamos com hombridade que nada poderá ser provado contra nós.
■ 5 — Restaria ainda uma objeção. Se entendemos bem a resolução do Senhor Presidente, ela se formularia nestes termos: nossa campanha anticomunista exacerba os comunistas, impedindo a reconciliação nacional.
Uma vez mais devemos pedir perdão ao Senhor Presidente, se fazemos uso respeitoso da franqueza que todos os governos modernos toleram aos jovens, até quando não a usam respeitosamente.
Os informantes do Senhor Presidente talvez lhe hajam assegurado que cessou a campanha comunista no Uruguai. Só assim se explica que eles tenham querido silenciar nossa campanha anticomunista.
De fato, a campanha comunista continua, e silenciar a contracampanha significa derrubar os obstáculos que essa campanha encontra diante de si. Como isso é diverso das intenções do Chefe de Estado que o Uruguai anticomunista elevou ao poder para eliminar o comunismo em nosso País!
Diria também Vossa Excelência que o simples uso da força armada basta para garantir a Pátria contra o comunismo? Não o cremos. Pois estamos seguros de que Vossa Excelência não quer tratar a opinião pública do Uruguai como a de um país conquistado, para o qual o único argumento é o da força. Esta tem, por certo, um papel importante na repressão, mas não é um papel único.
Todos os regimes que tentaram combater ideias unicamente pela força fracassaram. De que valeu a mera força, no mundo antigo, durante as perseguições aos cristãos?
A resolução do Senhor Presidente pretende promover a reconciliação nacional, silenciando as campanhas da TFP. Como os únicos visados por essas campanhas são os comunistas, parece lógico deduzir que é com eles que se quer fazer essa reconciliação.
Sacrificar a legítima liberdade de movimentos de uma organização anticomunista, para atrair as boas graças dos comunistas, implica, em nosso entender, em tornar os comunistas não mais mansos e cordatos, senão mais arrogantes e agressivos. Se um anticomunista já não pode propagar suas convicções nas ruas do Uruguai, estas ficam entregues à propaganda comunista. A história do comunismo, desde Kerensky até nossos dias, prova que as concessões feitas a ele servem apenas para favorecer sua ascensão ao poder.
* * *
Todas estas considerações, Senhor Presidente, conduzem-nos a solicitar-lhe que, pelas formas que em sua sabedoria Vossa Excelência julgar mais adequadas, nos seja restituída a necessária liberdade de ação. Para exercê-la a bem de nosso País, não pedimos senão a garantia de não sermos objeto de novas medidas governamentais sem sermos ouvidos previamente. Menos não poderíamos pedir. É o que pede qualquer cidadão honesto para o livre exercício de uma atividade útil ao bem comum.
Esta carta, Senhor Presidente, foi escrita no exercício do mais elementar dos direitos, que é o de "legítima defesa". Nossa reputação está sendo pisoteada livremente por órgãos da imprensa de nosso País, sem que tenhamos culpa alguma, e sem que tenhamos sequer a oportunidade de nos defendermos publicamente.
Esperamos que Vossa Excelência, em seu senso de justiça e na bondade de seu coração de uruguaio, compreenda a situação aflitiva em que nos encontramos. Situação tanto mais difícil de suportar quanto em nós ferve o ardor da juventude. E assim pedimos ao Senhor Presidente que, restituindo-nos a liberdade de ação, dê explícita ou implicitamente por aceitas as considerações desta carta.
Juntamos à presente um número da revista "Lepanto", cuja difusão foi interrompida pela recente resolução. Verá Vossa Excelência que se trata de uma reportagem que, em termos muito corteses e elevados, mostra a miséria no Chile de Allende. Esta publicação está sendo feita pelas congêneres da TFP uruguaia em toda a América, com a maior liberdade, sem provocar incidentes de nenhuma espécie por parte dos comunistas. Apenas no Uruguai é que estes, segundo os informantes do Senhor Presidente, levariam a susceptibilidade ao extremo de não tolerar linguagem tão cortês.
Resta-nos apenas agradecer, desde já, ao Senhor Presidente o haver concedido uma parte de seu valioso tempo para a leitura desta missiva, e pela benevolência com que acolherá este pedido.
Receba Vossa Excelência nossos votos mais sinceros de que Deus o recompense, concedendo a seu Governo paz, prosperidade e êxito, e à sua Pessoa, bem como à sua Família, as melhores graças.
Com nossa mais alta consideração, cumprimentamos o Senhor Presidente muito atenciosamente.
aa) Juan A. Schlief / Enrique J. Etchevers / Rubens E. Riotorto / Gustavo Szwedowski / Raúl de Corral".
A Assembleia Legislativa da Guanabara aprovou um voto de congratulações ao Prof. Plínio Corrêa de Oliveira pelo lançamento da 5.a edição do ensaio "Baldeação Ideológica Inadvertida e Diálogo".
Nesse livro, o Presidente do Conselho Nacional da TFP denuncia o mais recente estratagema comunista para conquistar a opinião mundial: a bolchevização inadvertida de incontáveis anticomunistas, por meio das "palavras-talismã"..
A moção foi apresentada pela Deputada Lygia Lessa Bastos, que ressaltou a particular importância da obra para a elucidação da juventude.
Em sua justificação, a parlamentar lembrou ainda que o livro do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira foi editado em alemão, espanhol e italiano, havendo sido transcrito integralmente em publicações argentinas e chilenas.
Homero Barradas
Caiu sem glória o General Spínola. A 25 de abril tinha a liderança do movimento que derrubou Marcello Caetano. Alçado à presidência da república, entregou-se nos braços dos socialistas e comunistas, que naqueles dias distribuíam cravos vermelhos pelas ruas e deliciavam-se em cantar fados proibidos pela censura caetanista. A 30 de setembro renunciava melancolicamente ante as exigências de uma esquerda cada vez mais dura, que já não distribuía cravos e já não cantava fados, mas promovia expurgos e greves e declarava que "não saíra do caetanismo para cair no spinolismo".
O General, de modos aristocráticos, monóculo e brilhante folha de serviços no Ultramar, fizera bem o papel de Kerensky português.
Alexander Kerensky subiu ao poder, na Rússia, quando, em março de 1917, o Czar abdicou. Ficou conhecido na História por sua fraqueza ante a agitação bolchevista. Governando em nome da democracia e da liberdade, não auscultou, em um só momento, as tendências profundas de seu povo. Não garantiu a ordem nem criou o clima de serenidade necessário à prometida eleição da Constituinte.
Pelo contrário, dominado sempre pela minoria de agitadores, cuja liberdade — esta sim — ele sempre assegurou, permitiu a dissolução da disciplina e a subversão da hierarquia.
Formou vários governos, tendo sempre o apoio de todos os partidos antimonárquicos, com exceção dos bolchevistas. Mas, de fraqueza em fraqueza, de omissão em omissão, suicidou-se politicamente e entregou sua pátria a Lenine, que meses antes não tinha qualquer oportunidade de vir a dominar o país.
Os Kerenskys multiplicaram-se através destes últimos cinquenta anos. Entregaram a Áustria a Hitler, em 1938, assim como entregaram o Leste europeu aos comunistas, logo após a segunda Guerra Mundial.
Fábio Xavier da Silveira estigmatizou Eduardo Frei como o Kerensky chileno e assim ele ficará conhecido para sempre.
Agora, o General Spínola aceita o mesmo papel em sua pátria.
General Rabin é o Primeiro-Ministro de Israel. Sua autoridade se estende por todos os países do mundo? Pelo menos este é o desejo de outro militar israelense, o General Sharon. Segundo o "Washington Observer Newsletter", é este o pensamento de Sharon sobre as funções, do governo de Tel-aviv: "O governo aqui tem um duplo papel. Porém eu gostaria de ver o governo de Israel assumir mais a direção dos judeus no Exterior. De certa forma, este governo é realmente o governo de todos os judeus do mundo inteiro".
Segundo ele mesmo declarou, sua revolução foi feita com "a esperança na construção de um país novo, onde os portugueses pudessem viver em paz uma vida digna, livre, com mais justiça social traduzida numa mais equitativa distribuição da riqueza, para que a felicidade não fosse apenas privilégio de alguns, antes entrasse livremente em todos os lares". Mas os fatos obrigaram-no a confessar: "Não é esse, infelizmente, o caminho que está a ser seguido. Chegou a altura de saber separar o trigo do joio".
Lamentavelmente, o General não soube separar o trigo do joio, se é que ainda havia trigo entre os que o cercavam. Sua atuação favoreceu, dia a dia, as exigências das esquerdas.
Bem cedo foram consideradas ultrapassadas as ideias de federação e de comunidade luso-africana, expostas em seu livro "Portugal e o Futuro".. A independência da Guiné foi considerada fato consumado, entregando-se o governo da província a um bando de terroristas.
Da mesma forma, Moçambique foi entregue aos terroristas da FRELIMO, armados, treinados e financiados pelo comunismo e pelo progressismo internacional.
O governo de Lisboa não explicou os motivos pelos quais passou a considerar a FRELIMO como representante do povo moçambicano. Não se falou em plebiscito, nem na convocação de eleições. Pelo contrário, Joaquim Chissano, um dos líderes do terrorismo, declarou que um só partido político — a FRELIMO — representará o povo moçambicano. Singular democracia, essa, da Junta de Lisboa.
Com relação a Angola, comentou-se em Lisboa que Spínola foi aos Açores, conversar com Nixon, a fim de pedir-lhe que interferisse junto ao "movimento de libertação" de Holden Roberto, no sentido de conseguir um acordo como o negociado com a FRELIMO. Holden Roberto — que é norte-americano, e não angolano — tem o apoio da China e de organizações "yankees".
Na política interna da metrópole, Spínola patrocinou um expurgo nos Conselhos Municipais, que só ajudou aos comunistas. Em substituição aos conselhos, foram organizadas comissões administrativas com larga influência esquerdista.
Mas a sorte do General, e talvez a de seu país, foi selada em julho, quando o Presidente do Conselho, Antonio de Palma Carlos, renunciou ao posto. Para substituí-lo, Spínola consentiu na nomeação do Coronel Vasco Gonçalves, que formou um gabinete praticamente esquerdista. Aliás, o próprio Vasco Gonçalves é apontado como tendo sido comunista militante, em sua juventude.
Como num palco de opereta, o Major Otelo Saraiva de Carvalho foi promovido diretamente a Brigadeiro, salto sem precedentes nos exércitos de nações civilizadas. Acontece que o novo Brigadeiro é o homem de confiança do novo Presidente do Conselho. A um jornalista que lhe formulou a hipótese de uma vitória comunista nas eleições, ele respondeu muito simplesmente: "Se o PC ganhar, nós seremos as Forças Armadas de um governo comunista". E acrescentou: "Nada temos contra um comunismo que não seja totalitário".
Constituído o novo governo, intensificaram-se os expurgos, as prisões, o controle da imprensa. A revista norte-americana "Newsweek" noticiou um donativo de 35 milhões de dólares da Rússia aos comunistas portugueses. Não admira, pois, que estes tenham declarado que o governo de Vasco Gonçalves "constitui uma ocasião única e histórica para garantir em Portugal um regime democrático estável, eleito pelo povo". A democracia que eles desejam, todos já a conhecem, pela triste experiência da Polônia, da Tchecoslúváquia, da Hungria.
Em artigo publicado nesta edição, Plinio Corrêa de Oliveira nota que, antes de 25 de abril, Portugal estava em ordem, pelo menos relativamente. O movimento do General Spínola prometia manter a ordem e, de acréscimo, dar a liberdade. Um semestre decorrido — conclui o Presidente do Conselho Nacional da TFP vê-se que os revolucionários começaram por reduzir a frangalhos a ordem e agora eliminam o que havia de liberdade.
É o caminho de todos os Kerenskys. Spínola, porém, foi mais longe que seu modelo russo. Este, em 1917, foi um fraco ante os bolchevistas, mas não chegou a convidá-los para o governo. Spinolla, entretanto, escolheu os comunistas para parceiros desde o início de seu governo.
Assentou bem no General Spínola o uniforme de Kerensky?
Assim como já se espalhou uma campanha mundial pela libertação de presos políticos brasileiros, contra torturas que eles sofreriam, e até contra o pretenso extermínio de nossos indígenas, tornou-se moda protestar contra as prisões, no Chile, de remanescentes do governo de Allende.
O curioso, entretanto, é que essa claque nunca se lembra dos presos torturados, assassinados, ou internados nalgum sanatório da Rússia, da China, de Cuba ou de tantos outros países submetidos à tirania comunista.
Foi uma lufada de ar fresco nesse ambiente pestilento o discurso do General Pinochet, a 11 de setembro último. Ele prometeu libertar os presos políticos do Chile e permitir que abandonem o país, — desde que a Rússia e Cuba libertem igual número de prisioneiros, sob a supervisão da Cruz Vermelha Internacional.
É ocioso informar que os governos desafiados não tomaram conhecimento da proposta. E não se falou mais nisso.
General Augusto Pinochet Ugarte
A imprensa de diversos países registra um crescente interesse, especialmente na juventude, pelo canto gregoriano. Desterrado das igrejas pelo progressismo, o canto tradicional e oficial da Igreja refugiou-se em alguns mosteiros europeus, como a Abadia de Solesmes, a Abadia de Notre Dame d'Argentan e o Mosteiro carmelita de Londres. Recentemente, as grandes empresas de gravação, verificando o interesse geral despertado pelo cantochão, passaram a incluí-lo em seus catálogos.
A venda desses discos não desanimou os editores. Surgiram, então, grandes séries de música gregoriana gravadas na França, na Alemanha, na Inglaterra. A Decca tem uma coleção de cerca de cinquenta LPs gravados pelos Beneditinos de Solesmes e de Argentan. A Hispano-vox e a Erato estão produzindo, em colaboração, uma Antologia da Música Medieval Espanhola, gravada pelos Monges de São Domingos de Silos.
Dos mosteiros, o canto gregoriano passou para os conjuntos corais leigos e para as Universidades. No Brasil, o interesse por ele manifesta-se em muitos ambientes universitários e nos festivais de coros. O Coro São Pio X, da TFP, dirigido pelo Maestro Miguel Arquerons, vem cultivando o gregoriano há mais de dez anos.
O canto gregoriano nunca morreu, tendo-se conservado nos mosteiros. No clichê, meninos cantores da Real Colegiada de Roncesvalies, Espanha.