Em carta ao Presidente da SNADTFP, Sr. Philip B. Calder, a Conferência Episcopal norte-americana, através da Divisão de Justiça e Paz de seu órgão executivo, a Conferência Católica dos EUA, deixou entrever a intenção de permanecer numa atitude de distensão com o comunismo.
Conforme noticiamos em nossa edição de setembro p. p., o órgão executivo da Conferência Episcopal norte-americana propôs, em fevereiro, o estabelecimento de um boicote econômico condicional contra o Brasil e o Chile, alegando violações dos direitos humanos nos dois países. Dois anos antes, em 1972, o mesmo Episcopado havia solicitado ao seu governo a cessação do bloqueio econômico de Cuba. Ao propor esta última medida, os Bispos Norte-Americanos não exigiram de Castro nenhuma modificação de sua tirania totalitária.
Diante disso, a TFP dos Estados Unidos dirigiu, em julho do ano findo, uma incisiva mensagem ao órgão executivo da Conferência Episcopal de seu país, manifestando estranheza ante a política de dois pesos e duas medidas adotada por aquele alto organismo eclesiástico: ataque injusto ao Brasil e ao Chile, e apoio infundado à Cuba fidel-castrista.
Lembrando que todos os seus membros são católicos em resistência à política de distensão do Vaticano com os regimes comunistas, a Sociedade Norte-Americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade via na atitude contraditória da Conferência Episcopal mais um lance da referida distensão.
A mensagem da TFP concitava os Bispos de seu país a darem maior objetividade à sua posição e a incluírem em seu programa a denúncia dos semeadores do ateísmo e da miséria, como uma das mais louváveis tarefas a serem empreendidas em favor dos pobres.
O alto órgão episcopal norte-americano respondeu a essa mensagem com uma carta na qual nega que os Bispos dos Estados Unidos tenham em alguma ocasião pedido a suspensão do bloqueio a Cuba. Diante dessa atitude que contraria frontalmente os fatos, a SNADTFP enviou nova carta à Conferência Episcopal. Transcrevemos abaixo, na íntegra, os dois documentos.
Com data de 1.° de agosto p.p., a Divisão de Justiça e Paz da Conferência Católica dos Estados Unidos, órgão executivo da Conferência Episcopal daquele país, enviou ao Sr. Philip B. Calder, Presidente da Sociedade Norte-Americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, a seguinte carta:
"Sua recente carta foi encaminhada a este departamento. Sua correspondência, inclusive o que se contém no número de junho de 1974 de "Ver... Julgar... para Agir", foi recebida e tomada em consideração.
Com relação à fonte de sua perplexidade, é fato sabido que os Bispos norte-americanos nunca pediram que o bloqueio dos EUA contra Cuba fosse levantado, a despeito do fato de que os Bispos católicos de Cuba fizeram publicamente tal pedido.
O Sr. talvez esteja interessado em saber que o Comitê para o Desenvolvimento Social e a Paz Mundial, da Conferência Católica dos Estados Unidos, em sua recente reunião estabeleceu um comitê "ad hoc" sobre as relações EUA-Cuba. Em anexo segue cópia de artigo do Serviço Noticioso NC informando sobre a ação do Comitê.
Sinceramente seu, / James R. Jennings, Diretor Associado".
Em resposta, a TFP norte-americana enviou à Conferência dos Bispos esta segunda carta:
"Excelências
Agradecemos sinceramente a resposta enviada por esse alto Órgão eclesiástico à carta da Sociedade Norte-Americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade. Temos o pesar de dizer, entretanto, que ela aumentou ainda mais nossa perplexidade e desconcerto.
Com efeito, em nossa carta manifestávamos surpresa em vista de ter a Conferência Católica dos Estados Unidos, órgão da Conferência de Bispos, dado a público, em 13 de fevereiro do corrente ano; um documento fortemente contrário aos atuais governos do Brasil e do Chile, acusados de violarem os direitos humanos, chegando mesmo a propor um bloqueio econômico-financeiro contra essas duas nações.
Nossa surpresa era agravada pelo fato de ter a mesma Conferência Episcopal pedido o término do bloqueio econômico a Cuba (cf. "Informations Catholiques Internationales", 15-7-1972). Nada em troca era pedido ao ditador vermelho, no que diz respeito a liberdades para a Santa Igreja (de culto, de ensino, etc.) ou aos direitos naturais das pessoas (à vida, à família, à propriedade, ao trabalho, etc.).
Chocava-nos a manifesta adoção, pelo nosso Venerando Episcopado, de dois pesos e duas medidas diversos para julgar fatos ocorridos na América Latina, e perguntávamos porque tanta suspicácia e atitude inquisitorial em relação aos dois governos anticomunistas e, para o governo comunista de Fidel Castro, tanto favorecimento e confiança.
Víamos nessa atitude um favorecimento aos adeptos do ateísmo, do despotismo e da miséria. Dizemos miséria, pois em Cuba, como em todos os outros países comunistas, a aplicação do regime marxista só produz miséria.
Terminávamos pedindo finalmente e com profundo respeito, a esse alto Órgão eclesiástico, uma retificação de rumos que fizesse cessar o escândalo produzido por tal atitude em milhões de católicos norte-americanos. Esperávamos que, desta forma, cessasse a situação de descrédito em que a Conferência Episcopal se havia colocado junto à opinião pública dos Estados Unidos da América.
Pedimos vênia para afirmar, com profunda dor, que nosso pedido foi ignorado.
A carta-resposta da Conferência Episcopal nega a existência do documento no qual esse Órgão episcopal pedia o término do bloqueio a Cuba, embora afirme que tal medida foi advogada pelos Bispos de Cuba.
De passagem, assinalamos com tristeza a deplorável atitude de apoio e servilismo que o Episcopado Cubano mantém em relação ao tirano. Por várias vezes, atendendo ao manifesto interesse do governo comunista, já pediu a suspensão do bloqueio econômico a Cuba. Recentemente, por ocasião da visita de Mons. Casaroli à Ilha, a Conferência Episcopal Cubana pediu aos católicos que tenham uma participação ativa na construção do "contexto social cubano", atuando como um "elemento eficaz e benéfico de fraternidade". Terminando, os Bispos agradecem ao governo a cordial acolhida reservada ao diplomata vaticano (cf. "La Croix", 26-6-1974). É difícil não ver aí um claro desejo de que os católicos apoiem o regime comunista de Castro.
Voltamos ao assunto. A afirmativa de que o documento por nós citado não existe de fato, impõe-nos um incômodo dever. Lamentamos dizê-lo, mas tal asserção não corresponde à realidade. Além de não ter havido, por parte da Conferência Episcopal, nenhum desmentido à notícia publicada em "Informations Catholiques lnternationales", outra conceituada revista, "La Chiesa nel Mondo", a estampou na íntegra em sua edição de 2 de agosto de 1972.
Gostaríamos de atribuir a incorreção da carta-resposta a um lapso — aliás nada pequeno — dos Serviços de documentação do Órgão máximo de nosso Episcopado. Ou talvez à má memória. Assim, pensamos ser úteis à Conferência Episcopal informando que o documento pedindo a suspensão do bloqueio econômico contra Cuba foi dado a público no dia 7 de junho de 1972, em Washington, D. C. ("La Chiesa nel Mondo", 2-8-1972, p. 25).
Desse modo, todas as ponderações contidas em nossa carta de 25 de julho ficam de pé.
Conforme dizíamos naquela missiva, somos católicos apostólicos romanos em estado de resistência oficial à política de distensão do Vaticano com os regimes comunistas. E víamos, na atitude da Egrégia Conferência Episcopal dos EUA, mais um lance dessa política. Por isso, pedíamos a retificação de rumos, na esperança de que nossos Pastores fariam cessar o escândalo e o descrédito provocado por essa tomada de posição.
Agora, resta-nos esperar que a Veneranda Conferência Episcopal retifique pelo menos em parte o que há de incoerente na sua conduta, opondo-se agora à cessação do bloqueio de Cuba, de modo enérgico, oficial e público.
Nessa esperança e cheios da confiança de que o futuro reserva inumeráveis êxitos para o Episcopado Católico Norte-Americano, especialmente na luta contra o comunismo, inimigo máximo da Igreja e da civilização cristã, reafirmamos o nosso respeito e despedimo-nos solicitando finalmente sua bênção".
Seguem-se as assinaturas.
No dia 23 de novembro último, dando vivas a Cristo-Rei, a Santa Maria de Guadalupe e ao México cristão, 23 mil jovens católicos, procedentes de 84 cidades mexicanas, subiram o Monte Cubilete, centro espiritual e geográfico do México, onde se ergue uma imponente estátua de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei.
Organizada pela ACJM — Associação Católica da Juventude Mexicana, entidade que se imortalizou na resistência à perseguição religiosa do governo Calles há 48 anos, a marcha constituiu um testemunho de que os jovens mexicanos autênticos estão cansados dos mitos que representam falsas soluções, e dos falsos mestres que ensinam apenas "hippismo", libertinagem e desagregação. São seus verdadeiros anelos a Verdade, a Justiça e a Religião.
Mons. Antonio Funes y Ramírez, Pároco do lugar, abençoou a peregrinação em seu início, recordando que a ACJM, ao longo dos seus 61 anos de existência, forjou "soldados de Cristo que contribuem para o seu reinado social", e acrescentando que "em 1974, tempo de modernismos e desvios doutrinários, a marcha é um testemunho magnífico de fé, esperança e amor a Cristo".
Durante toda a caminhada de 14 km, na mais perfeita ordem, os jovens rezaram o rosário e entoaram cânticos marianos. Aos pés do monumento a Cristo-Rei, no alto do Cubilete, foi prestada homenagem aos mártires da perseguição religiosa. À menção de seus nomes a multidão aclamava: "Morreu por Deus e pela Pátria".
Em seguida foi celebrada a Santa Missa, tendo sido depositadas no altar rosas vermelhas: rosas, "para recordar o milagre de Tepeyac, no qual se manifestou o amor da Santíssima Virgem de Guadalupe à nação mexicana"; vermelhas, como "símbolo do heroísmo da juventude, e porque é a cor do sangue dos mártires".
Após a Missa, na qual comungaram mais de 5 mil jovens, falou o Presidente Nacional da ACJM, Pablo Castellanos: "Cristo-Rei é nossa força — proclamou. Cremos que em Cristo e nos ensinamentos da Igreja está a solução para os problemas da juventude e da Pátria".
Por fim, o Presidente do Comitê Organizador, Sr. Jorge Ramírez Esparza, dirigiu a consagração dos jovens presentes a Jesus Cristo (ABIM — Agência Boa Imprensa).
Jovens mexicanos sobem o Monte Cubilete, proclamando a realeza de Cristo e recordando os mártires da Religião e da Pátria
SÃO JERÔNIMO
De uma carta a São Paulino de Nola:
“Nos Atos dos Apóstolos (At. 8, 27), o santo Eunuco ou, melhor dizendo, varão (porque com esta designação o distingue a Escritura) foi perguntado por São Filipe, enquanto lia o o Profeta Isaías: "Porventura entendes o que lês?" E ele respondeu: "Como hei de entender se ninguém me ensina?”...
Mas hoje qualquer um pensa conhecer a arte de entender as Escrituras. É como disse o poeta: "Os doutos e os tolos, a cada passo fazemos poesia" (Horácio, Epist., II, I, 115).
A velha palradora e o velho caduco, o sofista charlatão e todo o mundo presumem entender a Escritura, a esmiúçam, e até a ensinam antes de a entender.
Há alguns que organizam círculos de mulhericas, franzem o sobrecenho, soltam grandes palavras e tratam das Sagradas Escrituras como filósofos. Outros há que — oh vergonha! — aprendem de mulheres o que hão de ensinar a homens e, para que isto não pareça pouco, explicam a outros o que eles mesmos não entendem.
Não quero falar de meus semelhantes que, se por acaso passam das letras profanas ao estudo das Sagradas Escrituras, compõem grandes discursos para agradar o povo, e qualquer coisinha que digam têm-na por Lei de Deus. Não se dignam saber o que na verdade sentiram os Profetas ou os Apóstolos, senão que adaptam ao seu próprio entender, à força, testemunhos que não se encaixam um com o outro. Como se isto fosse uma grande coisa, e não, antes, uma maneira viciosíssima de ensinar, depravar as sentenças e caprichosamente torcer as Escrituras [...].
Mas estas são coisas de crianças e semelhantes aos truques dos charlatães de feira: ensinar o que não sabem ou, para dizê-lo mais cruamente, nem sequer saber o que é que não sabem. — [Sigfrido Huber, "Los Santos Padres / Sinopsis desde los tiempos apostólicos hasta el siglo sexto", Ediciones Desclée, De Brouwer, Buenos Aires, 1946, tomo II, pp. 131-132, carta LIII].