opinião pública, tendo o advogado de defesa lançado um vibrante libelo contra os dois pastores e contra o grupo carismático: "Que se apresentem aqueles que são realmente os culpados. Achamos que Taylor não é senão um instrumento. Os verdadeiros culpados estão em outro lugar. A religião é que está em causa". As autoridades anglicanas resolveram instituir, em virtude desse caso, uma comissão para estudar os problemas provocados pelos exorcismos, notadamente na sua prática pelos grupos carismáticos(87).
Não pensamos que se deva ser infantilmente crédulo ante todos os fenômenos que se diz ocorrerem nas sessões pentecostalistas. Antes, e decididamente, não o somos. Contudo, apenas para não parecermos omissos, devemos recordar um ponto da doutrina católica.
Santo Agostinho sintetiza muito bem o pensamento católico sobre a ação do Espírito Santo, quando diz: "Somente a Igreja é o Corpo de Cristo, da qual Ele é a Cabeça e Salvador (Efésios 5, 23). Fora desse Corpo, o Espírito Santo não vivifica ninguém. Não participa da caridade divina, aquele que é hostil à unidade desse Corpo. Não têm o Espírito Santo os que estão fora da Igreja; aquele que deseja ter o Espírito Santo, vigie bem para não ficar fora da Igreja" (Carta 185 e Tratado sobre São João).
Por outro lado, o Ritual Romano indica-nos que o sinal principal da possessão diabólica é falar línguas desconhecidas ou compreender línguas desconhecidas utilizadas por outros. Como também a sensação de uma força extraordinária em si mesmo, é outro sinal de possessão demoníaca. A possessão pode dar-se sem nenhum dos sinais principais; sempre, contudo, manifesta-se exteriormente de algum modo, o principal dos quais é o das línguas desconhecidas.
É oportuno ressaltar, que uma das principais causas da possessão demoníaca é a superstição.
Ensina São Tomás de Aquino: "A superstição opõe-se por excesso à virtude da religião, não por oferecer a Deus um culto mais digno da verdadeira Religião, mas porque dá tal culto a quem não deve ou o dá de modo ilícito” (88). Sobre o culto supersticioso, diz o Doutor Angélico que será falsário "aquele que oferece a Deus um culto, da parte da Igreja, totalmente contrário às formas instituídas por Ela em virtude de Sua autoridade divina, ou contrário aos costumes seguidos pela mesma Igreja"(89). Não há aqui algo que lembre o que vimos sobre os prayer meetings pentecostalistas e sua peculiar liturgia?
Não nos cremos, entretanto, com dados suficientes para resolver o grande dilema pentecostalista. Pelo que vimos, podemos concluir que, ou se trata de uma grande manifestação de histeria, ou será uma obra do demônio, o qual seria o Espírito que os guia e o Senhor a quem esperam.
Por isso deixamos ao leitor formular seu próprio juízo sobre alternativa tão inexorável quão terrível.
Alguém poderia objetar que o fato de eles procederem a exorcismos, expulsando demônios, como nos dois casos antes narrados, invalida a alternativa. Pensamos que não, pois os fatos aludidos, e outros do gênero, não parecem conclusivos, nem de um lado, nem do outro. Portanto a alternativa continua.
Ao concluirmos o presente estudo, queremos deixar bem claro, em primeiro lugar, que compreendemos que pode haver pessoas mais ou menos ingênuas que tenham acreditado ver algo de bom na Renovação Carismática, pois esse movimento age cautelosamente, procurando não revelar suas últimas conseqüências lógicas. Como também, já o dissemos, ocupamo-nos apenas do essencial a respeito do assunto, não crendo ser necessário expraiar-nos mais sobre seus aspectos acidentais.
Não podemos deixar de ressaltar que a visão clara do pentecostalismo leva-nos a julgar que não se trata de um perigo qualquer. É uma ideologia que procura fundir e assimilar as religiões cristãs. Estão trabalhando nisso, ainda que, como confessam, "é verdade que todos os nossos sonhos para a Igreja, como um dia será, não se realizam” (90). Daí pretenderem fundir as diversas culturas e eliminar as instituições e as estruturas sociais. Tudo em aras de um estranho messianismo panteísta.
Ademais dessa visão clara, a análise do pentecostalismo faz-nos ver que em um aspecto fundamental ele tem uma opção clara: suas manifestações prodigiosas ou são uma grande comédia, ou, sendo verdadeiras, são fruto da histeria ou obra do demônio, que é o pai da mentira.
Para terminar, invocamos a Mãe de Deus, Maria Santíssima, que apareceu em Fátima para predizer as grandes tribulações por que passariam a Igreja e a Civilização Cristã, e que uma vez mais esmagará a cabeça daquele que é o pai de todas as heresias: "Ipsa conteret caput tuum!"
Notas
1. Cf. Pe. Antonio Barruffo, S.J., A Renovação Carismática na Igreja Católica, in Civiltà Cattólica, abril de 1974, transcrito no Boletim Informativo da Renovação Carismática no Brasil, 1974, n.° 9, p. 2.
2. Michael, Rougemont, Canadá, n.° 27, de abril-maio-junho de 1975, p. 28.
3. Barruffo, art. cit., p. 1.
4. Edward D. O'Connor, C.S.C., When the Cloud of Glory Dissipates, in New Catholic World, New York, November-December 1974, n.° 1301, pp. 271ss.
5. Cf. James Likoudis, The Pentecostalism Controversy, Center Bureau Press, St. Louis, Mo., 1973, p. 14.
6. Archbishop Robert J. Dwyer, Pentecostalism: A Bitter Cup of Tea, in Christian Order, London, vol. 16, n.° 5, May 1975, pp. 265ss.
7. Cf. La Chiesa nel Mondo, Napoli, n. 22 dei 28 maggio 1975, p. 15 (379).
8. Vers Demain, Rougemont, Canadá, Mars-Avril 1974, p. 17.
9. D. Antonio de Castro Mayer, Carta Pastoral sobre Cursilhos de Cristandade, Editora Vera Cruz, São Paulo, 2.a edição, 1972, pp. 39-40, 44-45, 46 e 50.
10. Boletim Diocesano, Campos, Ano IV, n..s 44 e 45, de agosto e setembro de 1975.
11. John A. Hardon, S.J., Le Pentecôtisme — Constatations et Jugement, Éditions Saint-Raphaël, Sherbrooke, Canadá, (1971), pp. 8-9, 15-16.
12. Dom Peter Flood, O.S.B., Pentecostalism / Montanism: the Forerunner, in Christian Order, London, vol. 16, n.° 5, May 1975, pp. 260ss.
13. Rev. Dr. Leslie Rumble M.S.C., Pentecostalism and Catholics, Approaches supplement, Radio Replies Press Society, St. Paul, Minnesota, 1973, pp. 1-2, 16.
14. Fr. Augustine Serafini, Pneumatic Antics, Community of Our Lady, Oshkosh, Wisconsin, s. d., pp. 5, 3.
15. Abbé Noël Barbara, Le Pentecôtisme, Effusion de l'Esprit Saint ou Sacrement du diable?, in Forts dans la Foi supplément au n.° 36, Bleré, France.
16. Cf. Rumble, op. cit., p. 24.
17. Cf. La Chiesa nel Mondo, Napoli, n.° 22 dei 28 maggio 1975, p. 10 (374).
18. Cf. Likoudis, op. cit, p. 20.
19. Le renouveau charismatique catholique sévèrement critiqué par un de ses fondateurs in Informations Catholiques Internationales, n.° 482, 15 juin 1975, pp. 28-29; Gary McEoin,.) Les méthodes des groupes charismatiques américains vivement critiquées, in I.C.I. 489 — 1-10-75, pp. 22-24.
20. Entrevista a Monseñor Benítez, por Flector y Alicia Lavergne, in Alabaré — Revista de la Renovación Carismática Católica, Aguas Buenas, Puerto Rico, n.° 11, abril-mayo 1974, p. 31.
21. M. Bernardo, Pequeno Dicionário, in Miriam, n.° 219/220, Agost/Set. 1972 (número dedicado às Comunidades de Base), Porto, p. 6.
22. Boletim Informativo da Renovação Carismática no Brasil, 1974, n.° 9, p. 1.
23. Cf. Barruffo, nota 21.
24. Edward D. O'Connor, C.S.C., The Pentecostal Movement in the Catholic Church, Ave Maria Press, Notre Dame, Indiana, 1973, pp. 132 e 121.
25. id. ibid. p.p. 210-211, 213-214.
26. Cf. I.C.I. 298 — 15-10-67, p. 4; op. cit., pp. 82-83.
27. Terry Malone, Ignatius House: An Experiment In Pentecostal Community, in New Catholic World, New York, Nov./Dec. 1974, n.° 1301, p. 269.
28. Cf. The Remnant, St. Paul, Minnesota, vol. 7, n.° 13, July 4, 1974, p. 15.
29. Le renouveau charismatique, une nouvelle Pentecôte?, I.C.I. 448 — 15-1-74, p. 18.
30. Cf. James Byrne, Threshold of God's promise — An introduction to the Catholic Pentecostal Movement, Charismatic Renewal Books, Ave Maria Press, Notre Dame, Indiana, 3rd edition, 1971, passim.
31. Hope'69 in Immediate Retrospect, apud Hardon, op. cit. p. 15.
32. Cf. New Catholic World, n.° 1301, p. 281.
33. op. cit., p. 28.
34. Renovação Carismática — Boletim Informativo, Rio de Janeiro, 1975, n.° 4, pp. 1-4.
35. art. cit. in New Catholic World, n.° 1301, pp. 272-273.
36. Agnes Sanford, Aspirando a los Carismas Superiores, in Alabaré, Aguas Buenas, Puerto Rico, n.° 11, abril-mayo 1974, p. 15.
37. Cf. New Catholic World, n.° 1301, p. 282.
38. Kevin et Dorothy Ranaghan, Le Retour de l’Esprit — Le Pentecôtisme catholique aux EtatsUnis, Les Éditions du Cerf, Paris, 1973, p. 94.
39. Likoudis, op. cit. pp. 23-24.
40. Barruffo, pp. 3-4.
41. Encíclica Pascendi Dominici Gregis, de 8 de setembro de 1907, Editora Vozes, Petrópolis, 3.a edição, 1959, n.° 14.
42. Cf. Rumble, p. 21.
43. Cf. N.C.R. documentation — Special supplement to the National Catholic Reporter, Kansas City, Mo., July 16, 1971, p. 7-B.
44. James L. Empereur, Need for a Charismatic Liturgy, in New Catholic World, n.° 1301, pp. 285-286.
45. Serafini, p. 8.
46. James L. Empereur, Need for a Charismatic Liturgy, in New Catholic World, n.° 1301, p. 285.
47. art. cit.
48. N.C.R. documentation, July 16, 1971, p. 7-B.
49. Les "charismatiques" à Rome: Une grande kermesse de la prière, I.C.I. 481 — 1-6-75, p. 4.
50. The Remnant, July 4, 1974, vol, 7, n.o 11, p. 15.
51. I.C.I. 481 — 1-6-75, p. 4.
52. N.C.R. documentation, July 16, 1971, p. 7-B.
53. The Remnant, n.° cit.
54. Peter Orglmeister, Queremos reclamar o que é nosso, in Renovação Carismática — Boletim Informativo, 1975, n.° 2, Rio de Janeiro, p. 3.
55. Cf. General Catalogue, June 1974, Communication Center of The Charismatic Renewal Services, Notre Dame, Indiana.
56. Joseph H. Fichter, S.J., How it looks to a social scientist, in New Catholic World, n.° 1301, pp. 245-246.
57. Barruffo, p. 9, nota 11.
58. Chanoine Henri Caffarel, "Pentecôtisme catholique"?... ou redécouverte de la prière, in L'Homme Nouveau, 17 fevereiro 1974, p. 4.
59. art. cit., p. 248.
60. Tongues, in New Catholic World, n.° 1301, p. 282.
61. op. cit., pp. 101-102.
62. Directory Catholic Charismatic Prayer Groups, June 1974, Charismatic Renewal Services, Notre Dame, Indiana, 1974.
63. Cf. New Catholic World, n.° 1301, p. 281.
64. Cf. Walter J. Hollenweger, Le pentecôtisme et le Tiers Monde. Problèmes théologiques d'une Église proletariènne, in Ranaghan, op. cit., p. 2,27.
65. id., ibid., pp. 226, 227 e 235.
66. Pe. Jack Vessels, S.J., A contribuição da Renovação Carismática, in Renovação Carismática —Boletim Informativo, Rio de Janeiro, 1975, n.° 2, p. 1.
67. Friedrich Engels, Die Entwicklung des Socialismus von der Utopie zur Wissenschaft, Prólogo da 1.a edição, Berlim, 1881, apud Enciclopédia Universal Ilustrada Espasa-Calpe, Madrid-Barcelona, t. 19, p. 1356.
68. O'Connor, art. cit. in New Catholic World, n.° 1301, pp. 272-273.
69. Cardinal L. J. Suenens, Une Nouvelle Pentecôte?, Desclée De Brouwer, 1974, pp. 196-197, 201, 205.
70. Agnes Sanford, art. cit. in Alabaré, p. 15.
71. Harold F. Cohen, S.J., Restoring The Lordship Of Jesus, in New Catholic World, n.° 1301, p. 264.
72. Roger Garaudy, Parole d'homme, Robert Laffont, Paris, 1975. Este é o mais recente livro do ex-dirigente do Partido Comunista Francês; as mesmas idéias já aparecem em obras anteriores.
73. Fichter, art. cit. in New Catholic World, n.° 1301, p. 245.
74. Cf. New Catholic World, n.° 1301, p. 282.
75. art. cit., p. 3 (ver nota 54).
76. Barruffo, p. 5.
77. Flood, art. cit., p. 262-263.
78. O'Connor, "Ceux qui le peuvent parlent en langues", in I.C.I. 298 — 15-10-67, p. 5.
79. Karen Wullenweber, Catholic Pentecostals, ir St. Anthony Messenger, Cincinnati, Ohio, vol. 76, n.° 8, January, 1969, p. 21.
80. Cf. I.C.I. 448 — 15-1-74, p. 18.
81. art..cit., p. 25.
82. Ranaghan, op. cit. p. 36.
83. Sister Cecilia Polt, O.S.B., What it Means to Be a Charismatic, in Liguorian, Liguori, Missouri, May 1974, vol. 62, n.° 5, p. 19.
84. Cf. Likoudis, p. 18.
85. Cf. Likoudis, p. 14.
86. Ranaghan, p. 62.
87. I.C.I. 478 — 15-4-75, p. 30.
88. Summa Theologica 2-2, q. 92a. 1.
89. Summa Theologica, 2-2, q. 93a. 1.
90. Pe. Vessels, art. cit., p. 1.
- Outra "reunião de oração" petencostalista "católica": "na liturgia todos devem participar; não há lugar para espectadores"
- - "Círculo de cura": Dentre seus "carismas", os pentecostalistas ressaltam o das curas. Contudo, não há testemunhos médicos idôneos que as confirmem.
- A "imposição das mãos" na comunidade de Ann Arbor: com esse estranho rito, pretende-se conferir o "batismo no Espírito".
- Cardeal Suenens, Arcebispo de Bruxelas: pediu para ser "batizado no Espírito".
- Josephine Ford, ex-líder "carismática": "uma queimação nas mãos... uma sensação entre os ombros..."
Enquanto falam de paz em Helsinque, os russos continuam intensamente a se armar.
O Comitê Pró Liberdade das Nações, Cativas (PRO LIBERTATE), que reúne representantes de 12 nações subjugadas pelo comunismo, lançou manifesto no qual condena a política de détente como sendo uma "traição", e denuncia a capitulação do Ocidente em Helsinque. O documento também lembra as vítimas de acordos firmados com os comunistas: os povos da Europa Centro-Oriental e da Indochina.
Eis a íntegra do manifesto:
A mais negra escravidão da História não está perdida na noite dos séculos. Ela existe em nossos dias. Não é a escravidão de bárbaros, nem a de uma só classe ou só um povo. A ditadura comunista conseguiu estabelecer o maior império da terra, espraiando-se desde as margens do Elba e do Mar Báltico, envolvendo o Danúbio e atravessando a Sibéria, até encontrar o Pacífico do outro lado da Terra. Tal é a extensão do globo dominada pelos ditadores do Cremlin, sem considerar seus enclaves na, África e na América. A isto se soma o mundo amarelo dominado pela foice e o martelo, das montanhas do Tibet à Coréia do Norte, da Mongólia ao Vietnã, cruzando o imenso território da China.
Falamos em escravidão. Que outro nome se poderia dar ao domínio despótico que pesa sobre cerca da metade da população da terra, que vive atrás das cortinas de ferro e de bambu? Seita filosófica atéia e materialista, o comunismo não permite que ali se pense, se diga e se faça o contrário do que prega o catecismo de Marx, Lenine e Mao. Provam-no as fugas constantes e tantas vezes dramáticas desse imenso campo de concentração.
Foi a liberdade desse mundo escravizado que os líderes ocidentais negociaram na Conferência de Helsinque. No entanto, o que se passou na capital da Finlândia?
Vozes das mais prestigiosas da imprensa mundial o disseram com uma clareza desconcertante: os governos das mais poderosas nações do Ocidente capitularam solenemente diante dos tiranos do Cremlin. Ao imperioso dever de recobrar a independência das nações subjugadas pelo comunismo, se sobrepôs um ato de fraqueza inconcebível: a confirmação de direito das fronteiras que pela fraude e pela força a Rússia conquistou na Segunda Guerra Mundial.
Esse é o fruto podre da détente, talvez dos piores, mas não o único. Pretende-se uma convergência aos dois mundos: o comunista e o não comunista. Tal convergência não é possível sem antes equilibrar os pratos da balança, pois, de um lado, temos uma certa fartura e liberdade, do outro, miséria e tirania. Nessas condições, a política de distensão com os países comunistas impõe que se canalize para seus cofres e celeiros rios de dinheiro, tecnologia, cereais e toda espécie de recursos e alimentos. Isto ocorre no momento mesmo em que as metralhadoras comunistas continuam derrubando vítimas que tentam fugir para o Ocidente; em que a subversão vermelha continua em plena atividade nos países livres, equipada com os melhores armamentos de fabricação soviética; em que as sofisticadas bases militares da Rússia vão constituindo uma rede cada vez mais ameaçadora à segurança do mundo livre.
O que ofereceram em compensação os russos em Helsinque? Simples promessas de maior intercâmbio de homens e idéias. Ou seja, nada.
A própria substância da política de aproximação com os comunistas está na esperança de uma suposta mudança de mentalidade dos dirigentes soviéticos, mudança esta que os fatos têm desmentido categoricamente. Com efeito, é público e notório que para os comunistas os tratados são meros "farrapos de papel", para utilizarmos uma expressão atribuída ao Kaiser Guilherme II. E nem podia ser de outro modo, pois a quem afirma, com Lenine, que a base da moral está "na luta para consolidar e aperfeiçoar o comunismo", não custa mentir, sempre que a mentira seja útil às suas conveniências. Donde se conclui que os acordos com os vermelhos são forçosamente um embuste, porque da parte deles resulta sempre em falsidade.
Os povos da Europa Centro-Oriental e da Indochina sentiram na própria carne o resultado dos acordos com os comunistas. Apesar de solenes pactos de não-agressão firmados com o Cremlin, a Polônia, a Estônia, a Letônia, e a Lituânia foram brutalmente invadidas e esmagadas pelas tropas soviéticas, abrindo assim o rol sangrento das nações subjugadas. Na Checoslováquia, Hungria, Romênia, Bulgária, Iugoslávia, Albania, Alemanha Oriental, títeres de Moscou assumiram o poder, sob a "proteção" do Exército Vermelho, ao fim da Segunda Guerra, numa cínica violação dos armistícios e acordos assinados.
Em 1973, depois de reunir-se inúmeras vezes na Conferência de Paris, os Estados Unidos e o Vietnã do Sul assinaram com os comunistas do Vietnã do Norte e do Vietcong um tratado de paz. Contrastando com o habitual otimismo de Henry Kissinger, principal artífice do acordo, o representante sulvietnamita exprimiu sua contrariedade atirando ao chão a caneta com a qual acabava de assinar o documento. Pouco depois, as forças comunistas prosseguiam sua inexorável marcha rumo a Saigon. A guerra só terminou com a vitória da foice e o martelo no Vietnã, levando de roldão também Cambodge e o Laos. O tratado de nada valera, a não ser facilitar a conquista vermelha, pois determinou a retirada total das tropas norte-americanas da região.
Apesar disso, o clima de euforia em torno da détente continuou, merecendo-lhe o nome com que muitos a distinguem: traição.
Apesar do terrível cativeiro comunista, a que estão submetidos tantos gloriosos países, o Comitê Pró Liberdade das Nações Cativas — PRO LIBERTATE confia na Providência Divina e tem firme esperança de que um dia raiará o sol da justiça e da liberdade. E nessa data gloriosa, brilharão com mais fulgor as nobres tradições dos povos que hoje sofrem sob o jugo da escravidão vermelha, mas que ainda lutam heroicamente por sua libertação.
Que Deus, das alturas de Sua Majestade Divina, proteja o Brasil da seita marxista e apresse esse almejado dia da libertação das nações cativas.
Por ocasião do transcurso do 19.° aniversário do início do levante anticomunista húngaro de 1956 — esmagado pelos tanques soviéticos — o PRO LIBERTA-TE distribuiu à Imprensa de São Paulo o seguinte comunicado:
"No dia 23 de outubro, os húngaros comemoram no mundo inteiro o início do heróico levante de 1956 contra a dominação comunista de seu país. Associando-se aos sentimentos de milhares de húngaros radicados no Brasil que não se conformam com a brutal invasão de seu país pelas tropas vermelhas, o Comitê Pró Liberdade das Nações Cativas (PRO LIBERTATE) julga oportuno, nesta época em que se pratica uma falaciosa distensão com o comunismo, recordar esse acontecimento marcante na História do século XX.
Ao fim da II Guerra Mundial, numa cínica violação dos armistícios e acordos assinados, os títeres de Moscou, apoiados pelo exército de ocupação, assumem o poder na Hungria, iniciando no país o clássico processo de bolchevização.
Para quebrar as resistências, desencadeia-se, em 1946, uma violenta perseguição, na qual todos os líderes não comunistas são mortos, presos ou exilados.
Em pouco tempo, a nobre nação magiar é totalmente subjugada, implantando-se a "ditadura do proletariado". Mas, do fundo de seu sofrimento, o martirizado povo aguardava o momento adequado para manifestar toda a sua aversão ao novo regime.
Essa oportunidade foi o levante deflagrado pela juventude universitária de Budapeste, a 23 de outubro de 1956. Nesse dia, uma multidão de dez mil pessoas, na sua maioria jovens estudantes, concentra-se diante do Ministério do Interior. Os manifestantes portam bandeiras húngaras tradicionais, animando-os um profundo sentimento anticomunista e um anseio de liberdade.
Posteriormente, a multidão dirige-se à estação de rádio para pedir a divulgação de uma reivindicação constituída de 16 pontos.
Contra a pacífica manifestação, a temível polícia política — AVO — abre fogo, desencadeando uma luta sangrenta e desigual. Mas, ao final da noite, a emissora cai em mãos dos insurretos e, durante quatro dias, Budapeste transforma-se num campo de batalha.
A juventude magiar, adestrada pelos soviéticos para a guerra de guerrilhas, dá uma lição bélica a seus antigos mestres. O Exército húngaro adere à revolução e distribui grande quantidade de armas à população.
Por toda parte ouve-se o ruído sinistro dos tanques russos, que atiram desvairadamente sobre os edifícios onde os patriotas magiares lhes opõem heróica e indomável resistência. O "coquetel molotov" transforma-se na melhor e mais freqüente arma utilizada pelos rebeldes contra os tanques.
A derrota soviética foi fragorosa, atestando bem quanto pode a coragem de um povo profundamente anticomunista e católico, arraigado a suas gloriosas tradições.
Em meio aos destroços de prédios que obstruem as ruas de Budapeste, dezenas de tanques soviéticos jazem calcinados. Os invasores se retiram, tendo perdido 860 tanques, peças de artilharia e carros blindados. A cúpula do governo comunista húngaro é mudada, subindo Imre Nagy. A Hungria coloca-se sob a proteção da ONU. Os soviéticos parecem dispostos a iniciar negociações.
Depois de um processo iníquo e de oito anos de prisão, durante os quais recebeu um tratamento cruel, o Cardeal Jószef Mindszenty é libertado por oficiais do Exército húngaro e levado triunfalmente para Budapeste.
No dia 3 de novembro, o Cardeal-Primaz dirige-se a toda nação pelo rádio. Pede a todos trabalho e coesão. E alerta para o fato de que grandes contingentes de tanques russos estão cruzando a fronteira do país.
Com efeito, transcorridos apenas 11 dias desde sua retirada da capital, os soviéticos voltam à carga. Pois, através do famigerado "telefone vermelho", Kruschev assegura-se de que os EUA respeitarão as "cláusulas" do Tratado de Yalta ... Imediatamente, quatro mil tanques soviéticos, formando nove tentáculos, penetram pelas fronteiras com 260 mil homens do Exército vermelho, em direção a Budapeste.
A capital transforma-se novamente em campo de batalha. Os tanques circulam, em grande número, através das ruas. A luta é encarniçada e os incêndios se erguem por toda parte.
A Rádio "Hungria livre" lança veementes apelos de socorro ao Ocidente. Mas nem a ONU, nem as potências do mundo livre se movem para ajudar de modo eficaz a infeliz nação, deixando passar assim uma oportunidade única de libertar a Hungria e as demais nações subjugadas.
A heróica resistência húngara é finalmente sufocada em sangue, devido à superioridade quantitativa dos armamentos soviéticos.
Mas a lição do levante húngaro, bem como a trágica situação de todos os países subjugados pelo comunismo, mediante a fraude ou através da força, não poderá jamais ser esquecida. Pois o esquecimento é o primeiro passo para a desmobilização suicida dos espíritos e a falta de vigilância em face das táticas, cada vez mais requintadas da guerra psicológica, empregada pelos marxistas em nossos dias".
Os tanques russos esmagaram a patriótica insurreição húngara