Péricles Capanema
Churchill, em seu livro The Second World War/ The GatheringStorm, no qual retrata e analisa o período entre deuxguerres, escreve que, em março de1939, "uma onda de perverso otimismo varreu o cenário britânico". Seis meses antes da eclosão das hostilidades, e apesar de Hitler já haver dado sinais inequívocos de querer dominar a Europa, o governo e a opinião pública da Inglaterra ainda encontravam pretextos para se sentirem otimistas! Esse otimismo renitente de seus adversários é que permitiu ao ditador alemão preparar o conflito durante quase sete anos.
Logo após o término da Primeira Guerra Mundial, só um ou outro observador via os perigos da situação. Entre eles, estava o próprio comandante-chefe dos exércitos vencedores, o Marechal Foch, que, ao tomar conhecimento do Tratado de Versalhes, comentou: "Isto não é paz. É um armistício por vinte anos".
Quando Hitler subiu ao poder, bastaria ter lido o Mein Kampf para ver que uma nova guerra era inevitável. Se ela não viesse, teria que vir a capitulação total ante o nacional-socialismo. Não pensaram assim os líderes ocidentais. No livro já citado, Churchill observa que o governo inglês "fechou resolutamente os olhos e os ouvidos aos inquietantes sintomas na Europa". Só o lúcido estadista britânico, junto com um grupo de precavidos compatriotas, alertou a opinião pública do Reino Unido sobre o perigo nazista e a ameaça de guerra.
O pacifismo obstinado, decidido a fechar os olhos à evidência, permitiu ao Füehrer percorrer um longo caminho antes de deparar com a reação aliada.
Hitler inovou a técnica de conquista, ao utilizar em larga escala os quinta-colunas. Recorrendo a eficazes técnicas de propaganda, sob pretexto de raça ou ideologia, conseguiu poderosos aliados nos países que resolvia anexar, por exemplo na Tchecoslováquia e na Áustria. A aparência anticomunista que o nazismo ostentava angariou-lhe inumeráveis simpatizantes, entre os quais havia, pelo menos no início, muitos de inquestionável boa-fé.
A Alemanha, sob a férula nazista, violou continuamente os tratados e as convenções internacionais que a impediam de voltar a ser uma grande potência militar. Cada arremetida de Hitler provocava um sobressalto das outras nações, ao qual se seguia, depois de uma garantia cínica de moderação da parte de Berlim, uma volta à modorra. Sem nenhuma reação séria, Hitler decretou a conscrição obrigatória, formou uma poderosa força aérea, ocupou a zona do Reno sob administração francesa, conseguiu um tratado com a Inglaterra que lhe permitiu colocar nos mares uma forte marinha de guerra. Além disso, tomou a região dos sudetos e anexou a Áustria. Pouco depois, invadiu a Tchecoslováquia.
Assim conseguiu chegar a 1939 com um poderio terrível. A fraqueza dos adversários permitiu que 6.750.000 austríacos e 3.500.000 sudetos fossem jogados para seu lado. Juntou ele ainda à máquina de guerra alemã o desenvolvido parque industrial tcheco.
Muitos alimentavam, naqueles idos, a esperança de que a Rússia oferecesse uma barreira às intenções belicistas do Füehrer, já que o avanço dele na Europa a ameaçava, especialmente se tomasse a direção do leste. O pacto Ribbentrop-Molotov pôs fim às ilusões. Os dois gigantes entraram em acordo, e repartiram entre si a débil Polônia.
Na madrugada do dia 1.° de setembro de 1939 os exércitos nazistas transpuseram a fronteira polonesa. A Segunda Guerra Mundial começara. Os canhões não se calariam senão em 1945.
Poucos meses antes, Chamberlain regressara de Munique afirmando que havia assinado a paz "para nossa época". Para defini-la utilizou a expressão "paz com honra". Terminou desonrado, transmudado em símbolo da capitulação indigna. E a guerra veio.
Estranha coincidência! "Paz com honra" foi a expressão utilizada por Nixon para definir a política norte-americana no Vietnã. Tal política culminou nos acordos de Paris, os quais grangearam aos dois principais negociadores, Kissinger e Le Duc Tho, o Prêmio Nobel da Paz.
Utilizando repetidas vezes a mesma expressão, estigmatizada desde 1938 com a marca indelével da capitulação que conduz à guerra, quis Nixon debicar da opinião pública? Ou desejou dar a entender que sua política era análoga à do ex-premiê britânico? Ou o ex-Presidenteyankee não sabia que a expressão já havia sido usada? Talvez um dia documentos ou memórias esclareçam o enigma.
A História se estará repetindo? Em 1945, o mundo anticomunista tinha uma superioridade esmagadora em relação ao comunismo. Em 1950, já havia perdido o Leste europeu e a China. Logo depois, os marxistas fizeram importantes conquistas na Indochina e na Coréia. Na década de 60, avançaram pela África, estabeleceram seu domínio em Cuba.
Agora ocuparam o Cambodge, o Vietnã do Sul e o Laos e preparam-se para liquidar o que resta de não comunista no Sudeste asiático, ao mesmo tempo que minam as resistências do mundo livre pela corrupção moral e por táticas psico-sociais.
Nesse quadro, a détentekissingeriana tem seu papel. Durante anos, o Ocidente abaixou as barreiras anticomunistas, acreditando nas intenções pacíficas dos déspotas do Cremlin. Ou, como se dizia, no seu pragmatismo. Enquanto isso, a Rússia armou-se em ritmo nunca visto.
Muitos ainda não se deram conta de que as tropas comunistas poderão até não ser usadas. Métodos subtis, mais eficazes, não menos implacáveis, estão em voga. Veja-se Portugal. O triste dilema volta a tomar nitidez: capitulação completa, ou guerra. E a Conferência de Helsinque tem sido comparada à reunião de Munique.
Repetindo Churchill, podemos dizer que um vento de perverso otimismo está soprando. E assim se fecham os olhos para o fato evidente de que só a superioridade incontrastável, tanto política quanto militar, aliada a uma vontade de resistir decidida e atuante, pode evitar a conquista do mundo pelo marxismo e retomar todas as posições já perdidas. Só isso nos afastará do dilema: capitulação ou guerra. A capitulação virá se o Ocidente continuar retraindo-se. A guerra pode ser evitada se a desproporção de forças for esmagadoramente favorável ao mundo não-comunista e este souber usar dela.
Sob o título L'Église et l'État communiste: la coexistence impossible, as Éditions "Tradition-Famille-Propriété", de Paris, acabam de lançar a versão francesa do ensaio do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Acordo com o regime comunista: para a Igreja, esperança ou autodemolição?
O estudo do destacado pensador e líder católico — publicado originalmente em Catolicismo com o título de A liberdade da Igreja no Estado comunista — foi objeto de uma carta de louvor da Sagrada Congregação dos Seminários e das Universidades, assinada pelo Cardeal Giuseppe Pizzardo e pelo Arcebispo Dino Staffa (hoje Cardeal), respectivamente Prefeito e Secretário daquele Dicastério Romano.
A propósito dessa obra, o Autor recebeu ainda inúmeras cartas de felicitações, como as do falecido Cardeal EugéneTisserant, Decano do Sacro Colégio; do Cardeal Alfredo Ottaviani, então Secretário da Suprema Sagrada Congregação do Santo Ofício; do Cardeal Norman Thomas Gilroy, Arcebispo de Sidney (Austrália), de Sua Beatitude Paul II Cheicko, Patriarca de Babilônia dos Caldeus.
Traduzido em 8 línguas (francês, alemão, inglês, espanhol, húngaro, italiano, polonês e ucraniano), o importante estudo do Presidente do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade já teve 33 edições, num total de 160 mil exemplares. Foi ainda reproduzido em mais de 30 jornais de 11 países diferentes, entre os quais I1 Tempo, o maior diário de Roma.
Como é do conhecimento de nossos leitores, a presente obra transpôs a cortina de ferro, sendo vivamente criticada por elementos da Associação PAX, organização de católicos colaboracionistas da Polônia.
A presente edição de L'Église et 1' Étatcommuniste: la coexistence impossible aparece em excelente apresentação gráfica, enriquecida de abundante documentação fotográfica.
Dias antes de seu repentino e doloroso falecimento em Viena, no dia 6 de maio, o Cardeal Jószef Mindszenty visitou a América Latina.
O eminente Purpurado, símbolo da fidelidade heróica da Igreja em resistência contra a perseguição comunista, recebeu em Caracas numeroso grupo de sócios e cooperadores da TFP venezuelana. Com palavras de caloroso afeto exortou a entidade a continuar com ânimo a luta ideológica contra o comunismo. O pranteado mártir da causa anticomunista, em sua estadia em Bogotá, quis também reunir-se com a TFP colombiana, onde renovou sua admiração e apoio ao trabalho desenvolvido pelas TFPs.
Traduzido pelo dinâmico e brilhante líder católico italiano Giovanni Cantoni, em colaboração com Carlo Emmanoele Manfredi, vem despertando vivo interesse na Itália o best-seller Frei, o Kerensky chileno, de autoria de nosso saudoso colaborador Fábio Vidigal Xavier da Silveira.
Lançado pela Editora Cristianità, de Piacenza, o livro aparece com cartas de elogio de S. Excias. Revmas. Mons. Alfonso Maria Buteler, Arcebispo de Mendoza (Argentina), Mons. Antonio Corso, Bispo de Maldonado-Punta del Este (Uruguai), e D. Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos. O prefácio é do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Como se recorda, a obra — agora com 17 edições em seis países — prognosticara a queda do Chile nas garras do marxismo, pela cumplicidade de um governo democrata-cristão.
É explicável o interesse dos católicos italianos em conhecer o processo pelo qual a Democracia Cristã conduziu o Chile à trágica experiência marxista, pois a situação política na Península evolui rapidamente no sentido de uma eventual participação dos comunistas no governo, por meio do chamado compromisso histórico, que reuniria marxistas e democratas-cristãos.
"Indochina, a 'detente' e o futuro do Chile"
A TFP chilena lançou um opúsculo intitulado Indochina, la Detente y el futuro de Chile, no qual analisa a desastrosa política de distensão promovida pelo Secretário de Estado norte-americano Henry .Kissinger. O opúsculo mostra que a política se baseia em uma credulidade sem fundamento na boa fé dos líderes comunistas, e destaca como a tragédia do Sudeste Asiático comprova dramaticamente o erro de se crer na suposta mudança de mentalidade dos senhores do Cremlin. A TFP chilena assinala também nessa obra que em sua Pátria "o clero progressista e os democratas cristãos representam esta mentalidade "kissingeriana", feita de um otimismo entreguista face às manobras comunistas". Conclama seu povo à vigilância, para evitar que essa mentalidade se difunda no Chile de hoje, trazendo como conseqüência a repetição da desastrosa experiência marxista vivida pelo país irmão.
A campanha de difusão pública, que se estendeu por todo o país, encontrou calorosa acolhida por parte da população, tendo-se esgotado rapidamente duas edições, num total de 15.000 exemplares. A TFP andina recebeu do presidente chileno, General Augusto Pinochet, uma carta de agradecimento pela importante obra.
Os jovens da Sociedade Uruguaia de Defesa da Tradição, Família e Propriedade vêm percorrendo as ruas de Montevidéu e das principais cidades do Interior, na divulgação do opúsculo Simples relato do que aconteceu em Fátima quando Nossa Senhora apareceu. Tem sido de grande simpatia a acolhida por parte da população uruguaia aos jovens da TFP.
A obra ora divulgada já foi publicada em espanhol, português, francês, e inglês, com edições em vários países da América Latina, Estados Unidos, Canadá e Espanha, numa tiragem que já ultrapassa os 250 mil exemplares.
Diferentes aspectos da atual campanha da TFP nas ruas da capital uruguaia.