Congresso dos Estados Unidos publicou, em 1963, uma lista de objetivos e planos comunistas de 45 pontos, elaborado por N. Skousen, Diretor de Operações do Conselho de Segurança Americano. Esses pontos confirmam de modo impressionante o comunismo difuso ou a revolução comunista invisível denunciados pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira e pelo general Souza Mello. Eis alguns deles:
1 - "Degradar todas as formas de expressão artística";
2 - "Eliminar dos parques e edifícios toda boa escultura e substituí-la por configurações informes, sem graça e sem significação";
3 "Fazer desaparecer todas as leis que refreiam a obscenidade [...] nos livros, jornais ilustrados, cinema, rádio e TV';
4 - "Infiltrar as Igrejas e substituir a Religião revelada por uma religião social";
5 - "Desacreditara família como instituição, favorecendo o amor livre e o divórcio fácil" (5).
Basta que o leitor abra os olhos em torno de si, para ver até que ponto há, por todos os lados, uma pressão discreta mas incessante, para introduzir tudo isso nos costumes e nas leis.
Fala-se tanto em "distensão", em "paz" com os comunistas.
Que "paz" é esta?
Por trás dela está a tragédia da perda dos valores da civilização cristã. E a ironia da mais vergonhosa entrega do mundo a um imperialismo nunca visto ou imaginado em tempos passados.
Perguntamo-nos. Diante da escalada vermelha internacional, qual é a atitude do Ocidente em 1976?
Quando cá e acolá vozes alertam o mundo de que somente uma política de confrontações enérgicas e irredutíveis é capaz de impedir que o regime comunista se instale no mundo inteiro, desviaremos nossa atenção à procura da paz trágica e irônica que nos ameaça?
Quando ouviremos os gemidos e os gritos de socorro que partem dos países subjugados?
Estas são as grandes perguntas dos dias de hoje. Quem lhes dará as devidas respostas?
O Ocidente herdou a civilização cristã fundamentada na filosofia do Evangelho. Esta governou os Estados e deu frutos superiores a toda expectativa cujos testemunhos estão consignados em inúmeros documentos e na alma de seus povos.
Leis, instituições, costumes, harmonia das classes sociais pautavam-se nos princípios imortais que moveram a civilização de outrora.
Perecerá tudo isso diante do neo-bárbaro ateu e totalitário?
Acordará o Ocidente da letargia em que se deixou abater, apesar de seus povos serem anticomunistas em sua grande maioria?
Neste Continente, especialmente amado por Nossa Senhora, filhos dEla levantaram-se para. proclamar: Não! A civilização cristã não morrerá, apesar de as maiores traições se urdirem em seu próprio seio.
A Rússia continua espalhando seus erros pelo mundo. Cumpriu-se, em parte, a mensagem de Fátima. Caso não se converta, o mundo será castigado, mas, por fim, após a conversão da Rússia, o Imaculado Coração de Maria triunfará. O triunfo de Maria Santíssima será o triunfo da Igreja. O triunfo da Igreja representará também a vitória da civilização cristã. E seu triunfo é certo, pois sua filosofia é eterna. Parece não tardar o dia em que serão justificados os poucos que, na noite dos séculos, souberam ser fiéis e confiantes. Por isso, dão ao mundo a possibilidade de repetir o dito de Churchill: "Nunca tantos deveram tanto a tão poucos': E estes responderiam: "Nunca tão poucos deveram tanto a Uma só, cujo nome reboa no céu e faz estremecer as estrelas: Maria".
NOTAS
(1) Léon de Poncis, Top Secret — Diffusion de la Pensée Française, Vouillé, 1972, pp. 129 ss.
(2) Anthony Kubek, How the Far East was lost — Twin Circle Publishing Co., Inc., New York, 1972, p. XVIII.
(3) Cf. Michel Bar-Schar, "Les agents secrets preparent l'histoire: 5.000 savants allemands pour Staline" in Historia, n9 229, agosto de 1965.
(4) Cf. discurso do general Humberto de Souza Mello na Semana de Tamandaré de 1971, apud Plinio Corrêa de Oliveira, "Revolução comunista invisível" in "Folha de São Paulo", de 9/1/72.
(5) Cf. Plinio Corrêa de Oliveira, "Rapazolas e moçoilas em risco" in "Folha de São Paulo", de 2/4/72.
(6) Cf. Yuri R. Shinko, For this 1 was bom, Ucrainea' Research Institute, Toronto, Canadá, 1973.
Cat 307, Jul 76, p 04
CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO NA RÚSSIA
Mais de cinco milhões de presos políticos gemem nos campos de concentração e nas prisões da URSS. Muitos lá estão por motivos religiosos. Os condenados constituem a maior força de trabalho nas minas, na construção de estradas de ferro e de rodagem e no corte de madeira. A cidade de Norilsk foi inteiramente construída pelo trabalho escravo.
No mapa, os campos de concentração conhecidos e as áreas onde provavelmente se encontram outros. Ladeando a ferrovia que liga Potma a Barashevo, entre Moscou e Kuybishev, encontra-se o chamado complexo de campos da Mordóvia, um dos maiores da Rússia.
O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira conclui: "Atuem. Nós lho imploramos. Falem, ensinem, lutem. O Anjo protetor de nossa Pátria os espera para os confortar ao longo dos prélios.
E Nossa Senhora Aparecida, Rainha do Brasil, lhes prepara sorridente o cêntuplo prometido já nesta terra aos que abandonam tudo por amor ao Reino dos Céus".
Estava concluído o estudo "Brasil-1976: A Igreja ante a escalada da ameaça comunista — Apelo aos Bispos Silenciosos", quando chegou às mãos do Autor um pronunciamento intitulado "A Igreja do Vietnã está disposta a sobreviver", publicado pela Regional Sul II, setor oficial da CNBB, composto por dois Arcebispos e dezessete Bispos do Estado do Paraná (cfr. "Voz do Paraná", de 25-4 a 19-5 de 1976).
Evidencia ele com uma tal exuberância a que ponto chegou a esquerdização em meios católicos do País, que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira decidiu ampliar seu trabalho, redigindo um apêndice sobre esse documento episcopal. Resumimos a seguir os principais comentários do Autor.
* * *
O objetivo da Regional Sul II da CNBB consiste em mostrar que o Episcopado e os fiéis brasileiros devem se inspirar na conduta da Igreja vietnamita, caso lhes sucedam catástrofes análogas à que desabou sobre o Vietnã, ou seja, caso o comunismo tome conta do Brasil.
Diz a Regional Sul II:
"Essa Igreja dos confins da Ásia nos dará o primeiro exemplo de como a Igreja pode existir e agir eficazmente na sua missão salvadora, sob um regime de "ditadura do proletariado".
Quais as lições que o exemplo da Hierarquia vietnamita ministra a nosso povo?
Segundo a Regional Sul II, diante da instauração do regime comunista com sua sequela de cruéis decepções e de atos brutalmente ditatoriais no campo religioso e civil, a atitude da Hierarquia deve ser da mais inteira passividade. Permita-se a destruição de toda a estrutura eclesiástica: o mal é compensado pela supressão do abominável regime anterior.
Pois o mal feito pelo comunismo é menor que o mal anterior que ele faz cessar.
Tal passividade, que é exemplo e diretriz para o Clero e para os fiéis, importa em uma verdadeira colaboração com o comunismo, pois tende a sufocar qualquer reação religiosa, transformando os católicos em robôs do regime vermelho.
Esse esquema, todo feito de falsidades históricas, de erros e meias verdades em matéria religiosa, se parece de modo chocante com a surrada cantilena do esquerdismo brasileiro: as estruturas aqui vigentes, apoiadas até há pouco por um Clero rançoso, exploram o povo. Haverá vantagem em que elas sejam derrubadas, ainda que com a colaboração dos comunistas, e mediante a aceitação da vitória destes.
O que as cantilenas esquerdistas têm omitido de prever, no Brasil, é o resultado dessa conduta para a Igreja, e a atitude que deverá tomar a Hierarquia ante esse resultado.
O documento da Regional Sul II da CNBB — um verdadeiro manifesto —explica que o resultado será a chibata e a perseguição religiosa, o dever consistirá na passividade colaboradora e benévola, e a esperança parece residir no surgimento de uma Igreja profética e carismática, eventualmente sem estruturas nem necessidades econômicas, adaptada ao clima do regime vitorioso.
A colaboração com o comunismo não terá, aliás, somente o caráter de pregação da submissão passiva. Importará na exortação ao trabalho "quotidiano" em prol da "Pátria que, a Igreja espera, será justa e sadia"... sob regime comunista.
* * *
Tudo isso parece uma enormidade inacreditável.
Terá descido tão baixo, o órgão representativo dos Srs. Arcebispos e Bispos do Paraná? Os textos do documento aqui analisado não deixam margem a dúvida. Ei-los:
A Regional Sul II da CNBB, num longo histórico, apresenta Ho Chi Minh não como o guerrilheiro comunista que quer implantar o marxismo no país, mas como o patriota herói que numa "escalada lenta mas implacável", "luta pela independência" contra os dominadores estrangeiros, os franceses primeiro, os americanos depois.
"A Igreja não podia mais ignorar a presença demolidora dos estrangeiros". E em tudo isso tinham muita culpa os católicos.
O organismo episcopal paranaense explica que a Hierarquia mudou então oficialmente de posição. Condenou os bombardeios contra o Norte, passou a pedir a retirada dos americanos e a trabalhar pelo afastamento de Thieu, a fim de alcançar a "prioridade das prioridades, o fim da guerra, a volta da paz". Mas isto não seria possível “enquanto os revolucionários do Sul [isto é, os comunistas do GRP e da FLN, lembramos] não tivessem o direito de. participar de um novo governo constituído para a reconciliação nacional”.
O GRP (Governo Revolucionário do Povo, do Vietnã do Sul) e o Vietnã do Norte desencadearam, no início de 1975, a ofensiva final, a operação Ho Chi Minh. "O fato de eles chamarem esta operação pelo nome do profeta, do Pai da Revolução, é significativo da certeza que eles tinham da vitória" — pondera a Regional Sul II.
E passa a reproduzir entre aspas (sem lhe mencionar, aliás, o autor), os seguintes tópicos: "Que importa que o regime expulse os missionários estrangeiros se temos nosso próprio clero formado, maduro, e perfeitamente integrado com seu povo? E no fundo, os missionários e as Igrejas não eram, eles também, o símbolo da miséria e da dominação de nosso povo? [...] . O regime que "libertou" nosso povo, pode agora escravizar nossa Igreja [...] . Mas o que importa a Igreja ir às catacumbas se o povo — que é sua missão primeira e única — este vive finalmente em paz, tem trabalho, e sobretudo dignidade? " (o destaque em negrito é nosso).
E a Regional Sul II comenta entusiasmada: "Está aí um dos maiores exemplos da história recente da Igreja em que ela aceita se auto-sacrificar (se imolar) pelo bem do povo que ela serve".
A frase faz lembrar o misterioso processo de "autodemolição" na Igreja cheia da “fumaça de Satanás", a que aludiu Paulo VI (Alocução ao Seminário Lombardo de 7 de dezembro de 1968 e Sermão de 29 de junho de 1972).
O documento da Regional Sul II termina com considerações a respeito da Carta Pastoral do Arcebispo de Saigon, Dom Nguyen Van Binh, elogiando-o porque, apesar de ele conhecer a chibata dos comunistas, tem a "coragem" de colaborar com eles, e de aceitar "com alegria todos os valores da revolução" (comunista).
Fica assim apresentado pela Regional Sul II da CNBB, para os nove milhões de habitantes do Paraná, o "modelo" de Bispo colaboracionista do dia de amanhã.
Tão longe nem D. Helder chegou, sequer.
A Regional Sul II da CNBB aposta corrida com D. P. Casaldáliga. É a "nova vaga" de 1976 tão mais desinibida do que a que nos estarrecia nos dias longínquos e gloriosos de 1964.
EMILE MÂLE
("L'art religieux du XIIIe siècle en France", Tome II, conclusion, Librairie Armand Colin, Paris, 1969.)
Na catedral inteira, sente-se a certeza e a fé, em nenhuma parte a dúvida. Ainda hoje a catedral nos dá essa impressão de serenidade, por pouco que lhe prestemos atenção.
Esqueçamos por uma hora nossas inquietações, nossos sistemas. Vamos até ela.
De longe, com seus transeptos, suas flechas e suas torres, ela parece como uma poderosa nau de partida para uma longa viagem. Toda a cidade pode embarcar sem temor em seus robustos flancos.
Aproximemo-nos.
No pórtico, deparamos em primeiro lugar com Nosso Senhor Jesus Cristo, como O encontra todo homem que vem a este mundo. É Ele a chave do enigma da vida. Em seu redor está escrita a resposta a todas as nossas perguntas. Aprendemos como o mundo começou e como acabará; as imagens, cada uma delas simbolizando uma era do mundo, nos dão a medida de sua duração. Temos diante dos olhos todos os homens cuja história importa conhecer: aqueles que, sob a Antiga ou sob a Nova Lei, foram figuras de Jesus Cristo; porque os homens não existem senão enquanto partícipes da natureza do Salvador. Os outros — reis, conquistadores, filósofos — não são mais que nomes, sombras vãs. Assim se nos tornam claros o mundo e sua história.
Mas nossa própria história está escrita junto à desse vasto universo. Nela aprendemos que nossa vida deve ser um combate: luta contra a natureza a cada estação do ano, luta contra nós mesmos a todo instante. Do alto do Céu, os Anjos estendem coroas àqueles que travaram o bom combate.
Existe aqui lugar para dúvida, ou simplesmente para inquietação de espírito?
Penetremos na catedral.
A sublimidade de suas grandes linhas verticais age logo sobre a alma. É impossível entrar na grande nave de Amiens sem se sentir purificado. Só por sua beleza, a igreja atua como um sacramento. Ainda aqui reencontramos uma imagem do universo. A catedral, como a planície, como a floresta, tem sua atmosfera, seu perfume, sua luz, seu claro-escuro, suas sombras.
Ao cair da tarde, sua grande rosácea, atrás da qual o sol se põe, parece ser o próprio sol prestes a desaparecer na fímbria de uma floresta maravilhosa. Mas é um mundo transfigurado no qual a luz é mais brilhante do que a da realidade, onde as sombras são mais misteriosas. Sentimo-nos já no seio da Jerusalém celeste, da cidade futura. Degustamos sua paz profunda; o tumulto da vida quebra-se aos muros do santuário e se reduz a um rumor longínquo: eis a arca indestrutível, contra a qual não prevalecerão as tempestades. Nenhum lugar do mundo encheu os homens de um sentimento de confiança tão profundo.
Símbolo da fé, a catedral foi também símbolo de amor.
Todos nela trabalharam. O povo ofereceu o que possuía: seus braços robustos. Atrelou-se aos carros, carregou as pedras sobre os ombros. Ele teve a boa vontade do gigante São Cristóvão.
O burguês deu seu dinheiro, o barão sua terra, o artista seu gênio. Durante mais de dois séculos, todas as forças vivas da França colaboraram: daí a vida possante que se irradia dessas obras eternas.
Mesmo os mortos se associaram aos vivos; a catedral era pavimentada de lápides sepulcrais; as antigas gerações, de mãos juntas sobre suas lajes fúnebres, continuaram a orar na velha igreja. Nela, o passado e o presente se uniam em um mesmo sentimento de amor. Ela era a consciência da cidade.