crianças, os adolescentes, os jovens e os adultos". O que esperar de uma catequese promovida por um Episcopado como este, claramente pró-comunista? Não será preciso fazer grande esforço de imaginação para descobrir. Eles próprios nô-lo dizem: "Concebemos a catequese não como a simples transmissão de uma doutrina [...]. Os testemunhos de adolescentes e de jovens que, juntamente com tantos adultos exemplares, vivem com alegria e sacrifício a sua fé cristã nas novas estruturas demonstram [...] a eficácia real da catequese que sabe adaptar-se às novas situações objetivas".
Em linguagem mais clara, o ensino do catecismo, inclusive às crianças, foi "adaptado" ao comunismo. O que se ensinará com o rótulo de Cristianismo? Marx ou Lenine? Mao ou Fidel? É de se notar a referência à "alegria". Faz lembrar a "felicidade" experimentada pelos católicos cubanos de que falava D. Agostino Casaroli quando visitou a ilha-prisão em 1974!
O leitor pouco afeito a considerar os acontecimentos à luz da Providência Divina, após a leitura desses fatos, poderá exclamar: tudo está perdido! E, devemos concordar, não se poderia concluir outra coisa, se nos colocássemos num ângulo de observação meramente natural.
Entretanto, a observação da realidade contemporânea com espírito de fé, leva-nos a perceber movimentos alentadores na opinião católica, ainda incipientes, é verdade, mas com um dinamismo que parece prenunciar vigorosa intervenção da Providência na História. A maneira da nuvenzinha que o Profeta Elias notou na fímbria do horizonte e que depois cresceu, aproximou-se, tomou conta do céu e descarregou sobre a terra a chuva regeneradora.
Qual é esse sinal promissor?
Algo já dissemos em nosso artigo acima citado, quando consideramos o desligamento progressivo dos fiéis em relação a determinados Pastores, à medida que estes trabalham pelo comunismo. Observamos como no Vietnã, no Chile e na Hungria, uma verdadeira graça preserva, ao menos grande parte da opinião pública católica, para que não se deixe arrastar pelos maus exemplos e pressões que lhe vêm dos lobos vestidos de pastores. Continuando embora fiéis à Igreja e a sua doutrina, esses católicos resistem admiravelmente, não se deixando arrastar para o abismo a que tentam conduzi-los os que deveriam ser seus guias naturais para a salvação.
Ora, um fenômeno tão inesperado, tão generalizado e sadio, de consequências transcendentais; só pode ter sua origem na Providência Divina, que assim cumpre, de modo desconcertante mas maravilhoso, a palavra do Evangelho: "As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja" (Mt. 16, 18).
* * *
Poderíamos ainda aduzir o exemplo do Brasil. A magnífica acolhida que vem sendo dispensada pelos católicos de todo o País à mencionada obra do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, é sintoma expressivo de quanto esse livro traduz os sentimentos, as convicções e, sobretudo, as apreensões de inúmeros dentre eles.
Essa resistência frequentemente passiva, mas muito eficaz, em se deixar comunizar pelo Clero, vamos encontrá-la também em Cuba. E o próprio documento episcopal que nô-lo atesta, usando embora aquela linguagem bem característica, cuidadosamente velada.
Os Bispos reconhecem ser "não pequeno" o número de católicos que, permanecendo fiéis à Igreja, afastam-se, entretanto, das práticas eclesiais. Eis suas palavras: "Encontramos um número não pequeno de fiéis, que dizem sim a Cristo e também á Sua Igreja, mas que deixaram de manifestar a sua pertença eclesial, mediante a profissão externa de uma vida religiosa".
Qual a razão de tal afastamento? É o próprio documento episcopal que a assinala: "Essas mesmas circunstâncias históricas [em que vive Cuba, ou seja, a sociedade comunista] podem, ao mesmo tempo causar inquietação a alguns cristãos apegados a uma visão estática da vida, ou que desconhecem a presença e a ação de Deus na História". O sentido é claro: os cristãos que não aderem ao comunismo são acusados por seus Pastores de estarem "apegados a uma visão estática da vida".
Mais ainda, é dito aos católicos que inquietar-se diante do domínio comunista é desconhecer "a presença e a ação de Deus na História", ou seja, em termos mais diretos, opor-se ao comunismo seria contestar o próprio Deus presente e atuante. ,
Estamos assim, diante de uma pressão — para não dizer perseguição — exercida pelos Bispos, em nome da Religião, para tornar comunistas os fiéis.
Quem diria, algum tempo atrás, que isto seria possível? Mas quem preveria também como se torna claro nas entrelinhas do texto — que um "não pequeno" número de católicos iria preferir romper com a Hierarquia Eclesiástica de seu país para permanecer fiel a sua fé e a sua Religião?
Tais fiéis, que em Cuba como no Vietnã, no Chile ou na Hungria e mesmo no Brasil não apostatam da fé, não se afastam da Igreja, mas resistem à ação profundamente perniciosa dos Pastores vermelhos, não constituem um sinal evidente da ação do Espírito Santo sobre as almas? Tudo leva a crer que sim.
Essas considerações nos levam, pela força da lógica, a uma pergunta suprema, com a qual encerramos este artigo.
Se hoje, em 1977, podemos afirmar com toda segurança que o acontecimento do século é a espetacular mudança de rumos operada em grande parte da estrutura eclesiástica mundial, poderá ser bem diversa a afirmação dos que chegarem ao fim do século? Não estarão eles, eventualmente, em condições de dizer que o verdadeiro acontecimento desses 100 anos não foi a espantosa apostasia entre os Hierarcas, mas a sublime reação dos fiéis? Tal resistência que hoje é um sinal e uma promessa, não pode se tornar amanhã uma força e uma realidade? Estaremos ouvindo a voz do "esposo que vem" (Mt. 25,6) libertar nossas almas aflitas e angustiadas pela situação em que está a Santa Igreja?
Se isto for assim, a crença na promessa de Nossa Senhora em Fátima -- "Por fim meu Imaculado Coração triunfará" — deixa de ser um simples ato de fé e se transforma em confiança na ação concreta e crescente de Maria Santíssima nos acontecimentos presentes. Relegada e perseguida por muitos dos que deviam ser os arautos incansáveis e aguerridos de Sua grandeza, a Virgem Imaculada volte-se, materna e doce, mas forte e decidida, para os fiéis, e aí elege aqueles que deverão constituir seu Reino, dos quais espera uma generosa correspondência à graça. A estes Ela concede discernimento agudo para que percebam, até sua última significação, o trágico da hora que vivemos, bem como amor abrasado que os una cada vez mais à Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana; e força inquebrantável para resistir àqueles que, apresentando-se como Pastores, na realidade se transformaram em lobos.
Não poderá, então, vir a ser este o verdadeiro acontecimento do século?
Já estava redigido este artigo quando nos chegou às mãos excelente livro da TFP uruguaia, recém editado (3). Trata-se de impressionante relato sobre a ação da quase totalidade do Episcopado e parte impressionante do Clero uruguaios para comunistizar o país irmão. Primeiramente, pela colaboração com os tupamaros e depois, fracassado o terrorismo, por uma ardilosa política de distensão.
É mais um triste exemplo a ser incorporado aos que acima citamos.
NOTAS
1) Catolicismo, no. 304, abril de 1967 - "Ovelhas afastam-se de maus Pastores".
2) A Igreja ante a escalada da ameaça comunista, Ed. Vera Cruz, São l'aulo, 1976, p. 90.
3) Esquerdismo católico, compañero de ruta del comunismo en su larga trayectoria de fracasos y metamorfosis - Editado pela Sociedade Uruguaia de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, Montevideo, 1976.
| Multinacional... | (Conclusão da pág. 4)
revolucionários" ("Mémoires d'outre tombe", Gallimard, 1951, tome I, p. 311).
A partir desse momento, a única coisa que fica clara para cada um é que se não dançar segundo a batuta da minoria ativa e organizada recebe, através de uma palavra eletrizada pela demagogia, uma carapuça que pode acarretar as piores consequências. Ou seja, em todos, a desconfiança de cada um que o cerca; e a imersão da maioria no desespero frio onde a preocupação única é num primeiro momento, a de fugir das pechas, portadoras de desgraças, e num estágio revolucionário um pouco mais adiantado, a de sobreviver no próximo minuto.
Quer dizer, a aceitação, pela maioria, dos fatos consumados impostos pela minoria marxista. E para os mais refratários, os banhos de sangue característicos dessa classe de "libertação".
Mas engana-se quem pensar que uma vez os "libertadores" no poder, conseguirá alguns minutos de repouso (ainda que com o estômago vazio e dividindo, sua casa com quatro desconhecidos).
Não. Paulo Freire afirma que o processo revolucionário é permanente. A fim de que não seja "sacralizado", o "mundo novo exige a participação consciente das massas populares". "Este é um dos grandes méritos da revolução cultural chinesa — o de recusar qualquer concepção estática, antidialética, imobilista da história", proclama o "pedagogo" pernambucano! (p. 93).
Isso significa, em português claro, submeter as massas a um chacoalhar contínuo, a uma vida onde cada indivíduo esteja sempre sob a ação coarctante das agitações coletivas, de modo que jamais tenha um recanto próprio, como todo homem tem direito a ter, onde esteja só ou no aconchego dos seus, aí podendo refletir detidamente sobre as coisas que acontecem para delas fazer um juízo idôneo, isento da pressão de um ambiente dominado pelos mercenários da agitação revolucionária.
Eis aí o que está por trás do palavreado sofisticado de Paulo Freire: um regime que não só impede educar os filhos, reclamar o pão que falta, mover-se para onde se queira, possuir como seu o que é fruto do seu trabalho, mas que tira ao homem a própria possibilidade de analisar e de refletir, ainda que no interior de sua própria mente.
Não nos iludamos, um regime escravocrata como a humanidade não conheceu, nem nas tiranias pagãs de antes de Cristo.
Nosso povo, dentro de um fundo psicológico uno que herdou da catolicidade lusa, apresenta uma viveza, uma originalidade, uma riqueza de personalidade, uma sadia capacidade de análise e de crítica que o distingue sobremaneira.
Esse novo livro de Paulo Freire, lançado em 1976 pela Editora Paz e Terra, deve servir de sinal de alerta para os brasileiros.
Pe. Teodoro Ferronato, F.M.M., Ponta Grossa (PR): "Os meus votos são que CATOLICISMO continue propagando e defendendo a VERDADE contra toda espécie de falsificação,.venha de onde vier".
Sr. Ernani Froehner, São Bento do Sul (SC): "Informativo fiel e necessário e que deveria se fazer presente em todos os lares católicos".
D. Alcina Campos Taitson, Belo Horizonte (MG): "CATOLICISMO, para mim, tem as vantagens de estar a par de tudo o que está atingindo a Igreja nestes confusos tempos e de não ter medo de as proclamar. Parabéns - Coragem! Creio na Santa Madre Igreja, mesmo dilacerada pelos Padres e Bispos".
D. Cornélia A. Carvalho de Oliveira, Guaratinguetá (SP): "Tenho notado, sobretudo nos últimos números, um esmero ainda maior na organização e concatenação dos artigos publicados no CATOLICISMO. Parabéns! Bravos lutadores, que pela fé católica não temem enfrentar a maior luta da atualidade!"
De uma leitora portuguesa, cujo nome omitimos por razões óbvias, referindo-se à situação de seu país após a revolução de 25 de Abril: "Se eu já era estruturalmente anticomunista, desde que tive oportunidade de ver esse flagelo dentro de casa, mais se me arraigou o desamor a tal sistema de vida... ou de morte. Por isso a vossa revista é por mim lida com avidez e pena tenho que não se funde em Portugal uma TFP que sirva de travão à propaganda "progressista" a que continuamente estamos sujeitos".
Sr. Silfredo Rodrigues Guerra, Londrina (PR): "Como assinante do jornal CATOLICISMO quero apresentar meus cumprimentos pelo artigo publicado no número de setembro, a propósito de Nossa Senhora do Coromoto, Padroeira da Venezuela.
Na semana passada recebi em casa alguns amigos da Congregação Mariana que costumam rezar o terço diariamente em conjunto. Aproveitei a oportunidade para mostrar-lhes aquele substancioso artigo: foi grande o interesse com que ouviram, sendo realmente muito proveitoso.
Felizmente, existe o CATOLICISMO, jornal que não vai atrás das inovações, e dos Padres progressistas".
Sr. Thomaz Leonardo Czaja, Curitiba (PR): "Conheço alguns jornais rotulados de católicos e mantidos por religiosos, porém, não se encontra neles um só artigo que trate de cultura religiosa.
Por isso eu louvo a Deus e agradeço de todo coração a toda essa equipe de redatores iluminados que com tanto ardor e total abnegação labutam nessa vinha do Senhor.
Muito especialmente agradeço a S. Excia. Revma. D. Antonio de Castro Mayer, muito amado Bispo de Campos que com a sua dignidade atrai tantas graças de Deus e da Ssma. Virgem de Fátima a toda essa legião de obreiros empenhados no verdadeiro amor cristão.
Calorosa gratidão quero manifestar ao ilustre Sr. Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, digníssimo presidente da TFP que com a sua sabedoria inconfundível conduz, a todos nós e especialmente a essa valorosa legião de militantes, pelos caminhos da verdade revelada.
Na minha humilde expressão alegra-me em ver na pessoa do Dr. Plinio o jardineiro de Nossa Senhora que cultiva com tanto amor estas flores que são os jovens da TFP, que mergulhados na pureza do ideal abraçado, cantam incessantes louvores à Virgem Mãe.
É imensa a minha satisfação em renovar, mais uma vez, a assinatura desse magnífico mensário CATOLICISMO. A leitura tão suave e sempre proveitosa do CATOLICISMO, de redação aprimorada, proporciona-nos mais luz para a vida espiritual".
Maria Helena Fraga, Rio de Janeiro (RJ): "Muito boas ideias e precisão no relato dos acontecimentos. Continuem em nome do bem comum".
D. Augusta Aranha Schelini, Dois Córregos (SP): "Aprecio muitíssimo o CATOLICISMO pela maneira como enfoca as matérias: pela sua cuidada apresentação, e de modo especial' gosto de ler a vida dos Santos (São Tiago de Compostela, etc.)".
D. Gabriella E. M. de Barros Macedo, Juiz de Fora (MG): "É ótima, e é preciso que haja sempre uma explicação esclarecida, como é a do magnífico CATOLICISMO, pois é a Religião Católica que sempre predominou na nossa Terra de Santa Cruz".
Sr. Guilherme Pereira Cavalcante, São Caetano do Sul (SP): "Um jornal que não vende gato por lebre, corajoso e sincero, não temendo dar nomes aos bois, numa época pejada de tanto eufemismo e hipocrisia".
D. Lolita Sviatopolk-Mirsky, Paris (França): "Permita-me exprimir-lhe e aos seus colaboradores, os meus calorosos aplausos pelo primor do número de agosto, de CATOLICISMO. Tudo nele está perfeito: fotografia, artigos, impressão, papel, tudo... Já só a capa, com os arranha-céus ao fundo, as veneráveis palmeiras do Jardim do Teatro Municipal e, em primeiro plano, o altivo estandarte da TFP, é uma obra de arte. Bem representa o que era, o que foi e o que é São Paulo! Quem a compôs só pode ser pessoa de grande gosto e impressionante talento fotográfico.
Entre outros artigos de valor, a reportagem tão vivida, tão sucinta, tão objetiva, representa a síntese absoluta do que é “Um dia de campanha da TFP”. O repórter, com poucas palavras, disse tudo. Parabéns a ele.
E, para amenizar um pouco a tristeza causada pela leitura das perseguições que sofrem os fiéis nos países escravizados pelo comunismo e os que se deixam ludibriar pela farsa dos "Cristãos pelo Socialismo", muito me comoveu a encantadora crônica "Quando os azulejos refulgiam..." Digo eu, com o cronista, hoje em dia "Quem rezará pelos fiéis defuntos, quem pedirá a graça de uma boa morte?"
Anoitecia junto á fortaleza de Saint-Quentin onde, durante todo o dia, haviam se chocado as armas francesas e espanholas. No campo coberto de cadáveres e despojos, envolvido numa atmosfera impregnada de forte odor de pólvora, reorganizava-se o exército vencedor, enquanto se perfilava no horizonte a silhueta dos franceses que se retiravam. Era 10 de agosto de 1557, data que passaria à História como uma das mais célebres vitórias da Espanha no campo de batalha.
O jovem rei Filipe II não esqueceria esse triunfo que a Providência lhe concedia na primeira campanha guerreira de seu reinado. Assim, algum tempo depois ele assentava, com suas próprias mãos, em lugar de seu agrado, a pedra fundamental do majestoso mosteiro-palácio de São Lourenço do Escorial — pois foi no dia desse Mártir que se dera a batalha de São Quintino.
* * *
A 40 Km de Madrid, na serra de Guadarrama, ergue-se o imponente conjunto do Escorial. Sua planta em forma de grelha lembra o instrumento de martírio de São Lourenço. Nas longas fachadas, enormes janelas se repetem. Coroando os pavilhões de ângulo, tetos esguios apontam para o alto, encimados por esferas que dão a impressão de que algo agarra a terra e a remete para o céu.
A primeira vista, a fachada do Escorial pode parecer monótona. Entretanto, um bom analista notará nela traços da grandeza espanhola: certa forma de austeridade e segurança de si que se apresenta sem enfeites, em sua simplicidade. Por trás da monotonia das incontáveis janelas que se repetem esconde-se a pertinácia e o desafio, como quem diz: "Sou assim e não sou de outro modo".
Para se tomar o sabor dessa forma de grandeza presente no Escorial, é preciso saber interpretar o gênio hispânico. A grandeza espanhola é como a de um gentil-homem combatente. Nela, vence e impõe-se a seriedade e a lógica, com uma nota de melancolia levemente lúgubre. A par disso, o espanhol tem o olhar carregado, posto no adversário. Ele, que se manifesta elegante e festivo, cheio de rendas e castanholas na hora da luta, quando vai enfrentar a morte, torna-se pensativo, e até um pouco enfadado na hora do sossego. O Escorial, calculado com tanta simetria, reflete o espanhol no momento do sossego: na sua lógica, na sua dignidade, na sua austeridade combativa, que o dispõe a partir prontamente para a batalha.
Na sala dos embaixadores do Escorial, uma nota típica da decoração espanhola: grandes paredes nuas, brancas, quase pobres, contrastam com a porta monumental, que é quase um arco de triunfo. O trabalhadíssimo da porta por assim dizer ganha brilho em função do desnudamento da parede. O conjunto é grandioso e ao mesmo tempo austero. No Escorial, tudo é austero ou rico; nada é ordinário ou vulgar.
Quem compara o Escorial com Versalhes, nota algumas semelhanças. No mais esplêndido palácio francês encontra-se igualmente longas fachadas e grandes motivos de decoração que se repetem. Entretanto, a fachada do Escorial exprime uma nota de simplicidade, de sobriedade e de serenidade que Versalhes não tem.
Versalhes convida à exibição das grandezas do mundo. Troféus e monumentos magníficos indicam a glória de Luís XIV. Mas tudo é horizontal. O Escorial, porém, convida à Consideração das grandezas espirituais; contemplando-o, tem-se a impressão de que a terra é conquistada em ordem ao Céu.