Procurado pela imprensa a fim de opinar sobre o documento final da 15.a Assembleia-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), intitulado "Exigências cristãs de uma ordem política", Dom Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos, declarou:
"Compraz-me assinalar antes de tudo que o documento da CNBB divulgado ontem — no qual infelizmente não vejo referência ao destino eterno do homem — tem, entretanto, aspectos positivos dignos de nota.
Entre esses lembro a defesa dos direitos dos desvalidos (no documento qualificados de “marginalizados”), bem como a afirmação da legitimidade da segurança nacional e a aceitação das exigências que esta inelutavelmente acarreta.
Entretanto, pena é que o documento seja unilateral na apreciação das condições concretas nas quais nos encontramos. Essa unilateralidade leva-o a complicar gravemente certos problemas e a simplificar outros. Nele se reflete de algum modo a unilateralidade — quão mais marcante — das reivindicações de certa esquerda, que circulam no país.
Por exemplo, o documento inclui entre os "marginalizados" quem é "Privado de terra por estruturas agrárias inadequadas e injustas". A quem se referem essas palavras? A interpretação que mais fere a atenção é que o trabalhador rural não-proprietário é, ipso facto, um espoliado e "marginalizado". Tal princípio não tem guarida na doutrina católica, e, se fosse admitido, conduziria à revolução agrária tão desejada por socialistas e comunistas. Lamento a ambiguidade desse texto, o qual abre portas para uma visão unilateral do regime agrário: só a pequena propriedade — e nunca a média ou a grande — corresponderia à justiça.
Vejo também essa unilateralidade no que concerne à segurança. Diz bem o documento que as medidas de exceção devem ser transitórias. É o que está, aliás, no próprio sentido de "exceção". Em tese, a afirmação é perfeita.
Contudo, quanto é ela questionável na prática! Duas grandes potências, Rússia e China, promovem no mundo inteiro a guerra psicológica revolucionária, a qual não constitui senão a primeira etapa da agressão pela violência externa ou interna. Violência interna já a temos tido, infelizmente. Não duvido que a violência externa venha tão logo se apresentem circunstâncias propícias.
Essa guerra revolucionária origina uma situação crítica para quase todo o mundo. E é uma das grandes características da vida política do século XX, especialmente nos últimos cinquenta anos.
Diante dessa situação crítica, assim instalada, quais são as exigências e os limites da segurança, não só em tese, mas concretamente no Brasil de hoje? Não posso crer que a CNBB as repute efêmeras, como o seu texto dá impressão.
Infelizmente essa é uma grande questão de nosso dia-a-dia. Dela abstrai o documento da CNBB. De tal maneira que, considerando o problema da segurança apenas em um de seus aspectos, o meramente doutrinário, deixa campo aberto para os que reclamam a abolição pura e simples — ou o minguamento imediato e quase total — das medidas de segurança vigentes.
Faço essas observações tendo em vista que o documento aprovado em Itaici apresenta consideráveis melhoras em relação ao texto originariamente submetido a debate.
Meu intuito é convidar assim essa última entidade a emitir um comunicado sobre a matéria. Tal pronunciamento se me afigura urgente. Ele ensejará à CNBB que, ainda uma vez, tenha a nobre atitude de aprimorar seu próprio documento, mediante uma elucidação precisa e completa."
Vários órgãos da grande imprensa brasileira deram a público uma intervenção de Dom Antonio de Castro Mayer na 15ª. Assembleia-Geral da CNBB, realizada em Itaici (SP), de 8 a 17 de fevereiro p.p., sobre direitos humanos e segurança nacional. Conforme noticiaram os jornais, é a seguinte a proposição apresentada pelo Bispo de Campos:
"O Episcopado cumpre sua missão velando por que os direitos humanos, firmados na lei natural e na lei eterna, sejam respeitados pelo poder temporal, bem como por quantos detenham qualquer parcela de autoridade ou influência no campo social ou econômico.
Por isso, aspira o Episcopado, ardentemente, pelo contínuo reajustamento de tudo quanto, na presente ordem de coisas, possa lesar os direitos humanos.
De modo especial, o Episcopado manifesta seu empenho em que seja preservado o País do perigo comunista, a cada dia mais grave. Pois esse perigo expõe não alguns, mas todos os direitos humanos.
Em consequência, o Episcopado externa seu propósito de apoiar decididamente tudo quanto o Poder Público faça para obviar, dentro dos princípios evangélicos, tão evidente calamidade."
Esgotou-se a primeira tiragem (cerca de 2.000 exemplares) da edição francesa de A Igreja do Silêncio no Chile, lançada a público recentemente pelas Editions Tradition, Famille, Propriété (B. P. 90 — 92205 — Neuilly-sur-Seine). A obra foi vendida diretamente ao público por jovens da novel TFP francesa nas imediações do Arco do Triunfo e da Igreja da Madeleine, em Paris. A conceituada editora Diffusion de la Pensée Française, de Poitiers, que publica a revista Lecture et Tradition, comprou considerável número de exemplares do livro. Uma segunda tiragem já se encontra no prelo.
A Igreja do Silêncio no Chile, publicado em fevereiro de 1975, transformou-se num dos maiores best-sellers do país andino, com repercussão em toda a América Latina. A obra descreve o drama dos católicos chilenos ante a atitude da maioria dos Bispos e do Clero do país, que concederam notório apoio ao regime marxista de Allende. Quando este foi derrubado, os mesmos eclesiásticos passaram a fazer oposição ao novo regime anticomunista. Perseguidos e silenciados, os verdadeiros católicos chilenos viram-se reduzidos a uma situação análoga à dos fiéis da Igreja do Silêncio existente atrás da cortina de ferro. A publicação do livro da TFP chilena, fundamentado em mais de 200 documentos e ilustrações, deu aos católicos do Chile oportunidade de manifestar suas discrepâncias em relação à conduta pró-comunista dos maus Pastores.
A obra alcançou três edições no Chile; foi publicada também na Argentina (além de mais duas edições de um resumo do livro), na Colômbia e na Espanha, onde mais de 1.000 Sacerdotes se manifestaram solidários com a TFP chilena.
No Brasil, um resumo de A Igreja do Silêncio no Chile figura como a segunda parte do livro do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, A Igreja ante a escalada da ameaça comunista, com suas duas primeiras edições praticamente esgotadas (36 mil exemplares) e uma terceira no prelo.
Traduzido para o inglês, o livro da TFP chilena foi recentemente editado em Nova York pela Lumen Mariae Publications.
Enquanto isso, o livro Esquerdismo na Igreja, companheiro de viagem do comunismo, de autoria da TFP do Uruguai, continua liderando a lista dos livros mais vendidos nas principais livrarias daquele país, pela quarta semana consecutiva. Baseado em mais de trezentos documentos, a obra denuncia a conivência da quase totalidade do Episcopado e de impressionante parcela do Clero uruguaio com o "show" terrorista tupamaro. Informantes da TFP uruguaia esclareceram que a entidade já não possui mais exemplares da obra em estoque, estando, portanto, em vias de se esgotar a primeira edição.
O sucesso de um livro doutrinário como esse é um fato sem precedentes no país vizinho.
O serviço de imprensa da TFP no Rio de Janeiro distribuiu o seguinte comunicado:
"O "Jornal do Brasil", em sua edição de 11-2-77, publicou uma notícia sobre fatos ocorridos em Maringá (Paraná) concernentes à TFP. Notícias análogas foram publicadas com variantes por jornais dos mais diversos pontos do território nacional.
Na impossibilidade de comentar a notícia do "Jornal do Brasil" nos múltiplos aspectos em que diverge da realidade, atemo-nos aqui ao essencial:
1) — Vinte cooperadores da TFP teriam percorrido ruas daquela cidade com megafones proclamando que "90% dos bispos do Brasil silo comunistas", e provocando com isto um alarido e uma movimentação nocivos à tranquilidade pública e ao trânsito;
2) — O Sr. Bispo Diocesano D. Jaime Coelho, que presumivelmente agiu através do Pe. Fritz Kreegen, tanto na defesa da reputação do Episcopado quanto do trânsito e da tranquilidade pública, pediu a polícia que fizesse cessar a campanha. E foi atendido imediatamente;
3) — A esse propósito a TFP tem a esclarecer:
a) De fato, vinte de seus cooperadores, que vêm percorrendo o Brasil para a venda do livro "A Igreja ante a escalada da ameaça comunista — Apelo aos Bispos silenciosos", de autoria do prof. Plinio Corrêa de Oliveira, presidente do Conselho Nacional da TFP, estiveram oferecendo essa obra ao público de Maringá nos dias 3 a 4 de fevereiro;
b) Os métodos que empregaram são os mesmos já conhecidos por toda a população do País. Métodos ordeiros e corteses contra os quais nada de consistente e válido se pôde até hoje alegar;
c) É falso que os cooperadores da TFP tenham bradado através de megafones que "90% dos bispos do Brasil são comunistas". Na obra do prof. Plinio Corrêa de Oliveira, que vendiam, está afirmado precisamente o contrário: a maioria dos bispos brasileiros sem serem comunistas têm mantido face à subversão um silêncio confortável que a TFP os convida a romper, externando suas verdadeiras convicções anticomunistas, e entrando assim em liça ao lado dos bispos militantemente anticomunistas, como D. Antônio de Castro Mayer, Bispo de Campos;
d) É inteiramente explicável — se bem que em nada seja justificável — que o Sr. Bispo de Maringá se tenha desagradado da campanha da TFP. Não porque ela perturbasse o trânsito pelo qual não cabe aos bispos velar, como não cabe aos policias distribuir os sacramentos — mas porque o livro do prof. Plinio Corrêa de Oliveira traz várias poesias chocantemente pró-comunistas de D. Pedro Casaldáliga, Bispo de São Félix do Araguaia. E principalmente porque publica também o escandaloso comunicado em que a Regional Sul II da CNBB, órgão episcopal que congrega todos os bispos do Paraná, inclusive o Sr. Bispo de Maringá, faz estranhas suposições e dá um singular conselho. A suposição: dada a eventualidade de que no Brasil o comunismo venha a dominar, o conselho para todos os bispos: não resistir, mas colaborar com este, a exemplo do episcopado vietnamita;
e) Ou o Sr. D. Jaime Coelho está de acordo com D. Pedro Casaldáliga e a Regional Sul II, ou não está. Se está de acordo, o normal é que o diga claramente, em lugar de, através da intervenção do Pe. Fritz Kreegen, soltar a polícia para abafar a difusão do livro que diz verdades incômodas sobre a minoria pró-comunista dos bispos do Brasil. Se não está de acordo, em vez de impedir a TFP que diga a verdade, saia a público, dissociando-se dos bispos vermelhos. Assim, a difusão do livro do presidente do Conselho Nacional da TFP em nada poderá incomodá-lo.
f) É contraditório e desconcertante que, precisamente quando vários bispos se erguem em prol dos direitos humanos dos subversivos, o Sr. Bispo de Maringá tão desinibidamente atue contra os direitos humanos de uma entidade anti-subversiva como a TFP;
g) Máxime é isto desconcertante, vendo um bispo e um sacerdote mobilizarem em favor de suas doutrinas, contrárias às da TFP, a polícia de um Estado leigo, como se esta fosse um órgão inquisitorial.
É o que a TFP tem a dizer.
Jorge Eduardo Gabriel Koury — Encarregado de Imprensa da TFP no Rio de Janeiro (RJ).