CONSTANTINO DI PIETRO
Todos os dias chega à Casa Branca um homem de uns quarenta anos e abundante cabeleira ondulada. Vive no edifício em frente, o "Old Executive Office Building", e faz sua entrada na residência presidencial com ar ao mesmo tempo pensativo e ligeiro, empreendedor e melancólico, aparentemente expansivo, mas profundamente reservado.
Embora se vista nos alfaiates mais cotados de Nova York, onde nasceu, são a cabeleira e os modos informais que lhe caracterizam a "modernidade". Sua forma de pensar e de agir cria a impressão de ser oriunda de outras épocas, mas a qualidade dos resultados denota o mais avançado estilo de atividade política norte-americano.
A respeito dele, o que interessa é sua estreita vinculação com a cúpula da primeira potência material da terra na presente era histórica.
— "Estreita vinculação"?
Não nos ocorre expressão menos misteriosa.
Vejamos quais são as funções desse personagem, segundo a revista "Time", de 21 de agosto último. Sua tarefa é de "melhorar a percepção pública" do Presidente Jimmy Carter. Para tal, "concentra-se em alguns poucos temas e objetivos". É ele quem marca os horários de recepções e reserva os lugares e ingressos a espetáculos para os membros do Ministério e assessores da Casa Branca.
Sempre de acordo com "Time", "corre os olhos — e às vezes o lápis — em todos os rascunhos dos discursos presidenciais que produzam consequências". Para as entrevistas de imprensa de Jimmy, é esse senhor quem sugere os temas oportunos a tratar.
Os funcionários da Casa Branca não devem aparecer na televisão sem serem "esclarecidos" por ele. Tanto é assim que um deles foi obrigado a renunciar ao cargo por não ter seguido a norma. Carter, por sua vez, o consulta e recebe "conselhos sobre os filmes que vai assistir e os livros que vai ler". Tantos predicados já valeram ao personagem em questão o apelido de "The Enforcer" ("o Forçador"). Os meios oficiais o consideram como "ministro do Simbolismo". Mas nos círculos mais íntimos chamam-no simplesmente "Jerry".
Gerald Rafshoon é o verdadeiro nome do nosso personagem. Seu papel na sede presidencial pode ser medido pelo que diz uma caricatura do "New Yorker Magazine", na qual aparece um norte-americano médio na porta de seu apartamento, ao final de um questionário feito por um entrevistador de um instituto de pesquisas de opinião do tipo "Gallup". A legenda diz: "E o que disse sobre Carter vale em dobro para Gerald Rafshoon".
"Jerry" define-se a si mesmo como uma "extra hand" — u'a "mão invisível", diríamos. Mas Rafshoon apresenta-se modestamente, procurando minimizar seu papel, como quem apenas dá uma "mãozinha" ao Presidente. — "Eu não sou um fabricante de imagem", diz ele referindo-se à impressão que causa no público a atual administração norte-americana. "Considero-me um comunicador — continua —, que procura ajudar a articular os objetivos e assuntos do Presidente". A revista "Time" acrescenta: "Porém, obviamente ele é mais que isso".
O que seria "mais que isso"?
De quem indica e articula as linhas gerais do governo, o mínimo que se pode dizer é que se trata de um co-governante.
Alguém, menosprezando talvez a qualidade intelectual dos presidentes norte-americanos, poderia dizer: "Não, a realidade é que sempre, ou, pelo menos, no presente século, houve grandes inteligências atuando decisivamente por trás da poltrona presidencial dos Estados Unidos. O exemplo mais conhecido é o clarividente assessor de vários chefes de Estado, Bernard Baruch".
Sem desprezar tal objeção, a forçosa comparação com Baruch talvez nos sirva para ponderar sobre o que há de estranho na função de Rafshoon. Como também para avaliar os rumos do espírito que anima o que se convencionou chamar "american way of life", substrato do "american way of government". Com efeito, é com "Jerry" que a paradigmática democracia norte-americana atinge suas mais excêntricas consequências.
Antes de tudo, caberia perguntar se esse estilo de vida corresponde de fato aos anseios da alma norte-americana. Ou se não seria um mito arquitetado pela propaganda a respeito do Gigante do Norte.
Ralph Waldo Emerson, segundo os entendidos, seria o filósofo do americanismo. Seu leit-motiv é o tipo humano espontâneo, individualista, realizador e livre das ataduras sociais da família tradicional, da hierarquia e da etiqueta outrora vigentes no Velho Mundo.
Bernard Baruch, nascido no Sul, foi um grande estudioso de Emerson, conforme conta em suas memórias. Além disso, leu "quase todos os clássicos da Antiguidade", nos próprios idiomas originais e falava fluentemente o latim. Seu estilo de vida e gostos pessoais, por outro lado, eram fortemente marcados por alguns padrões europeus: elegância inglesa, caçadas, longas horas de meditação, autodomínio estoico, penetração aguda e solidez intelectual. Não cogitamos aqui de sua tão discutível trajetória política.
"Jerry", por sua vez, é emersoniano, mas sem o saber. Não estudou o prolixo teórico do século passado, mas é espontâneo, "livre das ataduras" etc. Representa uma involução em relação a Baruch, é forçoso dizê-lo.
E como fica o Presidente Carter?
Rafshoon revela à revista "Time" que Carter "não deu uma impressão suficiente de que é o que é realmente". Tem que aconselhá-lo continuamente e, à maneira do proverbial Acácio, lembrar-lhe, entre outras coisas, que "não é prudente conservar assessores que não estejam se desempenhando bem". A tarefa de "Jerry" é "cuidar que todos caminhem na mesma direção nos assuntos mais delicados".
Com todos estes dados, chega-se a uma conclusão assombrosa: "Jerry", entre muitas outras coisas, é o encarregado de vigiar para que não haja contradições nas metas, nas expressões e atos do governo norte-americano. Já não é o caso de Baruch, que influía com grande inventiva sobre os grandes planos.
"Jerry" preocupa-se em evitar as contradições. É o policial do princípio lógico da não-contradição, o qual deve ser exercitado desde o berço e cujo desenvolvimento pleno normalmente se dá com o uso da razão, por volta dos sete anos de idade. Na Casa Branca, porém, há necessidade de se vigiar cuidadosamente, e de maneira muito especial, este ponto...
O drama adquire dimensões de patética ironia quando "Jerry" declara à reportagem que "um dos problemas de Carter é não ter seguido suficientemente seus próprios instintos políticos".
Conta o grande memorialista francês do século XVIII, Saint-Simon, que o Príncipe de Orleans, Regente de França após a morte de Luís XIV, tinha tal perspicácia que "jamais se teria enganado em assunto algum, se tivesse seguido a primeira apreensão de seu espírito sobre cada um".
Por maior boa vontade que se tenha, é difícil dizer o mesmo do dirigente máximo da maior potência material do mundo de nossos dias...
Qual seria, então, a aptidão do Presidente Carter? Que, outras coisas nos poderia revelar "Jerry"?
O que parece certo é que na Casa Branca há uma "mão invisível", que move todos os assuntos e, provavelmente, outros mais...
É o que fica envolto no mistério.
Gerald Rafshoon, "Jerry", fiscaliza ações de Carter e sua equipe
Carlos Sodré Lanna
• Meses atrás, um deputado alemão-ocidental interpelou no Parlamento o governo federal a respeito de financiamentos concedidos à Alemanha do Leste. São bilhões de marcos que, sob os mais diversos títulos, Bonn está pagando à Alemanha Oriental fortalecendo o regime comunista.
Os resgates de presos políticos por parte da Alemanha Federal constituem o aspecto mais chocante desses pagamentos. Desde 1964, mais de um bilhão de marcos foram pagos aos marxistas de Pankov, a título do referido resgate de prisioneiros, em geral pessoas que colaboraram na fuga de alemães orientais do "paraíso" comunista.
Outro aspecto importante é o volume das transações comerciais entre os dois Estados germânicos, que cresceu, desde 1970, de 800 milhões de marcos para 2,9 bilhões em 1977. Aos alemães orientais este intercâmbio é indispensável para a execução de seus planos quinquenais e, em especial, para o custeio do orçamento militar.
Os especialistas afirmam e reconhecem a absoluta necessidade dos pagamentos do governo socialdemocrata de Bonn aos alemães orientais para a manutenção e o progresso econômico do brutal regime comunista alemão. Os bilhões de marcos constituem uma base sólida de divisas conversíveis para a economia socialista. E por outro lado, nunca foram contestadas as revelações que denunciam as enormes somas pagas pelo regime de Pankov aos grupos esquerdistas de oposição em outros países do Ocidente.
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• De acordo com o jornal norte-americano "Our Sunday Visitor" (3/9/78), uma maciça campanha de terror, torturas e assassinatos está sendo empreendida pelo regime marxista da Guiné Equatorial, ex-colônia espanhola, em relação à população daquele país.
Esta antiga possessão africana alcançou sua independência a 12 de outubro de 1968.
Francisco Macias Nguema proclamou-se presidente-vitalício do novo Estado, nele estabelecendo um regime de terror, no decorrer do qual já foram liquidados de 15 a 20 mil habitantes da Guiné Equatorial, a golpes de bastão.
"Esta é — diz ele próprio — uma especialidade da Guiné, que permite economizar balas de fuzil que estão demasiado caras". Para escapar a tais perseguições cerca de 150 mil guineanos — quase metade dos habitantes do país — fugiram para nações vizinhas como a República dos Camarões e o Gabão. Há atualmente pelo menos 500 cubanos sustentando o regime de Macias.
Quando a Guiné estava sob domínio espanhol, exportava aproximadamente 45 mil toneladas de cacau. Hoje a produção caiu para menos de um terço desse total. Macias considera o país como sua fazenda particular e tem forçado umas sessenta mil pessoas a trabalharem num virtual regime de escravidão.
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• O GOVERNO trabalhista do primeiro-ministro inglês Callaghan está visivelmente contrafeito com a situação dos últimos restos do império colonial britânico. Revoltas nas possessões do ultramar? Não, pelo contrário. Callaghan quer lhes dar total independência, mas são elas que não a desejam. Segundo recente reportagem do jornal alemão "Die Welt", do Caribe à Antártida, de Santa Helena a Hong-Kong, de Gibraltar às Ilhas Falkland, as colônias vêm pedindo proteção à Coroa Britânica.
Enquanto há alguns anos elas aspiravam à independência, hoje ocorre o contrário. Temem que sua sorte venha a ser análoga à de Angola, Moçambique ou de outras infelizes antigas possessões no continente africano, hoje dominadas pela Rússia, Cuba ou China. Restam ainda do Império Britânico cinco dos chamados Estados Gerais e dezessete colônias.
Para essas se libertarem da Metrópole bastaria que, num plebiscito, dois terços de suas populações optassem pela desvinculação da Coroa Inglesa. O governo britânico a concederia com prazer. Mas ao que parece, ninguém a quer.
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• Os comunistas comemoram no presente ano o trigésimo aniversário de sua dominação na Tchecoslováquia. Os vermelhos, através de manobras sutis que paralisaram as reações, instalaram-se no governo sem efusão de sangue. Logo após o golpe de Praga, nas noites de 13 e 14 de abril de 1948, unidades policiais armadas com metralhadoras e granadas, invadiram todos os 226 conventos das Ordens e Congregações religiosas masculinas existentes no país. Os mosteiros foram declarados propriedade do Estado e os monges e Sacerdotes removidos para campos de concentração. A 30 de agosto de 1950, o mesmo processo foi adotado em relação aos 720 conventos femininos.
Eis o marco inicial da via crucis da Igreja em um país dominado pelos comunistas. O governo de Praga assinou cinicamente vários acordos, prometendo liberdade de religião, o que não impediu que os verdadeiros católicos — os quais não capitularam diante da brutal repressão — continuassem a ser duramente perseguidos.
Segundo a revista espanhola "Vida Nueva" (27/5/78), ultimamente a repressão contra os cristãos tem se agravado na Tchecoslováquia. A proibição de toda atividade religiosa estendeu-se a novos campos. Funcionários públicos e professores de todas as categorias estão proibidos de assumir qualquer posição religiosa. Participar de atos religiosos significa perder o emprego. Quem presta serviços em hospitais não pode exercer qualquer influência espiritual sobre os doentes. E os alunos primários, que frequentam aulas de religião, são excluídos do curso secundário.
Após o golpe de Praga de 1946, os comunistas armaram milícias populares para sufocar qualquer resistência ao regime
Péricles Capanema
Desejoso de manter seus leitores informados sobre um dos mais importantes fatos do panorama internacional, "Catolicismo" havia prometido noticiar os sintomas dessa surpreendente revisão de posições, fundamentada em zonas mais profundas da opinião pública do país mais poderoso do Ocidente.
Realmente, para incontáveis mentalidades embaídas por slogans desgastados da propaganda farfalhante e estrepitosa, a modernidade, no que este conceito tem de censurável, encontra seu mais denso ponto de irradiação nos Estados Unidos. De fato, muito de censurável nos veio do "americanismo". Entretanto, esta concepção vai encontrando suas resistências onde lançou com mais força suas daninhas raízes. E sobre isto que desejamos informar o leitor.
Em muitos aspectos da vida pública norte-americana manifesta-se, com intensidade e nitidez crescentes, a insatisfação popular com o galopar sombrio do permissivismo moral, da imprevidência política e do liberalismo agressivo. Este despertar atinge a nação inteira, desde o recinto doméstico dos lares até as tribunas da Câmara e do Senado. Relatamos a seguir algumas das iniciativas tomadas nessa direção, as quais estão fadadas a produzir — se não intercorrerem fatores imprevisíveis — funda repercussão na configuração da sociedade americana nos anos futuros.
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No Capitólio foi constituída uma coligação de 148 congressistas para combater a irrefletida política de defesa do governo Carter. O novo grupo, que se autodenomina "Coligação pela Paz através do Poderio", lutará para que os Estados Unidos disponham de uma incontrastável superioridade militar em relação à Rússia. Este novo grupo, formado por senadores e deputados de ambos os partidos, recebeu a adesão de várias personalidades e entidades preocupadas com as sérias ameaças aos Estados Unidos e ao mundo livre, provocadas pela escalada do poder militar soviético.
Ainda no Congresso, em outro campo, mas inspirado também pela nova onda conservadora — centrista, melhor diríamos — é praticamente certa a aprovação de uma redução nos impostos pagos por famílias da classe média americana que ganham de 15 a 40 mil dólares por ano. Também serão beneficiadas as pequenas empresas, que deverão arcar com menos taxas. Ficarão, além disso, livres de muitas inspeções do órgão federal "Occupational Safety and Health Administration".
Sempre no campo político, o conservador Jeff Bell venceu as primárias republicanas de Nova Jersey.
Seu adversário foi o esquerdista Clifford Case, que há 24 anos representava aquele estado no Senado.
Em Iowa, Roger Jepoen, conservador, venceu o liberal (termo com o qual os norte-americanos designam os esquerdistas) Maurice Van Nostrand, nas primárias também para o Senado.
No Mississipi, outro conservador, o democrata Maurice Dantin, está na frente das pesquisas para a disputa do direito de concorrer à Câmara Alta.
Fato análogo deu-se em South Dakota, Iowa e Califórnia, nas eleições primárias para a Câmara dos Representantes.
No Novo México, todos os deputados estaduais direitistas conseguiram o direito de concorrer à reeleição, enquanto quatro esquerdistas foram batidos nas primárias.
E a Câmara dos Representantes de Illinois derrotou a ERA (Equal Rights Amendment), a revolucionária proposição feminista que necessita do apoio de dois terços das câmaras estaduais para tornar-se lei federal.
Aproveitando-se do renovado prestígio das posições conservadoras, o deputado federal do Partido Republicano Philip Crane, chamado o "Kennedy da direita", lançou sua candidatura à Presidência da República. Deixou claro, entretanto, que retirará seu nome para não dividir o eleitorado, se Ronald Reagan ou outro político conservador demonstrar ter mais possibilidades do que ele à indicação para a candidatura presidencial. Crane é presidente da influente "American Conservative Union".
No Congresso ainda, um projeto de lei acentuadamente esquerdista — o chamado "Labor Reform Law" — foi rejeitado, apesar da pressão de Carter, dos sindicatos e de influentes setores da imprensa.
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Passemos agora a outros campos.
Sobre a imprensa, há pouco mencionada, fundou-se meses atrás, em Washington, uma associação denominada "Accuracy in Media" (Precisão nos Meios de Comunicação Social), constituída por entidades e personalidades conservadoras desejosas de pôr cobro às deformações, imprecisões e insinuações malévolas que ponderável parte dos grandes instrumentos de propaganda realizam em favor do esquerdismo e do comunismo.
É o caso de dizer que "cá e lá, más fadas há..."
O presidente desse grupo é Mr. Irvine Reed, membro de influente família da Califórnia. Entre seus diretores contam-se o ex-candidato presidencial, senador Barry Goldwater, o conhecido jornalista William Buckley, a combativa e inteligente Sra. Phyllis Schlafly, a embaixatriz Clare Booth Luce e o general Westmoreland, antigo comandante das forças norte-americanas no Vietnã.
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O "San Francisco Examiner", principal jornal daquela importante cidade californiana, reproduzindo artigo assinado por Kevin Starr no conceituado hebdomadário "National Educator", põe em evidência um fato de há muito conhecido em rodas da "intelligentsia", mas pouco difundido no grande público.
Trata-se da constatação de que grande número de movimentos revolucionários constituem amálgamas de hábeis elites fortemente minoritárias, empenhadas em impingir ao povo uma situação que não é a do agrado deste. Afirma o artigo que tais elites, aboletadas em posições de mando, legislam despoticamente sem dar maior atenção aos anseios populares.
Imagina o leitor o exemplo citado pelo jornal? Convidamo-lo a fazer um pequeno exercício. Qual seria o exemplo? — Bem... a Missa em latim! Surpreendente, não?
Embora não seja a Igreja uma democracia, os corifeus do progressismo propagaram as reformas litúrgicas em grande parte baseados no argumento de que era esmagadoramente do agrado popular a Missa em vernáculo. Entretanto, pesquisa recente do famoso Instituto Gallup revela que 64% dos católicos norte-americanos preferem a Missa em latim, 10% não tomam posição e apenas 26% desejam o vernáculo.
Se no Brasil pesquisa análoga se fizesse, que resultado acusaria? Parafraseando algum eclesiástico progressista, seria este um "tema para reflexão"...
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Falemos um pouco mais das pesquisas de opinião pública. A Gallup é contratada a cada dois anos pela "Potomac Associates", organização dedicada a averiguar o estado de espírito do povo norte-americano. Segundo o jornal "Miami Herald", a pesquisa deste ano desconcertou amplos setores, pois constatou-se acentuado crescimento do nacionalismo. Este se refletiria no desejo de que a administração federal gaste mais com a defesa nacional e no temor de que o Poder Executivo esteja conduzindo a política exterior de maneira inepta. Dois anos atrás, 57% dos entrevistados julgavam que o governo deveria gastar mais com a defesa. Este ano a porcentagem subiu para 71%.
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Finalmente, significativa repercussão de um tema também ligado à defesa nacional: a brutal demissão do general John Singlaub do comando das tropas americanas na Coréia por não concordar com a manifesta intenção da Casa Branca de diminuir sua presença militar naquela área.
O general, afastado do Exército por discordar da política exterior e de defesa de Carter, afirmou — em comício realizado em Marietta, cidade do estado natal do Presidente — que a maioria dos oficiais concorda com os pontos de vista que custaram sua carreira. — “É horrível, mas meu nome se transformou em verbo", declarou o general. Pois a oficialidade sabe que se disser publicamente o que pensa, será "singlaubizada".
Em declarações ao "Atlanta Journal", Singlaub ponderou: "Será que não aprendemos com a história? Os Estados Unidos retiraram todas as suas forças terrestres da Coréia em maio de 1949. Apenas 13 meses depois, a Coréia do Norte atacou o sul. O plano de retirar nossas tropas causará novamente o mesmo efeito".
Relacionando os presumíveis acontecimentos causados pela possível retirada das forças norte-americanas da Coréia do Sul, com as lamentáveis — ou censuráveis? — atitudes de Washington no Vietnã, o general foi enfático: "O que nós fizemos no Vietnã foi imoral. Este é o único modo de se qualificar aquilo".
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As repetidas declarações de Jimmy Carter contra o armamentismo soviético, contra a interferência abusiva do Estado na vida particular, seu aparente desinteresse em ver aprovadas algumas de suas iniciativas junto ao Capitólio, como o plano de seguro-saúde nacional marcadamente socialista, têm sido objeto da análise de observadores bem relacionados em, Washington. Segundo estes, os assessores políticos do Presidente norte-americano, preocupados com o acentuado declínio de sua popularidade, o teriam alertado para o fato de sua reeleição estar comprometida, se persistir o rumo atual do governo norte-americano.
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As numerosas mutações psicológicas das multidões contemporâneas tendem frequentemente a direções diferentes. Pode acontecer que o novo movimento centrista-conservador não vingue. Tanto mais que a esquerda, preocupada com sua significativa penetração popular, já se articulou em poderosa e bem montada máquina para sacudir a árvore e, através de sucessivos estrondos publicitários, derrubar seus frutos no chão antes que amadureçam.
Nos Estados Unidos de hoje há, sem dúvida, um aumento da crispação interior das várias tendências no quadro político. Algo da cartilagem transformou-se em osso. Quais serão os lances futuros dessa luta? É para onde convidamos o leitor a voltar sua atenção.
A Sra. Phillys Schlafly é uma das mais atuantes lideres conservadoras dos Estados Unidos
A Marinha norte-americana reclama a modernização de sua frota, cerceada pelos orçamentos reduzidos em consequência da "détente" carteriana
O general Singlaub foi demitido do Exército por ter criticado a política militar entreguista de Carter