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NO IRÃ, VITÓRIA DA GUERRA PSICOLÓGICA

Do alto de um moderno tanque de guerra, militares agitam retratos do novo mestre da situação no Irã, o ayatollah Khomeini. A foto simboliza a grande lição dos acontecimentos naquele país: as poderosas Forças Armadas do Xá da Pérsia tornaram-se impotentes e mesmo permeáveis às manobras de guerra psicológica revolucionária desenvolvidas pelo ayatollah, como também por agentes comunistas.

Estes últimos, no entanto, não se contentam com vitórias parciais. Setores esquerdistas já exigem maior participação no governo do primeiro-ministro Mehdi Bazargan, indicado por Khomeini. Grupos guerrilheiros marxistas distribuíram comunicado informando que não deporão as armas, enquanto não souberem que papel Bazargan reservará às esquerdas no recém-formado governo.

Acredita-se, por outro lado, que cerca de quinze mil estrangeiros — técnicos em sua maioria — deverão deixar o Irã, com a ajuda de seus respectivos governos.

Segundo informação atribuída a um diplomata soviético, a revolução muçulmana foi organizada com ajuda maciça de Moscou.

O Irã é o segundo produtor de petróleo do mundo, extraindo seis milhões de barris diários do produto. E quem manipular esse imenso potencial, base da economia moderna, terá nas mãos uma das alavancas mais importantes para a hegemonia mundial. Ora, há indícios de que o Tudeh — partido comunista iraniano —controla quase totalmente os trabalhadores dos poços de petróleo da nação. Além disso, o Irã tem uma fronteira de quase dois mil quilômetros com a Rússia, o que facilita bastante a intervenção dos soviéticos. A antiga Pérsia era, há pouco mais de um ano, um Estado organizado e próspero, figurando entre as maiores potências militares do globo.

Entretanto, tudo isso de nada adiantou ante as táticas de guerra psicológica revolucionária desenvolvidas pelos agitadores, dentro e fora do país. Em pouco tempo, a nação tornou-se convulsionada e o Xá Reza Pahlevi, um monarca que gozava do prestígio conferido pelo império bimilenar junto à população, viu seu trono estremecer e por fim ruir.

Embora nos últimos meses tenha havido violência nas manifestações de rua, a mola propulsora do processo revolucionário iraniano foram as técnicas de guerra psicológica. Chefes religiosos, aliados a grupos esquerdistas, aplicando tal estratégia, conseguiram sublevar quase toda a população civil.

Em face dessa hábil manobra, as Forças Armadas não conseguiram resistir, apesar de contarem com 430 mil homens e armamentos dos mais sofisticados do mundo.

Assim a Rússia através de seus agentes, manipulando a desordem e o caos de modo dosado, aumentou consideravelmente sua influência numa das mais estratégicas regiões da terra.


A ATUAL CONFUSÃO INDOCHINESA

Soldados vietnamitas ocupam Phnom Penh, a capital devastada do Cambodge (foto), derrubando o regime de Pol Pot, apoiado pelos chineses. Anteriormente, os vietnamitas haviam invadido também parte do Laos. Agora, o regime de Hanói, controlado pelos russos, anuncia a invasão de seu território pela China.

Qual o significado desses fatos? Estaria começando na Indochina um conflito sino-soviético, com possibilidades de tornar-se uma conflagração mundial?

Na página 2, hipóteses que podem explicar a confusão reinante na Indochina.


O que aconteceu com o movimento "hippie"?

CUZCO, a antiga capital do antigo Império Inca, no Peru, tornou-se um centro de "hippies" provenientes de diversas partes do mundo (foto). Ali vivem eles em comunidades, entregues à promiscuidade, à sujeira, às drogas e à magia, provocando a repulsa da população local, constituída, em sua maioria, por indígenas. No entanto, nas grandes cidades os "hippies" tornam-se mais raros. Estariam eles em vias de desaparecer, reduzindo-se apenas a alguns antros como Cuzco?

A realidade é outra. Veja, na página 6, os frutos profundos e mais recentes do "hippismo".