A POLÍTICA NORTE-AMERICANA GERA INCERTEZAS TAMBÉM NA CORÉIA

CARLOS SODRÉ LANNA

A 17 de outubro de 1978 os sul-coreanos descobriram o terceiro túnel perfurado pelos norte-coreanos sob a zona desmilitarizada na fronteira. Mais um sinal de que os comunistas preparam a invasão da Coréia do Sul.

O terceiro túnel, em Panmunjon, permite a passagem cômoda de um jipe rebocando uma carreta com canhão. Mede 2,1 m de altura por 1,95 m de largura.

A descoberta do túnel de Panmunjon, somada aos frequentes incidentes de fronteira, nos quais já perderam a vida soldados norte-americanos e da Coréia do Sul, indica a evidente intenção dos comunistas, de assumirem o controle total da península coreana por meio da violência, o que lhes permitiria ameaçar de perto o Japão.

Ante mais essa ameaça, contrapõe-se o retraimento dos Estados Unidos. Só retraimento? Um breve retrospecto mostra que a posição do governo de Washington vai mais longe.

Dominada pelos japoneses de 1910 a 1945, a Coréia foi ocupada, no fim da II Guerra Mundial, por tropas americanas e russas, que a dividiram em duas zonas supostamente provisórias, a serem posteriormente reunificadas após eleições livres.

Entretanto, governos rivais se estabeleceram em Pyongyang e Seul, capitais da Coréia dividida. O Norte, sob o jugo de um das mais despóticas ditaduras comunistas que o mundo já conheceu. O Sul transformou-se com o tempo em ativo baluarte anticomunista, sob pressão e ameaça do agressivo vizinho setentrional. Assim, nasceram a República Democrática Popular da Coréia — a do Norte — e a República da Coréia — a do Sul.

Em junho de 1950, a Coréia do Norte invadiu o Sul, tendo início a cruenta guerra entre tropas comunistas e forças das Nações Unidas, nas quais era decisiva a contribuição americana. Sucederam-se combates que só terminaram em 1953 com um armistício, restabelecendo-se o limite entre Norte e Sul no paralelo 38.

Desde então, Kim I1 Sung, presidente da Coréia do Norte, não esconde o propósito de reunificar a península coreana sob total domínio comunista. E para tanto destina enormes somas do orçamento para manter forças militares prontas a invadir a Coréia do Sul, tendo como aliadas Rússia e China.

Ante o Moloch comunista, as forças coreanas, embora valorosas e bem preparadas, são entretanto, insuficientes. A proteção norte-americana reduz-se a uma presença quase simbólica, semeada de dúvidas. Com efeito, quando o general Douglas McArthur, durante a guerra de 1950 a 1953, dispunha-se a atacar maciçamente os invasores da Coréia, rechaçando-os até o interior da China, o governo de Washington destituiu-o do cargo. Recentemente, outro oficial foi destituído de seu posto e afastado do Exército por ter denunciado a conduta entreguista do presidente Carter, quanto à presença militar norte-americana na península coreana. Trata-se do general John Singlaub, ex-comandante das forças dos Estados Unidos estacionadas na Coréia do Sul. A atitude norte-americana em relação ao Vietnã, ao Cambodge, a Angola e agora o chocante abandono de Formosa, acentuam o clima de incerteza reinante entre os sulcoreanos. À crescente possibilidade de os Estados Unidos não cumprirem tratados e voltarem as costas a seu aliado, soma-se a existência de uma campanha movida por influentes setores no mundo ocidental contra o governo de Seul, visando substitui-lo por um regime "dialogante", ou seja, capitulacionista, em relação à Coréia do Norte. O tema de tal campanha baseia-se no chavão das esquerdas, empregado invariavelmente contra qualquer governo que não apresente conotações esquerdistas: a suposta violação dos direitos humanos.

Caso venham a se concretizar as ameaças que pairam sobre o regime de Seul, em breve surgirá, na sequência dos fatos, uma dramática situação na Coréia do Sul. A população, a exemplo do que já acontece na Coréia do Norte, no Vietnã e no Cambodge, será tratada como pura matéria, como objeto colocado a serviço do imperialismo marxista. Mas isso não parece preocupar os promotores da campanha, movida especialmente no Ocidente, contra o atual governo sul-coreano.

Numa época em que os homens se extasiam diante das realizações materiais, aquele país estadeia níveis impressionantes de progresso econômico. Hoje em dia, é corrente a afirmação de que a rápida melhoria das condições de vida das populações pobres constitui a mais urgente iniciativa a ser empreendida pelos governos modernos. E assim, segundo essa impostação, seria incoerente e até escandaloso que a segregada e miserável Coréia do Norte, com o potente apoio dos gigantes comunistas, ameace deglutir e reduzir a seu nível de vida a próspera Coréia do Sul, diante da conivência ou indiferença do mundo livre. Em face da ameaça do aniquilamento naquele país de um ideal que tantos afirmam ser o prioritário em nossa época laica e materializada, por que não reagem à pressão vermelha exercida contra o governo de Seul os que consideram a miséria material o pior dos males? Sonolência? Hipocrisia? Ou haverá em tais pessoas outro ideal, que se esconde por trás do desenvolvimento material - o sonho de um mundo igualitário, comunista?

A todos aqueles que - sob pretexto de combater males, certamente deploráveis e por vezes reais, como o excessivo aumento do custo de vida, a pobreza etc. - se filiam à bandeira do esquerdismo, cabe responder tais perguntas.

A militarização na Coréia do Norte começa na infância. Objetivo: invadir o Sul. Ao lado: em Seul, uma das impressionantes manifestações de sul-coreanos contra o comunismo

Soldados sul-coreanos utilizando caça-minas penetram no túnel construído pelos comunistas perto de Panmunjon

O gráfico mostra o traçado do 3.° túnel norte-coreano sob a zona desmilitarizada: à esquerda, posição norte-coreana; no centro, a linha demarcatória; à direita, as escavações dos sul-coreanos, que permitiram interceptar o túnel de quase dois quilômetros, por onde poderiam passar jipes e canhões.


Continuação

Em matéria de...

Deus que é Pai? Essa revelação pode ser também um momento privilegiado para dizer à criança que Deus a ama pessoalmente como ama a cada um de nós" (p. 11).

Segundo tal concepção, Deus seria apenas amor, que legaria aos homens a participação em sua obra de criação.

Podia-se objetar talvez, que nessa idade seria muito cedo para falar à criança sobre pureza, castidade, pecado original etc. A isto caberia a resposta óbvia: se as autoras julgam essa idade ideal para as crianças aprenderem logo, "bem cedo" — ao contrário do que ensina o Magistério eclesiástico — a anatomia e fisiologia dos órgãos genitais, seu funcionamento na procriação, como se dá o ato sexual e o parto, e ainda primeiras noções de continência periódica e controle da natalidade (cfr. pp. 51 e 52), por que não estarão igualmente em idade apropriada para serem convenientemente orientadas sobre as tentações, as más tendências decorrentes do pecado original e também acerca da prática das virtudes, especialmente a pureza?

Parafraseando o linguajar progressista, tal indagação parece-nos um excelente "tema para reflexão"...

Notas: 1. Outros aspectos da obra não foram abordados para não estender demais o presente artigo.

Notas: 2. Certos trechos do opúsculo deixaram de ser transcritos devido à crueza dos termos empregados.


Fugitivos vietnamitas: TFP felicita Formosa

Tendo em vista a recente decisão do governo de Formosa em receber fugitivos vietnamitas, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira enviou telegrama de felicitações ao Presidente da República da China, Sr. Chiang Ching-kuo, cuja íntegra é a seguinte:

"Na qualidade de Presidente do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), a maior entidade civil anticomunista do Brasil, envio a V.Excia. calorosas felicitações pelo nobre gesto que teve ao abrir as portas dessa gloriosa e simpática ilha para mais mil heróicos refugiados vietnamitas. Essa atitude constitui mais um fator a atrair para Formosa, seu Presidente e seu Governo a simpatia de todos os homens cônscios do perigo representado para o gênero humano pela agressão comunista, e desejosos de por em comum seus esforços na luta contra o terrível adversário".


Estas joias refletem quatro civilizações:

Qual delas representa melhor nossa época?

Leitor, vamos testar hoje seus conhecimentos gerais.

Há nesta página várias joias, A, B, C e D, propositadamente colocadas fora de ordem cronológica quanto à época em que foram feitas.

Entre elas uma proveio de um povo nômade, que desde o século VII antes de Cristo ocupava as estepes da Eurásia.

Outra é produto da Alta Idade Média.

Outra vem do Ancien Régime, dos tempos de Luís XIV.

Outra, por fim, é da ourivesaria contemporânea.

O leitor saberá distinguir cada uma segundo sua época? Ou estará inseguro diante do teste?

* * *

Vamos ajudá-lo um pouco.

A figura A apresenta um soberbo trabalho em filigrana, de ouro. Trata-se de um colar em cuja parte central vemos incrustada uma grande safira polida. Em volta desta, como que lhe fazendo corte, várias esmeraldas, pérolas e granadas. A forma circular da joia comunica-lhe muita força. A filigrana que a rendilha em toda extensão dá-lhe um toque de delicadeza.

Força e delicadeza, eis os predicados que se harmonizam nesta bela joia. Qual sua época?

* * *

A figura B já mostra um trabalho de joalheria que é quase todo delicadeza. Sua confecção, vê-se, exigiu recursos técnicos bem mais apurados. São dois magníficos brincos de pérolas, com ornamentos em diamantes facetados. Tais diamantes estão postos em pequenos bouquets, dos quais pendem pérolas brancas e luzidias, como preciosas gotas de orvalho. Os diamantes se refletem em mil cintilações.

Esta é uma obra-prima de joalheria. De que século provém?

* * *

Na figura C vemos um belo pente feminino de ouro maciço. Na parte superior podemos ver três guerreiros em combate. O cavaleiro montado empunha com vigor a sua espada e está pronto para desferir um golpe sobre o outro, cujo cavalo jaz por terra, morto. Entretanto, o segundo não se dá por vencido e continua, mesmo a pé, a oferecer resistência. Com a mão esquerda protege-se com o escudo, e com a direita vibra a espada. O escudeiro detrás investe decidido contra o inimigo de seu chefe.

É esta uma cena de guerra, com seus impasses, suas ferocidades, seus heroísmos e — por que não dizer? — sua beleza.

A parte ornamental é separada da parte útil — os filamentos do pente — por uma secção intermediária. Na barra, leõezinhos que sustentam a cena. É um encanto!

Movimento, proporção, força e beleza, é que o que encontramos nessa magnífica obra de joalheria. A que época pertence?

* * *

Tanto são harmônicas e belas as joias anteriormente apresentadas, quanto é grotesco e primitivo o ornamento da figura D. Mais parece uma pepita de ouro esmagada pela pata de um enorme elefante ou por sobre a qual rolou implacavelmente uma grande pedra. A peça, nascida assim de uma catástrofe, deve ter agradado a alguma mulher pré-histórica, que a colheu e improvisou com ela um rústico colar. A que era pertence?

De posse destes dados, o leitor agora está em condições de preencher os quadrinhos com as letras referentes a cada joia, correspondentes ao século da qual provieram.

[ ] Século V antes de Cristo [ ] Século XVII

[ ] Século IX [ ] Século XX

Se o leitor acabou por colocar a letra D no primeiro quadrinho, errou rotundamente. O objeto é do século XX, e considerado produção de "qualidade" da joalheria "moderna". Provém do atelier do finlandês Bjorn Weckström. A "Lapponia Jewellery" o colocou em série no mercado mundial.

O objeto — recusamo-nos a qualificá-lo de joia e melhor o chamaríamos de amuleto — por sua brutalidade, por sua disformidade, por seu aspecto grotesco é produto característico de uma mentalidade que não sabe ver senão matéria, de um temperamento que se compraz apenas nos horizontes sem beleza, sem nobreza, sem nada que signifique para a alma luz, vida, esperança de eternidade. De um espírito que rejeita a ordem, a harmonia, comprazendo-se na desordem e no caos.

O que é então ser "moderno"? Corresponde simplesmente ao que entendemos por hodierno? Ou, na verdade, não passa de um movimento erguido em homenagem à extravagância, à desproporção, à incongruência, ao grotesco enfim? Como qualificar de "moderno" aquilo que vai buscar inspiração no período da pedra lascada?...

* * *

Para satisfazer à curiosidade do leitor, vamos às outras peças.

A joia da figura A é do século IX e pertenceu a Carlos Magno. Trata-se de um relicário contendo, entre duas safiras, um fragmento da Cruz de Cristo e fios de cabelo de Nossa Senhora. Encontra-se atualmente nos tesouros da Catedral de Reims.

Os brincos (figura B) são do século XVII. Luís XIV presenteou-os a Maria Mancini.

O pente de ouro (figura C) remonta provavelmente ao século V antes de Cristo. Provém dos citas, povo nômade que habitou as estepes euroasiáticas da atual Rússia, e desapareceu no século II A.C.

Como o leitor vê, a teoria do evolucionismo de Darwin está a merecer sérios reparos. Pois a "civilização" contemporânea parece rumar para cavernas que os citas, certamente, não apreciavam...