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Na nova Praça da Sé, poluição visual por sete milhões de cruzeiros

Álvaro Ortiz

SÃO PAULO possui uma infinidade de problemas. E não cabe aqui historiá-los nem enumerá-los. Nossa intenção é apenas assinalar que desde janeiro último, a cidade possui mais um: a poluição visual instalada na praça da Sé, por iniciativa da Prefeitura Municipal.

Como presente — seria de grego? — pela passagem do 425.° aniversário da fundação da metrópole paulista, a Prefeitura inaugurou um conjunto de esculturas ao ar livre na nova Praça da Sé.

As fotos não revelam senão parcialmente o despropósito das obras, frutos de certo espírito de vanguarda. Será preciso conhecer ao menos algumas delas in loco, para sentir plenamente o non sense das esculturas inauguradas a 25 de janeiro p.p.

Pretendemos fazer com o leitor uma visita diante de cinco delas, em certo sentido, as mais significativas, num roteiro quase de pesadelo.

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Comecemos pelo Grupo de Pássaros, escultura em bronze de meio metro de altura. Com muito esforço, pode-se imaginar um grupo de pessoas deformadas, de braços interligados, numa estranha ciranda (foto no 1).

Em seguida, podemos passar por baixo da Nuvens sobre a cidade. Ou, mais simplesmente, uma trave de cinco metros de comprimento por três de altura, em aço inoxidável (foto 2).

Um pouco além, à direita, em meio ao gramado está instalada uma elefantisíaca placa de concreto enegrecido, sobre dois suportes de ferro. O "muro" de concreto obstrui a visão do público. Talvez para ocultar as outras "esculturas"... (foto 3).

Um pouco à esquerda, encontra-se um tubo de aço partido em dois. Parece não ter recebido nenhum nome. Ele causa indisfarçável mal estar, em virtude do grotesco dos rebites e do aço queimado pela solda (foto 4).

Que peso tem a arte moderna! Nada menos de três toneladas para um tubo de um metro e meio de diâmetro, e três de altura. Ele recebeu o nome de Garatuja. E já vem pintado de bizarro amarelo, a fim de evitar qualquer colisão, exceto com o bom senso popular... O tubo de chapas de aço, representando um inexplicável meio-nó, provoca compreensível hilariedade, que talvez só não é maior porque atravanca a passagem dos usuários do metrô (foto 5).

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Assim, terminamos o passeio pela nova praça. Segundo a Emurb — Empresa Municipal de Urbanização — a intenção das esculturas foi de que formassem um todo urbanístico com as suas adjacências, onde se situam a Catedral predominantemente gótica e o Palácio da Justiça, em estilo clássico francês. E também procurou-se "criar um contraponto ao desenho cartesiano da praça, rompendo e intervindo na sua rigidez de formato e cor". Ou seja, para corrigir uma certa unilateralidade paisagística - como é qualificada a configuração antiga da praça — a solução seria o extremo oposto: o arbitrário, o caótico, a liberdade artística total...

Segundo um jornal de grande circulação, as esculturas foram colocadas a fim de evitar bustos e esculturas monumentais, nos moldes das praças tradicionais. Ora, nem isso foi conseguido, porque tais obras de arte impressionam pelo avantajado tamanho, exceção feita ao Grupo dos Pássaros, talvez por serem subnutridos...

O mínimo que se poderia dizer é que a Prefeitura paulistana foi muito parcial, ao encomendar obras apenas de artistas modernos. E, além do mais, somente de abstracionistas.

Um dos autores admitiu que "as esculturas devem ter violentado um pouco a população, mas é preciso violentar para se criar uma abertura para as coisas estéticas". Ocorre que o que é de si belo não provoca trauma nenhum. O feio, este sim, violenta o senso estético do comum das pessoas. E quem ama o feio, bonito lhe parece...

"É impacto", revelou outro artista, comentando sua obra na Praça da Sé. É preciso, pois, cansar as multidões e acostumá-las a outros modelos estéticos, de acordo com certa escola artística que deseja criar nova realidade extravagante, que exalta o contorcido, o feio e o estropiado.

Grande número de quadros, esculturas, e outras produções da assim chamada arte moderna representa seres esquálidos e disformes. Se fossem vivos, não haveria pessoa que logo não os levasse para serem hospitalizados e submetidos a uma operação plástica, que os reconduzisse à normalidade no plano de Deus...

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O museu ao ar livre custou apenas sete milhões de cruzeiros... Verba que a Prefeitura paulistana de bom grado dispendeu a fim de "trazer a arte ao público" (!).

A esperança é que a passagem do tempo faça prevalecer o bom senso, por ora tão escasso. E que sob o implacável e salutar efeito do sol e da chuva, as obras de arte — em sua maioria de ferro e aço — venham a perder sua proteção anticorrosiva e que a ferrugem e o desgaste atestem que elas ficariam melhor num depósito de ferro velho...


"REVOLUÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO": 20 ANOS

Em abril de 1959 "Catolicismo" estampava, em primeira mão, no seu número 100 o ensaio "Revolução e Contra-Revolução", do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Foram duas tiragens num total de 20 mil exemplares.

Não se trata de uma obra qualquer. Escreveu-a o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira para servir de livro de cabeceira a uma centena de católicos que em 1959 constituíam o núcleo de uma família de almas ligada a este mensário. Esse pugilo inicial semente da futura TFP — se estendeu em seguida pelo território brasileiro, de dimensões continentais.

Aos poucos, entidades análogas à TFP e autônomas foram surgindo por toda a América do Sul, também elas tomando como livro básico "Revolução e Contra-Revolução". O mesmo foi acontecendo, depois, nos Estados Unidos, Canadá, Espanha e França.

O combate ao "progressismo", no campo espiritual, e ao comunismo e socialismo, no campo temporal, vai assim ganhando perspectivas, amplitude e eficácia que os próprios adversários das TFPs e entidades congêneres hoje reconhecem. E tal combate doutrinário se desenvolve com base na obra do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, recentemente atualizada com uma terceira parte (ver "Catolicismo" n.° 313, de janeiro de 1978).

"Revolução e Contra-Revolução" conta hoje onze edições em cinco línguas e sete países, num total de 54.700 exemplares, a saber: francês (Brasil e Canadá), espanhol (Argentina, Chile e Espanha), inglês (Estados Unidos), italiano (Itália) e português (Brasil).

Além dessas edições em livros, o texto de "Revolução e Contra-Revolução" foi transcrito integralmente nas seguintes revistas: "Fiducia" (Santiago - Chile), "Qué Pasa?" (Madrid - Espanha) e "L'Afieri" (Nápoles - Itália).