(continuação)
- Paróquia vários jovens se engajaram na luta de libertação, Pe. Uriel Molina (palmas) (12);
(12) Idem comentário 8.
- E agora tenho a honra de chamar o Pe. Miguel D'Escoto, que é o Ministro das Relações Exteriores da Nicarágua (palmas);
- A Frente Sandinista deve muito a vitória de sua luta a três irmãos que nasceram num pequeno povoado da Nicarágua, chamado Libertad. São os irmãos Camilo, Humberto e Daniel Ortega Saavedra (palmas prolongadas). Camilo Ortega Saavedra morreu em combate em 1978. Humberto, Comandante Humberto é hoje Ministro da Defesa da Nicarágua. O Comandante Daniel Ortega Saavedra, aqui conosco, é membro da Junta de Governo de Reconstrução da Nicarágua, e da Direção Nacional da Frente Sandinista de Libertação Nacional (13).
(13) Idem comentário 8.
Frei Betto. – E para iniciarmos esta sessão, nós vamos ouvir uma homenagem do Grupo-Teatro União e Olho Vivo (palmas).
Idibal Piveta. – Companheiros, a primeira música desta noite, desta noite da América Latina, da liberdade e da justiça social, é uma música, como não poderia deixar de ser, da Nicarágua, uma música do povo da Nicarágua, feita para Sandino.
- Música (palmas).
Esta música é uma música dedicada ao comandante em chefe da Revolução da Nicarágua, Carlos Fonseca Amador, morto no Departamento de Zelaya em 1977 lutando pela liberdade da América Latina e pelos povos do Terceiro Mundo.
Quando nós estivemos, em dezembro, na Nicarágua, levando a nossa pequena solidariedade ao povo da Nicarágua e da América Latina, nós recebemos alguns uniformes e presentes dos guerrilheiros da Nicarágua, para que nós déssemos a companheiros brasileiros (14). Para homenagear aqueles brasileiros que têm lutado pelo seu povo, pela liberdade e pela justiça social (15).
(14) Como se vê, a outorga é feita pelo coordenador do conjunto musical brasileiro União e Olho Vivo, cujos integrantes tinham ido à Nicarágua visitar seus irmãos sandinistas. Receberam então destes – expressivo símbolo de comunhão de metas e métodos – alguns uniformes de guerrilheiro, para que os distribuíssem, não menos significativamente, a "companheiros" brasileiros. Um dos galardoados com a "honraria" foi D. Pedro Casaldáliga. O que, por sua vez, é rico de significação.
(15) Notar o alcance simbólico da outorga do uniforme: parece convidar os presentes a que, por seu turno, se entreguem à violência.
Eu gostaria de entregar este uniforme, dado por uma companheira guerrilheira da Nicarágua, a D. Pedro Casaldáliga! (palmas estrondosas, assobios, gritos) (16).
(16) D. Pedro Casaldáliga, Bispo de São Félix do Araguaia, é aqui aclamado, e por assim dizer investido, na qualidade de chefe do que se poderia designar como a ala do "esquerdismo católico" brasileiro explicitamente partidária da revolução social à mão armada.
D. Pedro Casaldáliga. – Eu vou procurar agradecer com os feitos, voy a procurar agradecer este sacramento de liberación que acabo de recibir, com los hechos (16). Este color verde é verde da cor como as nossas matas sacrificadas da Amazônia. Às vezes significou a repressão, a tortura. Tem significado também, na Nicarágua, a libertação, a vida, uma pátria nova.
(16) O Prelado recebe o presente simbólico e promete engajar-se.
Digo que vou procurar agradecer com os feitos e, se preciso, com o sangue (palmas) (17). Juntaremos nossa esperança comum, que é fé em Deus e fé no povo dos pobres; vontade de termos uma América nova, livre; vontade de conquistarmos a liberdade, que não se dá, se conquista. Unidos dentro de cada pátria, os diferentes povos – indígenas, negros – unidos pátria com pátria.
(17) Idem, até "o sangue".
Este dia de hoje, para mim, para todos nós, é um dia verdadeiramente histórico.
Por primeira vez, no Brasil, no mundo, a fé da Igreja pensada em teologia, a fé da Igreja partilhada ecumenicamente, Igreja Católica (18), igrejas evangélicas, é testemunhada pela prática, pelo compromisso de uma caridade que se torna social e política até a morte (19) para ganhar a vida.
(18) D. Casaldáliga procura comprometer veladamente a própria Igreja Católica no símbolo que recebe.
(19) Mais uma apologia da violência.
Eu me sinto, vestido de guerrilheiro, como me poderia sentir paramentado de padre (palmas calorosas). É a mesma celebração que nos empurra à mesma esperança.
Apenas para terminar, gostaria de pedir para todos vocês, que sejamos consequentes. O que estamos celebrando, o que estamos aplaudindo nos compromete até o fim (20).
(20) D. Casaldáliga procura desde logo arrastar os ouvintes para a efetivação de um tipo de ação do mesmo gênero do que merece o seu aplauso.
Nicarágua nos deu o exemplo: todos nós, todos os povos da América Latina, todos os povos do Terceiro Mundo, vamos atrás! (palmas prolongadas) (21).
(21) O Prelado incita a uma revolução internacional do tipo nicaraguense.
Membro do Grupo-Teatro União e Olho Vivo. – Nós vamos cantar essa música, que é dedicada ao comandante Carlos Fonseca Amador, e vamos pedir ao público que acompanhe o refrão do estribilho, que é muito fácil; é uma música de toda a Nicarágua. O estribilho é o seguinte:
"Comandante Carlos Fonseca,
"Comandante Carlos, Carlos Fonseca,
tan gran vencedor de la muerte,
novio de la patria roja y negra,
Nicarágua entera te grita: presente".
Este é o retrato do comandante Carlos Fonseca Amador.
- Música (palmas).
LEGENDAS:
- Verdadeiro arsenal numa escola dirigida por Padres salesianos, em Masaya, a leste de Manágua: rifles, granadas, munição. Três Sacerdotes foram presos, segundo a agência UPI.
- Na alça de mira da propaganda guerrilheiro-revolucionária, o Brasil. Os sandinistas vieram aqui para dizer que a revolução em nosso País "não é impossível".