Com base em pesquisa realizada em 3.950 municípios brasileiros, durante um ano, a deputado federal João Alves de Almeida (PDS—BA) elaborou oportuno relatório sobre a saúde da população, o crescimento demográfico e a limitação de nascimentos.
Contando com a colaboração de Padres e paroquianos, com a boa vontade de Delegacias de Polícia e de Acidentes, dos Cartórios de Registro Civil e de Óbitos, de órgãos do Ministério da Saúde, de médicos e Serviços Médicos do INAMPS, de hospitais e casas de saúde, o parlamentar chegou à conclusão de que o chamado planejamento familiar vem causando graves prejuízos à Nação.
O trabalho é, talvez, o melhor que se conseguiu realizar até hoje em nosso País sobre o tema em questão. O deputado baiano apresentou-o mediante substancioso discurso na Câmara Federal (cfr. "Diário do Congresso Nacional" de 14/8/80), resumindo-o em artigo estampado no "Correio Braziliense", em sua edição de 24/8/80.
Publicamos a seguir uma síntese do referido artigo, transcrevendo integralmente os tópicos mais importantes do mesmo.
O deputado João Alves é escritor, jornalista, economista, demógrafo e exerce o quinto mandato consecutivo de deputado federal.
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Segundo os dados em nosso poder, perderam a vida no Brasil, em 1979, por assassinatos e acidentes diversos, 410 mil brasileiros; por doenças da velhice e várias outras, morreram 924 mil, totalizando um milhão e 334 mil pessoas. E nasceram vivas, no mesmo período, 2 milhões e 500 mil crianças, das quais morreram, de zero a um ano de idade, 268 mil, restando 2 milhões e 232 mil sobreviventes. Com a dedução de 1 milhão e 334 mil falecimentos supracitados, teríamos aumentado a nossa população, em 1979, em 898 mil habitantes, cuja maior parte, ao que tudo indica, foi absorvida nesse vasto interior brasileiro, pelos 10 milhões de portadores de doença de Chagas, pelos 15 milhões de portadores de esquistossomose, pelos 6 milhões de tuberculosos e demais pragas que matam, debilitam ou degeneram a população, além dos milhares de esgotos infectados e rios poluídos, transmissores de doenças diversas, e 15 milhões de viciados em drogas.
Foram encontradas mais de 200 clínicas de abortos nas grandes cidades: 67 no Rio de Janeiro, 52 em São Paulo e as outras distribuídas nos demais Estados, com diversos nomes (que não mencionamos para não fazer propaganda delas). Aqui mesmo, em Brasília, constatou-se que um aborto provocado custa 20 mil cruzeiros e, em Taguatinga, apenas 10 mil. Não há impedimento algum a essa prática e os meios de comunicação sabem de tudo, mas ninguém diz nada.
Apurou-se também que, em todo o País, 18 milhões de mulheres usam pílulas anticoncepcionais e se esterilizam (foram vendidos 15 bilhões de pílulas em 1979).
Por outro lado, a assistência médica do INAMPS transformou-se em um laboratório de extermínio da saúde do pobre brasileiro. Ali, o médico ganha miseravelmente, mesmo em dois empregos, e é obrigado a atender, diariamente, no mínimo vinte segurados em cada um deles. Mesmo excluindo os exames complementares, para solicitação dos quais se impõem um completo exame do segurado, o médico deve tirar a pressão, perscrutar e auscultar o paciente, a fim de que possa diagnosticar a doença e passar a receita. Mas no INAMPS até pensar nisso é considerado absurdo, porque para o médico atender, nessas condições, 40 doentes por dia, levaria pelo menos 20 horas, e se isto fosse possível, ainda assim seriam baldados os seus esforços caso o não-curado a ele não voltasse para continuar o tratamento. Na verdade, o sistema obriga o profissional a fazer 4 ou 5 perguntas ao segurado e passar a receita apressadamente para atender a todos, como se estivesse no front de uma guerra. Após dias de espera pela consulta e muitas horas na fila, o pobre recebe a receita, compra os remédios ou vai buscá-los na CEME; e ao voltar, se não melhorou ou porque piorou, é atendido por outro médico, o qual, não tendo tempo nem meios para orientar-se — pois até os dizeres "voltando à consulta, queira trazer esta receita" desapareceram — segue ele o mesmo processo da consulta anterior. E nessa rotina, com um receituário fácil e inconsequente, por vezes criminoso, que acaba, não raro, definitivamente com a saúde do consulente, os serviços médicos da Previdência Social atendem cerca de dez milhões de segurados e dependentes por mês, e deixam de atender outros tantos, fazendo milhares de vítimas diariamente."
- Lamenta em seguida o deputado que no Brasil esteja havendo "um inconcebível desprezo pela vida humana", em lugar de se empreender um programa para preservar as gerações futuras.
"A planificação da família tem servido para acobertar os piores crimes. Em 1952, na Inglaterra, criou-se, com esse nome, uma Federação Internacional, que funcionou ilegalmente até 1967, quando seus exploradores, através de uma propaganda bem planejada, pressionaram a Câmara dos Comuns, e obtiveram, não apenas sua aprovação, mas ainda uma lei que autoriza o aborto até o 7.° mês de gravidez (28 semanas), com a obrigação de serem cremados os fetos. O Governo inglês, julgando que iria ter o controle dessa aberração, criou o "Serviço de Abortos da Saúde Nacional", e já em 1973, segundo cálculos, fazia 200 mil abortos. No entanto, as clínicas particulares insistiram em "auxiliar" o "serviço", e o conseguiram, passando a "contribuir" com a média de 100 mil abortos por ano.
Em 1974, essas clínicas queriam vender os fetos para produtos de beleza às fábricas químicas de cosméticos e sabão, e o conseguiram também. Os escândalos provocados em certos países deram margem a alguns inquéritos e processos "para inglês ver" e efeito externo, porque nunca foram avante. Agora preferem fazer o parto normal, sob a alegação de se evitar despesas com a anestesia e soro, e não colocar em perigo a vida da mulher. O parto é "gratuito", mas a mãe deixa o bebê, que é morto e vendido a preço de ouro às famigeradas indústrias."
- Acrescenta o deputado João Alves que o governo inglês está reagindo contra esse procedimento, mas, por sua vez, as clínicas indagam: "Qual a diferença entre um aborto aos 7 ou 8 meses de gravidez e um parto normal aos 9, se em ambos os casos a criança tem o mesmo destino? É tudo uma questão de economia e defesa da saúde da mulher". Essa tese vem encontrando muitos adeptos, segundo o parlamentar.
"No Japão, segundo cifras constantes do registro civil e conclusões de Minoru Masamutsu, em um só ano houve 3 milhões de abortos, praticados como um bárbaro e primitivo sistema de planejamento familiar (veja-se que no Japão os abortos são registrados em cartórios).
Nos Estados Unidos os abortos são feitos de modo cruel: as crianças são arrancadas das entranhas das mães e ainda chorando e de olhos abertos são jogadas no lixo. Lá já existe Hospital-Escola para exercitar estudantes de medicina na prática do aborto. Na Rússia, Hungria, Romênia, Iugoslávia, Tchecoslováquia, Finlândia, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Irlanda, Noruega, Dinamarca, Suécia e Canadá, os processos não divergem muito.
Dos países que adotam o planejamento familiar, 22 já legalizaram o aborto, 30 adotam tal planejamento com anticoncepcionais e esterilização (o aborto é ilegal, mas o praticam sem impedimento), 25 realizam um trabalho de "informação" sobre os diversos meios de limitação da natalidade a pessoas que o solicitem, nos hospitais, dispensários e centros oficiais de saúde pública, e 22 toleram a propaganda, distribuição ou venda de anticoncepcionais. Mas todos eles estão no caminho de Londres, isto é, do aborto oficial até o 7.° mês de gravidez. Sim, porque o diabo não faz concessões, e os novos governos que surgem, cada vez mais "avançados", estão sempre prontos a oferecer justificativas e vantagens para adormecer os escrúpulos da consciência do povo.
A planificação, em escala social, pressupõe alguém que planifique com uma autoridade superior à do indivíduo. E é isto que estão fazendo os seguidores da doutrina de Thomas-Robert Malthus, constante de seu famigerado livro publicado em 1798, sem resultado prático, felizmente, por mais de um século e meio, graças ao cerrado combate que sofreu de seus milhares de adversários em todo o mundo. Foi nesse período que a evolução da economia, da ciência e da técnica se processou de forma gigantesca, o que não teria ocorrido houvesse o mundo adotado as ideias do autor da "Lei das Populações", porque os heróis de Carlyle, responsáveis por essa evolução, possivelmente não teriam nascido.
Em verdade, a população mundial não cresceu sequer um por cento do previsto por Malthus, e um operário de hoje vive mais e melhor do que um milionário do seu tempo.
Mas a descristianização do mundo Ocidental, auxiliada pelo egoísmo e o prazer, vêm facilitando, nos últimos 30 anos, as mais condenáveis práticas para evitar os nascimentos, e sua adoção, atualmente, se generaliza, principalmente nos países em franca decadência moral: nos ricos, o abismo das aberrações já não conhece limites — perderam o sentido da ordem natural e o respeito às leis da vida; nos pobres, as causas não preocupam, combatem-se os efeitos, não raro com medidas negativas, entre as quais, e obrigatoriamente, o planejamento familiar, onde se incluem os anticoncepcionais, a esterilização e o aborto, independente dos limites da lei e da vontade dos governos. Em consequência, o sexo inteiramente livre, o erotismo exacerbado, os vícios, os tóxicos e a criminalidade aliam-se e degeneram as populações.
Eis aí, em todo o seu horror, essa forma de aparência tão inocente: a planificação da família."
Deputado federal João Alves de Almeida
Faleceu no dia 15 de julho p.p. S. Excia. Revma. D. Antônio Mazzarotto, primeiro Bispo Diocesano de Ponta Grossa, velho amigo de "Catolicismo".
Nascido a 1.° de setembro de 1890, em Santa Felicidade, próxima a Curitiba, D. Antônio Mazzarotto, filho primogênito de numerosa família, teve onze irmãos, entre os quais destaca-se D. Jerônimo, que foi Bispo Auxiliar de Curitiba, Pe. Eugênio (falecido) e Pe. Silvio, missionário passionista, além de três religiosas Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus: Irmãs Amália, Jacinta e Angélica.
A primeira vocação ao sacerdócio surgida em Santa Felicidade foi a de D. Antônio, tendo sido ordenado a 23 de novembro de 1924, em sua cidade natal. Como Vigário-Cooperador de Curitiba distinguiu-se por sua eloquência, sendo apontado na época como o maior orador sacro do Paraná.
Com a criação da Diocese de Ponta Grossa, foi escolhido para seu primeiro Bispo. Sua sagração para a Sede episcopal daquela cidade paranaense efetuou-se em Roma a 23 de fevereiro de 1930. Começou a exercer então seu múnus apostólico sobre o imenso território diocesano, que compreendia as áreas das atuais Dioceses de Palmas, Campo Mourão, Umuarama, Guarapuava, União da Vitória e parte de Apucarana.
Em suas visitas pastorais — observam os que o conheceram — era o verdadeiro pastor, o catequista, o missionário que ensinava, de modo teórico e prático, o Evangelho de Cristo.
Quando regressava das longas e cansativas viagens apostólicas, recolhia-se para escrever anualmente uma Carta Pastoral aos fiéis. São documentos de rico conteúdo doutrinário, nos quais desenvolvia temas fundamentais: a Fé, a catequese, as vocações, os novíssimos do homem, os Sacramentos, etc.
Sempre soube encontrar tempo para a oração e longas meditações, mesmo por ocasião de suas extenuantes visitas pastorais. Durante o dia, nunca dispensava as horas consagradas a rezar. Suas Missas eram precedidas de longa preparação e seguidas de ação de graças igualmente prolongada.
Devoto de Nossa Senhora, rezou sempre o Rosário, figurando São Pio X — o Papa de sua juventude e do período de sua formação sacerdotal — como um dos principais santos de sua devoção.
A Redação de "Catolicismo" registra com pesar o falecimento de D. Antônio Mazzarotto, mas tem a consoladora convicção de ter ganho mais um intercessor no Céu.
D. Antônio Mazzarotto
Ao cair da tarde, o peregrino brasileiro chega a Paris. Sua primeira preocupação: visitar a Catedral de Notre-Dame, na Ile de la Cité. E tão logo acomoda sua bagagem num hotel, ruma para lá.
De um ângulo da margem esquerda do Sena, nosso viajante experimenta o primeiro impacto — deslumbrante, forte, mas sereno — da catedral maravilhosa. O sol, já em sua última etapa rumo ao poente, incide sobre ela com luz tênue, dourando levemente a brancura do granito.
Quanta harmonia! Em sua fachada tão simétrica, a fantasia e a boa ordem se completam. Na beleza de suas proporções, o rigor da lógica esculpida em pedra parece florescer num sorriso cheio de distinção...
E o peregrino para, a fim de recolher aquelas impressões que já não lhe parecem mais da terra, mas do paraíso. Onde encontrar maior harmonia, beleza e dignidade? Vêm-lhe à mente as palavras da Escritura sobre Jerusalém: "Eis a cidade de uma beleza perfeita, alegria do mundo inteiro" (Lm. 2, 15). Sim, eis a catedral de uma beleza perfeita, alegria de toda a Cristandade!
Placidamente, o visitante penetra no templo gótico, adora o Santíssimo Sacramento, reza aos pés da imagem de mármore branco de Nossa Senhora de Paris, e volta a contemplar o palácio onde Ela é Rainha.
A vasta nave central está vazia. O sol transfigura as rosáceas gigantes e os vitrais, deitando ao chão rubis, safiras, topázios e esmeraldas... Uma luz diáfana parece acentuar o isolamento e o silêncio, convidando a alma a imergir em reflexões profundas. Nosso peregrino senta-se num banco lateral e fica ali, envolto em mil cogitações. Até que aquelas figuras de luz e cores tornam-se mais fugidias, se esmaecem, se apagam. A penumbra aumenta. O sol ilumina apenas as rosáceas mais altas. Depois de ter transformado em joias cada centímetro de granito, de ao longo do dia ter-lhe comunicado mil matizes e intensidades de luz e cores, ele se recolhe em seu leito de púrpura, pois cumpriu sua missão. Não é para isso que o sol existe?
Nosso peregrino tem a alma cheia de júbilo. Ele viu passarem as jóias pelos granitos da catedral! Elas pareciam dizer-lhe: "Isto foi feito para ti. Deus te criou para isto".
E de seus lábios brotaram com mais força do que nunca, vinda do fundo do coração, as palavras do "Credo":
— Credo in unum Deum, Patrem omnipotentem, factorem caeli et terrae, visibilium omnium et invisibilium... — Creio em Deus Pai onipotente, Criador do céu e da terra, das coisas visíveis e invisíveis...
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Sim. Tudo aquilo o unia mais a Deus. Porque o peregrino sabia perfeitamente que o sol não era senão um astro como tantos bilhões de estrelas, ou que o vitral não era senão um conjunto de cacos de vidro... No entanto, aquelas formas, aquelas cores, aquele ambiente, não eram pura ilusão. Porque constituem a expressão de um Ser infinitamente maior que se oculta aos nossos sentidos, mas que se mostra através desses símbolos. Toda essa feeria seria absurda se Deus não se manifestasse através dela, embora oculto. Ora, seria absurdo que tanta beleza fosse absurda. Assim, sem perceber, amando aquele jogo de luz, amando mais as almas que admiram aquele vitral do que o próprio vitral, nós amamos ainda mais o puríssimo Espírito, eterno e invisível, que criou tudo aquilo para nos dizer: "Meu filho, Eu existo. Ama-Me e compreende-Me. Acima de tudo, por mais belo que isto seja, Eu sou infinitamente dissemelhante disto, por uma forma de beleza tão quintessênciada e superior, que somente quando Me vires te darás conta do que sou. Luta por mais algum tempo na terra, porque no Céu te esperam belezas incomparavelmente maiores, na proporção em que for grande e árdua a tua luta. Meu filho, Eu sou a tua Catedral!"
Sim. O que é a catedral, senão um espelho da Criação? E o que é a Criação, senão espelho de Deus?
Por isso, diante de monumentos como a Catedral de Notre-Dame, a alma sente encontrar-se ante o demasiadamente grande, que não tem proporção com ela, mas para o qual ela voa. É a esperança do Céu, ao recordar as palavras do próprio Deus Nosso Senhor: "Serei Eu mesmo a tua recompensa demasiadamente grande" (Gen. 15, 1).
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Todas essas cogitações, nosso peregrino as renovou com redobrado enlevo ao deparar com a Catedral de Colônia, erguendo-se possante e majestosamente junto ao Reno, em cujas águas se espelham suas torres rendilhadas e gigantes. Diante de tanta magnificência, uma pergunta aflora naturalmente ao pensamento do peregrino que acompanhamos: "Qual é mais bela? Notre-Dame de Paris ou Colônia?"
Quanto às proporções, à harmonia das formas, parecia não haver dúvida: o viajante pendia, de longe, a favor de Notre-Dame. Mas... estas torres que se levantam do chão com todo élan e se lançam para o ar tão inesperadamente... - "Quereis voar?" é a pergunta que gostaríamos de fazer a elas... Pois de tal maneira proclamam a vitória sobre a lei da gravidade e se perdem nas alturas! E esse movimento audacioso, reflexo da alma que busca o inimaginável, é mais belo do que tudo que se imaginou e se realizou em NotreDame de Paris. Aquele ímpeto, aquela ousadia, aquele desejo das alturas sugerido pelas torres da Catedral de Colônia repercutem na alma do católico como as notas musicais se propagam através de cálices de cristal semelhantes.
Em Colônia não encontramos aquela harmonia perfeita, aquela simetria incomparável, aquela proporção entre o chão e o edifício existentes em Notre-Dame. A Catedral de Colônia proclama o esplendor da desproporção, daquilo que se arranca por superação —não por subversão — a todas as regras e as transcende como que a dizer: "Positivamente, ó universo, com tuas lindas regras, eu te venero, eu te quero, faço parte de ti. Mas, de dentro de ti levanto a mão até o Autor do universo".
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O peregrino compreendeu então que não se tratava de comparar as duas catedrais. Menos ainda franceses com alemães, pois esses dois monumentos estão muito acima dos povos que os construíram. Notre-Dame e Colônia são frutos da Cristandade. França e Alemanha tornam-se pormenores dentro da imensidade do panorama. O que despertou nas almas essas maravilhas foi o Sangue Preciosíssimo de Cristo e as lágrimas de Maria. E Deus quis que houvesse Colônia como Notre-Dame, para que ambas se somassem e dessem uma ideia ainda mais perfeita dEle. Assim, admirando-as, admirando as almas que as admiram, como aquele nosso hipotético peregrino, melhor conhecemos, amamos, servimos e damos glória a Deus nesta terra. E preparamo-nos para conhecê-Lo, amá-Lo, servi-Lo e dar-Lhe glória por toda a eternidade.
A Catedral de Colônia é um dos mais belos edifícios religiosos do mundo e a mais vasta das construções em estilo gótico (144,6 m de comprimento por 75 m de largura; torres de 157,3 m de altura). O edifício atual ergue-se junto ao Reno, no mesmo lugar onde existiram anteriormente duas outras catedrais: uma erigida por São Materno, no século II; e outra consagrada em 873. Em 1249 iniciou-se a construção da atual, prosseguindo até 1509, interrompida várias vezes por guerras sangrentas.
A Revolução Francesa a iria encontrar ainda inacabada, tendo sofrido inúmeras mutilações ao longo dos séculos. Os revolucionários instalaram um depósito de forragens na própria catedral.
Em 1820 o edifício — assolado pelo tempo e mutilado pelos homens — inspirava sérios cuidados quanto à solidez de suas partes acabadas, e os restos iam ser demolidos quando um movimento de almas levou fiéis e arqueólogos a constituírem sociedades que levaram avante não apenas os trabalhos de restauração das partes danificadas, como o término da gigantesca obra, segundo os projetos iniciais, concebidos pelo flamengo Gerhádt de Saint-Trond.
Os donativos afluíram de todos os lados, inclusive do Rei da Prússia, Frederico Guilherme IV. A 4 de setembro de 1820 teve lugar a segunda fundação da catedral e a partir de então suas obras prosseguiram sem interrupção, dirigidas por Zwimer. Em 1848 era consagrada a nave principal; em 1861 a agulha central estava pronta e, finalmente, a 15 de outubro de 1880, as duas imensas torres de pedras rendilhadas coroavam o acabamento do edifício, que durante muito tempo foi o mais alto do mundo.
Com a procissão dos relicários de ouro — na qual se conduzem relíquias dos Santos Reis Magos — os festejos do centenário da conclusão do admirável templo se desenvolverão com toda pompa e brilho entre 15 e 23 de outubro corrente.
Ao lado: Catedral de Notre-Dame de Paris. Em primeiro plano, monumento a Carlos Magno. • Embaixo: a Catedral de Colônia, pintada por Karl Georg Hasenpflug entre 1834 e 1836.