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Há 150 anos surgia a Medalha Milagrosa

Ocorrendo neste mês de novembro o sesquicentenário da extraordinária revelação da Medalha Milagrosa, "Catolicismo" não poderia deixar de comemorar essa data com todo o calor de sua devoção marial. Não haveria, entretanto, melhor maneira de fazê-lo do que divulgando as singularíssimas visões com que Santa Catarina Labouré foi favorecida, e as inefáveis promessas que recebeu da Mãe de Deus, para si e para todos os homens.

Por outro lado, no momento em que rangem todos os gonzos da política internacional e o estado moral e religioso da humanidade atinge níveis de uma desagregação impressionantes, é lícito considerar como possível e até iminente o desencadear-se das terríveis profecias de Nossa Senhora em Fátima.

Em tais condições, parece oportuno recordar também a primeira grande Revelação de Nossa Senhora no século passado, que abriu o extraordinário ciclo das Aparições mariais: Rue du Bac (1830), La Salette (1846), Lourdes (1858), Fátima (1917), são os pontos refulgentes dessa rutilante trajetória.

Se os homens tivessem sido fiéis às graças derramadas a partir da Medalha Milagrosa, o pavoroso castigo do comunismo, detalhadamente descrito em Fátima e embrionariamente anunciado na Rue du Bac, teria sido desviado do mundo pela prece onipotente da Mãe de Deus.

De qualquer modo, a recordação das graças do marco histórico de 1830 pode ser ainda uma ocasião de renovação dessas mesmas graças, pelo menos para aqueles que quiserem pelejar por Nossa Senhora durante a grande tormenta que se aproxima.

Tudo leva a crer que as graças oferecidas por Nossa Senhora na Rue du Bac permanecem em aberto, e aqueles que franquearem os corações à sua influência, poderão vir a ser pedras vivas do Reino do Coração Sapiencial e Imaculado de Maria, a ser instaurado sobre a face da terra, segundo a predição de Nossa Senhora na Cova da Iria. Páginas 4, 5 e 6.

Estes raios são o símbolo das graças que a Santíssima Virgem obtém para as pessoas que lhas pedem.


China e Rússia admitem fracasso econômico

A China se liberaliza admitindo, em medida ainda confusa, alguns princípios da economia de mercado. Os sonhos mitomaníacos de Mao Tse-tung e de seus seguidores deixaram-na inane e afundada na miséria. O teoricismo implacável do marxismo-leninismo, distanciado da natureza humana, exauriu as sãs energias do povo chinês. Vivendo de slogans propagandísticos e da envergonhada dissimulação da realidade, os admiradores do "modelo chinês" veem-no desmoronar e ser mitigado pelos próprios beneficiários e condutores: os membros da cúpula do PC. Nas entrelinhas transparece a constatação de que a revolução chinesa, de autêntico, só gerou ditadura e fome.

Espanta o tempo levado para verificar o óbvio. Aliás, pensando bem, não espanta. Os triunfadores de 1949 eram ideólogos fanatizados pelo mito do igualitarismo e o aplicaram violando brutalmente a realidade. O comunismo poderia ser definido como um mito (o igualitarismo onímodo, chamado de utopia pelos socialistas de várias colorações) servido pela teoria marxista-leninista, seu instrumento de explicação histórica e de análise dos acontecimentos. A lídima exigência da natureza humana — uma sociedade harmônica e proporcionadamente desigual —, onde desabrocham vigorosa e naturalmente as infindas potencialidades do homem, para eles não entra em consideração.

A quem conheça os vários ramos da história do comunismo, chama a atenção a analogia da atual política chinesa com a NEP (Nova Política Econômica) de Lenine. Como se sabe, a desorganização e a fome produzidas pela Revolução de 1917 foram tais, que o tirano soviético se viu obrigado, em 1922, a restaurar em grande escala vários princípios capitalistas. Passada a necessidade premente, seu sucessor, Stalin, voltou a aplicar o marxismo.

Na Rússia atual, Brejnev também reconheceu a crônica ineficiência do sistema soviético de produção econômica. Nos anos em que o clima não prega nenhuma peça, a agricultura chega até o limite do necessário. Qualquer perturbação atmosférica provoca corrida aos mercados do Ocidente. E a casta de "intelectuais" e burocratas que governa as imensidões da Rússia vê-se obrigada, de quando em vez, a procurar explicação para males estruturais, agravados pelos astronômicos recursos aplicados na expansão imperialista do comunismo internacional. Desta vez, pela voz de seu representante maior, o secretário-geral do PCUS e chefe do Estado, a razão é: "burocratismo, insensibilidade e arrogância" das camadas dirigentes. Brejnev, a julgar pelas suas afirmações, primaria pela delicadeza e acessibilidade...

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No Brasil, a contestação igualitária pretende convulsionar o País. Como a razão última da agitação, na maior parte dos casos, é a revolta contra a desigualdade, pouca esperança há de que, a barba do vizinho pegando fogo, a coloquem de molho alguns aqui, engolfados nas ondas encapeladas da revolta. E por quê? Habitualmente, a febricitação temperamental produzida pelo ódio não é aberta a argumentos. A ira cega.

Mas, graças a Deus, ainda há inúmeros compatriotas que conservam a serenidade e a observação calma do temperamento brasileiro. Seu astuto bom senso, ajudado pela reflexão sobre os sintomáticos acontecimentos da China e Rússia, certamente lhes oferecerá condições para tirar algum proveito destas considerações. Não pela qualidade delas, mas pelo relato de fatos reais. A esses brasileiros dirigimos, em primeiro lugar, este artigo.

Dos outros, desejamos pelo menos uma sincera imparcialidade, que não é atributo de almas convulsionadas. Ela habita nas almas plácidas, de onde estão distantes a perturbação e o rancor.

Nos armazéns de Cantão (na China comunista), grandes filas e poucos alimentos.