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CHILE: TFP COMENTA NOVA CONSTITUIÇÃO

Com data de 8 de setembro p.p., a TFP andina publicou na grande imprensa de Santiago extenso documento, por ocasião da convocação do plebiscito constitucional formulado pelo governo do Chile. Assinado pelo Sr. José Antonio Ureta Zatiartu, diretor da associação, e sob o título "A TFP chilena ante a nova Constituição e a guerra psicológica", o documento analisa o projeto do texto fundamental recentemente aprovado em plebiscito.

Tomando por base o ponto de vista específico da defesa dos três valores básicos da civilização cristã — a Tradição, a Família e a Propriedade —, a entidade assinala o que nele encontra de positivo, como também os aspectos que considera criticáveis. Resumimos a seguir os trechos que julgamos apresentar maior interesse a nossos leitores.

A respeito dos prazos para a vigência plena da constituição, a TFP chilena só comenta que a duração do período de transição sob a atual presidência, ainda dotada de poderes excecionais, com a Junta de Governo conservando as faculdades legislativas, inspira-se no desejo manifesto de cortar o passo a fórmulas políticas cuja índole é favorecer o comunismo. Com efeito — expressa o documento — isso sucederia facilmente se se implantasse um governo transitório de coalizão, possibilitando, por exemplo, a volta ao poder de um Eduardo Frei. Pois isto significaria o recomeço do processo — descrito pelo célebre best-seller "Frei, o Kerenski chileno" — que conduziu o Chile à nefasta experiência marxista. Sob esse ponto de vista, a TFP chilena manifesta seu aplauso ao propósito que inspirou tais medidas de cautela.

Guerra psicológica revolucionária

Chamando a atenção sobre a importância da guerra psicológica revolucionária promovida pelo comunismo internacional (cfr. PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA, "Revolução e Contra-Revolução, vinte anos depois", in "Catolicismo" n.° 313, janeiro de 1977), e tratando dos efeitos atuais da guerra psicológica no Chile, a TFP andina se permite dizer com franqueza que, se é certo que as autoridades do país formularam alusões específicas a essa luta, o atual governo não chegou a desenvolver uma ação que abarque todos os aspectos da mesma.

Com efeito, diz o documento, a luta anticomunista levada a cabo por organismos oficiais sujeita-se principalmente a uma mobilização de ofensiva contra a subversão, enquanto, de modo positivo, o governo realiza o esforço de consolidar a situação econômica, procurando, com imaginação, abrir novas perspectivas de progresso para os chilenos. Aspectos esses que, entretanto, respondem de modo incompleto à autêntica e desconcertante forma de guerra que o imperialismo vermelho desata contra o Chile como contra todo o Ocidente.

De fato, os dispositivos da guerra psicológica revolucionária no país aceitam o desafio da fórmula "repressão-desenvolvimento" encolhendo suas garras e limitando-se a clamar hipocritamente pela liberdade e a estimular descontentamentos sociais circunscritos, de aparência não ideológica. Criam assim a ilusão de que o perigo comunista deixou de existir. O principal resultado desta justaposição de fatores não é, evidentemente, o avanço direto do marxismo, mas tem sido uma espécie de vazio ideológico entre os anticomunistas e os não-comunistas, acompanhado de um estado de espírito gradualmente desprevenido destes últimos setores em face da ameaça vermelha. Isso, por fim, poderá acabar solapando as bases de apoio do atual regime. E então terá chegado a hora da contraofensiva revolucionária.

Poderíamos ilustrar — continua a TFP andina — a progressão desse processo de dissolução gradual das resistências contra o comunismo com países que a estão sofrendo em grau maior ou menor, nos quais a fórmula "repressão-desenvolvimento" se mostrou incapaz de dar uma resposta adequada: aí estão, por exemplo, a Espanha, o Irã, que, ressalvadas as diversidades e alternativas episódicas, trilham por um caminho imprevisível.

A observação atenta da realidade exposta leva a TFP chilena a expressar publicamente o desejo que não suceda o mesmo em seu país. Tanto mais que, enquanto no Episcopado de outros países da América do Sul existem Bispos que se manifestam nitidamente anticomunistas, no Chile a quase totalidade da Hierarquia se coloca entre a neutralidade e o favorecimento da esquerda. Situação que a experiência tem mostrado até onde pode ser nociva para a Igreja e para o país.

Aplauso e receio

Concluindo esse transcendental manifesto, a TFP chilena declara que, em resumo, considerando todo o complexo conjunto de fatores analisados, aplaude no essencial o delicado trabalho de institucionalização que, com tanto cuidado, as autoridades realizam. Mas assinala com franqueza e espírito de respeitosa e leal colaboração que:

1. A TFP andina não teme a democratização que a nova constituição do Chile propõe, se essas mesmas autoridades e as próximas, assim como os dirigentes da sociedade em todos os níveis, souberem desenvolver uma contraofensiva ampla e eficaz à guerra psicológica revolucionária.

2. Receia, por outro lado, que as numerosas medidas preventivas inseridas no texto constitucional para defender o país contra a subversão, se tornem progressivamente ineficazes, caso o governo e a opinião pública não se disponham a manter-se alertas ante as exigências mais atuais de uma luta multiforme, sutil e permanente como a descrita acima.

Manifestação popular de solidariedade aos desapropriados pela Reforma Agraria no povoado de Curacavi, nos tempos de Allende. A TFP chilena voltou a pronunciar-se recentemente sobre os destinos de seu país.


Bispo cumpriu 22 anos de prisão na China comunista

TAIPÉ — Em recente artigo no "Bulletin Today", o senador filipino Jovito R. Salonga afirma que o Bispo de Cantão (na China comunista) passou 22 anos na prisão, tendo sido libertado em julho último. Trata-se de D. Dominic Tang, encarcerado "por sua obediência ao Papa Pio XII", que condenou a formação de uma igreja nacional chinesa, separada de Roma. Proibido de celebrar Missa na prisão, o Prelado chinês acabou esquecendo o ritual latino, "mas nunca abandonou a Fé", assegura Jovito Salonga.

O senador filipino esteve na China vermelha na qualidade de membro do "United Board for Higher Christian Education in Asia" e afirma existirem pelo menos um Bispo católico e 36 Sacerdotes jesuítas presos pelo regime de Pequim. (ABIM)


Trem brasileiro movido a ar

PORTO ALEGRE — Depois que o Ministério dos Transportes encomendou um protótipo para 100 passageiros a fim de colocar em funcionamento uma linha de quase oito quilômetros em Porto Alegre, reina grande expectativa em torno do aero móvel.

Inventado pelo industrial gaúcho Oskar Coester, o veículo impressiona por sua simplicidade: corre sobre trilhos estruturados em duto metálico pelo qual circula ar comprimido. Este impulsiona uma aleta existente no bojo do aeromóvel. O ar é injetado no duto por motores elétricos dispostos em cada estação, a intervalos de 500 metros, ao longo da linha. O atual protótipo em testagem já transportou 26 mil pessoas, inclusive o Presidente da República.

O desenvolvimento do projeto, executado mediante acordo entre Coester e a Empresa Brasileira de Transportes Urbanos, custou a essa empresa estatal apenas 4 milhões de cruzeiros. O preço do projeto a ser posto em funcionamento em Porto Alegre corresponderá aos gastos para a construção de 100 metros de metrô. O aeromóvel deverá transportar até 6 mil passageiros por hora, consumindo apenas 20 watts (uma lâmpada comum gasta 60 watts) por passageiro/quilômetro. E muito ar... (ABIM)

O protótipo do aeromóvel brasileiro na Feira de Hannover, Alemanha.


Oposição antimarxista em Moçambique

JOANESBURGO —Com o recente fuzilamento de três pessoas acusadas de espionagem e sabotagem, eleva-se a 39 o número de vítimas fuziladas pelo governo marxista da Frelimo, que instituiu a pena de morte em Moçambique no ano passado.

Com o crescer do descontentamento entre a população, o partido único do país, chefiado por Samora Machel, sente-se ameaçado pelo movimento clandestino denominado "Resistência Nacional Moçambicana". (ABIM)


Brasil: país socialista?

RECIFE — "O que falta para o Brasil considerar-se um país socialista?", pergunta Marco Aurélio de Alcântara no "Informativo Econômico" do "Diário de Pernambuco" (10/ 10/ 80).

O colunista mostra-se alarmado com os passos largos da estatização no País: 65% da economia, segundo ele, encontra-se em mãos do Estado; 25% são controlados por transnacionais e apenas 10% cabem às empresas nacionais, "tímidas, pequenas ou médias, clientes contumazes dos bancos oficiais".


Carvão-fibra inova medicina

Com o emprego do carvão fibra na cirurgia ortopédica, a África do Sul vai se colocando na liderança mundial quanto ao uso dessa substância, que pode revolucionar a medicina nos próximos anos.

Dr. David Jenkins, um galês, o primeiro médico a utilizar carvão-fibra na restauração de ligamentos rompidos, transmitiu seus conhecimentos ao Dr. Angus Strover, no Hospital Tembisa, que introduziu a nova técnica na África do Sul.

Resultados bem-sucedidos têm-se comprovado em várias experiências, entre elas na recuperação do joelho de um famoso jogador britânico de rugby, num hospital de Joanesburgo.

Além dos benéficos efeitos na medicina, a substância vem igualmente merecendo a atenção da ciência veterinária. O departamento de cirurgia veterinária da Universidade de Pretória está avaliando testes com carvão-fibra em ligamentos, tendões e placas de suporte para uso em animais. Resultados positivos vem sendo obtidos, especialmente em cavalos.

Além de ser mais leve e mais forte, o carvão-fibra apresenta vantagens em relação ao aço inoxidável e outras substâncias utilizadas na cirurgia ortopédica, sobretudo por não provocar rejeição do organismo humano e induzir ao crescimento de novos tecidos. Don Hourahane, da Plastifil, empresa sul-africana que vem produzindo o carvão-fibra, declara: "Testes têm demonstrado que ele é duas vezes mais forte que o alumínio, à razão da metade da massa, ou tão forte como o aço, a 20 por cento da massa".

Largamente utilizada na indústria automobilística fora da África do Sul, aquela substância pode servir ainda para a confecção de membros artificiais. (Peter Krone — ABIM)