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INTERROGAÇÕES SOBRE O MODELO POLONÊS

Os grandes meios de comunicação social do Ocidente vêm dando ao líder sindical polonês Walesa uma publicidade que o tornou mundialmente conhecido em apenas alguns meses.

Ostensivamente ligado à Igreja, Walesa, e a central sindical que lidera — "Solidariedade" —, enfrentam o governo de Varsóvia. Mas não desejam a derrocada do regime comunista em seu país. Pelo contrário, procuram compor-se com ele, tentando impor a voz da moderação aos setores mais descontentes do operariado e a movimentos antimarxistas.

A projeção conferida pela grande imprensa ocidental à crise polonesa parece indicar o lançamento de um novo modelo — intermediário entre o comunismo soviético e a democracia liberal? — que suporia a composição entre os principais elementos em jogo: Igreja, governo polonês, sindicatos livres do tipo de "Solidariedade" e Rússia.

Que características apresentaria o novo modelo quanto à propriedade particular, por exemplo?

Na análise que publicamos à página 3, o leitor encontrará dados para melhor avaliar as interrogações que a situação polaca suscita.

Na foto, operários das usinas de carvão da Silésia em greve recente, devido às péssimas condições de vida impostas pelo regime comunista.


Anomalias recentes da vida familiar

A Suécia, durante muito tempo considerada o "paraíso" do socialismo e da liberdade em matéria de costumes, vive agora uma nova experiência: filhos se divorciam dos próprios pais.

O caso mais comum passa-se da maneira seguinte: dois jovens se casam, têm um ou dois filhos, e logo um dos cônjuges não encontra mais no outro os atrativos que os uniam. Depois de algumas brigas, o marido, por exemplo, abandona o lar e junta-se a uma concubina. E os filhos assistem a esse triste espetáculo.

Como resultado, os primeiros casos de filhos que desejam abandonar o lar materno ou paterno já se encontram nos tribunais suecos. As decisões judiciais têm favorecido os filhos menores, que vão assim viver com outras famílias. Isso vem fornecendo pretexto à maior tutela e intromissão estatal no âmbito da família, assunto agora em discussão entre membros do parlamento sueco.

Enquanto isso, na França, começa a surgir um tipo de papai sui generis: enquanto a mulher vai ao trabalho, ao cinema, ou em casos de desquite e divórcio, o marido fica cuidando das crianças como faria a dona-de-casa. Na página 6 o leitor encontrará um comentário sobre essa nova moda, que a imprensa está rotulando de "pais-galinhas". Nas fotos, flagrantes de um "pai-galinha" francês.


São Francisco de Sales

Patrono da boa imprensa

A 24 de janeiro celebra-se a festa de São Francisco de Sales, Doutor da Igreja, apóstolo da Contra-Reforma, padroeiro dos escritores e jornalistas católicos.

De nobre família, nasceu na Saboia a 21 de agosto de 1567, tendo estudado em Paris e depois Pádua. Ordenado Sacerdote a 18 de outubro de 1593, foi eleito Bispo de Genebra a 8 de dezembro de 1602. Oito anos depois fundou com Santa Joana de Chantal a Ordem da Visitação de Santa Maria. Faleceu em Lyon a 28 de janeiro de 1622.

Em sua juventude, torturado por uma terrível tentação de desespero, prosternou-se aos pés de uma imagem da Virgem Santíssima, por cujo intermédio fez a seguinte oração: "Meu Deus, se devo sofrer a desgraça de Vos odiar eternamente, fazei ao menos que sobre a terra Vos ame de todo o coração". Ao terminar esse ato de amor, a terna intercessão da Medianeira de todas as graças lhe devolveu inteiramente a paz de alma.

De trato afável e ameno, diametralmente oposto à rigidez ácida dos calvinistas, São Francisco de Sales desempenhou relevante papel na Contra-Reforma. Sua luta intrépida contra a principal heresia da época, o protestantismo, reconduziu à Fé católica 72 mil hereges. Não obstante, foi obrigado a exercer seu múnus episcopal com sede na cidade francesa de Annecy, a tal ponto sua diocese de Genebra, em território suíço, tornara-se foco do calvinismo.

Seus escritos, em estilo sereno e agradável, revelam ao mesmo tempo seu zelo ardoroso. A "Introdução à Vida Devota" e o "Tratado do Amor de Deus" visavam o afervoramento dos fiéis para se oporem eficazmente às investidas do orgulho e da sensualidade que o neopaganismo renascentista e o protestantismo suscitavam então na Europa. As "Controvérsias" revelam o vigoroso polemista católico. Essas preciosas obras que legou aos tesouros doutrinários da Igreja explicam a razão de ter sido escolhido como patrono dos escritores e jornalistas católicos. E, portanto, padroeiro de "Catolicismo", que, por ocasião de sua festa, a qual se comemora no corrente mês, aproveita o ensejo para prestar sua homenagem ao insigne Doutor da Igreja.

O Papa Pio XI, dirigindo-se a todos aqueles que, pela publicação de jornais ou de outros escritos, explicam, propagam e defendem a doutrina católica, teceu as seguintes considerações, muito oportunas para ilustrar o tema: "O exemplo do Santo Doutor [São Francisco de Sales] lhes traça claramente a linha de conduta: estudar com o maior cuidado a doutrina católica, possui-la na medida de suas forças, evitar quer a alteração da verdade, quer a sua atenuação ou dissimulação com pretexto de não magoar os adversários; atender à pureza e elegância de estilo, revestindo e adornando as ideias com uma linguagem brilhante que torne a verdade atraente ao leitor; impondo-se o combate, refutar os erros e opor-se à malícia dos obreiros do mal, mostrando sempre estar-se animado de intenções retas e impulsionado acima de tudo por um nobre sentimento de caridade" (Encíclica "Rerum Omnium", de 26 de janeiro de 1923).