| O TERRÍVEL... |Continuação
Soberanos Pontífices vêm reunindo o mais augusto dos senados, isto é, o Sagrado Colégio dos Cardeais. Realmente, não consigo imaginar que em nossos dias se pudesse fazer mais para prestigiar um mero particular. Dando à minha reflexão a entonação discreta, imposta pelo respeito, devo dizer que nem sequer imaginei ser possível fazer tanto.
Mas, oh assunto matizado! Aqui mesmo cabe uma observação rica em significado psicológico, e em alcance. Máxime em se tratando - eu já o disse no artigo anterior - da Santa Sé, cuja diplomacia passa por ser, a justo título, a mais famosa do mundo.
Na medida em que seja lícita a metáfora, digo que a audiência dada por João Paulo II é comparável a uma potente lâmpada acesa junto a Walesa. Mas, a esta lâmpada, o próprio jornal oficioso do Vaticano - de João Paulo II - circunda com um abat-jour.
* * *
Sabe-se que nos jornais atualizados (e não há a menor dúvida de que "L'Osservatore Romano" é um destes) cada título de notícia, mais ainda, cada palavra é cuidadosamente contada, medida e pesada. No escolher para uma notícia a página em que deve ser publicada, e inclusive o lugar adequado na página, podem entrar subtilezas sem fim. E muito objetivas, porque em matéria de propaganda tudo pesa.
Ora, "L'Osservatore Romano" deu à visita de Walesa uma publicidade nada pequena. E nem poderia ser de outra maneira. Mas esta publicidade não tem as grandiloquências do órgão do PCI sobre o mesmo assunto. Assim:
1. Em "L'Osservatore Romano" do dia 16, figura, no alto da primeira página, à direita, uma notícia sobre a audiência de João Paulo II ilustrada com fotografia. Mas a notícia ocupa só as três das sete colunas da página. Lado a lado, e também em três colunas, no alto da página, há outra notícia, e mais uma vez sobre outra audiência do Sumo Pontífice. Foi esta "aos participantes do primeiro Congresso para a Família da África e da Europa". Lado a lado, que temas desigualmente importantes igualados entretanto na mesma prateleira...
Isto quanto à embalagem.
2. E agora quanto à substância. Enquanto o próprio fato do recebimento de Walesa e dos seus na Sala do Consistório de tal maneira coruscou na Polônia e no mundo, essa notícia em "L'Osservatore Romano" se apresenta bastante sóbria. Ela consiste principalmente na reprodução do texto do discurso pontifício em polonês e em italiano. Comparativamente com as referências bombásticas do jornal comunista à investidura dada a Walesa pelo Pontífice, e ao cotejo entre Walesa e os imperadores do Sacro Império, quanto é sóbria a linguagem de "L'Osservatore Romano"! Para fato tão coruscante, por que tanta sobriedade (a qual o jornal repete no resto da notícia, na página dois)? De outro lado, por que a publicidade do PCI põe uma lente de aumento na coruscação que beneficiou Walesa? Enigma, mistério. Talvez não seja demais acrescentar, desconcerto.
3. Saudando João Paulo II, Walesa lhe pediu diretrizes: "Esperamos teus conselhos, e sempre te serviremos com fidelidade" ("Avvenire", porta-voz do Episcopado italiano, 16-1-81). A esse pedido seguiu-se a alocução em que o Sumo Pontífice dá suas diretrizes a Walesa. Elas poderiam resumir-se no binômio destemor e moderação. Com uma discreta mas definida tônica sobre a moderação. Ficou assim patente que Walesa se propõe a agir segundo o rumo desejado por João Paulo II. E que este tem esperança na fidelidade do líder de "Solidariedade". Aqui está o núcleo da troca de discursos, o qual confere sentido a tudo mais. Entretanto, "L'Osservatore" não o deixa ver claramente, pela simples razão de que da saudação de Walesa reproduz apenas tópicos menos significativos. Por que foi omisso, precisamente neste ponto chave, o competentíssimo "L'Osservatore Romano"?
4. Quanto ao jornal comunista "L'Unità", também não publica o pedido de diretrizes de Walesa, embora tal pedido contribua sensivelmente para caracterizar o que ele chama entusiasticamente de "investidura". Por que esta omissão?
Mistérios. Ainda aqui, mistérios.
E mais uma vez me vem ao espírito o confronto entre Ivã, o Terrível, e Leonid, o Temido. Entre a terribilidade louca e facinorosa do século XVI, mas autêntica, e a terribilidade balofa, suspeita, meio real e meio folclórica, do velhaco e banal Temível do século XX.
Na entrevista à imprensa, dirigida por um jornalista inglês (à direita), Walesa foi eficientemente assessorado pelo intelectual polonês Tadeusz Masowiecki (à esquerda).
Péricles Capanema
As primeiras notícias acerca da esmagadora vitória de Reagan sobre Carter provocaram ondas de espanto e incredulidade nas mais variadas camadas de opinião. A repetição monótona de conceituadas agências de pesquisa reafirmava, até a véspera do 4 de novembro, que estava indecisa a disputa pela suprema magistratura dos Estados Unidos; os dois candidatos corriam virtualmente empatados.
Já na noite da eleição explodiu a notícia — como se sabe, o desafiante conservador esmagou o oponente: 51% a 41%. Em número de votos no colégio eleitoral, a vitória se apresentava ainda mais inequívoca: 489 a 49. Isto é, grosso modo, triunfou no país inteiro. Dos 51 Estados da Federação, Carter, além de sua nativa Georgia, venceu apenas em Minnesota — terra de seu companheiro de chapa para a vice-presidência —, Havaí, Rhode Island, Washington, Delaware, West Virginia e Maryland.
Passadas algumas horas, a vitória conservadora se ampliava. O Senado norte-americano, onde se renovou um terço das 100 cadeiras, voltava a ter maioria do Partido Republicano, que conquistou 22 assentos, ficando os restantes 12 com o Partido Democrata. Como foi noticiado, entre os perdedores havia figuras esquerdistas de expressão mundial, como McGovern, Javits, Bayh e Church. A Câmara Alta conta agora com 53 republicanos, 46 democratas e 1 independente. Nem todos os republicanos eleitos eram conservadores, embora o fossem na quase totalidade. Entretanto, dentre os democratas do Senado há alguns categoricamente anti-esquerdistas, em especial os do sul, o que representa, no total, nítida vantagem numérica para o bloco conservador.
As eleições para a Câmara Federal (House of Representatives) concomitantemente trouxeram novo golpe para a aturdida esquerda, já desconcertada com o resultado das disputas presidencial e senatorial. A maioria democrata naquela ocasião baixou de 114 para 51 deputados, mas, como confessa o insuspeito semanário "Time", entre os democratas há 26 conservadores. Na realidade, o recém-constituído Fórum Democrático Conservador já em novembro do ano passado possuía 34 membros, o que configura, na prática, maioria antiesquerdista. O semanário "News-week" (24-11-80), indo mais longe, afirmou: "[Os republicanos] dominam o Senado, pela primeira vez desde 1954, e, como supôs o senador democrata por Nova York, Patrick Moynihan, poderiam mantê-lo até o fim da década. Transformaram a Câmara Federal, baixando a maioria democrata de 114 para 51 e colocando uma maioria conservadora bipartidária no seu controle". Edward Walsh conjetura que, dependendo do tema, as causas conservadoras podem atrair entre 30 a 50 votos dos democratas da Câmara ("Washington Post", 28-11-80).
Que teria acontecido para determinar virada tão desconcertante? O que sucedera na alma da nação mais poderosa da Terra para mandar para casa importantes e numerosos esquerdistas , colocando em seu lugar figuras que realizaram a campanha eleitoral com base em nítido programa conservador?
A imagem do Colosso do Norte, sempre tendendo a se enfunar com os ventos da modernidade malsã — largamente acreditada no mundo inteiro —, era também inculcada nos Estados Unidos pelas tubas da propaganda, no seu homem médio. Quando este olhava em torno de si, via a maioria de seus conhecidos composta de cidadãos decentes, chocados com a avalancha permissivista e temerosos da vacilante e débil política frente aos russos. As eleições anteriores colocaram nos postos representativos um bloco de esquerdistas que não correspondiam ao sentir autêntico do common man. Algo de falseado existia entre o tom das vozes que falavam em nome do país e o timbre que seu habitante acharia normal. Uma trinca havia entre poderosas vozes do contubérnio do mundo propagandístico e político e as multidões dos pacatos cidadãos norte-americanos.
Nessa trinca entrou como um tufão a conjunção de forças conservadoras, hoje conhecida mundialmente sob o nome de "Nova Direita". Mediante enérgica e inteligente ação, contribuiu significativamente para mudar a feição publicitária dos Estados Unidos.
As variadas táticas empregadas, das quais se falará, embora dentro dos acanhados limites de um artigo, se resumem num ponto: retirar a "maioria silenciosa" de sua apatia e alheamento dos problemas nacionais e levá-la a se exprimir com. autenticidade. Numa palavra, utilizando expressão usada nos Estados Unidos, fazer a "maioria silenciosa" rugir.
Robert Dornan venceu a mais acirrada disputa à Câmara Federal, pelo Estado da Califórnia. Seu oponente, filho do artista de cinema Gregory Pede, recebeu milhões de dólares de organizações esquerdistas ou favoráveis ao aborto.
Quais eram os componentes principais das desavenças, muitas vezes implícitas, seguidamente camufladas, entre o que tonitruava a propaganda e a opinião do cidadão comum? Ei-las:
• Acelerado armamentismo russo, ameaçando o país e "a segurança do mundo livre, sem cessar sua expansão imperialista.
• Aumento dos impostos e regulamentações, subindo a graus insuportáveis a ingerência estatal na vida privada.
• Grande preocupação com a liberação do aborto.
• Na TV e cinema, a pornografia impune.
• Ameaça aos fundamentos da vida familiar e social, com o feminismo exaltado da emenda constitucional ERA (Equal Right Amendment).
• O ateísmo crescente em vários campos da atividade humana.
Enquanto os senhores do poder político e publicitário procuravam dar a entender que a nação, como um bloco, desejava a détente, o aborto, a pornografia, o igualitarismo insensato entre os sexos, foram-se constituindo, sem atrair os holofotes da atenção dos grandes meios de comunicação social, os grupos que emergiram para o proscênio, por ocasião das eleições de 1980.
Tendo como centro de suas atenções o mal-estar generalizado, deram forma e expressão ao descontentamento, o que permitiu a criação de uma estratégia nova, com amplas possibilidades de êxito.
O grande propagandista da Nova Direita é o eficiente homem de ação e observador perspicaz Richard Viguerie, diretor da revista "Conservative Digest" e da empresa de "mass mailing" ("mala direta") — The Viguerie Co. Ele explica que, independente da filiação aos dois maiores partidos, o que desejava era atingir o público que, de uma forma ou de outra, discordava dos rumos que os Estados Unidos trilhavam.
Viguerie, em artigo de "Conservative Digest" de outubro de 1980, constatava o fato de que, para a maioria dos observadores políticos, os esquerdistas têm "efetivo controle dos meios de comunicação de massa — um monopólio virtual da TV, rádio, jornais e revistas". E acrescentava: "Não é que meios de informação apresentem as notícias de maneira preconcebida, mas apresentam o lado positivo das causas esquerdistas, dos temas esquerdistas, das pessoas esquerdistas e, na maior parte das vezes, ignoram as causas conservadoras, os temas conservadores e personalidades conservadoras ou os apresentam de maneira desfavorável".
Optou então pelo uso maciço dos serviços de "mala direta" para difusão de ideias, recolhimento de contribuições, propaganda eleitoral de candidatos, campanha de denúncias etc. Tal sistema também é amplamente usado no suporte de institutos de estudos, os "think tanks", que serão comentados posteriormente.
"Francamente, o movimento conservador está onde está por causa da "mala direta". Sem a "mala direta” não haveria contra-força ao esquerdismo e, certamente, não havia Nova Direita. [...] A maioria dos observadores políticos concorda que os esquerdistas têm efetivo controle dos meios de comunicação social - virtual monopólio na TV, rádio, jornais e revistas."(Richard Viguerie).
Nos últimos seis anos foram enviadas mais de um bilhão de cartas, afirmou Viguerie, acrescentando: "Por muitos anos, estávamos frustrados porque não tínhamos um veículo para transmitir nossa mensagem aos eleitores, sem passar pelos filtros dos meios de informação tendentes à esquerda" ("Conservative Digest", novembro de 1980).
Explica Viguerie como tais métodos ajudaram a derrotar candidatos de esquerda: "Durante os anos 50, 60 e 70, os políticos de esquerda eram capazes de fazer discursos que soavam como se tivessem sido escritos por Barry Goldwater [senador de direita]. Podiam ir para suas regiões eleitorais nos fins de semana e fazer discursos defendendo um Estados Unidos forte, atacando o desperdício no governo e se lamentando do gigantismo governamental. Então, nas segundas-feiras, os esquerdistas retornavam ao Congresso e votavam contra novos sistemas de armas, entregavam o Canal do Panamá, aumentavam impostos; criavam novos departamento no governo e enfraqueciam a CIA. De vez em quando, visitavam líderes comunistas como Fidel Castro e voltavam elogiando-os. Mas a maioria dos eleitores de South Dakota ou Idaho nunca tomava conhecimento disto. Por que os eleitores de South Dakota, Idaho, Iowa, Indiana, Wisconsin e outros Estados não conheciam o duplo jogo de seus senadores, de seus deputados federais (pareciam conservadores nas regiões eleitorais, agiam como esquerdistas fora daí)? Porque a maior parte dos meios de comunicação social não informava".
Então as organizações conservadoras, por meio de cartas, folhetos, contatos pessoais, chamadas telefônicas, informavam os eleitores como seus representantes haviam votado no Congresso e... o resultado foi o conhecido.
Paul M. Weyrich, diretor do Committee for the Survival of a Free Congress (Comitê pela Sobrevivência de um Congresso Livre), forma líderes políticos conservadores.
Em sintonia com esse trabalho, o atuante Committee for the Survival of a Free Congress (Comitê pela Sobrevivência de um Congresso livre) recruta, treina, assiste e arquiteta a campanha dos candidatos conservadores. Seu diretor, Paul M. Weyrich, em intensa e esclarecida ação, dotou o país de verdadeira mina de futuros líderes.
De outra parte, há patrocinadores estáveis para programas de rádio e televisão que atingem 20 milhões de pessoas. Tais programas, defendendo valores morais e funcionando ininterruptamente, continuam no ar mesmo nas épocas em que não se realizam campanhas eleitorais.
Outra atividade desse grupo de organizações é alvo das preocupações dos dirigentes das grandes redes de televisão. Verificam elas as empresas que patrocinam novelas e apresentações pornográficas na TV e procuram convencê-las a retirar o patrocínio de tais programas. Se não são atendidas, convidam o público a deixar de comprar os produtos dessas empresas.
A companhia Warner-Lambert, oitava nos Estados Unidos em gastos de publicidade pela televisão (60 milhões de dólares em 1979 — cerca de 4,2 bilhões de cruzeiros) cessou há poucas semanas o patrocínio de um programa imoral, temerosa das consequências do boicote a seus produtos. John Hurt, um dos líderes da campanha, declarou: "Os patrocinadores são o calcanhar de Aquiles da TV. [...] A intenção da campanha não é tirar programas do ar, mas insistir em limpá-los para que não sejam um insulto às pessoas decentes e não exerçam uma influência negativa nos jovens" ("Time", 15-12-80).
Além dos recursos enunciados acima, são amplamente utilizados o contato pessoal, a distribuição de folhetos de casa em casa, o telefone, conferências, congressos, cursos etc. O Conservative Caucus (Caucus Conservador), dirigido por Howard Phillips, se empenha especialmente nesse labor.
Resta tratar de outros movimentos do universo da Nova Direita e de suas instituições de pesquisa e estudo. Os primeiros combatem o assalto do permissivismo e do socialismo. Suas instituições de pensamento, ao lado de livros tratando de temas específicos contrários à esquerda, tem um lado positivo: compõem o que se poderia chamar o programa conservador.
Naturalmente, não será possível discorrer sobre todos. São muito numerosos. Não o permitem os limites de um artigo. Serão tratados apenas alguns dos mais significativos.
A inteligente e persuasiva Sra. Phyllis Schlafly dirige com discernimento a corrente de opinião em defesa da família. Luta com sucesso contra a aprovação da ERA, emenda constitucional que intenta oficializar legalmente um feminismo extremado.
O boletim "Eagle Forum", sob sua direção, lembra que três mulheres disputaram as eleições para o Senado. Destas, Paula Hawkins, antifeminista, da Flórida, foi eleita, opondo-se à ERA. Elizabeth Holtzman, de Nova York, e Mary Buchanan, do Colorado, favoráveis à ERA, sofreram amarga derrota eleitoral. O boletim noticia ainda que em Iowa, no dia 4 de novembro, houve plebiscito sobre a controvertida emenda. 55% votaram não. E a maior firma de pesquisas de opinião pública do Estado havia predito a vitória para a ERA com maioria de 59%...
A Sra. Phyllis Schlafly, reconhecida líder nacional conservadora, obteve importantes vitórias em sua luta contra o movimento feminista.
Além da luta contra a ERA, a Sra. Phyllis Schlafly dirige campanhas contra o aborto, discursa em favor de candidatos que defendem a instituição da família e leva a cabo intensas atividades contrárias ao permissivismo moral.
Tarefa meritória executa o dinâmico American Security Council (Conselho Norte-Americano de Segurança), mostrando com seriedade e abundância de dados a impressionante corrida armamentista do imperialismo comunista e seus manejos expansionistas. Para o esclarecimento do público edita o boletim "Washington Report" e produz o difundido programa radiofônico do mesmo nome. Vai ao ar também a "Radio Free Americas", diariamente transmitido em espanhol por 34 emissoras. Além de livros publicados, o American Security Council promove conferências e reuniões em Washington, para debates de problemas de segurança nacional. Sua última ação de repercussão em todo o país foi animar e coordenar a oposição vitoriosa contra a ratificação do SALT-2, tratado concessionista assinado por Carter com a Rússia, sobre armamentos.
Em semelhante linha de atuação há o Council for Inter-American Security (Conselho para Segurança Inter-americana), que publica o boletim "West Watch", onde o editor L. Francis Bouchey é conceituado especialista em assuntos latino-americanos.
Contam-se ainda entre os movimentos de importância The American Conservative Union (União Conservadora Americana), Moral Majority (Maioria Moral), Religious Roundtable (Mesa Redonda Religiosa), National Christian Action Coalition (Coalizão de Ação Cristã Nacional), National Pro-Family Coalition (Coalizão Nacional Pró-Família), Catholics for Christian Political Action (Católicos por Ação Política Cristã), Concerned Womenfor America (Mulheres Preocupadas pelos Estados Unidos da América).
Ao lado da lista supra, devem ser mencionadas duas figuras que simbolizam enérgicas correntes de opinião.
Uma delas é o novo senador pelo Alabama, Almirante Jeremiah Denton, herói de guerra no Vietnã. Instado pelo hábil e ativo Paul Weyrich, diretor do Committee for the Survival of a Free Congress há pouco citado, a concorrer ao pleito, o Almirante Denton venceu a eleição baseado num categórico programa anticomunista e de defesa dos valores da família.
"THINK TANKS" ("RESERVATÓRIO DE PENSAMENTO") DA NOVA DIREITA
Heritage Foundation
(Fundação Heritage)
The Hoover Institution
(Instituição Hoover)
Georgetown University Center for Strategic and Internacional Studies
(Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais da Universidade de Georgetown)
Institute for Contemporary Studies
(Instituto de Estudos Contemporâneos)
Institute for Foreign Political Analysis
(Institute de Análise Política do Exterior)
American Enterprise Institute
(Instituto Americano do Empreendimento)
Outra figura de destaque é o deputado federal Robert (Bob) Dornan, orador fluente que, pela decidida postura favorável ao aumento do potencial defensivo dos Estados Unidos, como por seus pronunciamentos anti-ERA e anti-aborto, tende a se transformar em figura nacional. Em seu Estado, a Califórnia, a esquerda tinha especial interesse em derrotá-lo e lançou contra Bob Dornan o filho de Gregory Peck, conhecido ator de Hollywood. Segundo alguns, foi a mais cara campanha para deputado dos Estados Unidos. Dornan lutou com denodo e obteve brilhante triunfo.
Resta falar dos institutos de pesquisa e investigação, os "think tanks".
A expressão inglesa significa "reservatórios de pensamento", locais onde se discutem e se colecionam idéias. Envoltos numa batalha ideológica — pois se trata de esclarecer, refutar ou convencer correntes de opinião — é justificável a merecida saliência conferida a tais institutos, onde parte ponderável da intelligentsia conservadora reúne-se para a edição de livros, exposição de princípios e posições, elaboração de estudos contrários ao pensamento da esquerda, preparação de programas de governo para seus políticos eleitos a cargos de direção.
Os "think tanks", de outro lado, completam a formação e ampliam os horizontes de boa parte dos jovens promissores do movimento conservador.
Entre tais instituições, destaca-se a Heritage Foundation (Fundação Heritage), criada em 1974 para auxiliar membros do Congresso. Conta com o apoio atualmente de 100 mil pequenos doadores e alguns grandes patrocinadores. Mantém laços estreitos com a nova administração federal, para a qual enviou um plano de 20 volumes, contendo sugestões para um governo conservador. Embora não seja a maior instituição "think tank", a agilidade intelectual de seus estudos a fazem merecedora de relevo especial entre tais institutos de pensamento.
The Conservative Caucus (Caucus Conservador) distribuiu mais de 300 mil petições ao Senado e à Casa Branca contra o tratado de limitação de armas estratégicas SALT-2.
A prestigiosa Hoover Institution (Instituição Hoover), o ativo American Enterprise Institute (Instituto Americano do Empreendimento), o Institute for Foreign Policy Analysis (Instituto de Análise Política do Exterior) e o Georgetown University Center for Strategic and International Studies (Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais da Universidade de Georgetown) são outras instituições a salientar.
Destes centros saíram muitos auxiliares de primeiro nível do governo Reagan.
Era necessário que tão impressionante atuação conservadora despertasse as iras de esquerdistas prejudicados.
Essas não se fizeram esperar. Uma das organizações atacadas, em virtude de sua ativa campanha favorável ao aborto, foi a Planned Parenthood (Paternidade Planificada). O articulista Enid Nemy, noticiando a determinação da abastada organização, assevera: "Planned Parenthood planeja deixar de lado sua imagem gentil, tirar as luvas brancas e começar uma ofensiva contra o que é descrito como uma ameaça à liberdade, da parte de uma perigosa aliança nova. A assim chamada Nova Direita emergiu como uma força altamente visível e eloquente neste país" ("The New York Times", 5-9-80).
"O fato é que o centro neste país moveu-se para a direita." (William Rusher).
A Planned Parenthood enviou carta de quatro páginas a milhares de americanos, pedindo contribuições e relatando atos de violência e vandalismo que estariam sendo cometidos por adversários do aborto. Como não havia na missiva nenhum nome ou fato que comprovasse as acusações, John D. Lofton Jr. telefonou à organização pedindo provas do que essa afirmava. Inicialmente, não obteve o desejado. Depois de muito insistir, foram-lhe enviados quatro artigos de jornais que nada comprovavam. Nem nomes, nenhum fato... Em outros termos, campanha de difamação e calúnia.
Essa mesma organização publicou também propaganda de página inteira em "The New York Times". E prometeu continuar suas escaramuças, o que prenuncia disputas acirradas, pois, como se sabe, a Planned Parenthood é a maior entidade internacional especializada na propagação e apoio técnico e financeiro às campanhas de contracepção, aborto e educação sexual.
Outro movimento de esquerda, o American Civil Liberties Union (União Americana pelas Liberdades Civis) adotou análogo procedimento. Publicou acerbos anúncios no mesmo jornal.
A pornográfica revista "Play-boy", em matéria paga, também em "The New York Times" (9-12-80), investiu furiosamente contra a Nova Direita, dizendo que ela ameaçava a liberdade de pensamento e ação. E anunciou com estas palavras um artigo do ex-senador McGovern: "Ele mesmo, uma recente vítima da vingança política da Nova Direita Moral"... McGovern e Johnny Greene escreveram na mencionada revista, atacando duramente a Nova Direita.
O ex-senador pela South Dakota formou a Common Sense Coalition (Coalizão do Senso Comum), para combater permanentemente a onda ascensional da Nova Direita. Seu colega do Missouri, Eagleton, que quase não se reelegeu por causa da campanha conservadora, está preparando relatório para distribuir aos candidatos de sua corrente, sugerindo meios de contra-ataque.
A disputa caminha para o terreno áspero. Os esquerdistas sentem que lhes carece o principal: um apoio sólido da opinião norte-americana. William Rusher, editor da "National Review", assim comenta a nova disposição do público: "O fato é que o centro neste país moveu-se para a direita" ("Time", 15-12-80).
Continua