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Nicarágua: sandinistas "cristãos" tiram a máscara

"Na Nicarágua dizemos que ser cristão é ser revolucionário. Em nosso país coincidiram no tempo uma Igreja renovada, uma Igreja ativa e combativa, uma Igreja cristã, com um povo cristão, sandinista, lutando contra uma ditadura sanguinária".

Assim se exprimia no TUCA — Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo —, a 28 de fevereiro de 1980, dirigindo-se a Padres, freiras e ativistas leigos das comunidades eclesiais de base, o dirigente sandinista Daniel Ortega, hoje o homem forte da Nicarágua. Insistindo no caráter "cristão" da revolução nicaraguense, Ortega disse, na mesma ocasião, que ela tampouco não estava alheia "ao sangue derramado em nosso Continente, em luta permanente para alcançar a sua libertação" (ver "Catolicismo" no.s 355-356, julho-agosto de 1980).

Realmente, a revolução sandinista não está nada alheia ao sangue derramado em nosso Continente, mas de modo especial em El Salvador e outros países da América Central. O que se torna cada vez mais difícil, no entanto, é manter o rótulo de "cristão", que tão bem serviu aos interesses da guerrilha sandinista.

Hoje, "o povo nicaraguense vive sob uma ditadura comunista", conforme reconheceu um ex-integrante da própria junta de governo que assumiu o poder em 1979, Alfonso Robelo. "A Frente Sandinista de Libertação Nacional tem medo de enfrentar uma democracia e não aceita a realidade de que seus membros são apenas uma minoria armada que reprime um povo inteiro", acrescentou Robelo, em declarações divulgadas por emissoras da Costa Rica.

Em Honduras, o ex-membro da junta voltou a acusar o regime sandinista de executar uma "política totalitária marxista-leninista para continuar no poder". "Existe uma identificação plena entre o governo da Frente Sandinista e os guerrilheiros salvadorenhos, porque ambos pertencem a uma ideologia comum", destacou Robelo.

Assim, uma revolução que se diz "cristã", que recebeu o apoio de ponderáveis setores eclesiásticos, já não ensanguenta apenas o próprio país, mas avança sobre El Salvador.

As proporções que vai atingindo o poderio vermelho na América Central e no Caribe chegam a preocupar seriamente o governo norte-americano. "Um exército de 50 mil homens, como o que está sendo organizado na Nicarágua, não pode ser considerado uma força puramente defensiva e certamente não contribui para a estabilidade na região", afirmou William Dyess, porta-voz do Departamento de Estado.

Somando-se as forças militares da Nicarágua e de Cuba, sua poderosa aliada, comunistas contariam com um exército de 230 mil soldados (o Brasil tem cerca de 183 mil), ao qual se deveria somar uma milícia popular de 300 mil homens.

No momento em que a subversão avança não só na América Central, mas assume sérias proporções na Colômbia e começa a apresentar seus sintomas em nosso próprio País, é elucidativa a análise da posição assumida por altas figuras eclesiásticas da Nicarágua, que apresentamos às páginas 4 e 5.

Na foto, tanques sandinistas desfilam em Manágua.


São José: a grandeza rejeitada

No dia 19 de março celebra-se a festa de São José, Patrono da Igreja, pai adotivo do Menino Deus, esposo da Santíssima Virgem. Títulos de uma grandeza incomparável, que propomos ao leitor considerar.

O esposo deve ser proporcionado à esposa. Ora, quem é Nossa Senhora? A mais perfeita de todas as criaturas, a obra-prima do Altíssimo. Se somarmos as virtudes de todos os Anjos, de todos os Santos, e de todos os homens até o fim do mundo, não teremos sequer uma pálida ideia da sublime perfeição da Mãe de Deus.

Mas um homem foi escolhido entre todos, para ser proporcionado a essa excelsa criatura. Proporcionado, naturalmente, por seu amor de Deus, por sua sabedoria, pureza, justiça, por todas as qualidades e virtudes. Esse homem foi São José.

Há algo ainda mais insondável: o pai deve ser proporcionado ao filho. Era preciso um homem que carregasse com toda dignidade a honra de ser pai adotivo de Deus. E houve um só, criado especialmente para essa missão, com a alma adornada de todas as virtudes, inteiramente à altura de tão sublime vocação: tal homem foi São José.

Era proporcionado a Jesus Cristo, era proporcionado a Maria Santíssima. Que mais seria preciso dizer? Tal é a desproporção com os demais homens, que não podemos formar uma ideia de sua grandeza! Isto significa ter uma tal intimidade com o Verbo encarnado, penetrar de tal maneira na alma santíssima de Nossa Senhora, que o vocabulário humano não encontra palavras para exprimir adequadamente.

Mais ainda: São José teve os lábios suficientemente puros e a humildade suficientemente grande para fazer esta coisa formidável: responder a Deus! Imaginemos a cena: o Menino Jesus, diante dele, pede um conselho: — "Como devo fazer tal coisa?"

E o Patrono da Igreja, mera criatura, sabendo que é Deus quem o interroga, dá-Lhe o conselho!

Ou então Nossa Senhora ajoelhar-Se diante de São José para servi-lo, porque era o senhor e o esposo dEla. E o grande Santo ver Aquela que Se encontra no pináculo do Universo ajoelhada diante de si e aceitar que Ela o servisse!

Imagine, leitor, se lhe for possível, um homem que teve bastante sabedoria e pureza para exercer a autoridade sobre Deus humanado e a Virgem Maria. Então compreenderá que São José é simplesmente inimaginável, excede às cogitações humanas. Somente no Paraíso Celeste teremos ideia de sua perfeição sublime.

Essa é a grandeza de São José. Como foi ela recebida pelos homens?

Diz São Lucas (cap. 2, v. 7) que Maria "deu à luz o seu Filho primogênito, e O enfaixou e reclinou numa manjedoura; porque não havia lugar para eles na estalagem".

Verdade amarga: os homens têm particular dificuldade em receber aquilo que é grande — mais ainda, o que é divino — por causa de sua mesquinhez. Pensamos, às vezes, que o gosto dos homens está em tratar com o que é importante, alto, sublime. É um gosto que existe, sim, mas apenas superficial e interesseiro.

O grande apego dos homens não se volta para a grandeza, nem para a riqueza; é para a mediocridade, particularmente a um misto heterogêneo de bem e de mal, com um gosto mais acentuado pelo mal que pelo bem.

Então compreendemos porque não havia lugar para aquele casal sumamente distinto e majestoso, mas pobre.

São José — príncipe da Casa de David, da casa real deposta, decadente, mas que estava em seu apogeu porque dela nascia o Esperado das nações — bate à porta e é rejeitado!

O sofrimento o golpeava como uma lança, pois era obrigado a conduzir Nossa Senhora a uma gruta, própria a animais, onde nasceria o Menino Jesus.

Nesse lance de dor, vemos ao mesmo tempo sua glória, à qual se acumularam muitas outras: a glória de ser um homem apagado, embora se lhe devesse honra pública; a glória de quem aceitou receber humilhações, ignomínias e o peso do opróbrio, que haveria de cair sobre Nosso Senhor. São José teve, desde o começo, a bem-aventurança especial de ser recusado por amor à justiça.

DESPONSÓRIO DE SÃO JOSE COM A VIRGEM SANTÍSSIMA - Fra Angelico (séc. XV), museu diocesano de Cortona


TFP PRESTA AJUDA EM CAMPANHA CONTRA TIFO - Sócios e cooperadores da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade — TFP — prestaram ajuda na campanha de vacinação contra o tifo, na cidade mineira de Conceição do Rio Verde, atingida pelas recentes inundações. A kombi com o estandarte rubro da TFP e munida de alto-falantes percorreu os bairros, convocando a população para comparecer ao posto médico.