Péricles Capanema
Após uma primeira fase em que o Episcopado da Nicarágua, tomado em seu conjunto, apoiou enfaticamente a revolução sandinista, verifica-se agora novo tipo de relações entre o governo do país e os Bispos. Quais as características desta segunda fase? Que lições encerra para os latino-americanos, já que o "modelo nicaraguense" é apresentado por porta-vozes da esquerda católica ou laica como ideal a ser imitado? Que repercussões a revolução sandinista causou dentro da Igreja? É o que pretendo tratar neste artigo.
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Inicialmente, em rápidos traços, o quadro antigo. O governo de Somoza incorreu em práticas censuráveis. A Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), cujos chefes foram armados e treinados especialmente em Cuba, apresentou-se como ponto de aglutinação dos setores descontentes. Nunca negando seu caráter marxista-leninista, embora dele não fazendo propaganda — disfarçando-o mesmo — para evitar atemorizar os incautos, a FSLN pouco a pouco foi arregimentando em torno de seu comando as diversas oposições do país. Fortemente assistida por governos e instituições de centro-esquerda e por Cuba (entenda-se Rússia; Cuba por si só atualmente mal consegue plantar cana), investiu militarmente contra as tropas da Guarda Nacional nicaraguense.
Não apenas militarmente. Ao mesmo tempo, desencadeou-se intensa propaganda pró-sandinista nos meios de comunicação social do Ocidente. Carter cortou o auxílio a Somoza, enquanto a Rússia apoiava os guerrilheiros. Em consequência, Manágua tombou em mãos de um movimento — o sandinismo —cuja cúpula toda era constituída por marxista-leninistas, formados nas doutrinas e métodos das escolas do PC.
Apenas os estudiosos do comunismo dotados de acuidade analítica vislumbravam com certeza a manobra política em curso: um grupo de revolucionários profissionais, exercitados nas técnicas de agitação e propaganda, a comandar massas de descontentes, com graus diferentes de doutrinamento marxista e de exaltação temperamental.
O fato de existir pessoas distantes do marxismo na Frente Sandinista não lhe tira o caráter leninista. O próprio Lenine aceitava no partido todos aqueles que concordassem em se submeter a seu programa e diretrizes. Afirmava que aceitaria até sacerdotes.
Humberto Ortega, atual ministro da Defesa e sandinista de destaque, declarou há poucos meses, ao ser entrevistado pela Rádio Sandino: "Nunca negamos que fôssemos marxista-leninistas. Temos sempre declarado que somos sandinistas, mas nunca que não fôssemos marxista-leninistas" ("Review of the News", 13-8-80).
Entretanto, as promessas da FSLN eram de um tipo novo de revolução, respeitadora do pluralismo, sem sangue e sem cadeias.
Jamais o Clero participou tão ativamente de uma revolução como essa da Nicarágua. Especialmente nas fases finais do regime de Somoza, ostentou sua militância mediante a incorporação de Sacerdotes e leigos à guerrilha. Efeito mais devastador teve sem dúvida o abafamento de desconfianças generalizadas no povo nicaraguense de que assistia a uma revolução comunista clássica. As resistências que o temor levantaria foram corroídas pelo apoio generalizado do Clero à insurreição sandinista.
A esquerda católica do mundo inteiro exultou com a ascensão dos sandinistas ao poder.
Passaram-se os meses...
A revolução caminhava inexoravelmente radicalizando seu próprio processo. Aquilo que os olhares precavidos de alguns já vislumbravam antes mesmo da queda do regime de Somoza — cujos excessos contribuíam para o êxito da guerrilha — ia se tornando tenebrosa realidade. O marxismo-leninismo deixava aos poucos cair a máscara. Pluralismo sim, mas desde que controlado, o qual de nenhum modo ameaçasse o triunfo exclusivo do sandinismo. Campanhas de alfabetização, claro. Contudo, pelos métodos "conscientizadores" do tristemente famoso Paulo Freire. Soltar os presos políticos, naturalmente. Porém, não por enquanto. Seria preciso antes "reeducar" os sete mil infelizes antissandinistas que ainda jazem nas masmorras da ditadura. Eleições? Para o futuro...
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O Episcopado, que apoiara a guerrilha contra o regime de Somoza, diante dos rumos que tomou o sandinismo, procurou distanciar-se do processo revolucionário desenvolvido pelo novo governo. Para um católico autêntico, essa mudança suscitava esperanças e era fonte de consolações. Pelo menos passara a fase inicial, em que o inexplicável contubérnio do progressismo com os marxistas da FSLN desconcertava e espalhava o desânimo nos nicaraguenses desejosos de evitar o domínio dos seguidores de Marx e Lenine.
Tendo à frente a figura do Arcebispo de Manágua, D. Miguel Obando y Bravo, Sacerdotes e leigos de relevo exprimiram inicialmente com brandura seu desagrado em face dos rumos que a revolução sandinista tomava. Em entrevista a Gustavo C. Caycedo, de "El Tiempo" de Bogotá, em sua edição de 14-980, o Arcebispo expôs algumas das ponderações que apresentou aos membros do governo:
• Os sete mil presos políticos cuja situação não está clara, além da fome atroz a que estão submetidos. (Se compararmos a população da pequena Nicarágua com a do Brasil, isto equivaleria à existência em nosso País de mais de 350 mil presos políticos!).
• A televisão e a liberdade de expressão. O ministro do Interior reiterou que o governo garantia a liberdade de expressão, porém a televisão seria estatizada. "Mas permitiremos à Igreja que diga sua Missa".
• As escolas católicas. O ministro respondeu: "Vou ser sincero. Vão ser nacionalizadas, mas permitiremos que as freirinhas trabalhem nelas".
É digno de nota o tom zombeteiro do sandinista: "mas permitiremos à Igreja que diga sua Missa"; "mas permitiremos que as freirinhas trabalhem nelas". O porta-voz insuspeito do governo falava, na ocasião, ao mais categorizado representante da força que foi decisiva para o triunfo da revolução!
O caráter ateu, a militância marxista-leninista, os controles e cerceamentos crescentes às liberdades fizeram crescer as inconformidades e o senso católico arraigado no povo reagiu com vigor. Os sandinistas revidaram com um duro comunicado publicado em seu órgão oficial "Barricada", de 7-10-80, onde expunham com clareza sua posição.
O comunicado da referida Frente começa censurando os temores existentes no meio do povo. Assinala: "Nestas campanhas confusionistas o tema da religião ocupa um lugar preferencial, já que uma alta porcentagem do povo nicaraguense tem sentimentos religiosos muito arraigados. [...] Esta campanha é particularmente perversa pois se refere a assuntos que tocam sentimentos profundos de muitos nicaraguenses".
Nas entrelinhas, a confissão de que o maior receio dos atuais senhores do poder é a reação antisandinista em nome da Religião...
Lembra a participação ativa do progressismo na revolução sandinista e ainda recorda que "os cristãos têm sido parte integrante de nossa história revolucionária num grau sem precedentes em nenhum outro movimento revolucionário da América Latina e possivelmente do mundo. Este fato abre novas e interessantes possibilidades à participação dos cristãos nas revoluções de outras latitudes, não só na etapa da luta pelo poder, senão também na etapa da construção da nova sociedade".
Esperam, os sandinistas, pelo que se vê, repetir a dose em outros países. Será que estão certos de contar outra vez com a cumplicidade e a ingenuidade da parte de ponderáveis setores católicos?
• O comunicado afirma ainda garantir a liberdade religiosa, respeitar festas, aceitar cristãos em postos de responsabilidade etc. Mas "a FSLN declara seu direito de defender o povo e a Revolução". Isto é, quando, segundo seus critérios, julgar que estão sendo prejudicados o povo e a revolução, impedirá o culto e todas as manifestações da vida religiosa que não se enquadrem em seus cânones.
Trata-se, como se percebe, de linguagem típica de qualquer partido comunista, que sempre afirma defender a prática livre da religião, desde que... Bem, o resto é conhecido.
A tal comunicado seco — o qual lembra a simpatia e o apoio que a esquerda católica sempre deu ao processo revolucionário e que recorda, nas entrelinhas, não tolerar oposição séria, fundada em razões religiosas — a Conferência Episcopal da Nicarágua respondeu com um manifesto enviado à Direção Nacional da Frente Sandinista. (Utilizo aqui a transcrição do Boletim Informativo AICA n.° 1252, de 10-2-80, órgão do Episcopado argentino, que o publicou na íntegra).
No primeiro parágrafo de seu documento, os Bispos da Nicarágua lembram, em linguagem diplomática, que a FSLN não provou que tem o apoio popular, acentuando também que tal movimento se mantém no poder pela força: "Ninguém poderia arrogar-se por si mesmo, ou apoiado em forças estranhas ao Povo, o direito de governar e se constituir como 'Representante' do mesmo. [...] Um Povo que não é consultado dentro dos cânones do exercício da liberdade, é um Povo humilhado".
Para quem está fugindo das eleições e se autoproclama continuamente "vanguarda consciente do povo" a lembrança de que tem pés de barro soa oportuna.
Elogiando o fato da publicação da Declaração de Princípios da Frente Sandinista, os Bispos, sempre desejosos do diálogo; insinuam, sem afirmá-lo positivamente, que a revolução sandinista aproxima-se dá tirania comunista: "A Declaração de Princípios [...] é uma base para o Diálogo com o Povo Cristão. Somente a partir deste Diálogo pode surgir um caminho novo de relações, para dar à nossa Revolução um sentido e dimensões humanas próprias que a diferenciem real e positivamente das rigidezes dogmáticas de outros 'modelos revolucionários' até agora conhecidos".
No meio da censura, não recusam aceitar a aprovação que deram à guerrilha, que chamam de "nossa Revolução". Consideram-na sua também; por isso lamentam que resvale perigosamente rumo a modelos totalitários.
Os Prelados lembram que justificaram a guerrilha, ajudando-a eficazmente, porque tinham-na como do povo: "No momento de justificar o direito de insurreição, frente a estruturas que não garantiam o Bem e a Segurança dos cidadãos, sustentamos, ao mesmo tempo, que 'uma Revolução jamais poderia ser do Povo, se o Povo não a apoiasse' (Mensagem de 2 de junho de 1979)".
O Episcopado nicaragüense reprova as tentativas da FSLN de utilizar a Religião como instrumento valioso à aquisição do apoio popular. — "Precisamos esclarecer os pontos de vista em matéria religiosa, não apenas para fazer progredir o diálogo a nível de Bispos e altos Dirigentes Civis e Militares, - mas para que o Povo adquira Consciência de seus próprios valores e direitos. Para que o Povo não se reduza a uma ‘simples massa’ disposta a ser instrumentalizada".
Servindo-se de um exemplo bíblico apontam os Prelados o perigo da escravidão comunista: "A presença e ação da Igreja, está prefigurada no Povo de Israel. Um Povo que, através de sua História, busca um Céu novo e uma Terra nova. Mas que nunca se rendeu diante de nenhum Faraó. Diante de nenhuma forma ou sistema escravizante, idolátrico ou ateizante. Escravizar é converter o homem em 'mero instrumento de produção'. A Nicarágua saiu à procura de sua libertação histórica. Não na busca de um novo Faraó".
E mostram alimentar esperanças de um diálogo com o atual poder: "Repetimos: fazemos essas observações diante do Comunicado da FSLN, para que elas sirvam de base ao diálogo enriquecedor do Processo Revolucionário, iniciado na insurreição com o apoio do Povo Cristão, a partir de sua própria e especifica responsabilidade religiosa".
É normal que os Bispos procurem uma solução através do diálogo com os atuais detentores do poder na Nicarágua. Não vemos, no entanto, base para semelhante diálogo enquanto o sandinismo não abandonar seu ideal comunista. Essa a tragédia a que levou a católica Nicarágua, o conluio progressista-marxista.
O sandinismo estaria, nessa perspectiva, abandonando um acordo tácito (ou foi tático?), caminhando rumo à tirania clássica implantada pelo comunismo.
A declaração do Episcopado assinala, em continuação, pontos nos quais seus autores lamentam os atropelos ao exercício pacífico da Religião e aponta o crescente proselitismo ateizante.
Declara o comunicado: "A julgar por esta declaração [da Frente Sandinista] em que se afirma textualmente: 'Dentro dos marcos partidários da FSLN não cabe o proselitismo religioso, porque desnaturaliza o caráter específico da Vanguarda e introduz fatores de desunião', não lhe interessa introduzir fatores de desunião por ‘discriminações’ ou interpretações de tipo religioso. Mas como conciliar esta declaração, com o que oficial e publicamente se faz contra a Fé e contra a Religião, através dos órgãos oficiais do Estado e dos Quadros organizativos do mesmo? Doutrina-se e se pressiona por diversos e já conhecidos métodos, contra crenças e sentimentos religiosos".
A manifestação episcopal, no fim, lembra mais uma vez que a própria FSLN reconhece que a Igreja Católica, como instituição, e o povo cristão "motivado na sua fé, foram partícipes na vitória popular". Tal observação parece reivindicar autêntica participação da Igreja na condução do processo revolucionário e não se contentar com o mero apoio obrigatório e automático, papel que é vislumbrado nas intenções das autoridades sandinistas.
Os altos hierarcas católicos lembram também, embora indiretamente, o escândalo da participação de Sacerdotes em vários dos principais postos do governo e até da FSLN.
O tom do documento episcopal, como se vê, é o de queixas dirigidas a quem se tinha por amigo, mas com quem se decepcionou, embora ainda se espere que volte a convivência tida como desejável e imaginada como possível. Passaram-se alguns meses, desde o pronunciamento episcopal, e não se percebeu nenhuma modificação no comportamento dos sandinistas. Pelo contrário, tudo indica estarem eles agora apoiando a guerrilha marxista em El Salvador. O ministro do Interior, Tomás Borge, chegou mesmo a declarar: "Ontem Cuba, hoje Nicarágua, amanhã El Salvador".
Nesse contexto, a Conferência Episcopal publicou mais um documento.
Até aqui analisamos aspectos essenciais do pronunciamento-resposta da CEN, dado a público no dia 17 de outubro de 1980. Cinco dias depois, datada, portanto, de 22 de outubro de 1980, a entidade que Congrega todos os Bispos daquele país editou novo documento. Desta vez, uma Carta Pastoral sob o nome "Jesus Cristo e a unidade de sua Igreja na Nicarágua".
Enquanto o documento intitulado "À Direção Nacional da Frente Sandinista e, para conhecimento, ao Povo Católico" tratava especialmente das questões temporais, é outra a tônica da Carta Pastoral. Fixa-se, com prioridade, nos temas religiosos e eclesiásticos, tentando impedir o dilaceramento interno da Igreja Católica. Daí o título "Jesus Cristo e a unidade de sua Igreja na Nicarágua". Os dois documentos possuem em comum as queixas quanto aos desvarios do esquerdismo — no campo temporal —, e do progressismo — no campo religioso. O vendaval progressista, estimulado pela fermentação revolucionária na sociedade civil, radicalizou-se e quer realizar logo dentro da Igreja o trabalho que seus companheiros de ideal efetuam na esfera própria ao Estado.
A CEN, antes de entrar nos problemas internos da Igreja, adverte:
"Julgamos que é nosso dever não deixar inermes nossos fiéis ante o assédio das ideologias materialistas em contraste com a Fé Católica ou não conformes com ela, e de certas seitas religiosas fanaticamente anticatólicas [...]". O documento, logo a seguir, ressalta a "confusão doutrinária e moral que existe em alguns setores da Igreja. Isto causa dolorosas tensões em muitos católicos".
Passa, então, o documento a explicar a causa de algumas dessas tensões. Denuncia o escândalo da rebelião sacerdotal e da insubordinação de leigos ligados aos organismos da Igreja. Sem que os Bispos o digam, não é temerário conjeturar como provável que a ânsia de clérigos e leigos, colaboradores entusiastas do sandinismo, em trazer logo para dentro da Igreja os mesmos princípios que estão sendo impingidos à sociedade civil na Nicarágua, constitui a causa geradora das tensões.
Diz a CEN: "Para alguns [Sacerdotes, religiosas ou religiosos], a disciplina eclesiástica [...] deixou de obrigar em consciência. [...] Nossas famílias sofrem, às vezes, a desorientação devida à falta de unidade de critérios entre sacerdotes que se afastam da doutrina do Papa e dos Bispos acerca de importantes aspectos da moral familiar e social".
O desalento da Hierarquia nicaraguense continua: "Deseja-se ou se pretende opor, por exemplo, a Igreja Institucional ou Hierárquica ao resto do Povo de Deus, acusando aquela de alienante. Isto implica numa divisão na Igreja e uma inaceitável negação da hierarquia".
Numa Nicarágua dominada pelo sandinismo, a observação dos Bispos, transcrita em continuação, tem endereço certo: "É de se lamentar que os que se opõem ao Magistério são aqueles que com maior facilidade obedecem o que lhes é ditado pelos meios de comunicação social ou por palavras de ordem políticas".
Os textos relativos às comunidades eclesiais de base (CEB) na Carta Pastoral são secos e duros. Nem um elogio. O que insinua estarem amplamente engajadas na construção da sociedade socialista (leia-se marxista), que se recusam a admitir as normas e princípios da Igreja, quando estes não se adaptam às exigências dos senhores da hora, os sandinistas. Após enumerar características que tornam aceitável uma CEB, finaliza o documento episcopal: "Portanto, não podem sem abusar da linguagem, chamar-se Comunidades Eclesiais de Base, ainda que tenham a pretensão de perseverar na unidade da Igreja, as comunidades que se mantêm hostis à hierarquia".
Naturalmente, a Carta Pastoral não trata só das questões internas da Igreja. Analisa também situações atinentes à ordem civil. E sobre elas, o tom, como seria de esperar, é semelhante ao do documento enviado à Direção Nacional da Frente Sandinista.
Não causa surpresa o fato de os sandinistas tão rapidamente se terem revelado comunistas. Não é esse o único exemplo registrado pela História. Hoje tem, o Episcopado nicaraguense motivos fundados para lamentar o apoio que concedeu aos sandinistas durante o período da insurreição e nos primeiros meses do novo governo.
Pelo menos, isto de positivo trouxe a lamentável colaboração católico-marxista na Nicarágua: ela constitui dolorosa lição para os católicos de todo o mundo, e especialmente, os latino-americanos.
A questão acima enunciada importa sobremaneira porque, se os comunistas não conseguiram subir ao poder na Nicarágua sem o apoio dos católicos, também é muito difícil que os vermelhos possam manter-se nele sem o prosseguimento desta sustentação.
O Arcebispo de Manágua, D. Miguel Orbando, fala aos reféns aprisionados pelos sandinistas no Palácio Nacional, na capital da Nicarágua (agosto de 1978).
Os guerrilheiros esquerdistas de El Salvador estão em estreita ligação com os sandinistas "cristãos" da Nicarágua.
Guerrilheiro sandinista fotografado diante do hospital de Matagalpa.
Pe. Ernesto Cardenal (de barba branca, ao centro), ministro da Cultura do regime sandinista, falando aos seus sequazes em Masaya (1979).
"CATOLICISMO", em seu número duplo de julho-agosto de 1980, difundiu o penetrante e substancioso estudo do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, redigido a propósito das declarações de figuras do progressismo católico mais radical, numa das sessões públicas do IV Congresso Internacional Ecumênico de Teologia. Para este ato, realizado no dia 28 de fevereiro de 1980, foi cedido o auditório do TUCA, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Na referida sessão, usou da palavra, como se sabe, o comandante Daniel Ortega, membro da Junta de Governo da Nicarágua.
Além da rede de assinantes do jornal — que tomou conhecimento do momentoso acontecimento —, as caravanas da TFP divulgaram o estudo através de nosso imenso território, contribuindo, deste modo, para informar a nação brasileira sobre a triste situação em que foi lançado o simpático povo nicaraguense, devido à funesta aliança progressismo-subversão. Era pouco conhecida, na ocasião, o caráter marxista-leninista da Frente Sandinista de Libertação Nacional, e temos razões de esperar que a difusão do número duplo de "Catolicismo" haja contribuído significativamente para permitir aos brasileiros de espírito objetivo um julgamento seguro sobre a revolução nicaraguense. Até então, a imagem mais em voga da mesma era a de jovens revolucionários, idealistas, tomados por um afã romântico de reconstrução, e fundadores de uma "sociedade nova".
A realidade se incumbiu de desmitificar o modelo nicaraguense, tão cuidadosamente preparado nos laboratórios da propaganda. Vai ela revelando, passo a passo, os preocupantes sintomas de tirania e miséria, sequelas inseparáveis da implantação do comunismo.
O grande interesse da publicação levou as TFPs ou movimentos afins de outros países a editar o mesmo estudo em suas respectivas pátrias, atendendo o desejo de co-nacionais seus. Apresentamos abaixo as nações em que se reproduziu "Na noite sandinista, o incitamento à guerrilha" e as respectivas tiragens:
• Argentina 12,000 exemplares
• Colômbia 5.000 exemplares
• Equador 5.000 exemplares
• Uruguai 5.000 exemplares
• Estados Unidos 4.000 exemplares
• Chile 4.000 exemplares
• Bolívia 4.000 exemplares
• Brasil 30.000 exemplares (1.a edição)
6.500 exemplares (2.a edição)
Na capa do número duplo de "Catolicismo", a silhueta de um guerrilheiro que, da torre da igreja, controla o centro de Leon, na Nicarágua.
No teatro da PUC de São Paulo, em fevereiro de 1980, Daniel Ortega, atualmente coordenador da junta de governo da Nicarágua, de punho cerrado (saudação comunista), exaltou em sua alocução a revolução cubana.