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Como El Salvador faz sua Reforma Agrária

A ação do exército foi rápida. Em pouco tempo, caminhões, jipes e outros veículos militares ocupavam todas as estradas e vias rurais do país. Em dois dias, o objetivo estava alcançado: pela coação da força e a simples presença de um funcionário governamental, todas as propriedades rurais de tamanho superior a 485,6 hectares, num total de 376 propriedades, passavam às mãos do Estado. Com exceção de alguns, que conseguiram "negociar" a posse de algum veículo ou bens pessoais, todos os demais proprietários expropriados não puderam levar consigo senão a roupa do corpo.

Não estamos descrevendo uma Reforma Agrária executada em Cuba, na Rússia ou em qualquer país comunista. O confisco brutal a que nos referimos foi realizado nos dias 5 e 6 de março de 1980 pelo governo de El Salvador — que certa imprensa qualifica, gratuitamente, de "direitista"... — com o apoio e a influência da administração Carter, através do "procônsul" norte-americano em San Salvador, Robert White.

Essa ação rápida das forças armadas salvadorenhas contra a propriedade particular não constitui senão a primeira fase da Reforma Agrária. Na segunda etapa, será atingido um número muito mais elevado de propriedades menores.

O mesmo governo que combate as guerrilhas insufladas por Cuba e Nicarágua, executou outra reforma ao gosto dos ideólogos do Kremlin: a estatização de toda a rede bancária do país centro-americano.

O regime da Junta de El Salvador vai assim, sob pretexto de combater o comunismo, fazendo gradativamente o que os comunistas fariam...

Na foto, armas da guerrilha apreendidas pelo governo. Na página 3, o relato sobre a Reforma Agrária salvadorenha, segundo um abalizado estudo da Sra. Virginia Prewett, editado pelo Conselho de Segurança Interamericana, sediado em Washington.


"... FEZ EM MIM grandes coisas Aquele que é poderoso, e cujo nome é santo. E cuja misericórdia (se estende) de geração em geração sobre aqueles que O temem" (Lc. 1, 49-50).

Essas foram palavras da Santíssima Virgem no "Magnificar”, por ocasião da Visitação a sua prima Santa Isabel, mãe de São João Batista.

A festa da Visitação, celebrada a 2 de julho, deu origem a uma das mais conhecidas instituições do mundo luso: as Irmandades da Misericórdia, em geral mantenedoras das Santas Casas espalhadas ainda hoje por incontáveis cidades brasileiras e outras partes do Globo.

Inspirada nas palavras do cântico da Mãe de Deus, Dona Leonor, irmã do Rei D. Manuel o Venturoso, de Portugal, fundou a primeira Irmandade da Misericórdia, rapidamente disseminada graças ao espírito católico dos fidalgos portugueses daquela época e de séculos posteriores, conforme o leitor poderá ler na matéria que publicamos a respeito, na página 2.

A VISITAÇÃO - painel de Fra Angelico (século XV), Museu do Prado, em Madrid.


“Catolicismo" perde insigne colaborador

"CATOLICISMO" tem o pesar de comunicar a seus leitores o falecimento, ocorrido no dia 25 do corrente na capital paulista, de um dos seus mais antigos e insignes colaboradores, o Prof. Fernando Furquim de Almeida.

Iniciou este, ainda muito jovem, suas atividades no movimento católico, destacando-se nas Congregações Marianas, que entravam então na sua fase de maior expansão.

Como aluno da Escola Politécnica e da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo, foi dos militantes mais salientes da Ação Universitária Católica. Pouco depois começou a colaborar no hebdomadário "Legionário", órgão oficioso da Cúria Metropolitana de São Paulo. Datam de então seus importantes estudos sobre os católicos franceses do século XIX. O Prof. Fernando Furquim de Almeida foi também membro da 1ª. Junta Arquidiocesana da Ação Católica de São Paulo.

Nessas atividades, tornou-se ele integrante do grupo de intelectuais católicos e homens de ação que, sob a presidência do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, fundaram no ano de 1960 a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade — TFP.

Na primeira diretoria, ocupou ele a vice-presidência, cargo para o qual veio sendo reeleito sucessivamente e em cujo exercício faleceu. Colaborador de "Catolicismo" desde sua fundação, em 1951, o Prof. Fernando Furquim de Almeida especializou-se em temas de História da Igreja. Suas brilhantes colaborações sobre católicos contra-revolucionários do século XIX e fases da História medieval alcançaram ampla ressonância. Sobre as mesmas temáticas, e particularmente a respeito da Reforma, beneditina de Cluny como fator preponderante do apogeu da civilização medieval, o extinto proferiu várias séries de conferências, que foram de grande importância para a formação dos sócios e cooperadores da TFP.

O falecido teve a seu cargo por longo tempo a orientação dos contatos da TFP com o Exterior, tendo realizado para tal efeito múltiplas viagens de contatos pela Europa e América do Sul.

Obteve por concurso, em 1951, a cátedra de Matemática na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo. Foi também catedrático de Matemática nas Faculdades de Filosofia de São Bento e Sedes Sapientia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, bem como na Faculdade de Engenharia Industrial, de São Bernardo do Campo. Pertencia a várias sociedades científicas de renome internacional.

Modelar chefe de família, destacava-se pela afabilidade e distinção de seu trato, e gozava de merecido conceito nos círculos intelectuais e sociais de São Paulo.

O corpo do Prof. Fernando Furquim de Almeida esteve exposto na Sede do Conselho Nacional da TFP, à Rua Maranhão, n.° 341, em São Paulo, tendo sido rezada Missa de corpo presente por S. Excia. Revma. D. Antonio de Castro Mayer, Bispo de Campos.

O féretro saiu no dia 26, domingo, às 16 h, para o cemitério da Consolação, sendo acompanhado a pé por familiares e amigos do falecido, bem como por grande cortejo constituído de diretores, sócios e cooperadores da TFP.

A beira da sepultura falou em nome desta última o engenheiro Plinio Vidigal Xavier da Silveira, membro do Conselho Nacional da entidade.

Homenagem da TFP, durante o cortejo que conduziu o esquife para o túmulo.

Prof. Fernando Furquim de Almeida, vice-presidente da TFP.