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Nos Estados Unidos, antigo está se tornando moderno

Você é moderna? Você é moderno?

Sua casa é moderna?

Seu vestido é moderno? Sua roupa é moderna?

Suas ideias são modernas?

Aí está um problema sobre o qual tantos discutem.

E em geral todo mundo concorda: as coisas devem ser modernas.

Mas, o que é ser moderno?

Durante séculos, Paris foi a ponta da modernidade. Porém, as transformações que revolveram o mundo após duas guerras mundiais deslocaram, em larga medida, o centro das atenções para os Estados Unidos vitoriosos e estuantes de riqueza. Sobretudo a partir de 1945, ser moderno passou a ser, especialmente no mundo ocidental, estar de acordo com os padrões norte-americanos. Entretanto, os costumes, modas e ideias continuaram a evoluir.

Suas saudades, leitora, leitor, não terão algo a lhe dizer? Talvez Você tenha saudades de coisas das quais gostava outrora, mas que já não se usam mais.

Ou que Você hoje aprecia, mas receia que tenham caído em desuso.

Renasce então a pergunta: o que está na moda? O que está "no vento"? Você ficará com a velheira?

Essa preocupação não é apenas sua.

É de milhões de brasileiros. É tema de conversas e debates entre amigos. Muitos discutem essa questão consigo mesmos. E cada um percebe então que está dividido.

Móveis do passado, quadros clássicos, trajes de outrora... O que representam? O que leva as pessoas a escolherem entre o paletó e a gravata, e o blue-jean?

Em outros termos: essas coisas todas são apenas móveis, trajes, meros objetos? Ou são, sobretudo, símbolos, emblemas, de estados de alma, de pensamentos, de princípios e de doutrinas?

A imensa revolução que conduz das crises religiosas, culturais, políticas, sociais e econômicas dos séculos XV e XVI até essa tenebrosa "aurora" do mundo anárquico e caótico que vai nascendo neste fim de século, decorreu do abandono sempre maior da Fé, da moral e da civilização cristã.

Em função desse longo processo, moderno tomou toda a carga "hipnótica" das palavras-talismãs. Indicou sempre o último passo da Revolução: no pensamento como nos costumes, nas modas como nas instituições. Ser "moderno" passou a constituir um critério de escolha nos mais variados campos. Os seguidores de uma escola filosófica ou teológica, os propugnadores de um costume na vida social ou de um novo estilo de fazer propaganda, ou de viajar, sentiam-se confortados quando podiam alegar que sua posição era "moderna".

Da modernidade esperava-se firmemente que vencesse sempre. Como do que era antigo e tradicional receava-se — ou desejava-se — que fosse desaparecendo sempre. Critério frívolo de um mundo relativista e superficial. Critério, pois, que "Catolicismo", fiel à Igreja contra a Qual "as portas do inferno não prevalecerão" jamais (Mt. 16, 18), recusa de modo categórico.

Entretanto, a palavra moderno campeia por aí com sua enorme força de impacto psicológica. Para ajudar aos que vivem sob o fascínio dela, "Catolicismo" mostra nesta edição especial, acompanhada de um suplemento a cores, a contraofensiva da tradição, que se vai delineando com largo êxito. E isto ocorre na própria terra da modernidade, ou seja,

Nos Estados Unidos, antigo está se tornando moderno

Em faixa de opinião cada vez mais larga, o tradicional vai ficando moderno e o extravagante, o aloucado, o corrupto, o amoral, vão ficando velheira... Hoje, grandes complexos industriais e importantes setores do comércio se mobilizam: roupas, móveis, objetos de decoração em estilo tradicional ou conservador são preferidos por um número ponderável de consumidores norte-americanos. E a população volta-se em grande escala para os padrões familiares e religiosos anteriormente abandonados.

Pronuncia-se na América do Norte uma tendência no sentido de se adotarem modas, usos, costumes, estilos, atitudes e até ideias condizentes com a sadia moral, a tradição e o bom gosto. Formalidade, elegância clássica, pureza de costumes, são valores que lá encontram curso muito mais amplo e livre do que supõem incontáveis brasileiros pouco informados ou desinformados sobre a realidade norte-americana.

E a demanda nesse sentido não parte de minorias esquálidas, retraídas, apagadas. Nem de círculos ricos ou de alta cultura, mas de pessoas das mais diversas condições sociais. Conforme os fatos e as fotos que colocamos ao alcance dos leitores neste número especial, a procura de produtos tradicionais provém do homem comum dos grandes centros urbanos. Demonstra-o a utilização, por meios de publicidade dos mais poderosos, de ambientes, estilos, slogans condizentes com o tradicional, o antigo, o sóbrio e o puro.

Não acredite, portanto, leitora, leitor, naquela velha lenda segundo a qual tudo o que possui essas qualidades atrai só o debique e a incompreensão.

Os que impunham aos brasileiros a nociva "modernidade" em nome de uma moda monolítica dominante nos Estados Unidos, já não podem mais criticar as pessoas que desejam mobiliar suas casas, vestir-se e conduzir-se de acordo com os bons padrões.

Atrasado não é quem defende a tradição, a família e a propriedade. Atrasado é quem ignora as coisas que se vão passando nos grandes centros do mundo.

Livre-se, portanto, da nociva "hipnose" da modernidade.

E conserve em paz todos aqueles móveis, trajes e objetos a que Você tanto quer bem.

Se eles lhe recordam situações, entes queridos, valores e princípios do passado, é porque são símbolos de estados de alma, de pensamentos, de princípios e doutrinas. E estão ligados à sua personalidade por um vínculo de que as saudades sentidas por Você são sintoma.

Por isso, Você se sente bem com eles.

Algo vai ocorrendo em amplo setor da opinião pública norte-americana, envolvendo milhões de pessoas, as quais agora se voltam para os valores tradicionais, depois de passarem pelas frustrações da modernidade revolucionária. Elas descobriram que o tradicional vai sendo moderno.