Nas modas, sobriedade e bom gosto

Análoga propensão verifica-se em relação às modas. Neste momento, costumes tradicionais têm livre curso na América do Norte. Vestidos para senhoras, moças ou meninas como estes embaixo e à direita — anunciados na conhecida revista feminina "Bazaar", de agosto último — são hoje frequentes em figurinos norte-americanos, embora a nota de recato do traje seja muitas vezes contrastada pela aparência das manequins.

Embaixo, no centro, modelo do que há de mais comum em matéria de traje masculino. O corte de cabelo curto não é por acaso: ele voltou em grande estilo, pelo menos nas grandes metrópoles, segundo "The New York Times Magazine".

Roupa esporte para ambos os sexos, na América do Norte, conserva um tom que surpreenderia quem imaginasse algo na linha da descontração total e extravagante.

Quantos brasileiros e brasileiras não terão incorrido no erro de supor que "nos Estados Unidos não se usam mais roupas assim"?

Entre os jovens norte-americanos, emergem tendências mais conservadoras ou tradicionalistas do que na geração de seus pais. Assim, com vistas ao recrutamento, o famoso Marine Corps (fuzileiros navais) publicou anúncio no qual aparecem soldados na selva, sujos e sofridos. Ou seja, em lugar de conforto, dinheiro ou prazer, o que atrai o jovem de hoje é o cumprimento árduo do dever a serviço de um alto ideal.

Por outro lado, na própria Casa Branca, vemos reflexos significativos do retorno de parte ponderável da opinião pública à tradição e aos valores morais. Um exemplo: na posse do novo governo, neste ano, houve desfile de tropas envergando o histórico uniforme com chapéu de três bicos, da guerra da independência, no século XVIII (foto). Enquanto isso, o cerimonial e o protocolo foram restaurados.

O que acabamos de apresentar, no entanto, não constitui senão pequena amostra de um movimento de almas muito mais amplo e profundo. Não falamos aqui da volta aos valores familiares, do combate à imoralidade, do estímulo à prática da castidade entre os jovens, do lançamento de uma rede de televisão conservadora, da reversão apontada pelo censo de 1980, que indica um êxodo das metrópoles para o interior etc. Sobre esses e outros aspectos, Você encontrará dados em abundância na edição especial de "Catolicismo" à qual corresponde o presente suplemento.

Você descobrirá então como a realidade norte-americana é diferente daquela geralmente pintada pelos meios de comunicação social.

Lá, as modas, os costumes, as ideias, não caminham irreversivelmente para a extravagância total, para a dissolução dos costumes, como se poderia imaginar. Ao contrário, existem sinais palpáveis de que amplos setores da população dos Estados Unidos deslocam-se em sentido oposto.

Antiquado, portanto, não é defender os valores fundamentais da civilização cristã. E sim ignorar a profunda transformação que ora se opera em grande parte da opinião norte-americana, para a qual o antigo está voltando a ser moderno.