França autogestionária quer fiscalizar América Latina

O governo francês quer não somente aumentar sua presença econômica e comercial na América Latina, o que é normal, mas também acompanhar como se fosse um Estado "apostólico" e com olhos de juiz, a política interna de nossos países. Essa fiscalização teria a finalidade de verificar se é aqui respeitado aquele amálgama de verdades e de non senses, de abstrações vazias e de erros, que o Partido Socialista francês dogmatiza serem os direitos humanos", afirmou o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP.

"Assim, — observou o entrevistado — os critérios supremos pelos quais devem afinar as leis e os governos de todas as nações latino-americanas seriam aqueles que figuram nas cartilhas do PSF e dirigem a mente do presidente Mitterrand".

E acrescentou: "Embora a interferência francesa se dê inicialmente nas pequenas repúblicas da América Central, ela visa atingir também outros países maiores, como a Argentina e o Chile, conforme declarou recentemente o Sr. Jacques Huntzinger, secretário do PS francês para as relações internacionais.

"Se o Brasil se deixar arrastar por essa via, não vejo que continue intacto "o sol da liberdade", o qual, segundo descreve o Hino Nacional, "brilhou no céu da Pátria neste instante", isto é, no momento em que D. Pedro I lançou o brado da Independência", disse o Presidente do Conselho Nacional da TFP.

Distanciamento dos EUA

"Ainda conforme declarações do Sr. Huntzinger, — prosseguiu o catedrático paulista — a tal presença francesa deve exercer-se notadamente em alguns terrenos de luta que parecem conduzir certas sociedades latino-americanas para horizontes diferentes dos propostos pelos Estados Unidos. Mobilizando, exacerbando e levando à aventura famílias de alma brasileiras habitadas por ressentimentos — alguns destes clamorosamente justos — contra os Estados Unidos, a presença francesa significaria também agitação cultural, com envio de técnicos de conscientização, de fermentação de massas e de tensão social.

"Esse pleiteado esfriamento com os Estados Unidos tende a privar-nos de um parceiro poderoso, rico, e movido por impulsos alternativos de egoísmo e de compreensão fraterna. A ficarmos privados desse parceiro, dada a estatura do Brasil atual, não nos bastariam a França, a Grã-Bretanha ou a Alemanha Ocidental. Porém, na estrada onde subitamente notaríamos que a solidão nos cercou, uma grande mão se apresentaria largamente aberta. A mão, ou melhor, a pata de urso da Rússia soviética".

Utopias

"A posição assumida pela França — salientou o pensador católico — procurando aglutinar em torno de si países latino-americanos fornecedores de matéria-prima, estaria a meio caminho entre o capitalismo e o comunismo. Seria a ideologia socialista autogestionária, denunciada em recente Mensagem divulgada em 41 dos principais jornais do Ocidente pelas treze TFPs".

E concluiu o entrevistado: "É possível que tal jogo do socialismo francês seduza os amadores de politica-fiction e de utopias. Na realidade, entretanto, a autogestão não é senão a meta última do comunismo. Pondo todo o mundo em autogestão, este último a si próprio se superaria. E a propriedade individual cairia por terra".

Mitterrand: chefe de Estado "apostólico", com vistas à intervenção na política interna dos países latino-americanos.


Conclusão da pág. 1

Cardeal não explica

procedentes dos mais diversos países da América e da Europa, relacionados com a repercussão mundial da Mensagem O socialismo auto gestionário: em vista do comunismo, barreira ou cabeça-de-ponte? e do Comunicado Na França: o punho estrangulando a rosa.

1. A resposta de S. Emcia. ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira se compõe de duas partes. A primeira trata da nota oficial da Cúria do Rio (letra C) e da carta do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira (letra D).

A segunda parte trata de controvérsias teológicas e canônicas, e distúrbios correlatos, ocorridos todos na Diocese de Campos, e inteiramente alheios à TFP.

2. No que diz respeito à nota oficial (letra C), o Sr. Cardeal parece querer explicá-la com estas palavras: "Ao agradecer sua comunicação, quero sublinhar que a Nota Oficial da Cúria repudia um fato noticiado por uma revista (...) envolvendo a veneranda pessoa do Santo Padre. O repúdio, portanto, se dirige contra uma atitude conforme foi noticiada". Está implícito que, simplesmente por "Manchete" ter publicado, S. Emcia. acreditou...

Não conhecia S. Emcia. o desmentido da TFP (letra B), categórico e lacônico como um altaneiro muxoxo de desdém? — S. Emcia. parece ter tido a intenção de responder a esta pergunta da carta que lhe dirigira o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira (letra D). Ao menos tem-se disto alguma impressão lendo os seguintes parágrafos da resposta do Sr. Cardeal:

"A nota da TFP ("última Hora" de 19-2-82 e "Folha de São Paulo" de 20-2-82), por ser demasiado genérica, não salvaguarda suficientemente o respeito devido à pessoa do Santo Padre, fundamento da unidade da Igreja Católica Apostólica Romana.

"A TFP (a respeito da qual tenho restrições, como lembra em sua carta), Sociedade que se gloria de professar sua Fé na Igreja Católica Apostólica Romana, lamentavelmente se omite em dar explicações precisas quando acusada de vilipendiar, com gesto ignóbil, o retrato do Romano Pontífice".

Se esta é a resposta, só se pode dizer que resposta não houve.

O leitor não consegue perceber, à primeira vista, o nexo entre estes dois parágrafos da carta do Sr. Cardeal. Lidos à lupa, parecem querer dizer que S. Emcia. condenou não só o gesto atribuído por "Manchete" à TFP, como também o fato de, em sua nota-muxoxo-de-desdém (letra B), a entidade não haver censurado devidamente quem, por hipótese, desse tiros numa foto do Sumo Pontífice.

A acusação não poderia ser mais surpreendente. Não terá observado quanto de polêmico trazia consigo o tom conciso da nota-muxoxo, não só por ser absolutamente categórico, mas também por ser muxoxo? Não terá o Prelado percebido que, num simples muxoxo de desdém pode entrar uma carga de repulsa muito maior do que em toda uma catilinária? — E que curiosa condenação essa, fulminada contra a TFP, não porque tenha faltado com o respeito ao Santo Padre, mas simplesmente porque "não salvaguardou suficientemente o respeito devido" a este! É muita vontade de condenar! A TFP é acusada, entre outras coisas, de ter exercido tiro ao alvo contra a fotografia dele. Ela nega categoricamente esta como as demais acusações, com enfático desdém. E ainda assim a nota oficial da Cúria (letra C) a condena por insuficiência de respeito...

Ademais, não leu também o Purpurado a, carta (letra D) que lhe foi entregue domingo à noite, na qual o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira tratava de "sacrílego" e "pesadamente burlesco" o tiro ao alvo que a reportagem de "Manchete" atribuiu à TFP?

No mesmo tópico de sua carta, há pouco citado, o Sr. Cardeal afirma que a TFP, quanto a essa acusação de "Manchete", "se omite em dar explicações precisas". De sua parte, a TFP tem certeza de ter esgotado todos os recursos da linguagem humana normal, para explicitar que nega a autoria daquele ato, ao qual qualifica severamente. Queira-nos S. Emcia propor qualquer palavra que ainda julgue necessário para tomar isto mais claro.

Pois não conseguimos excogitar qual possa ser ela.

Em última análise, fica-nos a dolorosa certeza de que S. Emcia. deixou inexplicada a nota oficial da Cúria do Rio.

3. Abandonando celeremente esta matéria, a carta do Sr. Cardeal envereda, como foi referido acima, por assuntos específicos da Diocese de Campos.

Ao contrário do que S. Emcia. parece imaginar, quando era Bispo daquela Diocese o Sr. D. Antonio de Castro Mayer, jamais se intrometeu o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em assuntos dela. Não o consentiria a crônica falta de tempo do Presidente do CN da TFP. E menos ainda a forte personalidade desse ilustre Prelado.

Quanto à posição da TFP ante a polêmica e distúrbios ocorridos em Campos, pena é que S. Emcia. não tenha consultado — antes de increpar o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira — o atual Bispo D. Navarro e o Sr. Núncio Apostólico D. Carmine Rocco. Eles lhe poderiam mostrar a correspondência que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira permutou com ambos sobre o assunto. E assim o Sr. Cardeal se teria poupado de fazer contra a TFP mais essa crítica infundada.

De qualquer forma, o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, na carta que escreveu a S. Emcia. (letra D) só aludiu aos assuntos de Campos com referência à ilibada honorabilidade pessoal do Sr. Bispo D. Antonio de Castro Mayer e dos Padres que lhe seguem a orientação. Em sua resposta ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, S. Emcia. não se refere a este aspecto, mas à própria medula teológica do tema controvertido em Campos. Neste, a TFP não deseja entrar, máxime enquanto durar o presente carteio com S. Emcia., e por isso não publica os restantes tópicos da carta de S. Emcia. ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Se o Sr. Cardeal quer que suas apreciações sobre os fatos ocorridos em Campos cheguem ao conhecimento do Exmo. Sr. Bispo D. Antonio de Castro Mayer e dos Sacerdotes tradicionalistas daquela Diocese, queira comunicar-se diretamente com eles.

São Paulo, 8 de março de 1982"


Bispo agro-reformista investe contra a TFP

A TFP tomou conhecimento, com explicável estranheza, das declarações feitas ao "Jornal da Manhã" de Uberaba (28-2-82) acerca desta entidade, pelo Sr. Arcebispo D. Benedito Ulhoa Vieira.

Enquanto de lábios episcopais os fiéis devem receber palavras de verdade, cordura e elevação, as declarações do Prelado só ressumam a furor. Nelas borbulha o insulto, e se patenteia o desejo de que — embora em plena abertura política — o Poder público casse a liberdade de ação da TFP.

Cabe notar, a este propósito, que ainda não há muito, vozes se faziam ouvir sempre que essa liberdade era negada pelo Poder público a integrantes da esquerda. Em favor destes se alegava que tal liberdade constitui um direito humano inviolável. O mesmo já não parece ser válido aqui, no tocante à TFP...

O intuito de ofender e de desprestigiar, o pânico de que a TFP faça ouvir sua voz e torne conhecido seu pensamento também se expressam muito significativamente no pedido feito pelo Prelado, de que aos cooperadores da TFP sejam recusados desde já acesso, voz e vez na Feira da Associação Brasileira de Criadores de Zebu, a qual se deverá reunir na próspera cidade mineira no próximo mês de julho.

1. A gravidade da injúria. Segundo o Sr. D. Benedito, os integrantes da TFP "se dizem, embora falsamente, católicos". O que significa que de fato não o são. Ora, quando alguém "se diz" católico, porém só o é “falsamente”, é difícil que não mereça o qualificativo de hipócrita, ou de herege.

Hipocrisia... o insultante da expressão não pede explicações. Uma palavra sobre o qualificativo de herege.

O título que o fiel mais preza é o de filho da Santa Igreja Católica Apostólica Romana.

A heresia é um delito que, segundo o Direito Canônico, desqualifica de católico quem o comete. Católico e herege são termos inconciliáveis.

Portanto, a um católico não pode ser feito maior ultraje do que qualificá-lo de herege.

2. A gratuidade da injúria. Toda acusação, máxime se feita de público exige provas. Na carência destas, só pode ser tida por inidônea.

Quais são as provas alegadas pelo Sr. Arcebispo de Uberaba para fundamentar suas injúrias? —Absolutamente nenhuma. Então, do que valem elas? — De nada.

Poderia entretanto ficar de pé, no espírito de algum leitor, alguma dúvida contra a TFP, resultante da reportagem da revista carioca "Manchete" (edição de 27-2-82).

Sobre esta, a TFP já apresentou límpida e irretorquível análise, publicada, na "Folha de S. Paulo", na "Última Hora" do Rio de Janeiro e no "Correio do Povo" de Porto Alegre, no dia 3 de março p.p., bem como no "Jornal da Manhã" de Uberaba, de 4 de março p.p. Com o que encerra o assunto. Pois foi esta reportagem que o Sr. D. Benedito Ulhoa Vieira escolheu como peça mestra de seu furioso ataque à TFP.


Resposta da TFP ao presidente da Associação Brasileira de Criadores de Zebu

A propósito de reportagem sob o título "ABCZ não quer TFP na Exposição", o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP, fez as seguintes declarações:

"Nem em Uberaba nem em qualquer outro lugar do Brasil alguma campanha da TFP jamais teve caráter de desordem ou de agitação.

Temos 2.927 documentos de autoridades judiciais, municipais ou policiais que atestam a lisura de nosso procedimento em toda a nossa atuação pública. Espanta-me que o Sr. presidente da Associação Brasileira de Criadores de Zebu ignore isto.

Ainda mais me espanta que ele haja procurado informações sobre a TFP, a campeã do direito de propriedade dos fazendeiros, junto ao Sr. Arcebispo de Uberaba, um dos mais fervorosos partidários da Reforma Agrária proposta pela CNBB em 1980.

Em última análise, se ele quer usar seu cargo para atacar os amigos da classe rural e favorecer a Reforma Agrária, pode até propor aos fazendeiros que entreguem, desde já, suas terras para o Sr. Arcebispo instaurar em Uberaba o sistema socialista autogestionário.

A mim toca tão-só protestar categoricamente contra as versões erradas sobre a atuação da TFP, as quais o Sr. Manoel Barbosa toma como base de sua estranha atitude."

O stand da TFP, na exposição de gado da Associação Brasileira de Criadores de Zebu de 1981, em Uberaba, foi dos mais visitados.


TFP esclarece

O Serviço de Imprensa da TFP distribuiu a seguinte nota:

"A extensa reportagem sobre a TFP, publicada pela revista "Manchete" datada de 27-2-82, é exemplo característico do que um noticiário jornalístico não deve ser. Tudo quanto atribui à entidade, esta não fez. E tudo quanto a TFP fez, sempre na observância escrupulosa da lei — campanhas, cursos, difusão jornalística, edição de livros, atividades beneficentes — a reportagem cala. A recente Mensagem das TFPs publicada em 41 dos maiores jornais do Ocidente, nem sequer é mencionada.

A TFP, de sobejo conhecida em todo o Brasil pelo caráter idealista e ordeiro de suas atividades, se dispensa de maiores comentários sobre o assunto.

E se limita a aduzir que nunca imaginou possível que chegasse a tal extremo o notório fanatismo anti-TFP daquela revista."