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MENSAGEM A CATOLICISMO"

Plinio Corrêa de Oliveira

DESDE O início, constituiu meta essencial de "Catolicismo" acompanhar os acontecimentos da atualidade, proporcionar a seus leitores uma visão penetrante, solidamente articulada em seus vários aspectos, e clara, do curso dos acontecimentos no mundo contemporâneo. Levando em conta a confusão crescente que se ia alastrando no terreno das ideias como no dos fatos rumo a uma crise que se delineava como de média ou longa duração, de modo a desfechar em uma das maiores catástrofes da História - senão a maior até nossos dias -, "Catolicismo" tinha bem presente que o caldo de cultura dessa crise era, por toda parte, a confusão. É à sombra dela que os planos mais inverossímeis do mal se realizavam. E as condições gerais do mundo iam tomando sempre mais as características apontadas por Nossa Senhora em Fátima como causadoras da cólera de Deus.

A fim de desfazer a confusão, nada mais necessário do que um corpo de doutrina. E. obviamente, não uma doutrina qualquer, mas a doutrina da Santa Igreja Católica. E com base nessa doutrina, fora da qual tudo não é senão erro e descaminho, "Catolicismo" iniciou, e ao longo de 400 números vem prosseguindo, sua obra de esclarecimento.

O verdadeiro esclarecimento traz habitualmente consigo a luta. Estes foram quatrocentos números de luta, a qual comportou não só a difusão e a polêmica a respeito de altos temas doutrinários, mas ainda o corpo a corpo com os fatos. Em outros termos, "Catolicismo" esteve constantemente na estocada, ocupando-se de todos os fatos que estava na sua missão especial abordar. Isto sem fugir uma só vez à polêmica, muito mais ingrata do que a exposição meramente doutrinária, e que versou tantas vezes sobre crises socioeconômicas dramáticas – de substrato, aliás, sempre doutrinário – tanto no plano nacional quanto internacional.

"Missão especial", escrevíamos há pouco. Efetivamente, e sob vários aspectos.

Antes de tudo, missão junto à opinião pública.

Muito longe estando de dispor dos recursos do macrocapitalismo publicitário, "Catolicismo" não poderia abranger, em seu raio de ação, as multidões urbanas das babéis modernas, das quais no Brasil há várias. Nem todas as populações rurais esparsas por nosso território-continente.

Assim, para sua ação teria ele que escolher uma faixa da opinião pública. E sua preferência incidiu sobre a faixa mais oprimida e necessitada, a faixa que o poder das trevas mais amplamente dispersara, caluniara e reduzira a um quase anonimato. A faixa dos que, nos mais vários escalões da sociedade, mantinham ainda nobremente o propósito de não dobrar o joelho ante a Revolução gnóstica e igualitária. Conhecê-los. entabular com eles a interlocução jornal-leitor, articulá-los e fazer deles uma força ponderável no cenário nacional: esta é a obra para a qual vem desde o início trabalhando "Catolicismo". E nesse empenho foi que, a partir do "Catolicismo", floresceu uma das maiores entidades cívicas anticomunistas de nossos tempos, que é a TFP.

Considerando com a consciência tranquila esse longo passado, "Catolicismo" dá graças a Deus, por intermédio da gloriosa Medianeira sem a qual nada seríamos e nada teríamos conseguido fazer, isto é, Maria Santíssima.

Neste dia de reconhecimento, todos os que trabalhamos em nosso invicto mensário não esquecemos aqueles que, não pertencendo hoje aos nossos quadros, entretanto colaboraram com brilho e dedicação para que o jornal chegasse a ser o que hoje ele é. Uns, levou-os a morte. Outros, a superveniente diversidade de ocupações. Outros. enfim, levaram-nos os desentendimentos ou os desacordos. A todos, lembramo-los agora com emoção, rendendo-lhes, a eles também, o preito de reconhecimento que a gratidão comanda.

E, por fim, estou certo de exprimir também os sentimentos do largo, seguro e impertérrito grupo dos que. desde os primeiros dias até hoje, continuamos em nosso bom combate, sorrindo com acolhedora e reiterada simpatia aos novos que vieram ao nosso encontro, e continuam a fluir de todo o Brasil, para junto continuarmos, "auspice et afflante Beata Maria Virgine".


TFP norte-americana participa de manifestação antiaborto

WASHINGTON - "Defendemos o direito à vida dos inocentes. Quem defende grandes princípios morais com verdadeira convicção nunca será derrotado".

Com essa declaração, proclamada em uma das faixas que ostentou durante o "Rally for Life". a Sociedade Norte-Americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade – TFP associou-se a mais de 75 mil outros manifestantes antiaborto nesta capital, no dia 23 de janeiro, protestando contra a infamante decisão da Suprema Corte americana que "legalizou" o aborto há 11 anos. Manifestações antiaborto foram realizadas também em outras importantes cidades dos Estados Unidos no mesmo dia.

A Marcha de Washington deste ano foi maior que a dos anos anteriores, pois pessoas e famílias inteiras dos grupos antiabortistas, escolas, paróquias e organizações estaduais vieram de todas as partes dos Estados Unidos, num esforço decidido para fazer ouvir sua voz e fazer sentir sua influência neste ano eleitoral de 1984.

A TFP norte-americana esteve bem representada por grande número de sócios, cooperadores e benfeitores, que distribuíram um documento censurando a inação dos antiabortistas "moles" – aqueles que não agem energicamente contra o crime infame.

O documento que a TFP emitiu nessa ocasião mostra que não é a pressão dos pró-abortistas que mantém legalizado o aborto nos Estados Unidos. Mais propriamente é a moleza dos antiabortistas. "Quando chegar o dia de prestar contas a Deus por suas ações, estes moles verão que eles foram cruéis. Foram eles, os exterminadores moles e cruéis, os principais responsáveis pela continuação do aborto legalizado nos Estados Unidos", denuncia o referido documento.

E acrescenta com propriedade o manifesto da TFP: "Se houvesse o perigo de que mais de um milhão de inocentes americanos fossem executados no próximo ano, é certo que todos os americanos ficariam tão indignados que os legisladores eleitos, partidários de algum modo desta injusta execução, seriam clamorosamente derrotados na próxima eleição".

A grande passeata demonstrou que os grupos pró-vida e seus adeptos no grande público estão crescendo e desenvolvendo-se. Eles compreenderam que a então chamada posição "moderada" significa adiamento, e somente favorece os abortistas. "Não transigir" era o lema da 11ª Marcha anual Pró-Vida.

"A ala mole fez um esforço análogo ao de Chamberlain, quando negociou a paz com Hitler. Assim, nós reaprendemos duras lições – os abortistas não aceitarão nem mesmo uma parcela dos argumentos pró-vida". "Uma pessoa ou é pró ou é contra a matança de nascituros. Não há urna posição intermediária", declarou Neilie J. Gray, presidente da Marcha Pró-Vida.

Depois que os líderes pró-vida encontraram-se com o presidente Reagan, um número de eminentes porta-vozes e membros do Congresso dirigiu-se à multidão no "Ellipse" atrás da Casa Branca. O presidente Reagan apareceu no terraço para saudar os manifestantes.

A Marcha terminou em frente ao Edifício da Suprema Corte, mas a indignação dos manifestantes continuou. Depois da dispersão eles se dirigiram ao Congresso, para procurar senadores e deputados de suas respectivas regiões.

Numeroso grupo de simpatizantes da TFP norte-americana desfila pelas ruas de Washington portando estandartes da entidade.


A LENTA AGONIA DA FRANÇA

PARIS – A França registrou em 1983 um de seus mais baixos índices de natalidade. Em números, isso significa que no ano passado o país acusou somente 750 mil nascimentos contra 797.223 em 1982. Houve, portanto, significativa diminuição de quase 50 mil nascimentos, apenas de um ano para outro.

Para se ter uma ideia do que isso representa em termos de Forças Armadas, por exemplo, basta dizer que é de 70 mil homens o efetivo da Marinha francesa. Se forem tomados como termo de comparação os números das Forças Armadas da Suécia (66 mil homens), da Noruega (37 mil) ou de Portugal (59 mil), pode-se dizer que as 50 mil crianças que na França deixaram de nascer, constituem aproximadamente o número de vidas que uma daquelas nações precisa para manter o efetivo total de suas Forças Armadas.

Embora o índice de 1983 seja superior ao de 1976 (720 mil nascimentos), ele não constitui motivo para despreocupação, pois naquela época havia tendência para aumento de natalidade, conforme demonstram as estatísticas de 1977 (740 mil nascimentos) ou de 1981 (805.480 nascimentos).

O único índice que registrou crescimento – mas também este é sintoma de corrupção e decadência – foi o nascimento de filhos ilegítimos: de 65 mil em 1977, passou para 113 mil em 1982. Quase duplicou em cinco anos apenas!

Paralelamente, também o número de casamentos diminuiu. Em 1983 houve 300 mil, contra 312 mil em 1982, 374 mil em 1976 e uma média de 400 mil por ano no período de 1971 a 1975.

Esse balanço – consequência da legalização do divórcio e do aborto – sugere naturalmente uma pergunta: o número cada vez menor de nascimentos e de casamentos, acompanhado de progressivo atrofiamento do que ainda existe de instituição familiar, não poderá indicar a morte da nação francesa por meio de um processo de lenta agonia?