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"E HOUVE NO CÉU UMA GRANDE BATALHA..."

DIA 29 DE SETEMBRO, comemora-se a festa do Arcanjo São Miguel, que combateu e derrotou Lúcifer e seus sequazes, à testa de seu glorioso exército angélico.

São João assim descreve o magno prélio:

"E houve no Céu uma grande batalha: Miguel e os seus Anjos pelejavam contra o dragão, e o dragão e seus anjos combatiam contra ele; porém, estes não prevaleceram, e o seu lugar não se achou mais no Céu. E foi precipitado aquele grande dragão, aquela antiga serpente, que se chama o demônio e satanás,

que seduz todo o mundo" (Apoc. 12, 7-9).

Desde o século X, a diocese de Avranches, na Normandia, comemora solenemente a aparição de São Miguel no monte Tumba, denominado posteriormente Monte São Miguel.

O príncipe da milícia celeste aparecera em sonhos a Santo Auberi, Bispo de Avranches, no século VIII, determinando que se construísse uma igreja sob sua invocação, no topo do monte Tumba.

A forma do santuário construído naquele local, em 709, assemelhava-se à de uma cripta redonda, que lembrava a gruta do monte Gargano, onde aparecera anteriormente o vencedor

das hostes infernais. O rochedo onde fora construído o santuário dedicado a São Miguel passou a chamar-se "Perigo do mar", quando o oceano invadiu as florestas das imediações.

Desde então, duas vezes ao dia, a elevação começou a ser circundada pelas ondas.

Santo Aubert fundou naquele santuário uma comunidade composta de doze religiosos, dedicados ao serviço perpétuo do grande Arcanjo.

A frequência dos milagres ocorridos no rochedo bendito começou a atrair numerosas peregrinações, provenientes de quase toda a Europa.

Em 1.058, foi concluída a edificação das grandiosas basílica e abadia de estilo românico, obra de vários séculos, a justo título cognominada a Maravilha.

Edifícios simbólicos da civilização cristã, gerada pelo influxo da Igreja na Idade Média.

Incomparável abadia fortificada que resistiu ao invasor inglês, durante a Guerra dos Cem Anos.

Abadia esplendorosa onde o canto dos monges se unia às harmonias dos nove coros angélicos, no seio dos quais seu patrono celestial ocupa lugar de realce.

No século XV, Luís XI instituiu no Santuário a Ordem dos Cavaleiros de São Miguel.

Em nossos dias, infelizmente, os cânticos do coro monacal não se ouvem mais, pois deixou de existir a comunidade religiosa dedicada ao culto de São Miguel.

Contudo, as antigas basílica e abadia-fortaleza, edificadas no topo do rochedo da Normandia, continuam a despertar a veneração e o entusiasmo de peregrinos e visitantes de todo o orbe.

Peçamos a São Miguel que nos conceda a virtude da fortaleza, em nossa época de permissivismo e de apostasia. Ele, o guerreiro de Deus, que não tolerou ver contestada a majestade divina pelo brado de revolta de Lúcifer, incremente em nós o espírito de combatividade para enfrentar vitoriosamente a secular rebelião anticatólica que vem assolando a humanidade.

Na foto, vista recente do Monte São Miguel. Em destaque, cópia da enorme imagem do Arcanjo, revestido com armadura de cavaleiro, existente na ponta da flecha que encima a torre do famoso Santuário francês.