| [QUADRINHOS] | (continuação)
[Irmã Sabina]: ... porisso vocês devem se misturar entre eles, explicando, com jeito, que a caminhada não para aí, mas vai até a Reforma Agrária... E mais longe ainda!
[cortam o arame farpado da cerca]...
– "O povo pela terra, é capaz de ir à guerra" - "Terra não se ganha, se conquista"!
– Vamos saindo? Já está na hora da missa.
– Irmãos, hoje é um grande dia para o povo explorado...
– ... Sim, o povo marginalizado de Beira-Rio deu hoje o primeiro passo para conquistar a terra, e tomou posse da fazenda do capitalista selvagem e opressor... do sanguessuga inimigo do povo... o Alcides!
[Alcides:] – Eu? Nossa fazenda?
– Estamos fazendo Reforma Agrária!
– Vamos logo falar com o chefe do destacamento!
– Olha, Alcides, eu não posso entrar em conflito com a Igreja, traz muitos problemas...
– Mas e a lei? Terei que perder a fazenda?!
– Perder toda, não... Quem sabe, por exemplo, dar urna parte para os invasores... Assim o padre vai ficar sossegado...
– Ele não vai sossegar, não. Você já esqueceu do que aconteceu com o Fagundes?
– Fagundes cedeu metade da fazenda, e depois lhe invadiram a outra metade.
– Olha, a lei até está a seu favor... Mas eu não tenho meios de fazê-la cumprir...
– Não tenho escolha: ou ceder, ou retomar à bala.
– Isso não. Vão te matar! [diz a esposa].
– Eu preferiria morrer a ver minha família na miséria!
[Dr. Geraldo:] – Olha, eles não são subversivos. São inclusive sensíveis à doutrina tradicional da Igreja... E se, além disso, ajudarmos os que são lavradores autênticos a encontrar uma solução razoável, eles compreenderão que foram enganados.
– Mas é arriscado você ir lá sozinho!
– Então vamos todos com ele.