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| [QUADRINHOS] | (continuação)

Surpresa no acampamento:

[Dr. Geraldo:] – Então, o que é que vocês estão fazendo aqui? Quem mandou vocês entrarem na fazenda?

– Doutor Geraldo, nos disseram que vamos ganhar um bocado de terra...

– Foi Irmã Sabina quem mandou.

– lrmã Sabina? Onde ela está?

– Ela foi falar com o Bispo para conseguir mantimentos, porque a gente aqui começa a passar fome...

– Pois saibam que ela os enganou. Esse negócio de pegar terra alheia não dá certo, não... Amanhã outros vão fazer com vocês a mesma coisa.

– Mas como? Então nossa posse não está garantida?

– De jeito nenhum! Apropriar-se de bens alheios é pecado de roubo. Ainda há pouco vocês viram no libreto em quadrinhos que a TFP difundiu aqui, como a doutrina católica tradicional condena o que vocês estão fazendo... O que diriam o padre Anchieta, Dom Vital, Frei Galvão, Padre Reus e tantos outros santos varões da Igreja no Brasil, diante de pecados como esse?


A Igreja ensina que há várias formas legítimas de se chegar à propriedade sobre alguma coisa:

1. Pela apropriação

– Não tinha dono; agora é meu.

2. Pelo trabalho

– Seu ordenado, aproveite-o bem.

3. Pela sucessão.

– Vovó, que lindo medalhão!

– Um dia deixarei para você...


[Dr. Geraldo:] – Vocês pensam que violar a Lei de Deus e os direitos alheios é a solução? Vocês assim fazem o jogo do comunismo.

Os lavradores ficam pensativos...

Chico Bonitão entra em cena:

– Vocês, latifundiários, é que roubam do povo!

– Chico, quem não te conhece? Você é um invasor profissional. Tua ficha é bem comprida...

– Pssiu, Chico, não discuta, deixe-os ir embora. Depois vemos com a Bina o que fazer...

Afinal um lavrador decide falar:

– Doutor, o Sr. tem razão: fomos enganados. Mas não temos para onde ir.

– Tem muita terra sem dono por aqui, que o governo pode dar. Mas o Padre Agapito não quer que vocês ganhem... Eu, como advogado, posso pleitear uma colonização para vocês ficarem donos de uma gleba. Vocês já ouviram falar de Nova Curitiba?

Como era de se prever, a solidez dos argumentos religiosos de Dr. Geraldo, bem como o equilibrado da solução prática sugerida por ele, obtém a confiança dos lavradores e leva-os a concordar com sua proposta, persuadidos de que o mais meritório e o mais eficaz é agir sempre de acordo com a Lei de Deus e as leis dos homens.

– Agora sim, encontramos uma boa solução para nós.

– Graças a Deus!

[Chico Bonitão:] – Bobos, vocês se contentam com isso?

[Companheiro de Chico Bonitão:] – Imagine... Eles querem passar de explorados para exploradores.

– É, já estou vendo: vocês não são da nossa gente...

– É como fazem os traidores da revolução!

[Cícero:] – Vocês são marginais, ou comunistas, como essa freira que nos enganou...

[Chico Bonitão, apontando a arma:] – Cala a boca, Cícero!

[Cícero:] – Quando se souber quem são vocês...

[Chico Bonitão atira.]

Cícero é morto a sangue frio, vítima do ódio revolucionário!

Temeroso da reação popular contra o Padre Agapito e a Irmã Sabina, Dom Adolf mandou-os passar uma temporada na Nicarágua. E Chico Bonitão, assassino do pobre Cícero, voltou uma vez mais para a prisão, pela qual já tinha passado várias vezes.

Alcides recuperou sua fazenda. E os verdadeiros agricultores, esclarecidos pelos argumentos da TFP, e ajudados pelo Dr. Geraldo, tornaram realidade o desejo de possuir terra própria...

... provando mais uma vez que o afeto, a colaboração mútua entre as classes sociais são os melhores meios para que os brasileiros resolvam seus problemas.

– Doutor, não sei como lhe agradecer,

– Agradeça a Nossa Senhora Aparecida, e peçamos que Ela mantenha a Igreja e o Brasil livres da infiltração comunista.

E assim a paz retornou a Beira-Rio. Alguns dias depois, a caravana da TFP, voltando para o sul, passa novamente pela cidade...

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