P.36-37

PIO XII, Radiomensagem de Natal de 1956: "A Religião, e a realidade do passado, ensinam, pelo contrário, que as estruturas sociais, como o casamento e a família, a comunidade e as corporações profissionais, a união social na propriedade pessoal, são células essenciais que asseguram a liberdade do homem".

| Pernambuco | (continuação)

dos Trabalhadores Rurais de Pernambuco - Fetape, cujos dirigentes, advogados e assessores são intimamente ligados à Igreja" CO ESP", 10-9-80, apud As CEB5... - C.D.T., p. 127).

Não há temeridade, portanto, em indagar se a recente greve dos canavieiros de Pernambuco não está no rol das agitações comuno-progressistas.

Aliás, a greve dos cortadores de cana de Pernambuco apresentou algumas semelhanças, quanto às táticas, com a deflagrada nos canaviais de Guariba (SP), em maio último. A fim de evitar que o movimento fracassasse, os grevistas formaram piquetes, obrigando trabalhadores dissidentes a parar o serviço, e levantaram barreiras nas estradas para interromper o trânsito de caminhões que transportavam cana para as usinas. Para intimidar plantadores de cana e usineiros - levando-os à aceitação de suas reivindicações - os grevistas atearam fogo aos canaviais. Recursos também utilizados em Guariba.

D. Hélder explica seu método de consolidar invasões urbanas...

Em conferência na Catedral de São Paulo, no dia 25 de setembro p.p., o Arcebispo de Olinda e Recife, D. Hélder Câmara, explicou - com clareza que atinge as raias da desfaçatez - a maneira pela qual "auxilia" as invasões de terrenos urbanos.

Após descrever como ocorre a chegada e aglomeração de pessoas nas periferias urbanas, em terras "que estão ali sem nenhum sinal de posse, aguardando [e o Prelado insinua que tal "aguardar" é um crime] a valorização imobiliária".

Aparece então o primeiro problema: o homem simples hesita em roubar a terra alheia. D. Hélder resolve o impasse:

"Às vezes - revela o Prelado - eles perguntam: 'a gente pode roçar aí um campinho?' Digo: claro! Não vejo nenhum sinal, e há um direito humano de a gente ter um 'canto' para morar com a família..."

Fica assim 'resolvido" o problema de consciência, e se consuma a invasão. Prossegue o Arcebispo de Recife:

"Aí eles desmatam, constroem com uma rapidez enorme. E aí chamam isto de terreno de invasão!"

Terminada a primeira etapa da invasão, torna-se necessário resistir ao despejo. O Arcebispo vermelho revela sua tática:

"Aparece lá alguém que diz que é dono e dá uma semana de prazo. Depois de uma semana, entra com gente para derrubar os barracos. Aí eles vão derrubar. O que é que a gente faz? Eu não vacilo em dizer que tenho aconselhado: vocês evitem dois exageros: nem partam para a ignorância - meter um cacete daqueles... ou uma 'peixeirinha' na barriga (sic) Não façam isso! Porque aí vocês serão fulminados. Mas também nada de bobagem: vocês vão ficar assistindo à derrubada dos barracos. Nós arranjamos mais uns vizinhos para encorajar também. E a gente ensina cânticos de fé, de esperança, de amor. Quando tudo estiver derrubado e o homem sai, a gente reconstrói num instante..." (risos e palmas).

"Quando a gente faz isso uma vez, duas, três, o Governo num instante desapropria a terra para colocar o pessoal... Ah, ah", sorriu D. Hélder.

Ou seja, em muitos casos, desapropriar nessas circunstâncias é cair na armadilha preparada pela "esquerda católica", é fazer o jogo dela!


MAIS DE 50 FOCOS DE AGITAÇÃO CONVULSIONAM O BRASIL DE HOJE

ESTA EDIÇÃO DE "CATOLICISMO' foi remetida às seguintes autoridades civis e militares:

General João Batista Figueiredo, Presidente da República - Sr. Antonio Aureliano Chaves, Vice-presidente da República - Prof. João Leitão de Abreu, chefe do Gabinete Civil - General Rubem Carlos Ludwig, chefe do Gabinete Militar - Brigadeiro Délio Jardim de Mattos, Ministro da Aeronáutica - Sr. Nestor Jost, Ministro da Agricultura - General Danilo Venturini, Ministro Extraordinário para Assuntos Fundiários - Brigadeiro Waldir Vasconcelos, Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas - General Walter Pires, Ministro do Exército - Sr. Emane Galvéas, Ministro da Fazenda - Coronel Mário Andreazza, Ministro do Interior - Sr. Ibrahim Abi-Ackel, Ministro da Justiça - Almirante Alfredo Karam, Ministro da Marinha - Sr. Antonio Delfim Netto, Ministro do Planejamento - Senador Moacyr Dalla, Presidente do Senado Federal - Deputado Flávio Marcílio, Presidente da Câmara dos Deputados - Ministro João Batista Cordeiro Guerra, Presidente do Supremo Tribunal Federal - Senador Álvaro Dias, Presidente da Comissão de Agricultura do Senado Federal - Deputado Ituviral Nascimento, Presidente da Comissão de Agricultura e Política Rural da Câmara dos Deputados - Paulo Yokota, Presidente do Incra.

Da mesma maneira, a presente edição foi enviada aos Governadores, Secretários da Justiça e da Segurança Pública dos seguintes Estados da Federação: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Paraíba, Ceará, Maranhão, Goiás, Pará, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, Acre e Amazonas.


PARAÍBA
PAPEL DE D. JOSÉ MARIA PIRES NA AGITAÇÃO SOCIAL DA PARAÍBA

D. JOSÉ MARIA Pires, Arcebispo de João Pessoa, tornou-se conhecido em nossa Pátria como um dos corifeus do clero esquerdista. O apoio por ele concedido - às vezes acompanhado pela atuação pessoal - às agitações rurais e urbanas tem sido amplamente noticiado. O fato mais famoso de sua participação em conflitos de terras é, sem dúvida, o caso da Fazenda Alagamar, onde atuou juntamente com D. Hélder Câmara (cfr. "As CEBs...", pp. 179 a 183).

Na recente greve dos canavieiros paraibanos, os organismos eclesiásticos de esquerda, apesar de se esconderem à sombra das entidades sindicais, também se fizeram presentes. Como em Pernambuco, a "esquerda católica" vem, há bastante tempo, se infiltrando nos sindicatos rurais da Paraíba.

Já em 1976 a Comunidade Eclesial de Base de Mogeiro (PB) relatava: "A abertura das comunidades para outros grupos é percebida no entrosamento delas no sindicato rural. Como os sindicatos em geral não assumem o papel de defesa da classe e dos direitos das pessoas, as comunidades têm uma presença questionante, tentando, a partir da base, causar uma mudança na direção dos sindicatos ou exigir uma ação certa dos dirigentes" ("SEDOC", nov./76, col. 481, apud "As CEBs - C.D.T.", p. 128).

Após o assassinato de Margarida Maria Alves, presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande - ocorrido a 12 de agosto de 1983 - o clero externou mais uma vez a sólida vinculação que mantém com o movimento sindical trabalhista. Em memória da líder trabalhista, foi criado o Comitê Margarida Maria Alves pelas seguintes entidades: Fetag-PB - Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado da Paraíba; Comissão de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH) da Arquidiocese de João Pessoa (a qual foi fundada e dirigida durante alguns anos por Vanderlei Caixe, ex-terrorista urbano e amigo pessoal de D. José Maria Pires); CDDH da Diocese de Guarabira; Comissão Justiça e Paz da Diocese de Campina Grande; Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande; Comissão dos Canavieiros etc.

Como se vê, nessa "comissão" encontram-se representadas as três principais Dioceses da Paraíba.

Apoio aberto da "esquerda católica" à greve dos canavieiros

Já antes de ser deflagrada a greve dos cortadores de cana paraibanos (a 15 de outubro último), estava fundado o Comitê de Apoio à Luta dos Canavieiros, composto, além de entidades sindicais como a Fetag-PB, por Associações de Moradores (CEBs urbanas) e pela CUT.

No dia 9 de outubro, o comitê promoveu ato de solidariedade aos canavieiros no centro da cidade de João Pessoa. A concentração reuniu público insignificante, pois, segundo se noticiou, foi prejudicada pela chuva e... por uma feira de brinquedos, exposta na mesma praça.

A presença de Francisco Julião (ex-líder das Ligas Camponesas) chegou a ser anunciada. Contudo, este não compareceu à concentração.

"Esquerda católica" "conscientiza" e atua

A greve foi deflagrada a 15 de outubro, perdurando até o dia 23 do mesmo mês, mantida sempre por piquetes. Antes e durante a greve, a "esquerda católica" não permaneceu de braços cruzados.

Por volta dos dias 6 e 7, o CDDH-AEP - Centro de Defesa dos Direitos Humanos - Assessoria de Educação Popular da Arquidiocese de João Pessoa - distribuiu boletim instruindo aos cortadores de cana como proceder durante a greve: "Os trabalhadores em greve poderão convocar outros trabalhadores, fazer propaganda do movimento, através da distribuição de panfletos, cartazes e boletins. Os grevistas não podem ser perseguidos, presos nem demitidos" ("ON", 9-10-84).

Logo no primeiro dia de greve, foi preso em Canafístula, distrito de Alagoa Grande, o "auxiliar" do sindicato dos trabalhadores rurais e seminarista Antonio Roberval Veras, que participava de piquetes. No mesmo dia, foi também detido pela polícia em Alagoa Grande o boia-fria Miguel Pinto da Silva, que ateou fogo em um canavial da Usina Tanques. Na delegacia, o canavieiro declarou que cumprira ordens de José Horácio, presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, o qual vem sendo apoiado por D. José Maria Pires e D. Marcelo Carvalheira, Bispo de Guarabira.

Autoridades denunciam infiltração

Em entrevista à imprensa, o Governador Wilson Braga denunciou a infiltração na greve de organismos sindicais da cidade e de pessoas ligadas a partidos políticos. O Secretário de Segurança Pública, Fernando Milanez, foi um pouco mais preciso ao formular sua acusação: "Acompanhando o movimento dos trabalhadores se encontram presidentes de secções de partidos políticos, como também presidentes de associações de bairros e outras entidades identificadas como entidades urbanas" ("CP", 17-10-84).

Continua na página seguinte