NA MANHÃ DE 24 de novembro último, quatro investigadores transportados por um vistoso veículo da Polícia Civil estiveram na sede da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP), localizada à Rua D. Domingos de Silos, 238, e pediram para investigar se ali estaria sequestrada uma menor de idade, conforme denúncia de familiares. Foram-lhes franqueados todos os edifícios da referida sede, que visitaram do modo mais pormenorizado. E, evidentemente, nada encontraram. O que consta do "Boletim de Ocorrência" fornecido pela autoridade competente.
A TFP comunica ao público o insólito fato pela significativa conexão que ele apresenta com outros que se vêm desenrolando na América do Sul.
Um estrondo publicitário veiculou contra a "Associação Civil Resistência", coirmã das TFPs na Venezuela, as difamações mais torpes e inverossímeis. Preparou ele, assim, o ambiente para o decreto do Poder Executivo, flagrante e até escandalosamente ilegal, que proibiu as atividades de "Resistência".
Previamente ao estrondo, o primeiro ato dessa perseguição começou - é muito de se notar - pela invasão policial da sede da entidade, com base em denúncia segundo a qual ali se encontravam menores de idade que estariam proibidos pelos respectivos pais de frequentar o local. Examinada toda a sede os policiais nada encontraram, do que aliás deram testemunho escrito.
"Menti, menti, alguma coisa sempre ficará", dizia Voltaire. E com quanta razão! Começava assim na Venezuela, com o emprego da bem conhecida técnica das denúncias falsas, a preparação do ambiente para o estrondo publicitário. E daí o resto...
Há poucos dias um tendencioso noticiário de uma TV de Bogotá sobre o que ocorrera na Venezuela dava o primeiro sinal de que algo de análogo começava na Colômbia. Um ou dois dias depois, a TFP daquele país recebeu na sua sede de Bogotá a visita de uma simpática senhora que há seis meses não encontra seu filho, o qual residia em um internato religioso. Ela morava em outra cidade. Seu filho, ao se retirar do internato, voltou à casa materna. Dois dias depois, não havendo chegado em casa, sua mãe viajou para Bogotá, a fim de procurá-lo. Desde então seu filho está perdido. Há 15 dias, esta senhora começou a receber chamadas telefônicas dizendo que seu filho estava sequestrado na sede da TFP daquela cidade, que fizesse denúncia à polícia e fosse com esta à sede da entidade, pois se tratava de "uma seita civil muito perigosa".
Quando ela respondeu que não faria nenhuma denúncia, a pessoa anônima que com ela falava ao telefone se enfureceu. Depois acrescentou que se quisesse poderia colocá-la em contato com outras famílias às quais se teria passado o mesmo, mas que, em todo o caso, fizesse a denúncia.
Não é de espantar que, com o objetivo de fazer análoga intriga, as mesmas pessoas que ligaram para essa mãe, procurem outras que tenham colocado anúncio nos jornais por causa de desaparecidos.
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Talvez pelo fracasso dessa tentativa, os empreiteiros da demolição anti-TFP parecem ter lançado mão de outro recurso. Na sexta-feira à tarde surgiu em Bogotá a versão de que S. Emcia. o Cardeal-Arcebispo Lopes Trujillo faria declarações sobre a TFP pela televisão. E presumivelmente desfavoráveis, se bem que seja ele de uma linha de direita, aliás extremamente moderada. De fato, até hoje S. Emcia. não falou sobre o assunto pela TV. Ignoramos se ainda o fará.
Caso isto aconteça - e sem pôr em dúvida aqui as altas intenções do Prelado - o fato estaria entretanto em sincronia com a técnica seguida na vizinha Venezuela: preparar o terreno para o dilúvio de calúnias, sobressaltando no público sentimentos respeitáveis: o amor materno na Venezuela, o acatamento à autoridade eclesiástica na Colômbia.
No Equador, o estrondo também parece ter começado hoje. Mas - é preciso que se diga - bem mais sem-cerimônia. Jornais estamparam a notícia de que um deputado da esquerda, recentemente derrotada nas eleições presidenciais, pedira ao governo o fechamento da TFP local, "de extrema direita". Tal é a autenticidade democrática de certas esquerdas.
Seria infantil imaginar que as pessoas envolvidas diretamente em todos esses primeiros lances acusatórios agem necessariamente de má fé, e movidas de modo consciente pela força internacional que deles tira proveito simultâneo, em lugares tão diversos, e para um só fim. Todos sabem o papel dos "inocentes-úteis" na trama comunista mundial.
Denunciando à opinião pública brasileira esses fatos, a TFP tem em vista proporcionar-lhe o meio de concatenar outras ocorrências - aparentemente desconexas entre si - as quais muito provavelmente se seguirão aos episódios aqui narrados.
Sobretudo fica neste comunicado um brado de alerta. Se o comunismo internacional opera agora no sentido de montar urdiduras contra as TFPs na América do Sul, tal se dá porque quer eliminar um anteparo para as investidas dele contra a civilização cristã.
No grande público, quem se manifestar receptivo ou simpático para as calúnias e tramas que assim se preparam, colaborará para destruir o anteparo e abrir o caminho para o adversário.
Quem, pelo contrário, se mostrar sereno, sagaz e insensível ao estrondo e às febricitações psicológicas de que este se faz acompanhar, terá prestado um valioso apoio à defesa do Brasil e da civilização cristã contra o comunismo.
Nossa Senhora Aparecida, proteja o Brasil!
São Paulo, 24 de novembro de 1984
Paulo Corrêa de Brito Filho
Diretor de Imprensa da TFP
COMUNICA-NOS o Serviço de Imprensa da TFP:
O "IZVESTIA" é o órgão oficial do governo soviético. Com o "Pravda" (órgão do PC) comparte ele a absoluta primazia de importância dos jornais comunistas e atinge todo o público da Rússia. Além deste imenso âmbito de influência interna, o "lzvestia" também conta com larga circulação nos meios comunistas internacionais. E, num e noutro público, dá a conhecer o que o Cremlin quer que se conheça. Aplaude o que o Cremlin tem vantagem em que se aplauda. E ataca o que o Cremlin tem vantagem em que se ataque. A intensidade desses aplausos e desses ataques é graduada para os dóceis adeptos do comunismo, não só pelos termos usados pelo jornal, como pela evidência maior ou menor com que se faz a apresentação da matéria.
Bem entendido, tudo é meticulosamente coordenado segundo as conveniências do imperialismo mundial soviético.
Na página reservada a notícias internacionais de sua edição de 20-11-84, o órgão do Cremlin patenteia sua inteira solidariedade com o estrondo publicitário venezuelano contra a associação "Resistência", coirmã autônoma das TFPs, o qual tendeu desde seu primeiro momento a que, como de fato sucedeu, o governo de Caracas proscrevesse a simpática e benemérita organização.
Silencioso durante todo o desenrolar dos acontecimentos, e uma vez cerrada "Resistência" no dia 13 de novembro último, o Cremlin deixou cair a máscara e cantou vitória.
Com efeito, através de seu órgão oficial, o governo comunista russo faz ver quanto convém à sua propaganda que "Resistência" tenha sido objeto da arbitrária e tirânica medida do governo de Caracas (cujo partido, a Ação Democrática, é filiado à Internacional Socialista). Pois conduz seus leitores em todas as vastidões da Rússia e do mundo a aplaudirem aquele gesto, e a apoiarem toda campanha análoga que surja aqui e acolá contra as TFPs.
Sirva o sintomático desabafo do Cremlin para abrir os olhos dos inocentes-úteis que, na Venezuela como alhures, estejam em condições de se deixar envolver inadvertidamente em tais campanhas. E para coibir a influência dos que, fazendo-se muitas vezes de inocentes-úteis, não são senão comparsas do jogo comunista, característicos lobos com pele de ovelha.
Publicamos na íntegra o texto do órgão do Cremlin.
Abstemo-nos de opor a suas múltiplas calúnias qualquer desmentido, por já ter sido o essencial desta matéria tratado em nosso comunicado "Perseguição ideológico-religiosa na Venezuela - Nuvem negra baixa sobre o país irmão", publicado na "Folha de S. Paulo" de 14 novembro.
EM UM DOS MAIS reputados bairros de Caracas, o "Country Club", conhecido pelos seus luxuosos palacetes e bem cuidados campos de golfe, está localizada, atrás de sólidos e altos muros, a nívea vila "Morella". Nela se instalou a seita religiosa paramilitar de orientação fascista denominada Associação Civil Resistência". Esta é a filial da organização terrorista internacional que se oculta sob o lema "Tradição, Família e Propriedade" (TFP), agindo em mais de 20 países do mundo.
O fim fundamental da TFP é reunir jovens na idade entre 13 e 20 anos no "movimento de luta pela pureza da Cristandade,