Cristóbal Varas, nosso correspondente
SANTIAGO - SOB O TÍTULO "Atenta contra os direitos humanos, a Comissão Chilena de... Direitos Humanos", a TFP chilena publicou recentemente nos diários "Washington Post", de Washington, e "El Mercurio", de Santiago, incisivo documento no qual comentou as atividades da mencionada Comissão.
Fundada em 1978 com a finalidade declarada de "promover os direitos humanos", ela agrupa sob seu teto destacados pró-homens da Democracia Cristã chilena. Afiliada a uma miríade de organizações internacionais - algumas delas com pomposos títulos, mas de duvidosa representatividade - serve-se do "progressista" Vicariato da Solidariedade, de Santiago, para difundir sisudas informações de aparência imparcial. Estas são aguardadas por poderosos altofalantes instalados em agências internacionais, e por "Chilean desks" de certos governos ocidentais...
Em seu último Boletim anual, correspondente a 1983, a CChDH estampou uma acusação que faria rir a muitos chilenos - inclusive os que não concordam com a TFP - se não fosse o caráter absurdo e calunioso da mesma: a TFP havia sido incluída na lista dos violadores dos direitos humanos. Tão disparatada acusação, desacompanhada do menor indício de provas, era o que - para pasmo da TFP e dos setores sadios da opinião chilena - podia-se ler na página 60 do referido boletim.
O manifesto da TFP chilena, depois de recordar o caráter sempre pacífico, legal e respeitoso de suas já numerosas atuações, afirma: "As acusações anteriormente mencionadas pela CChDH constituem em si mesmas violações dos direitos humanos da TFP".
"Com efeito, se há um direito humano fundamental, este é o de ser tratado com justiça. E é pressuposto da justiça não condenar ninguém antes de ouvi-lo. Perguntamos então: a quem da TFP ouviu a Comissão Chilena de Direitos Humanos antes de publicar estas acusações?"
Depois de esclarecer que limitava seu pronunciamento ao ponto acima mencionado, por ser o que a concernia diretamente, a entidade indicava que a análise do mesmo era mais que suficiente "para questionar gravemente a imparcialidade da Comissão Chilena de Direitos Humanos, e sobretudo para negar-lhe o direito de imiscuir-se em assuntos religiosos, mais ou menos como se fosse um 'Vaticano' laico que resolve em última instância".
"O que a CChDH está julgando é, em última análise, a ortodoxia dos pronunciamentos da TFP, e condenando como réus aqueles que combatem ideologicamente o progressismo, o socialismo e o comunismo"
"Amanhã, se a corrente ideológica da CChDH chegar ao poder, quais serão as sanções que imporá aos opositores que dela divirjam ou que não se adaptem aos moldes da sua peculiar ortodoxia? Portanto, a TFP denuncia, no país e no Exterior, esta ereção da Comissão Chilena de Direitos Humanos numa espécie de juiz de fé e costumes, um grotesco 'Vaticano' laico, apaixonado em seus vereditos, que inverte a doutrina tradicional católica, inocentando o marxismo e condenando o anticomunismo".
Concluindo, a TFP chilena perguntava em sua interpelação: "É realmente em favor dos direitos humanos que esta Comissão trabalha? Tal dúvida projeta naturalmente suas sombras sobre vários outros organismos congêneres..."
A SOCIEDADE Americana de Defesa da Tradição, Família e Propriedade - TFP, realizou em Nova York, nos dias 10 e 11 de novembro, mais um Encontro para Correspondentes e Simpatizantes. Entre os cerca de 400 participantes contavam-se 46 do Canadá, e os americanos provinham das mais variadas partes dos Estados Unidos. Três chineses (uma senhora e dois rapazes), um casal afegão que recentemente escapou do seu país dominado pela Rússia, e uma senhora filipina distinguiram-se entre os asiáticos presentes.
"Os efeitos deteriorantes da Revolução psicológica e moral nos Estados Unidos"; "O papel do clero progressista no processo revolucionário da América Latina"; "A epopeia das TFPs nos últimos 3 anos". Estes foram os atraentes temas de algumas das reuniões previstas no programa do Encontro.
Despertou especial interesse, pela variedade e originalidade do tema, a exposição do Sr. Philip Calder - compositor e membro da TFP norte-americana - sobre a "Influência da Revolução através da Música", acompanhada com exemplos executados ao órgão e ao cravo pelo próprio conferencista, e também com a audição de gravações e projeção de slides.
O ponto alto do Encontro foi marcado pela mensagem que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira dirigiu aos participantes. Gravada em videoteipe na cidade de São Paulo, e projetada para todos os participantes, a mensagem continha um apelo para que cada um aceitasse a sua própria cruz e oferecesse os sofrimentos e sacrifícios inerentes à luta pela causa católica, em desagravo pelos ultrajes de que tem sido alvo a Santa Igreja em nossos dias.
Participou enquanto convidado de honra do Encontro para dirigir a palavra aos presentes, num almoço, o Dr. Robert R. Reilly, na qualidade de "Assistente especial do Presidente - principal elemento de ligação do Presidente Reagan com a Comunidade Católica dos Estados Unidos e com o movimento anti-abortista".
Também compareceu ao Encontro, como convidado de honra, o Pe. Victorino Rodriguez y Rodriguez OP, Prior do Convento de Santo Domingo eI Real (Madrid), um dos maiores teólogos da nossa época, professor de Teologia na famosa Universidade de Santo Estêvão de Salamanca, Doutor em Teologia pela Universidade São Tomás, de Roma, e autor de mais de 200 escritos, 18 dos quais são livros.
Vindo de Madrid especialmente para o Encontro da TFP, o Pe. Victorino Rodriguez dirigiu aos participantes uma palestra sobre Teologia da Libertação.
Baseando-se nos estudos que fez sobre o assunto, e citando frequentemente a Instrução Libertatis Nuntium, publicada em 6 de Agosto de 1984 pela Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé para condenar a "Teologia da Libertação", o insigne sacerdote mostrou que ela não é teologia, e a "libertação" que propõe é escravizante. Da mesma forma, também os seus seguidores não são teólogos, pois "nem Deus dirige o seu pensamento, nem é sua aspiração a liberdade para os filhos de Deus".
Mostrando, por fim, a contradição, a inconsistência e até o ridículo da referida "teologia", o conferencista lembrou que, de acordo com um absurdo defendido pelos "teólogos" da 'libertação", o reino de Deus não virá para os homens enquanto existirem pobres. Ou seja, "se para entrar no reino de Deus os pobres tivessem necessariamente que deixar de ser pobres, resultaria que só entrariam nele os ricos".
No dia seguinte ao do encerramento do Encontro, a sede da TFP continuava cheia. E, mais uma vez, foi o Pe. Victorino solicitado a continuar as suas conferências sobre assuntos teológicos, uma das quais se transformou num interessante e prolongado debate de perguntas e respostas.
Este Encontro da TFP dos Estados Unidos não constitui apenas um marco importante na sua história de lutas, de sacrifícios e de êxitos. Ele foi, também, uma inequívoca constatação de que existe na opinião pública norte-americana um interesse crescente por temas doutrinários e pelos valores perenes da civilização cristã: a tradição, a família e a propriedade.
O auditório do Lavcover Country Club ficou lotado com grande número de participantes do Encontro de Correspondentes e Simpatizantes da TFP norte-americana.
Mário A. Costa, nosso correspondente
WASHINGTON - OS PROFISSIONAIS DOS "direitos humanos" desta cidade tiveram uma desagradável surpresa na manhã do dia 11 de outubro. Este tipo de pessoas é abundante em Washington, e em torno delas se aglutina ampla gama de inocentes-úteis que não percebem ou não querem perceber as unilateralidades de muitos defensores dos "direitos humanos". Esse gênero "ingênuo" de americano é conhecido aqui como "bleeding-heart liberal", ou seja, o esquerdista cujo coração sangra de angústia, dor e compaixão pelos pobres e perseguidos. Mas só dos que vivem em países anticomunistas, porque toda essa atividade cardíaca cessa imediatamente quando se trata de lamentar as atrocidades cometidas pelos regimes de esquerda.
Em todo caso, nessa manhã do dia 11 de outubro saiu publicado na página 6 do "Washington Post" um manifesto da TFP chilena intitulado: "Atenta contra os direitos humanos a Comissão Chilena de... Direitos Humanos". Esse diário, o maior da capital americana, é um dos mais importantes e influentes do país, com tiragem de 800 mil exemplares diários.
Imediatamente começaram a chover as repercussões no escritório das 15 TFPs, em Washington. Telefonaram, desde jovens entusiasmados com o documento até esquerdistas que, sentindo-se desmascarados e sem argumentos, limitaram-se a proferir insultos. Entre um polo e outro, "centristas" e "moderados" mostraram-se perplexos diante do que haviam lido.
Exemplo interessante disso foi o de uma senhora pertencente a conhecida família de uma ex-Primeira Dama dos Estados Unidos. O dinheiro e o tempo gastos em frivolidades internacionais não impedem que o coração dessa gente sangre pelos "infelizes" cujos "direitos humanos" são supostamente pisoteados no Chile. Inclinada a concordar com "as pessoas dos direitos humanos", essa senhora disse por telefone que havia ficado muito chocada com o que lera na página 6 do "Washington Post", e pedia, por isso, que lhe fosse enviada a documentação sobre o assunto, para assim poder constatar a veracidade do que era afirmado pela TFP chilena.
Nos dias seguintes o correio trouxe um apreciável número de cartas de pessoas que pediam não só cópias do documento, como também da Reverente e Filial Mensagem da TFP chilena ao Arcebispo de Santiago e de maiores informações sobre a TFP.
Ao mesmo tempo, a TFP norte-americana distribuía cópias do documento às mais altas personalidades do Departamento de Estado e a congressistas. A reação do principal assessor de um conhecido senador norte-americano mostra o sentimento de um importante setor dos meios políticos americanos: "Fizeram muito bem em publicar o documento no 'Washington Post', pois é um diário que todas as pessoas relacionadas com os 'direitos humanos' leem. Tenho a certeza de que este documento abrirá os olhos de muita gente".
Depois que a TFP chilena revelou as aberrantes arbitrariedades da Comissão Chilena de Direitos Humanos, a percepção da problemática dos direitos humanos em Washington jamais será a mesma.
TESE DE 220 PÁGINAS sobre o pensamento e a obra do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira foi defendida oralmente em 31 de agosto último na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, pelo Prof. Lizânias de Souza Lima. Trata-se de uma "dissertação de mestrado", apresentada na "área de História Social", à qual o Prof. Lizânias deu o título significativo de "Plinio Corrêa de Oliveira: um Cruzado do Século XX". Note-se que teses sobre pessoas vivas, e "a fortiori" no auge de sua atuação pública, como é o caso, são raras.
Embora o autor se situe numa posição "progressista" e esquerdista, e, portanto, não concorde com as ideias do Presidente do Conselho Nacional da TFP, deixa claro entretanto o papel ímpar que este vem exercendo na história social e religiosa do Brasil nos últimos 50 anos: "Entre os militantes, jornalistas, escritores e pensadores católicos leigos, talvez seja o que mais reflita, pela sua oposição a elas, as transformações ocorridas na Igreja", lê-se na tese.
A banca examinadora, composta por três conceituados professores, elogiou a coragem e o discernimento do Prof. Lizânias por ter escolhido para sua dissertação a figura de um intelectual tão conhecido e combatido por suas ideias anti-esquerdistas. Um deles, o Prof. Cândido Procópio Ferreira de Camargo, disse: "O Sr. escolheu um personagem que exerceu e exerce um papel significativo na vida religiosa, na vida cultural e política do País".
A dissertação foi aprovada com nota "nove e meio, com distinção". "Catolicismo" ocupar-se-á, em próximo número, do conteúdo do trabalho e da apreciação que dele fez a banca examinadora.