Verdade e a Vida", o próprio Verbo Encarnado - é apresentada como um simples "conflito" entre algumas pessoas!

Uma foto significativa: freira pega o fuzil ao lado da guerrilheira, por ocasião da revolução sandinista. Segundo Maduro, durante o primeiro semestre da revolução, o clero estava majoritariamente a favor (dela)".

O sandinismo triunfou devido ao apoio dos cristãos

O marxista-"católico" venezuelano Otto Maduro (1) declarou que trabalhou na "revolução nicaraguense como católico, mais do que como socialista e marxista" (p. 18).

(1) A palestra foi proferida por Otto Maduro sob o título "Luta de classes e processos de libertação na América Latina", em 25 de agosto p.p.. Para analisar essa exposição, baseamo-nos no opúsculo que a transcreveu, editado pelo Departamento de Teologia e Ciências da Religião da PUC - SP.

Segundo ele, a luta de classes se iniciou na América com a descoberta e colonização - que ele chama de "invasão" - por parte de espanhóis, portugueses e outros povos.

De acordo com essa concepção, Cristóvão Colombo, Pedro Álvares Cabral e outros teriam sido "opressores". Pedimos ao leitor que deixe de lado o aspecto ridículo de tal impostação e atente para o que ela contém de grave. São os próprios lineamentos da nossa História que são assim forçados - reinterpretados, diriam os marxistas - para facilitar hoje em dia a subversão geral dos princípios e das instituições.

Após apresentar toda uma visão distorcida de nossa história e de nossa gente, Maduro passa a falar do "projeto socialista" e da "libertação" da Nicarágua. Neste país deu-se, segundo ele, a "aproximação de uma revolução socialista com a fé cristã e com as igrejas cristãs" (p. 18).

Confirmando o que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira afirmou documentadamente (2), esse admirador do sandinismo declara: "Se não tivesse havido a participação que realmente houve dos cristãos, a Frente Sandinista [como ela própria reconhece] não teria triunfado" (p. 19). Durante "o primeiro semestre da revolução", prossegue Maduro, o "clero estava majoritariamente a favor da revolução sandinista" (p. 23, destaque do original).

(2) Cfr. "Catolicismo", julho-agosto 1980 (nº 355-356): "Na noite Sandinista, incitação à guerrilha" – análise e comentários do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da TFP.

É mais uma prova de que os marxistas, por si sós, nada conseguem na América Latina. É preciso que eles se declarem cristãos, frequentem seminários, se ordenem padres, para então impressionar o povo. Pode o leitor constatar, em face dessa declaração, a importância da atuação da TFP na defesa da civilização cristã, ao desmascarar os lobos vestidos de ovelha.

O que pensa o conferencista da atual posição de João Paulo II? "João Paulo II retrocedeu em muitos aspectos, não em todos (é bom frisar) à mentalidade de Pio XII" (p. 28 - destaque do original). E prossegue: "João Paulo II, até a Conferência de Puebla, nos apoiava. Mas, de repente, foi como se nos dissesse 'parem e retrocedam' "(p. 29).

É bem o caso de observar que a "esquerda católica" nem retrocedeu nem mesmo parou. Continua ela desinibidamente promovendo o marxismo. Virão medidas eficazes do Vaticano? Aguardemos com espírito de oração.

No folheto em que figura a conferência de Maduro, um desenho expressivo: igrejas ostentando o lema sandinista: "Pátria livre ou morrer".

Um problema tático para a "esquerda católica"

Os recentes pronunciamentos do Cardeal Ratzinger e de João Paulo II - a considerarmos o teor das conferências desta série pronunciadas na PUC - não abalaram em nada a "fé" da "esquerda católica" no marxismo. Mas criaram-lhe um problema tático. Esse problema é assim descrito pelo esquerdista venezuelano: "Estamos entre a espada e a parede. E ainda não sabemos o que fazer. Mas é preciso nesta situação pensar muito bem os movimentos. Há 1500 anos, de modo especial nestes últimos 30 anos, que nos acostumamos a não questionar os Papas. É, portanto, muito difícil inaugurar uma atitude crítica, como a de Paulo frente a Pedro, sem sair e fundar outra Igreja. Mas se hoje Paulo funda outra Igreja na América Latina, Reagan invade e massacra tanto Paulo quanto Pedro" (p. 29).

Ao aludir a Paulo e Pedro, o orador quis referir-se ao episódio narrado na Sagrada Escritura, em que São Paulo resistiu a São Pedro no tocante à questão da prática dos ritos judaicos. Maduro considera a "esquerda católica" como sendo Paulo. Entretanto, o autor omite de dizer que São Paulo jamais pensou em fundar outra igreja. Ele resistiu num ponto disciplinar importante, não porém em questão de fé. Ora, Maduro levanta claramente a possibilidade de a "esquerda católica" enveredar pela senda do cisma e da heresia, fundando outra igreja. E o que o detém ante tal senda são razões meramente táticas. A virtude da fé não lhe diz nada? Seu credo parece ser, não o símbolo de Nicéia, mas o credo marxista...

Por fim, relatando as pressões internacionais que auxiliam o governo sandinista, diz o agitador venezuelano: "A posição da Igreja Católica nos Estados Unidos teve um impacto enorme em intimidar o governo de Reagan" (pp. 34-35). Ou seja, no interior dos Estados Unidos a "esquerda católica" dificulta a adoção de uma política mais definidamente anti-sandinista por parte do governo norte-americano.

Otto Maduro, não podendo negar a presença de "assessores" soviéticos na Nicarágua, procura minimizá-la com a observação: "Certamente são poucos" (p.36).


A grande alternativa de nosso tempo - dead? or red? - na perspectiva da mensagem de Fátima

Plinio Corrêa de Oliveira

"Catolicismo" apresenta abaixo o penetrante prefácio que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira redigiu para a recente edição norte-americana da obra "As aparições e a mensagem de Fátima conforme os manuscritos da Irmã Lúcia", de Antonio Augusto Borelli Machado.
Estamos certos de que nossos leitores se beneficiarão lendo um texto que comenta, com tanta clarividência, problemas-chave do mundo contemporâneo à luz da profética mensagem de Fátima.

Uma tradução inglesa da obra de Antonio Augusto Borelli Machado, que já alcançou no Brasil a tiragem de 420 mil exemplares, foi lançada recentemente nos Estados Unidos pela TFP norte-americana.

"AS APARIÇÕES e a mensagem de Fátima conforme os manuscritos da Irmã Lúcia" sai agora em edição norte-americana. Publicado no ano de 1967 no Brasil, onde alcançou 19 edições, o livro circulou também em Portugal (em edição local), bem como no mundo hispânico (através de catorze edições em idioma castelhano) e na Itália (quatro edições). Transpôs ele igualmente os umbrais do mundo anglo-saxônico, onde foi transcrito nas revistas "Crusade for a Christian Civilization" de Nova York e "TFP Newsletter" de Johannesburg. Auguro acolhida também excelente para a presente edição.

Com efeito, a obra do eng. Antonio Augusto Borelli Machado está baseada em uma investigação muito ampla de fontes, e em uma análise penetrante das mesmas. Com os dados assim obtidos e selecionados, ela constitui uma compilação inteligente, ágil e vitoriosa de tudo quanto integra realmente a Mensagem de Fátima. E, a par disso, apresenta uma interpretação a um tempo arguta e prudente, de vários aspectos dela.

Quiseram o autor e a Editora que eu precedesse de um prefácio a presente edição.

Acedendo ao amável convite, pareceu-me que nada poderia interessar tanto ao homem contemporâneo - e notadamente ao leitor norte-americano - quanto relacionar o conteúdo da Mensagem com os problemas da paz e da guerra considerados do ponto de vista da cruel alternativa: - Better red than dead? - Better dead than red?

É o que experimentarei fazer a seguir.

Como sucede todos os anos, uma multidão impressionante de peregrinos compareceu a Fátima no dia 13 de maio do ano passado.

* * *

Para uma grande maioria de nossos contemporâneos, é inteiramente claro que essa é a alternativa fundamental ante a qual todos nos encontramos.

A Mensagem de Fátima nos proporciona conhecer com clareza sobrenatural a solução da Providência para essas perguntas angustiantes.

Em 1917, meses antes de o comunismo ascender ao poder na Rússia, e 28 anos antes de a primeira bomba atômica explodir em Hiroshima, a Mensagem de Nossa Senhora transmitida ao mundo por meio dos três pastorezinhos da Cova da Iria contém os elementos de uma resposta cristalina a essas graves interrogações.

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