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| A grande alternativa de nosso tempo - dead? or red? | (continuação)

para isso se armem em uma atitude vigilante, suasória, amiga da paz, mas em atitude também pronta à legítima defesa vigorosa e vitoriosa: nada mais justo.

Porém, tais homens, tais nações não conseguirão estancar só por isso os fermentos de destruição postos em suas entranhas pelo neopaganismo moderno que ingeriram.

Esta é uma afirmação implícita em toda a Mensagem de Fátima.

Diante desta consideração, percebe-se melhor um aspecto dos castigos: é seu caráter saneador, regenerador e reordenativo. Intervindo ao longo de um infindável processo de degradação tanto individual quanto coletivo, o qual expõe aos maiores riscos a salvação de incontáveis almas, o castigo altera a situação, abre os olhos dos homens para a gravidade de seus pecados, os eleva até as altas paragens da contrição e da emenda. E, por fim, lhes dá a verdadeira paz.

Quantos perecerão, infelizmente. Mas terão melhores condições para morrer na graça de Deus, como escreveu São Pedro sobre os que morreram durante o dilúvio (cfr 1 Pt. III, 20).

Morrer: oh! dor. Mas as almas nobres sabem que a morte não é necessariamente o mal maior. Disse-o Judas Macabeu: "Melhor é para nós morrer na guerra do que ver os males do nosso povo e das nossas coisas santas" (1 Mac. III, 59).

Em termos atuais, é preferível morrer a ficar vermelho.

Mas melhor ainda é viver. Sim, viver da vida sobrenatural da graça nesta Terra, para depois viver eternamente na glória de Deus.

* * *

Essas últimas são considerações de bom senso, facilmente acessíveis aos espíritos desprevenidos e equitativos.

Encontrarão elas algum fundamento na Mensagem? - Não me parece.

Esta narra o que fará Deus para punir os pecados de uma humanidade tenazmente impenitente ao longo das sete décadas em que a Mensagem reboou pelo mundo sem converter os homens. Mais especificamente, sem converter os católicos, pois é com as orações deles, suas penitências e sua emenda de vida que a Virgem Santíssima conta de modo todo especial para obter do Divino Filho a suspensão dos efeitos de sua cólera, e o advento do Reino d'Ela. A mensagem nada diz do que a Providência fará em favor dos justos - dos que optaram pela fidelidade às promessas de Nossa Senhora - durante os dias terríveis da punição, nem o que nessa ocasião deseja deles.

Bem entendido, não aludo aqui senão à parte pública da Mensagem. Nenhuma conjectura conheço absolutamente inquestionável sobre o que realmente contém a parte secreta da Mensagem, a qual só a Santa Sé conhece...

Seja-me lícito externar aqui quanto deixa tristes e perplexos incontáveis fiéis, dos mais devotos dentre os "fatimitas", em vista da eventualidade de que os homens possam não conhecer esta parte ainda não revelada, mesmo quando ela poderia presumivelmente dar alento aos justos e contrição aos extraviados.

Com efeito, não é fácil compreender como a Mãe de Misericórdia, tão empenhada em ajudar por meio da Mensagem a todos os homens, não tenha tido uma particular palavra de afeto, de estímulo e de esperança para aqueles a quem Ela reservou a árdua e gloriosa missão de se Lhe conservarem fiéis nesta terrível conjuntura.

Nada impede admitir que essas palavras se encontrem na parte ainda não revelada do Segredo de Fátima.

* * *

Essa consideração final me desviou do curso da exposição que vinha seguindo. Pouco resta a dizer sobre ela.

Continuando a aprofundar a hipótese da impenitência dos homens e do castigo, o contexto da Mensagem nos induz a pensar que, se tal se der, os castigos serão pelo menos de duas ordens: guerras - e pensamos que entre essas se devem incluir não só os conflitos entre os povos, mas também as guerras civis de facção contra facção dentro de um mesmo povo - e cataclismos ocorridos na própria natureza.

Essas guerras internas terão caráter ideológico? Constituirão uma luta entre fiéis e infiéis de todo gênero: hereges ou cismáticos, larvados ou declarados, grupos ou correntes de profissão não cristã, ateus etc.? Ou serão guerras sem conotação ideológica pelo menos oficial (como o conflito franco-prussiano de 1870, ou a I Guerra Mundial)?

A distinção entre guerras e cataclismos parecia muito clara em 1917, quando a Mensagem foi comunicada aos homens. Pois se afigurava então impossível que os homens provocassem cataclismos, os quais pareciam claramente destinados a resultar de meros atos da Providência, atuando de modo justiceiro sobre os vários elementos da natureza.

Na realidade, essa distinção continua válida, mas desde que se lhe faça a ressalva de que, com a dissociação do átomo, o homem adquiriu a possibilidade de provocar cataclismos de proporções incalculáveis. Sem que, ao mesmo tempo, tenha adquirido o poder de frear esses cataclismos.

Em consequência, a catástrofe atômica, provocada eventualmente por uma guerra filha do pecado, produziria só por si os castigos cósmicos que a Mensagem deixa entrever. Mas é possível também que aos efeitos da hecatombe atômica se juntem outras perturbações naturais ordenadas por Deus.

Uma observação final ainda está por ser apresentada.

Dentro da perspectiva fatimita, a verdadeira garantia contra catástrofes que assolem a humanidade está muito menos (e, em certa perspectiva, de todo não está...) em medidas de desarmamento, tratados de paz etc., do que na conversão dos homens.

Ou seja, se estes não se converterem, os castigos virão, por mais que os homens se esforcem por evitá-los com meios outros que não essa conversão.

Pelo contrário, se se emendarem, não só Deus afastará deles a plenitude de sua cólera vingadora, como haverá entre eles todas as condições próprias a promover uma paz verdadeira e durável. A paz de Cristo no Reino de Cristo. Especificamente a paz de Maria no Reino de Maria.

* * *

Espero que essas várias reflexões, relacionando com a Mensagem de Fátima problemas de atualidade suprema, ajudem o leitor a tirar todo o proveito da compilação fatimita, da mais flagrante oportunidade, que o eng. Antonio Augusto Borelli Machado nos apresenta em seu estudo, já tão conhecido no Brasil e no mundo ibero-americano, e que merece sê-lo também no mundo inteiro.


Um turismo perigoso

WASHINGTON - Os enormes cartazes turísticos em várias agências de viagem, convidando o brasileiro a conhecer a Rússia, podem exercer sem dúvida algum fascínio. Fortalezas da Rússia czarista, torreões feéricos, a deslumbrante catedral de São Basílio e um simpático ursinho são alguns dos atrativos da propaganda.

A realidade, porém, é bem outra. Recentes medidas coercitivas impostas pelo Cremlin proíbem os russos de oferecer transporte, hospedagem ou qualquer outro auxílio a estrangeiros. O infrator poderá receber pesadas multas ou até mesmo a temida "advertênçia", que significará o prelúdio de uma "viagem gratuita" à Sibéria... da qual poucos retornam.

Essa foi a terceira emenda introduzida no ano passado no Código Penal Soviético, intensificando o rigor carcerário, restringindo ainda mais toda forma de relacionamento do povo com o mundo livre.

De fato, a partir de janeiro de 1984 tornou-se crime dar informações sobre o funcionamento do Estado soviético e seu sistema social. O trabalhador que falar sobre seu local de trabalho poderá ser condenado até a oito anos de cadeia.

Em 1978 o Ministério das Relações Exteriores distribuiu às embaixadas acreditadas em Moscou instrução vedando a turistas o ingresso em algumas áreas de seu território. Os ocidentais só veem o que o Cremlin acha conveniente. A situação do turista tornar-se-á vexatória se procurar comunicar-se com alguém do povo. A polícia está sempre atenta para esses eventuais contatos.

Nem o vice-cônsul norte-americano em Leningrado, Ronald Harms, escapou à violência policial. Em abril último, saindo de um restaurante, foi subitamente agredido por conversar com alguns transeuntes.

Casos como esse, ocorridos às dezenas nos últimos meses, levaram o Departamento de Estado norte-americano a editar um "conselheiro de viagem" para quem deseja conhecer as repúblicas carcerárias soviéticas. O livreto aponta as precauções que o burguês otimista ocidental deve ter em vista para evitar hostilidades da onipresente polícia comunista.

Essa é a verdadeira fisionomia da grande prisão a que o comunismo reduziu a Rússia. Bem diferente da ilusão criada por certa propaganda turística...


Às vésperas de uma agressão publicitária orquestrada?

(Transcrito da Folha de S. Paulo", de 19-3-85)

COMUNICA-NOS O SERVIÇO DE IMPRENSA DA TFP:

O que se passou até aqui está nos estilos rotineiros.

Um matutino campista publicou no dia 14 do corrente duas páginas inteiras de matéria paga do sr. Giulio Folena, ao mesmo tempo prolixa, superficial e insultante, toda ela inocuamente assestada contra a TFP. Explicavelmente, no dia 15 saiu na "Folha de S. Paulo" uma matéria procedente de Campos sobre o assunto. E a "Folha da Tarde" e o "Jornal da Tarde" também trataram do tema.

No dia 16 pela manhã nos chegaram ao conhecimento mais outras declarações daquele sr. G. Folena e do sr. L. Filipe Ablas, publicadas na "Folha de S. Paulo" e na "Folha da Tarde". Como o anterior, também esse material publicitário pulula de afirmações que estão a bradar por refutação. No dia 17 vieram à luz, na "Folha de S. Paulo", novos pronunciamentos apoiando, em medidas diversas, as acima citadas.

E, talvez, quando o presente comunicado da TFP sair a lume, terão sido publicadas mais outras matérias do mesmo jaez.

Se esta entidade não estivesse habituada ao sistema, sentir-se-ia afogada pelo jorro de inverdades, próprio a impossibilitar qualquer defesa digna, séria e eficiente. Pois fazer acusações no ar contra a verdade, sem provas e distorcendo os fatos, é fácil e rápido. Refutá-las pede, por vezes, reflexão, e detalhada exposição de fatos.

Se o ocorrido até aqui se desvirtuar em agressão publicitária orquestrada, a par de pessoas sem segundas intenções e desvinculadas de qualquer plano de ataque, entrarão, à maneira de surpresa, também pessoas de outro gênero, marionetes vistosas, bem ensaiadas, afetando susto, para "confirmar sensacionalmente" as acusações já feitas, ou para clamar sua surpresa, seu desconcerto e sua apreensão, e pedir providências, "pelo que se passa".

Tudo isso costuma ser feito para ir abrindo, a propósito de cada "nova marionete", mais uma frente de combate contra a vítima. Pois cada marionete faz eco às anteriores e lança no debate algumas acusações novas. A vítima fica na virtual impossibilidade de se defender contra tanta agressão simultânea. Modo excelentemente eficaz para que a inverdade circule impune, e a verdade não consiga fazer-se ouvir.

Todas as aparências são de que este método muito conhecido pelos bons especialistas em demolição publicitária (cfr. Jean-Marie Domenach, "La propagande politique", Coleção "Que sais-je?", Presses Universitaires de France, Paris, 1962, pp. 55 e 58) esteja sendo empregado no presente caso.

A ação das marionetes não seria viável se não contasse com a simpatia dos esquerdistas infiltrados em tantas redações de jornal. E foi empregada com sucesso no caso da Associação Civil Resistencia, coirmã das TFPs na Venezuela, porque as marionetes contaram com o apoio apaixonado do partido governamental (Ação Democrática) filiado à Internacional Socialista, coadjuvado pelo PC local. Também os apoiava no Parlamento toda a coalisão majoritária da esquerda, e no governo todo o ministério esquerdista e o próprio presidente da República (A.D.). Os fatos posteriores demonstraram que o governo estava resolvido às mais despóticas ilegalidades, para extinguir no país a TFP. O que levou a cabo com o protesto público de mais de 15 personalidades ilustres do mundo jurídico, político e jornalístico venezuelano (cfr. "Catolicismo", n°. 410, fevereiro de 1985). Mas com os aplausos calorosos do "Izvestia" (cfr. "Folha de S. Paulo", 29-11-84), e do órgão comunista editado em Cuba, "Bohemia" (7-12-84), o qual preconiza que "a medida venezuelana, como brado de alerta, deveria produzir ações similares nas demais nações onde opera a TFP, antes que suas atividades fascistas continuem crescendo e os prejuízos sobre os jovens cegamente doutrinados se tornem irreversíveis". Exatamente a mesma medida pedida pelo sr. G. Folena...

O público brasileiro que observe os fatos, para ver se eles se conformarão com esse esquema.

O presente convite ao público é a primeira providência da TFP. Amanhã, neste jornal, sairá amplamente mais outra.

Experiente em se defender segundo as leis de Deus e dos homens contra esse gênero de agressões, ela saberá - apesar da modicidade de seus recursos econômicos - empregar todos os meios ao seu alcance para resguardar seu bom nome, e continuar de pé na liça, impávida e altaneira.

Dentre esses meios, o mais poderoso é a confiança na Virgem de Fátima, Patrona daqueles que lutam contra o comunismo internacional, inclusive contra os que são - como se pode supor até aqui - os inocentes úteis deste.

"Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará".

São Paulo, 18 de março de 1985

Paulo Corrêa de Brito Filho
Diretor de Imprensa da TFP

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