(Transcrito da "Folha de S. Paulo', 9-5-85)
NÃO TENDO a "Folha de S. Paulo" anuído em publicar a presente missiva na seção "A Palavra do Leitor", alegando a desproporção entre a extensão dela e a da carta do sr. Orlando Fedeli divulgada na mesma seção, o Serviço de Imprensa da TFP faz tal publicação em seção livre:
São Paulo, 7 de maio de 1985
Senhor Redator
Monta-se uma acusação injusta contra alguém:
1. Atribuindo-lhe ação que não fez. Dita acusação versa então sobre matéria de fato;
2. Apresentando de modo desvirtuado - pelo menos em parte - ação que o acusado fez. Também esta acusação versa sobre matéria de fato;
3. Qualificando infundadamente de ilícita, ou de ilegal, segundo os princípios e as normas da Moral ou do Direito, ação que o acusado licitamente praticou. Neste caso a acusação versa sobre matéria doutrinária.
Obviamente tem o acusador a possibilidade de fazer simultaneamente acusações de fato e de direito.
Tudo isto é muito fácil de compreender. E geralmente conhecido.
A defesa do acusado é condicionada pelas opções do acusador. Ou seja, ele se deve defender no campo - ou nos campos - onde este último tenha feito o ataque.
Isto é igualmente fácil de compreender, e conhecido por todos.
Para suas investidas contra a TFP, descabeladas e transbordantes de ódio, o sr. Orlando Fedeli:
1. compôs (digamos assim) alguns fatos. E desfigurou uns tantos outros;
2; narrou, "grosso modo" corretamente, bom número de fatos. Porém os interpretou segundo estudos de Doutrina Católica insuficientes e mal feitos.
Em consequência, pôs ele automaticamente a TFP no caso de se defender:
1. na matéria de fato, contestando ou retificando no que cabia, suas narrações ofegantes;
2. na matéria doutrinária, desfazendo, por meio de argumentos concludentes e com apoio em teólogos e moralistas célebres, suas desacertadas argumentações.
Vendo-se assim desarmado, o sr. Orlando Fedeli - que evita de todos os modos a tréplica doutrinária, na qual parece sentir-se explicavelmente mal à vontade - se restringe ao campo dos fatos, para ele tão mais acessível. E passa a trombetear que a TFP lhe deu razão neste campo. O que, segundo lhe é cômodo imaginar, encerra em seu favor toda a controvérsia.
Entretanto, sentindo pelo menos confusamente que isto não lhe basta para alcançar ganho de causa junto ao público, ele carregou a mão em mais outro recurso, também fácil. E adotou, em suas últimas cartas, linguagem particularmente grosseira: quiçá a impressão que a lógica não causaria, a causasse a grosseria.
E é para um debate de TV neste nível que ele convidou então ("desafiou") o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira!
Inútil, sr. Fedeli. Esse não é o nível em que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira situa sua peleja de mais de meio século. Nele fique o sr., que o preferiu para si. Se quiser, esgrima na solidão. A TFP não o acompanhará mais nessa polêmica, a não ser que o sr. a aborde em toda a dupla e natural dimensão, isto é, não só a dos fatos como ainda a da doutrina. E sob a condição de que o faça com a composta serenidade que o espírito brasileiro exige. Enquanto não o fizer, a TFP o deixará girar a sós, quanto queira, a manivela de seu monótono realejo.
E se se mantiver longe dessas práticas da boa controvérsia, estará 'ipso facto' fugindo ao debate, em que pesem suas declamações em contrário.
A TFP publicou sobre as acusações lançadas em catadupa pelo sr. Orlando Fedeli, nada menos que três livros. Pois bem via que tais acusações dele iriam ser exploradas indefinidamente pela esquerda, católica e não católica, pelo Brasil afora. Ao que lhe pareceu preferível dar paradeiro.
a) A matéria de fato em que procura o sr. Orlando Fedeli estribar suas acusações, a TFP a refuta nos seguintes livros: "Refutação da TFP a uma investida frustra", por uma comissão de sócios da entidade, 1.º vol., pp. 39 a 67; 97 a 154; 231 a 389; "Servitudo ex caritate", por Atila Sinke Guimarães, pp. 17 a 34, 154 a 183, 223 a 255; 262 a 273; 291 a 298.
b) A matéria de doutrina, ela a refuta em todo o restante das referidas obras e ainda no vol. II da "Refutação da TFP a uma investida frustra".
Esses livros, que perfazem - dito seja de passagem - o muito considerável total de 1352 páginas, se encontram à venda na sede da entidade à Rua Dr. Martinico Prado 271, tel. 220-5900.
O leitor da "Folha de S. Paulo" que se contente com textos mais leves (e em consequência menos cabais) encontrará boa parte desta matéria publicada em Seção Livre neste órgão, sob os títulos: "A TFP afirma sua posição doutrinária e interpela opositor" (17-8-84); "Voltando as costas a uma controvérsia realejo" (28-8-84); "Sobranceira e serena, a TFP enfrenta o XI estrondo publicitário" (26-3-85).
Mas, dirá algum leitor, é esta demais leitura para matéria que não me interessa a tal ponto.
Neste caso, é direito seu ausentar-se do tema. Porém, a honestidade não lhe permite que continue a falar dele, se o material que já leu sobre o assunto não lhe deu elementos para formar um juízo. Se ele quer continuar a discorrer sobre tal, sem mais o aprofundar, saiba que falar sobre o que não se conhece devidamente não constitui um direito. Antes constitui uma lesão do direito em relação à parte acusada. É o que a moral católica chama emitir um juízo temerário.
Saudações
Paulo Corrêa de Brito Filho
Diretor de Imprensa da TFP
REPRODUZIMOS abaixo a íntegra das declarações que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira concedeu à imprensa a propósito da legalização das duas facções dos comunistas brasileiros:
"Em princípio sou contrário à legalização do PC e do PC do B. É o que deduzo da Fé Católica que professo. Se, porém, eu fosse comunista, em tese seria favorável a tal legalização. Contudo, em concreto, seria muito contrário a esta.
"No Brasil, é preciso distinguir entre o comunismo e os dois partidos comunistas. Pois, em nosso País, o comunismo constitui real perigo que avança camuflado nas fileiras do socialismo e do progressismo religioso. Este constitui um verdadeiro poder.
"Os partidos comunistas, no entanto, são meros espantalhos, sem força real. A ilegalidade deles tem sido um manto a lhes encobrir a debilidade. Legalizados, eles aparecem à luz como anões. A recente reunião no Ginásio do Pacaembu e a comemoração na Água Funda tornaram isso patente. Assim, com a legalização eles só têm a perder".
Cristóbal Varas, nosso correspondente
Sócios e cooperadores da TFP andina acumularam nos jardins da sede da entidade grande quantidade de donativos ofertados aos flagelados do terremoto.
SANTIAGO - A aprazível tarde dominical de 3 de março último, súbita e inesperadamente interrompida por um terremoto que deixou sequelas de destruição e morte, permanecerá para sempre gravada na memória de incontáveis chilenos.
O ambiente de desolação, o qual não poupou nem sequer os templos de Deus - 150 igrejas foram seriamente danificadas ou destruídas - foi acrescido por um ruído contínuo de sirenes de ambulâncias, carros de bombeiros e da polícia, como também pelo manto de trevas com que a noite se encarregou de envolver a tragédia.
Logo após tomar conhecimento dos primeiros informes e avaliações da catástrofe - que afetou a zona central do país, compreendendo grandes cidades como Santiago, Valparaíso e Viña del Mar - diretores da TFP, em reunião de emergência na sede principal da Calle Holanda, bairro de Providência, decidiram tomar uma drástica decisão: convocar todos os sócios e cooperadores da entidade para regressarem a Santiago e se integrarem à campanha de ajuda às milhares de vítimas. Diversas "caravanas" de jovens cooperadores da entidade, que nesta época do ano tradicionalmente viajam até os confins do país, começaram a chegar a Santiago, provenientes tanto das distantes zonas de Atacama como das austrais ilhas de Chiloé.
Em comunicado de imprensa enviado a todos os meios de comunicação social, do qual fizeram eco o diário "El Mercúrio" e a rádio "Cooperativa", a TFP afirmava:
"Chileno: nesta hora de provação e catástrofe permitida pela Providência, não endureças teu coração. Recorda-te do irmão necessitado e ajuda-o. Auxilia-o primeiramente com orações, e depois com o socorro material que te seja possível. A TFP pede tua colaboração cristã para ajudar generosamente, ajudar com fé, na certeza de que Deus saberá recompensar teu auxílio nesta e na outra vida".
A campanha de coleta de bens, que se estendeu por quinze dias, de casa em casa, na capital chilena, em todo o bairro de Providência e parte de Las Condes, não tardou em receber generosa resposta por parte da população. Veículos carregados com os mais variados gêneros foram chegando sucessivamente à sede central da TFP na Calle Holanda, formando montanhas que cobriram seus extensos jardins. A classificação e distribuição dos donativos recolhidos - roupas, comida, móveis, artigos eletrodomésticos, remédios e objetos piedosos - foi-se efetuando simultaneamente, para não atrasar a entrega da necessária ajuda.
As repercussões favoráveis do público em torno da campanha tiveram inclusive desdobramentos inesperados. Assim, por exemplo, um casal que se aproximou de nossa sede com seus três filhos, oferecendo o próprio lar para abrigar três crianças sem casa, durante o tempo que fosse necessário. O telefone da sede não cessava de tocar, com ofertas de diversas espécies. Um conhecido jurista telefonou cedo para a sede, de seu escritório: "Há muito que não mantínhamos contato, se bem que os sigo de perto em suas atividades, com estima. Tomei conhecimento desta iniciativa e peço que passem por minha casa para retirar um envelope com minha colaboração!"
Pelas ruas, o ambiente era de grande receptividade. À altura da Calle Maria Luísa Santander, um fotógrafo da revista "Hoy", enquanto fazia funcionar sua máquina a toda velocidade, pôde comprovar a rapidez com que se enchiam os furgões de recolhimento de donativos. Um conhecido sacerdote, professor universitário e intelectual de renome, exclamou com decisão: "Eu sou partidário da Tradição, Família e Propriedade. Passem por minha residência, faço questão de colaborar nesta campanha pelas vítimas".
"Já dei tudo!", ouviu-se por um porteiro-eletrônico - sem possibilidade de réplica - a voz de uma senhora. "Ah! mas são de 'Fiducia'? Esperem um momento, na realidade sempre haverá algo mais", acrescentou ela, enviando em pouco tempo seus filhos carregados de pacotes.
Não faltaram, é claro, espíritos sectários que, fanaticamente anti-TFP, insurgiram-se verbalmente contra membros da entidade, sem compreender que a gravidade da hora exigia uma trégua ideológica para ajudar as vítimas...
"Para vocês, nem agora! Meu contributo foi através da Vicaria da Solidariedade!", exclamou de uma sacada, com o rosto avermelhado, um senhor com aspecto de pessoa abastada. Porém, de outra sacada ao lado, replicou com vivacidade uma senhora: "Que bom conhecer finalmente os vizinhos! Vou dar minha contribuição à TFP, porque sei que chegará a bom destino..."
À medida que o material recebido era classificado, caminhões cedidos por organismos coordenadores iam saindo carregados da Sede da Calle Holanda. Seu destino era especialmente as comunidades de Pudahuel e Cerro Navia, como também escolas e administrações regionais utilizadas como albergue. Em cada um desses locais, a entrega da ajuda fez-se junto a uma expressiva imagem da Santíssima Virgem, colocada para esse efeito, sob um belo dossel por cooperadores da TFP.
Jovem da TFP chilena entrega donativos a uma senhora do bairro de Pudahuel.
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