A EDIÇÃO de setembro último, "Catolicismo" já apresentou um relato de dois importantes lances da atividade anti-agro-reformista da TFP. Trata-se da participação da entidade no Congresso Brasileiro de Reforma Agrária realizado em Brasília, nos dias 27 e 28 de junho, e a grande campanha de venda do recente livro "A Reforma Agrária socialista e confiscatória - A propriedade privada e a livre iniciativa, no tufão agro-reformista", realizada no dia 2 de agosto p.p., no centro de São Paulo.
• 21 de julho - O jornal "Zero Hora", de Porto Alegre, publica extensa e fantasiosa reportagem, ocupando três páginas inteiras, na qual esta Sociedade é acusada de infiltrar-se na classe rural gaúcha e influir na vida interna dos sindicatos. A matéria tinha o claro intuito de prejudicar a imagem da TFP diante da opinião pública, no exato momento em que a entidade empreendia grande campanha nacional contra a Reforma Agrária socialista e confiscatória.
• 23 de julho - A convite da comissão organizadora do Congresso Estadual de Produtores Rurais do Rio Grande do Sul, o diretor da TFP, Plinio Vidigal Xavier da Silveira, profere conferência naquele evento, organizado pela FARSUL, pelo Sindicato Rural de Santa Maria, pela Associação Rural de Santa Maria e pela Associação Brasileira dos Criadores de Gado Charolês. A conferência versou sobre os aspectos religiosos e morais da Reforma Agrária, demonstrando, com base na doutrina católica, ser indevida a intromissão da CNBB em matéria temporal como a Reforma Agrária, além de que ela o faz sem apresentar provas de que a estrutura agrária seja responsável pelas lacunas de nossa agropecuária.
• 28 de julho - O jornal "Zero Hora", de Porto Alegre, publica o comunicado "A abertura em favor dos PCs, ditadura contra a TFP?" no qual a entidade responde ao fantasioso noticiário contra ela veiculado por aquele órgão de imprensa.
• 8 de agosto - O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira envia cartas ao Sr. Presidente da República, ao Sr. Núncio Apostólico e ao Sr. Ministro da Reforma e do Desenvolvimento Agrário, apresentando como contributo da TFP ao grande debate nacional proposto pelo Governo, o livro "A Reforma Agrária socialista e confiscatória - A propriedade privada e a livre iniciativa, no tufão agro-reformista".
• 12 de agosto - O diretor da TFP, Sr. Plinio Vidigal Xavier da Silveira, intervém nos debates durante o Encontro de Produtores Rurais sobre a Reforma Agrária realizado em Recife, onde compareceram mil fazendeiros do Nordeste. Durante o conclave, foi feita larga distribuição de folhetos de propaganda mostrando o risco que representa para a agricultura brasileira a manutenção do Estatuto da Terra.
• 23 de agosto - Após a celebração da Santa Missa, partem de São Paulo para as mais diversas localidades do País cerca de 50 duplas de propagandistas da TFP, para a difusão do livro "A Reforma Agrária socialista e confiscatória - A propriedade privada e a livre iniciativa, no tufão agro-reformista".
Ao mesmo tempo, quatro caravanas de sócios e cooperadores, portando suas capas e estandartes, percorrem diversos Estados da Federação, divulgando o número especial da revista "Catolicismo", contendo excertos principais da matéria abordada no livro.
• 27 de agosto - A TFP publica, em seção livre na "Folha de S. Paulo", propaganda da obra "A Reforma Agrária socialista e confiscatória - A propriedade privada e a livre iniciativa, no tufão agro-reformista". Nesta propaganda constava a relação das livrarias da capital paulista onde o livro poderia ser encontrado.
• 10 de setembro - A TV Capital, Canal 8, de Brasília, lança ao ar, no programa "Mensagem ao Presidente", uma entrevista de 16 minutos, em que o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira aborda o polêmico tema da Reforma Agrária.
• 18 de setembro - Conferência do Prof. Paulo Corrêa de Brito Filho, Secretário do Conselho Nacional da TFP, sobre a posição da entidade em matéria de Reforma Agrária, para 230 alunos do Colégio Técnico Agrícola Benedito Storani, de Jundiaí (SP), durante um curso de aperfeiçoamento. O conferencista salientou de modo especial os aspectos socialistas e confiscatórios do Estatuto da Terra.
• 30 de setembro - Diante do rápido escoamento da primeira edição do livro, de 11 mil exemplares, a TFP lança uma segunda edição, de 5 mil exemplares.
• 15 de outubro - Em comunicado de imprensa, a TFP comenta a recente aprovação, pelo Presidente da República, do texto definitivo do Plano Nacional de Reforma Agrária. O documento da TFP, que é publicado nesta edição, chama a atenção de modo especial para a sensação generalizada de ambiguidade, de carência de garantias e de desconfiança, produzidas pela divulgação do texto do referido Plano, prometendo pronunciar-se em breve, de modo cabal e sereno, sobre essa extensa e confusa matéria.
- 10.000 exemplares do livro "A Reforma Agrária socialista e confiscatória - A propriedade privada e a livre iniciativa, no tufão agro-reformista".
- 29.000 exemplares da revista "Catolicismo" contendo excertos da mesma obra. Foram distribuídos também, desde o lançamento do livro, 107.000 folhetos e volantes de propaganda.
Além desta ação propagandística, sócios e cooperadores da entidade estiveram presentes em 18 reuniões de fazendeiros, realizadas em 14 Estados, levando sempre o contributo doutrinário no sentido de proporcionar à classe rural o alento e a noção - indispensável para o bom êxito da luta anti-agro-reformista - da legitimidade de seus direitos segundo a doutrina católica, e especialmente alertando contra os riscos da aplicação do Estatuto da Terra, independentemente da aprovação do Plano Nacional de Reforma Agrária. A ação da TFP ressaltou também a necessidade de os produtores rurais se manterem unidos diante da ameaça de qualquer Reforma Agrária socialista e confiscatória que se pretenda implantar no País.
Como é natural, o candente tema da Reforma Agrária repercutiu largamente na imprensa, tanto dos grandes centros como das pequenas localidades do interior. Neste vasto noticiário figurou com destaque a atuação da TFP. Até o presente momento, entre comentários favoráveis, neutros ou contrários, chegaram ao conhecimento do Serviço de Imprensa da TFP um total de 198 notícias, publicadas por jornais e revistas de todo o País, desde o Amazonas até o Rio Grande do Sul, focalizando a atuação denodadamente anti-agro-reformista desta Sociedade.
Ademais, um extenso comunicado mostrando o risco que representa para a agricultura brasileira a manutenção do Estatuto da Terra foi publicado nos seguintes órgãos de imprensa: "Correio do Estado", Campo Grande - MS (7-8-85); "O Imparcial", Presidente Prudente - SP (13-9-85); "A Tribuna", Santos - SP (110-85); "Diário da Região", São José do Rio Preto - SP (7-10-85).
Um dos sintomas mais característicos da eficácia da atuação desenvolvida pela TFP é a reação que esta vem provocando nos arraiais dos simpatizantes do agro-reformismo igualitário.
No decorrer da presente campanha, a TFP foi alvo de ataques por parte de órgãos de imprensa e de um ou outro político.
Somem-se a isso os cochichos e zunzuns organizados contra a TFP, aqui, lá e acolá, ao longo da campanha, por elementos que, não dispondo de argumentos para enfrentá-la à luz do dia, não tinham outro remédio senão recorrer a esses expedientes.
OS ÚLTIMOS ANOS deste século, iniciado com o toque dos carrilhões, as harmonias das valsas, e os esplendores das festas cívicas e militares da Belle époque, vão correndo torvos, tumultuados, sempre mais pejados de incógnitas, de crises e de catástrofes.
E, em meio a tudo isso, o fim deste milênio se aproxima.
Até em seus fundamentos, a sociedade sofre sucessivos abalos, próprios a eriçar de susto os mais otimistas. Sentem-no mais ou menos confusamente todas as nações.
Neste momento, o Plano Nacional de Reforma Agrária ora aprovado absolutamente não produziu o efeito psicológico arejado e distensivo, que dele parecem ter esperado, não sem boa dose de ingenuidade, os seus autores. Sente-o o intuitivo e lúcido povo brasileiro e disso a TFP vem recebendo testemunhos de todo o País.
Com efeito, em seus quase cinco séculos de História, não passou talvez nosso País uma só vez por um suspense igual ao causado pelo 1.° PNRA. De si, esse estado psicológico torna o homem sedento de segurança, de clareza, de garantias. De tudo aquilo, enfim, que expulsa para bem longe o fantasma do risco que o atormenta.
Diante do anúncio de que o Governo introduziria profundas modificações no documento, definiram-se, na grande maioria dos brasileiros, três posições, aliás explicáveis.
Uns vaticinavam que nada mudaria. Eram principalmente os "pessimistas", que naturalmente a si próprios se qualificavam de "previdentes".
Outros esperavam mudanças capazes de acalmar os "pessimistas" fazendo-lhes algumas concessões, e de contentar — sem os decepcionar demais com outras concessões — os "otimistas".
Eram esses os “otimistas cordatos” que a si mesmos se inculcavam como "prudentes", "equilibrados", "sensatos" etc. Sua atitude poderia definir-se como inspirada em máximas tão velhas quanto velho é o medo, na criatura humana: "Vão-se os anéis, mas fiquem os dedos". Ou, um pouco mais modernamente, em palavras talismânicas como "diálogo", "irenismo", "ecumenismo" etc.
Por fim, e para além dos "otimistas cordatos", estavam os "otimistas festivos". Estes esperavam tudo. Ou seja, que o Presidente Sarney encontrasse, para resolver a atual situação, uma daquelas fórmulas mágicas que a legenda getuliana — a qual comportava alguns traços chulos — definia com fórmulas como esta: "Jeitinho para tirar as meias sem tirar os sapatos".
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NOTE-SE QUE essas três posições não equivaliam ao trinômio direita-centro-esquerda. Entre os "pessimistas" havia, por exemplo, tanto direitistas temerosos de que nada fosse mudado no projeto do PNRA, quanto esquerdistas apreensivos à vista da hipótese de que nele fosse mudado tudo.
Entre os "moderados" havia direitistas que temiam perder até mesmo o pouco que lhes restasse, e esquerdistas que temiam não obter — se exigissem tudo — uma razoável parte do que de excelente podiam esperar na presente conjuntura.
E entre os “otimistas festivos”, havia os direitistas que esperavam da habilidade mágica do Presidente Sarney a conservação do status quo. E ainda os esquerdistas que esperavam da mesma habilidade do chefe de Estado a derrubada inteira — pelo menos virtual — do mesmo status quo.
De todas essas apreensões heterogêneas resultava um mesmo suspense, no qual a clarineta dos esquálidos otimistas quase não chegava a se fazer ouvir.
E desse suspense se evolava, de modo a saturar a atmosfera brasileira, uma ansiedade que em alguns casos tocava às raias da aflição: como seria o novo texto do Plano?
Nesta conjuntura, os tão explicáveis anseios de segurança, clareza e garantias, se exasperavam ao máximo. E era missão indeclinável dos autores do Plano agora revisto, resolver adequadamente o grande suspense no qual o País não poderia permanecer por mais tempo sem prejuízos e até riscos dos mais evidentes e consideráveis.
Mas, dói dizê-lo, o resultado da promulgação do texto integral do Plano, bem como dos noticiários e comentários dos mass-media sobre o assunto, produziram uma sensação generalizada de ambiguidade, de carência de garantias, e de desconfiança, que já toldou o Brasil de Norte a Sul. Sensação essa que vai rumorejando largamente nas fileiras, tanto da direita quanto da esquerda, e se mostra sempre presente no centro, se bem que ao modo deste.
E não poderia ser de outro modo. Pois já a um atento correr de olhos, o documento tão esperado parece quase feito para produzir resultado oposto.
Sem entrar por ora na análise do conteúdo do vigente PNRA, já se pode afirmar que. quanto à forma, este não foi simplesmente retocado, mas remodelado a fundo. Foi refundido a ponto de constituir novo documento.
Nesta refusão, a ordenação das partes foi deslocada, e em muito numerosos artigos — quase todos, talvez — houve retoques, ou substituições. Tudo de maneira a fazer do cotejo entre a primeira e a segunda redação do Plano, um verdadeiro quebra-cabeças, no qual a visão de conjunto parece fugir ao leitor, emboscando-se quase até o fim nos meandros de um texto extenso, prolixo e não raras vezes confuso.
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É NATURAL QUE sendo a TFP conhecida em todo o País por duas décadas e meia de luta clara em prol da propriedade individual e da iniciativa privada, conduzida com convicção, coerência e clareza, incontáveis brasileiros se perguntem — e nos perguntem — o que tem ela a dizer na presente emergência.
Esta palavra aqui vem: "Ver, julgar e agir" são as três etapas indispensáveis ao