| NO "CERRO DE LOS ANGELES"…| (continuação)
que continuava impassível e majestosa a imagem do Sagrado Coração...
Desanimados e perplexos, prometeram os sacrílegos destruidores voltar no dia seguinte.
E voltaram, efetivamente, trazendo especialistas em demolições e grande quantidade de explosivos.
Enquanto colocavam cuidadosamente as cargas de dinamite em lugares estratégicos, alguns subiram ao pedestal e insultaram
O Divino Redentor.
Horas depois, concluído o sacrílego trabalho, uma tremenda explosão abalou toda a colina, a tal ponto que, num povoado próximo, seus habitantes imaginaram que não só o Monumento, mas o próprio "Cerro", havia ido pelos ares. Baixada a colossal nuvem de poeira e fumaça, do alto do pedestal a imagem continuava incólume. O braço direito, estendido, os abençoava...
Não havia explicação natural possível! Era de conhecimento geral que, antes da Guerra Civil, o Monumento estivera ameaçado de cair, devido a defeitos nos alicerces e à instabilidade do terreno, que estava cedendo. Um reforço provisório fora colocado. Agora, entretanto, as poderosas cargas de dinamite não o abalaram!
Uma onda de temor espalhou-se entre os profanadores. Como outrora os judeus com o Sepulcro de Nosso Senhor, destacaram uma guarda de milicianos para manter as pessoas afastadas.
Passaram-se alguns dias e os espíritos otimistas já supunham que os comunistas não voltariam.
Contudo, a 5 de agosto, centenas de milicianos saquearam o convento de religiosas carmelitas, próximo ao Monumento. Ébrios de ódio, anunciaram eles que no dia seguinte derrubariam definitivamente a imagem.
Um caminhão com milicianos e um poderoso trator chegaram na manhã seguinte. Em meio a blasfêmias, ataram o pescoço da imagem com um grosso cabo de aço, cuja extremidade foi presa ao trator. O motor deste rugiu em meio a uma algazarra infernal e blasfêmias. Após várias tentativas inúteis, o cabo de aço partiu-se...
Fora de si pelo ódio, os milicianos recolheram no povoado próximo picaretas, marretas etc. Não descansariam enquanto houvesse pedra sobre pedra.
Ao cair da noite, porém, apenas algumas imagens laterais estavam parcialmente danificadas. Vencidos mais uma vez, retiraram-se.
Os milicianos comunistas, dominados por uma sanha inaudita, arrancaram pedaços de pedra do rosto da imagem de Nosso Senhor, deixando-o completamente desfigurado.
Durante toda a madrugada, ouviu-se o ronco de caminhões a transportarem máquinas, explosivos e ferramentas. Seguindo pIano cuidadosamente traçado por especialistas em explosivos, ao amanhecer as perfuradoras entraram em ação. À tarde colocaram cuidadosamente as grandes cargas de dinamite, as mechas e os detonadores. Era noite quando evacuaram toda a redondeza e acionaram os detonadores. Uma série de violentas explosões abalou todo o "Cerro".
Do seu refúgio nas redondezas, as religiosas carmelitas observavam. Descida a nuvem de pó e fumaça, não se via mais a silhueta da imagem do Sagrado Coração. Era 7 de agosto, primeira sexta-feira do mês. Poder-se-ia dizer como Nosso Salvador, em sua Sagrada Paixão: "Tudo está consumado!"
Todo o Monumento estava por terra. A imagem do Sagrado Coração jazia desfeita em incontáveis pedaços. Por um desígnio da Providência, a cabeça estava intacta, bem como a parte central do peito, com o Sagrado Coração esculpido. Esta última não foi percebida pelos ímpios profanadores.
Como cães raivosos, lançaram-se eles sobre a cabeça da imagem e, a golpes de picareta, deixaram-na irreconhecível. Com satânica alegria, desceram a elevação bradando em altas vozes: "Vencemos! Vencemos!".
Ainda hoje se conserva no Cerro de os Angeles a pedra onde está gravado o coração da antiga imagem do Monumento. Podem-se notar vinte e dois sinais de balas em tomo do coração, o qual, talvez devido a uma especial providência divina, não foi atingido por nenhum disparo.
Quatro meses após a sacrílega profanação, no dia 6 de novembro do mesmo ano - novamente uma primeira sexta-feira do mês - o "Cerro de los Angeles" foi libertado pelas forças anticomunistas. Estas conquistaram a colina numa única investida e içaram a bandeira espanhola sobre as ruínas do glorioso Monumento, aos brados de "Viva a Espanha! Viva Cristo Rei! Viva o Coração de Jesus!".
No "Cerro de los Angeles" ergue-se hoje imponente o Monumento reconstruído. No alto, a imagem do Sagrado Coração. Aos pés do Monumento veem-se a cabeça desfigurada da antiga imagem e a pedra onde está esculpido o coração que serviu de alvo para o burlesco pelotão de fuzilamento. Vinte e duas perfurações de balas circundam o Coração Sagrado. Nenhuma o atingiu...
Na capela, na parte inferior do Monumento, há ainda hoje a imagem da "Virgen de los Angeles" (Nossa Senhora dos Anjos). Quando o "Cerro" estava em mãos dos comunistas, estes profanaram tudo o que havia de sagrado. Entretanto, na imagem de Nossa Senhora não tocaram.
A semelhança da Paixão, Nosso Senhor tudo suportou, mas não permitiu que tocassem em Sua Mãe Santíssima.
Alguns países ocidentais vêm impondo restrições à aceitação de refugiados de países comunistas, como os cambojanos da foto.
A FOME, A TIRANIA e o terror, frutos da implantação do comunismo no Vietnã, Laos e Cambodja, geraram um fluxo contínuo de fugitivos. Mais de 1.400.000 habitantes desses três infelizes países deixaram suas pátrias, procurando abrigo nas nações vizinhas, especialmente na Tailândia, onde eram provisoriamente abrigados em campos de refugiados.
Uma ação conjunta de organismos internacionais, governos locais e nações ocidentais desejosos de acolher essa multidão de infortunados, encaminhava-os posteriormente para algum país não comunista. Mais da metade deles escolheu os Estados Unidos como sua nova pátria.
Tal situação modificou-se. Os Estados Unidos estão restringindo drasticamente a entrada dos fugitivos do Sudeste Asiático. O mesmo fazem o Canadá e a Austrália, duas outras nações que os recebiam. Além disso, a Tailândia está devolvendo pela fronteira os cambodjanos, vietnamitas e laocianos que procuram refúgio aí. As autoridades responsáveis pelo amparo aos refugiados temem que a mera notícia de que as portas para os fugitivos do comunismo continuam abertas provoque uma avalanche de fugas, tornando trágica uma situação já muito delicada. Um funcionário norte-americano comentou que, se não houver medidas restritivas, "nós acabaremos esvaziando a Indochina".
Apesar de tais medidas, o fluxo dos pobres desesperados continua. Atualmente há 400.000 fugitivos sobrevivendo penosamente nos campos de refugiados, à espera das autorizações para viajar.
Abandonadas pelos poderes da Terra, as vítimas do comunismo olham o mundo com desespero mudo, pois seu sofrimento infelizmente não tem o condão de comover a opinião pública. Para elas, parecem não existir direitos humanos (cfr. "Newsweek", 8-7-85).
Roberto Falconieri
Na Cidade do México: devastação e a procura dos sobreviventes.
"LIVRA-ME, DEUS, daquele dia tremendo, quando os céus e a terra tremem". Os versos apocalípticos do "Dies lrae" ecoam terríveis pelas naves das igrejas mexicanas. O altar-mor da Basílica de Guadalupe - onde se acha a imagem da Padroeira do México e da América Latina - está reservado para Missas diárias até março do próximo ano, em memória dos mortos - informa um sacerdote.
O governo fala em dois ou três mil mortos (o que parece muito aquém da realidade), alguns calculam em dez, vinte mil; há quem acredite em pelo menos cinquenta mil! O total de desabrigados ultrapassa cem mil.
Aflitiva busca dos sobreviventes, cadáveres em processo de decomposição, tudo denota ruína e desolação, numa atmosfera de lúgubre estupor.
Três terremotos quase sucessivos - o primeiro em pleno rush matutino, e o segundo já durante a noite - arrasaram centenas de edifícios da Cidade do México, a qual parecia, minutos antes, indestrutível. Um "estrondo como o do trovão" - informam as agências - pôs em marcha essa tragédia de proporções colossais. Por toda parte, cheiro de incêndio; bombeiros e voluntários revezando-se na tarefa de cortar com maçaricos as vigas de aço dos edifícios; automóveis particulares transformados em ambulâncias; muitos edifícios em situação tão precária de sustentação, que os helicópteros nem podiam sobrevoá-los, porque a vibração de suas turbinas certamente provocaria novos desabamentos; vazamentos de gás sucedendo-se, com a possibilidade de explosões; falta de luz, gás, água; os serviços de telecomunicações praticamente deixam de existir, numa caudal de danos e prejuízos materiais difíceis de avaliar.
Partes do maior projeto habitacional foram reduzidas ao que um jornal local denominou de "túmulo coletivo". Voluntários formaram filas para passar pedaços de concreto, de mão em mão, do alto da montanha de destroços até o chão, na esperança de ouvir gemidos que indicassem vida. Cães farejadores somaram-se aos esforços humanos nesse terrível ofício.
Alguns dos mais antigos hotéis da cidade ruíram. Pelo menos dez dentre importantes edifícios do governo foram afetados.
Reações desconcertantes, todavia, faziam-se notar, não obstante o furor da devastação. Assim, o desabamento estrondoso desses vários prédios não perturbou, entre outros, um cínico motorista de taxi, que se limitou a comentar, segundo uma revista brasileira: "Talvez haja Deus mesmo".
Cerca de dez mil soldados colocaram-se em áreas destruídas pelo terremoto, para manter os espectadores à distância, evitar saques e permitir que o número crescente de funcionários e voluntários no resgate levasse a cabo sua tarefa. Entretanto, sinistros grupos armados, misturando-se às equipes de salvamento, puseram-se a pilhar lojas e casas abandonadas, indiferentes ao horror e ao desespero da população.
O governo solicitou que parentes de desaparecidos investigassem, em cada um dos quatro necrotérios improvisados, se havia conhecidos entre os corpos, pois, temendo epidemias, planejou sepultar o quanto antes os mortos não identificados, em valas comuns.
Dezenas de milhares de pessoas aglomeraram-se nas ruas, comendo sanduíches e assistindo ao trabalho de recuperação dos corpos - relata a imprensa. Jovens namoram, famílias dividem "tortillas", alguns homens engraxam seus sapatos, latas de refrigerantes passam de mão em mão. Aos poucos uma estranha sensação de indiferença apossa-se de muitos.
Bastaria, porém, erguer os olhos, e se veriam cenas ameaçadoras: um edifício de vinte andares perigosamente inclinado para a frente; mais adiante, noutra rua, um prédio inclinado para trás, enquanto um terceiro tinha urna fenda em forma de V, bem no meio.
O homem contemporâneo, habituado ao clima de desprevenção otimista e laica de nossas megalópolis, terá podido sentir quão falaciosa e precária é tal segurança, posta em face de cataclismas como este. São tragédias permitidas pela Providência Divina, tendo em vista inspirar nos homens saudável temor, movê-los à conversão, como também punir os pecados.
Aqueles que possuem o nobilíssimo encargo de "ensinar, governar e santificar" - o Clero - competiria relembrar tais verdades, no entanto esquecidas e silenciadas por ocasião da tragédia ocorrida no México.
Surpreende, pois, constatar no noticiário cotidiano a ausência quase completa de referências à assistência espiritual por parte do Clero mexicano, seja para mitigar as dores morais de tantos lares desfeitos, seja para transmitir conforto e alento espiritual às vítimas, apontando-lhes o verdadeiro alcance sobrenatural da tremenda provação sofrida.
Merece ainda menção, como sintoma da mentalidade laicista e obstinadamente otimista, a declaração de um representante do governo: "Os amigos do futebol não se deixem inquietar; a Copa Mundial será sem dúvida alguma em 1986: nossos estádios de futebol resistiram ao golpe.....("L'Express", Paris, 4-10-85).
Consta ser meta do governo arrasar por inteiro as zonas atingidas, criando em seu lugar um vasto "parque ecológico" bem ao gosto dos modernos e discutíveis padrões urbanísticos, promovendo assim uma espécie de descentralização administrativa, visto ser altíssima a densidade demográfica na capital do país.
Sem considerar o mérito da proposta - o que escapa ao nosso objetivo -, importa apenas salientar que tal medida se coaduna inteiramente com a mentalidade moderna, avessa à recordação de infaustos eventos.
De tal modo o pecado original deixou suas marcas na natureza humana, que com mais facilidade passamos a refletir e indagar acerca das razões mais altas da existência quando nos vemos assolados por provações, às vezes atrozes.
Por isso, a lembrança do terremoto mexicano poderia de modo oportuno avivar em muitas pessoas reflexões de ordem religiosa, frequentemente relegadas a segundo plano no turbilhão da vida moderna.
ATUALMENTE ESTÃO SEDIADOS na Alemanha Oriental 380.000 soldados soviéticos, sendo considerada esta a maior concentração de tropas estrangeiras em país europeu. Raramente eles são vistos em público, mas ocasionalmente grupos deles, de rostos eslavos ou asiáticos, chamando a atenção pelos seus uniformes marrons, aventuram-se a visitar monumentos de guerra.
Segundo Harald Rueddenklau, autoridade em questões militares soviéticas da Sociedade Alemã Ocidental de Relações Exteriores, "o soldado soviético típico, na Alemanha Oriental, vive como se estivesse numa jaula. Ele não estabelece contato com a população, nem esta o deseja".
A notícia não deixa de representar significativo sintoma da "popularidade" que gozam os soviéticos em países como a Alemanha Oriental, "libertados" há décadas do "sistema capitalista opressor".