| IRMÃ ZECA, UMA FREIRA EMANCIPADA | (continuação)
dos votos religiosos a seus bens materiais e até à sua própria vontade, consagrando-se como virgem à espera do Esposo Divino que a virá buscar no último dia de sua vida! O que diria e o que faria a grande Santa Teresa, se se lhe permitisse vir à terra ouvir tal palestra?
O que fazem as CEBs com as mães de família? Ouçamos a religiosa progressista. Ela nos conta de uma senhora que, antes de conhecer as CEBs, considerava-se uma dona-de-casa exemplar, "porque mantinha o chão da casa brilhando, as plantas muito lindas, sempre muito cuidadas e o almoço e jantar sempre prontos, na hora certa". Tinha como "seu público, apenas os filhos, algumas mulheres da vizinhança e talvez o marido" (p. 24).
Pois bem, passou essa senhora "da situação de boa 'dona-de-casa' .... a dirigente do movimento do custo de vida e falou a uma assembleia de mais de 5 mil pessoas. .... E foi através da Igreja que ela chegou ao movimento do custo de vida" (p. 24).
É importante notar aqui como uma senhora - que desconhecemos quem seja - descrita como pacata e boa mãe de família pode ser de repente arrastada no turbilhão da esquerda católica. Com que consequências para o lar? É ainda Irmã Zeca quem nos responde:
"As mulheres [que entram nas CEB] passam então a exigir que também em casa a sua palavra tenha peso. Elas querem ser ouvidas pelos maridos, querem ser tratadas como gente e desejam ter suas opiniões respeitadas também nesse âmbito. Em certos casos, isso gera verdadeiros conflitos entre os casais, pois os maridos não aceitam a nova postura da mulher" (p. 29).
Eufórica, a freira esquerdista prossegue: "Nas CEBs o ponto de encontro entre as questões de classe e as questões femininas é colocado pela prática desenvolvida pelas mulheres.
Por aí se abre uma brecha importante para o processo de ruptura com o papel de esposa e mãe, tradicionalmente reservado às mulheres e fortemente confirmado pela Igreja Católica" (p. 29).
Não seria possível ser mais claro. Trata-se de romper com o papel de esposa e mãe. Para quem ainda guarde algo de catolicidade, ou mesmo de simples bom senso, qualquer comentário é supérfluo.
E para não deixar nenhuma dúvida sobre quem promove essa ruptura, ela enfatiza: "Note-se que essa ruptura se dá, para parte das mulheres da periferia urbana e de áreas rurais, via Igreja Católica" (p. 30). Ou seja, é a tal igreja das CEBs - que para atrair os incautos ainda usa o nome de católica - que leva a tão trágicas rupturas.
Irmã Zeca, porém, esclarece que essa meta tão almejada, pela qual as mulheres "passam a mudar seu comportamento com os filhos, com os maridos e a sua atuação no próprio bairro" (p. 24), pode também ser obtida nos "movimentos feministas". "Então, não é só a Igreja, a religião que se abre à participação feminina. Dadas, porém, as condições peculiares da formação social brasileira e latino-americana, em que grande parte da população apresenta uma visão do mundo predominantemente religiosa, essa legitimação de uma postura de resistência e de luta em termos religiosos pode aparecer como fundamental" (p. 24).
Em português claro isso significa que a absorção da mulher para trabalhar pela subversão - com os desastres familiares que a religiosa apontou - pode ser feita tanto por um movimento feminista ateu quanto por uma comunidade de base de rótulo católico. Pouco importa, contanto que se consiga o objetivo. Acontece que na América Latina, sendo enorme e entranhada a influência da Igreja Católica, torna-se fundamental usar o nome da Igreja para atingir essa "mudança de comportamento" da mulher.
Cremos que poucas vezes um documento provindo da esquerda católica foi tão claro em fazer essa distinção. Ou seja, a utilização de uma capa religiosa, necessária apenas por causa da catolicidade do povo para cobrir fins que um ateu perfeitamente pode atingir. E o mesmo caso da "Teologia da Libertação", que mascara o marxismo. Parece tudo bem cIaro.
Para a Irmã Zeca, a "construção dessa consciência coletiva" das mulheres dá-se "de maneira mais forte no momento do confronto explícito com as forças do sistema" (p. 25). É, portanto, à revolução social que ela quer levar. Por isso diz ela que "na Nicarágua a participação das mulheres foi tão bonita" (p. 45). Cita um livro em que "as freiras aparecem como revolucionárias, participantes do processo libertador" (p. 45), mas na verdade nem a Nicarágua a contenta. Ela quer ir além. Como D. Casaldáliga, ela parece desejar ir "além do comunismo". Diz ela que "mesmo numa sociedade que luta tão fortemente pela justiça e pela fraternidade", como a Nicarágua, é difícil manter a mulher em pé de igualdade com o homem após o período revolucionário, devido "ao comportamento ideológico e cultural do machismo" (p. 45).
Irmã Zeca descreve com alegria, a "inserção das religiosas nos meios populares" e protesta contra o uso do hábito religioso, porque este "buscava esconder as formas do corpo, evitar que a religiosa aparecesse totalmente como mulher" (p. 39).
É um delírio! A religiosa deve então ir mostrando "as formas do corpo"? Há, infelizmente, uma categoria de mulheres, que preferimos aqui não mencionar, que tem em vista esse exibicionismo. Ao modo de vestir delas, quer Irmã Zeca igualar as que se consagram a Deus? É indignante!
Sempre falando a um auditório cheio de outras freiras, diz: "Prevalecem na Igreja conceitos antiquados no que se refere à mulher. Nega-se a ela direitos fundamentais, como por exemplo o uso do próprio corpo. Não se trata de fazer uma defesa do aborto, mas a defesa do direito ao prazer, do direito ao controle da própria atividade sexual" (p. 31),
Não cremos que seja o caso de comentar. A nossa dor e a nossa indignação sirvam de comentário aos pés d'Aquela que se definiu a si mesma, em Lourdes, como sendo a "Imaculada Conceição", e que, na Ladainha Lauretana é designada como a "Virgem das virgens".
Condenando o que chama de moral "sexista" católica, Irmã Zeca vai além da Teologia da Libertação: "Mesmo a teologia da libertação .... pouco tem trabalhado no sentido de desenvolver uma ética sexual favorável às mulheres e que tome em consideração o fato de que a maioria delas não tem como projeto de vida o celibato" (p. 32). "A situação discriminada da mulher passa pela repressão de sua sexualidade" (p. 33).
Prega uma discussão "ampla, livre, com uma grande participação das mulheres", sobre temas como o aborto e o controle da natalidade. Sem isso, diz ela. "a Igreja não conseguirá dar uma palavra justa sobre a questão" (p. 33).
Ora, esses são temas em que a moral católica tem posição inteiramente tomada. E, embora Irmã Zeca tenha dito acima que não se tratava de uma defesa do aborto, aqui ela abre campo para discuti-lo. Como discutir a moral católica sobre o aborto, se a prática deste, além de condenada, é mesmo passível de excomunhão? Mas para essa freira desinibida, e para os que a ouvem complacentemente, não há problema em dizer tais barbaridades!
A oradora combate ainda a confissão individual devido ao "domínio masculino", e porque o "controle da consciência se dá através das confissões individuais". Ela prefere a confissão coletiva como "uma forma de romper esse domínio" (p. 33).
"Os homens da instituição, celibatários, acabam por deter o poder de distinguir entre o lícito e o ilícito, entre a virtude e o pecado, ditando às mulheres normas morais que elas deverão seguir" (p. 33). Irmã Zeca acena ainda para outra "vantagem" da confissão comunitária. É que nela só há um tipo de pecado a acusar, pois "se considera que o pecado é o desrespeito a Deus no irmão. O que ofende a Deus é o não reconhecimento dele no irmão" (p. 49). Segundo tal concepção, ao que parece, não seria mais necessário acusar os pecados mortais contra a castidade, contra a fé etc., desde que não afetem "o irmão". Não há dúvida de que é muito mais cômodo! Resta saber se essa fórmula conduz ao Céu ou aonde conduz...
A freira volta-se ainda contra o que chama "simbologia religiosa católica": "O primeiro é a concepção masculina de Deus. Penso que, enquanto se identificar a divindade com o homem, a mulher será sempre considerada um ser inferior, porque a perfeição será identificada com o homem-Deus" (p. 37).
Estará a religiosa negando aqui a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo? O que significa essa observação crítica em relação ao "homem-Deus", com o qual se identificaria a perfeição? O texto não é inteiramente claro, mas a ser esse o comentário da religiosa, parece insinuar que o sexo feminino não poderia ficar excluído quando se operou o Mistério da Encarnação!
* * *
E o pior é que tais ideias, como praga daninha, vão se disseminando livremente nas CEBs. Por exemplo, logo após Irmã Zeca, falou para o mesmo auditório uma "militante do movimento popular", papagueando as mesmíssimas coisas ditas pela freira desinibida.
Providências das autoridades eclesiásticas responsáveis? Que saibamos, nenhuma. Até onde chegaremos?
Tibério Meira
ESTUDOS RECENTES indicam que o vírus da AIDS, a terrível doença que ataca especialmente os homossexuais, teve origem nos macacos da África Central. É o que revela o semanário norte-americano "Newsweek", em sua edição de 12 de agosto último.
A conhecida revista dedica uma reportagem especial sobre essa moléstia que tem causado pânico na população dos Estados Unidos e de vários outros países, e já começa a assustar a nossa. A matéria de capa, que trata exclusivamente do tema, apresenta uma legenda com um toque apocalíptico: "AIDS - o pior problema de saúde pública da nação. Ninguém se recuperou da doença, e o número de casos está dobrando todos os anos. Agora, crescem os temores de que a epidemia de AIDS possa espalhar-se além dos homossexuais e outros grupos de alto risco para ameaçar a população como um todo".
Análises recentes feitas em amostras de sangue colhidas em São Francisco, na Califórnia, em 1978, quando ainda não havia a epidemia de AIDS, indicam que 1% das pessoas então em tratamento numa clínica de doenças venéreas mostravam-se positivas ao vírus. No ano passado, entretanto, tal número aumentou para 65%. Embora o resultado positivo dos testes não indique necessariamente que a pessoa esteja atingida pela doença, 5 a 10% dos homossexuais cujos exames de laboratório foram positivos haviam se tornado vítimas da doença após três anos. Há estimativas de que, entre um milhão de pessoas expostas ao vírus, cem mil poderão contrair a doença nos próximos cinco anos.
Essa moléstia sui generis destrói as defesas naturais do organismo contra as infecções. Os sintomas iniciais caracterizam-se por febre constante, emagrecimento, sudoração noturna, pruridos, cansaço etc., seguidos por inflamação dos gânglios linfáticos.
Sobrevindo a AIDS, o organismo fica vulnerável a toda espécie de moléstias, vírus, parasitas etc., contraindo doenças que podem vir a ser mortais e que, em pessoas normais, seriam facilmente curadas.
Até agora, a AIDS já atingiu praticamente todos os países europeus. Para citar apenas os principais, foram registrados 300 casos na França, 162 na Alemanha Ocidental e 184 na Grã-Bretanha. Ademais, está-se espalhando no Caribe, onde, só no Haiti, há mais de 500 casos.
Aquilo que era inicialmente uma doença de homossexuais, agora atinge as mais variadas pessoas, inclusive crianças. Só nos EUA, há 148 crianças portadoras da AIDS. Desses casos, 70% são filhos de pessoas com AIDS ou apenas portadoras do vírus. 14% adquiriram-na através de transfusões de sangue, 5% são hemofílicos e 11% dos pacientes foram contaminados em virtude de outros motivos. Entre os adultos vítimas dessa epidemia, ainda predominam homossexuais ou homens bissexuais. Em 11.919 casos de adultos portadores da AIDS nos Estados Unidos, a moléstia manifesta-se principalmente nos seguintes grupos:
1) 73% em homossexuais ou bissexuais masculinos de vida promíscua;
2) 17% em viciados que utilizam ou utilizavam drogas injetadas por via venosa;
3) 1,5% em pessoas que receberam transfusões de sangue;
4) 1% em portadores de hemofilia;
5) 1% em pessoas que tiveram relações heterossexuais com vítimas da AIDS ou portadores;
6) 6,5% devido a outros fatores.
A população norte-americana considera as vítimas dessa nova peste como párias da sociedade. Os portadores do vírus perdem emprego, casa, amigos etc. Os hospitais os excluem e os empregados das casas funerárias recusam-se a sepultar as vítimas fatais dessa doença.
Em todo o mundo, entretanto, órgãos de imprensa têm recomendado uma série de precauções farisaicas e de superfície para se evitar a AIDS. É sintomático, contudo, que a imprensa, inclusive a brasileira, não indique a profilaxia mais eficaz para a moléstia, como aliás, para qualquer outra doença sexualmente transmissível; a abstenção de relações sexuais ilícitas e, a fortiori, de relações antinaturais.
Eis aí um sinal dos tempos. Procura-se de todos os modos criar condições para se evitar a moléstia, sem que ninguém aponte a abstenção do vício da luxúria como remédio realmente eficaz. Em nossa época neopagã e materializada, em que o permissivismo moral atinge um clímax, a única coisa olvidada é a recomendação de se praticar a pureza - virtude particularmente repudiada. Infelizmente, no charco de sensualidade em que vai imergindo cada vez mais o homem contemporâneo, não há clima para medrar o lírio da pureza!
Diante do sempre crescente número de casos da moléstia, até mesmo pessoas com muito pouco senso religioso começam a considerá-la, conforme relata a imprensa diária norte-americana, como um flagelo divino para punição dos pecados. A Virgem de Fátima, em 1917, alertou o mundo para um castigo que viria, e indicou os meios de sustá-lo. Entretanto, não se deu ouvidos às palavras da Rainha Celeste, e o castigo parece começar a se abater sobre a humanidade.
Eduardo Queiroz da Gama
Durante a greve dos bancários, os piquetes agiram sob a denominação de "comissões de esclarecimento"
"PRECISAMOS de 200 'companheiros' para formar uma 'comissão de esclarecimento' para ir paralisar os trabalhos de compensação no Banco do Brasil, na rua Líbero Badaró. 'Comissão de esclarecimento'... não! Agora não precisamos mais usar este nome. É piquete mesmo. Então, 200 voluntários para formar um piquete".
Desse modo um líder sindical convocava, por volta das 18:30 hs., os aproximadamente 8 mil participantes da assembleia dos bancários, realizada no dia 12 de setembro (último dia da greve), na Praça da Sé, centro de São Paulo.
"Comissão de esclarecimento" foi o nome-fantasia utilizado para encobrir a ação de piquetes durante a greve, para dar a entender que a mesma era "pacífica".
Realmente, "pacífica" a greve o foi somente para os grevistas, que contaram com a ilimitada compreensão da Polícia Militar, a qual fez vistas grossas à coerção que os piquetes de grevistas exerceram sobre os bancários que, desejosos de entrar em seus locais de trabalho, foram, de fato, impedidos de fazê-lo. A PM reconheceu o direito de greve, mas não garantiu o direito de trabalhar.
Por volta das 12 horas do primeiro dia de greve (11 de setembro), um piquete com mais de 50 pessoas, liderado por dois diretores do Sindicato dos Bancários, formava uma compacta barreira frente à porta da agência do Banco Itaú, localizada na Rua Conde da Boa Vista, uma das principais zonas bancárias da capital paulista. Quando algum funcionário tentava transpor o piquete, era impedido pelos "piqueteiros". Ao mesmo tempo, fazendo uso do microfone, um dos líderes sindicais dirigia-se ao "transviado" que não aderira à greve: "Não adianta provocar, companheiro; não vai poder entrar na agência; nós estamos em greve".
Assim, o empregado que tinha a intenção de trabalhar era tachado de "provocador". E os policiais assistiam a tudo isso sem esboçar qualquer gesto de repressão... pois a greve era "pacífica". Os grevistas estavam apenas exercendo seu "direito de greve".
Sim, o direito de greve foi realmente reconhecido aos bancários, que em seus piquetes eram auxiliados por metalúrgicos ligados à CUT e ao CONCLAT, por membros da Convergência Socialista e do PT, os quais compareciam às assembleias realizadas à noite na Praça da Sé.
Durante dois dias o Sindicato dos Bancários, em nome da democracia, reivindicou para sua classe o direito de fazer greve. Organizou seus piquetes - sob o disfarce de "comissão de esclarecimento" - e, em nome também da democracia, impôs a "ditadura sindical" nas portas dos estabelecimentos bancários. Tinha-se o direito de fazer greve, mas não se tinha o direito de discordar dela e ir trabalhar.
Democracia, só para os grevistas. Aos que deles discordavam - diante do olhar complacente da Polícia Militar - era aplicada a "lei" do despotismo sindical: a repressão das tropas-de-choque "piqueteiras".
Sem dúvida alguma, trata-se de uma visão singular do que seja democracia.