| CUBA |

Mamãe, eu não "vou na onda" a propósito de Cuba

Tibério Meira

OS MEIOS de comunicação de nosso País têm procurado dar a impressão de que a vida em Cuba não é tão má como se imagina. Não negam que lá haja pobreza, mas seria uma pobreza deliciosa, num regime "agradável" de viver. A esse propósito, vale a pena comentar um artigo do "Jornal do Brasil" (14-10-85), assinado por Andréa Neves da Cunha.

De forma sugestiva, a articulista narra sua viagem a Cuba, procurando atrair a simpatia do leitor para o regime de pobreza ali existente. Seu objetivo não é afirmar que todo mundo está muito rico na ilha. Pelo contrário, deixa claro que lá a pobreza é generalizada. Mas, tratar-se-ia de certo tipo de pobreza que o clima psicológico criado pelo comunismo, torna deleitável. Tal modo de apresentar Cuba conduz, implicitamente, a que o brasileiro desprevenido vá se acostumando com a miséria comunista

Já o título, "Mamãe, eu fui a Cuba", atrai a atenção do leitor. Nele a articulista imaginara ter viajado sem dizer à mãe — uma senhora idosa, anticomunista - ou, pelo menos, sem revelar que iria a Cuba. Na volta, ela acha engraçado contar à mãe, que toma um susto, enquanto a filha se diverte diante da reação da velhinha. Cuba representaria o futuro, o anticomunismo seria o passado, tal é a insinuação de fundo.

O que Cuba ofereceu aos visitantes

A autora seguiu numa "delegação brasileira convidada a participar do diálogo juvenil e estudantil da América Latina e Caribe sobre a dívida externa", na qual "algumas pessoas não escondiam a emoção (...), não faltando sequer quem se dispusesse a pisar o solo cubano dando vivas a Jânio Quadros". Tratava-se, portanto, de uma delegação em que os membros discordavam entre si por causa das várias tendências ideológicas e políticas.

logo ofereceu ao plenário de cerca de 700 jovens representantes de 400 organizações dos mais diversos matizes ideológicos o momento do primeiro encontro com o comandante Fidel Castro!" Além disso, havia uma surpresa: "Convidado a encerrar os discursos da noite, a figura ágil e cordata de D. Pedro Casaldáliga (...).Sereno, ele conclamou os jovens ao sagrado exercício da rebeldia" (o negrito é nosso). Observe o leitor os adjetivos elogiosos empregados para qualificar aquele que incita os jovens ao "sagrado exercício da rebeldia"

Mas, afinal, quem falou pelo Brasil, naquele "diálogo juvenil", onde não faltavam velhos adeptos do comunismo internacional? Encabeçando a lista dos que falaram estavam, segundo o artigo, representantes do PDS, seguidos pelos do PFL, PDT, PCB e PMDB.

"Enquanto isso, lá fora uma Havana ensolarada se oferecia aos visitantes": Mas "para decepção dos que esperavam encontrar uma forte dose de realismo soviético", Cuba oferecia também os "passeios programados", os quais "eram opcionais".

A grande novidade era uma "Havana ensolarada"! E, para não dar impressão de imposição, os passeios eram "opcionais", mas — não nos esqueçamos - "programados". Ai daqueles que ousassem sair do "programa"!

Os visitantes eram "incentivados a descobrirem por si sós os encantos da cidade". E a articulista não pôde deixar de reconhecer: "uma cidade pobre", mas, tratando-se de um país comunista, a autora tem pressa em apresentar a pobreza sob cores róseas. Conta então que uma pessoa bastante idosa a aborda: "Moça, você pode não entender, mas nós temos muito orgulho da nossa pobreza".

"É claro que eu entendia", acrescenta a repórter. Nota-se neste comentário uma avidez em, desde já, ir preparando o leitor para a miséria, que necessariamente virá se o Brasil cair no comunismo.

Mas nem tudo são maravilhas...

Cuba enfrenta alguns problemas, é preciso reconhecer... Esse país com "uma sociedade surpreendente (..) enfrenta uma série de dificuldades. Uma economia frágil, uma política de habitação que ainda não foi capaz de suprir as necessidades da área são as mais evidentes". Vão aparecendo as dificuldades. Até há pouco só havia vantagens: "sol e passeios programados..."

"Uma sociedade em que um especializado e eficaz serviço de educação e saúde é gratuitamente oferecido à população". Quer dizer, num país onde tudo é estatal, o sistema de ensino tem que ser oficial, o serviço de saúde tem que ser oficial. Que maravilha! O brasileiro médio bem conhece essas "vantagens" do sistema oficial. Basta lembrar, por exemplo, as intermináveis filas do INAMPS. É oficial. Entretanto, a visitante em Cuba tem um jeitinho para tudo, e arranjou um adjetivo para tornar simpática a expressão: "um especializado..."

É claro que a professora tem que ser especializada em ensinar o B-A-BA e o médico não pode ser um açougueiro. Ela só não diz se os serviços atendem às necessidades da população inteira!

Há outras vantagens que ela não pode deixar de mencionar: "Um país de nove milhões de habitantes, em que a alimentação básica é subsidiada pelo governo e onde se imprimem dois milhões de livros a cada três meses"

Talvez seja o caso de dizer que nesse país comem-se livros! Ela é cuidadosa. Não há um elogio quanto à qualidade e abundância dessa alimentação. Mas — não se pode negar — o pessoal da ilha lê, lê, lê... Ora, é evidente também que tais livros, em espanhol, não são apenas para os cubanos, mas contêm propaganda marxista para toda a América espanhola.

"E isso sem falar da alegria das crianças, nas minissaias das moças e no olhar galante dos rapazes". Nada de prosperidade, nada de boa organização de vida. Apenas sexualidade! Quanto à propalada "alegria das crianças", felizes delas que ainda não tiveram tempo suficiente para aprender o que é a vida sob a égide do "comandante" Fidel Castro!

O novo homem no sistema comunista

Como as infraestruturas são abaixo da crítica, a autora procura consolar-nos apresentando um novo modelo humano que irá substituí-las. Trata-se da miséria que convive com um certo tipo de homem que o comunismo quer fabricar: "porque uma sociedade, não é só infraestrutura que constrói. Ela sobretudo o homem que cria".

"E aí — afirma a autora — a coragem não é patrimônio exclusivo dos líderes da revolução, mas um dom generosamente repartido por toda a gente. Coragem e dignidade, palavras-chave para se forjar o perfil de um povo". Em termos mais claros, trata-se de viver a vida dura, coragem de enfrentar a pobreza. Tal coragem substitui a comida, substitui o tratamento médico, substitui o que se quiser... Mas para ela está ótimo, porque é um bem de ordem moral que compensa a pobreza, ou seja, compensa o fracasso do regime socioeconômico. O resto não lhe interessa.

Entretanto, esse é um "povo que canta, dança e se diverte, com mísseis apontados para a cabeça". Eis outra faceta de tel "coragem". A América do Norte constituiria uma ameaça permanente, pela possibilidade de lançar bombas sobre Cuba. Não há comentário!

E o que dizer do "gigantesco out-door" colocado no litoral, de frente para os Estados Unidos, "onde se vê, numa extremidade, o tio Sam acuado. E, na outra, um cubano com os pulmões cheios de ar, gritando aos quatro ventos: 'Senhores imperialistas, nós não lhe temos medo nenhum'!" Segundo a visitante, tal cartaz constitui "uma gigantesca injeção de ânimo para quem passa no local..."

Para encerrar sua peça laudatória de Cuba, a autora, de um modo jocoso, retoma a insinuação do título: "Mamãe, eu fui a Cuba. E qualquer dia desses eu quero voltar".

Após ler tal artigo, a vontade é de desabafar: "Mamãe, eu não `vou na onda' a propósito de Cuba, para lá não quero ir".

Cuba — o país do "paredón", a ilha-cárcere, da qual milhares de pessoas já se evadiram até com risco de vida — jamais será modelo para nossa Pátria.

O turismo gratuito a Cuba está na moda. Não só a autora do artigo aderiu a ela, como também os participantes da feira dos 64 anos do PCB que concorreram à rifa na barraca de Pernambuco, como atesta o cartaz acima.


| A REALIDADE CONCISAMENTE |


Não só a Libia promove o terror

• Não é apenas a Líbia que promove o terror. Também a Rússia possui forças especiais — denominadas "spetsnaz" —, atuando no Ocidente, cuja missão primordial é eliminar Chefes de governo e altos líderes políticos e militares do Mundo Livre a fim de paralisar as nações capitalistas, neutralizando suas armas nucleares e centros de comando. São cerca de 30 mil soldados cuidadosamente selecionados e treinados para atuar por trás das linhas inimigas em tempo de guerra, ou mesmo pouco antes, e em casos excepcionais até em tempo de paz.

Antes do início das operações bélicas, essa força terrorista, composta de profissionais de todos os campos, colhe informações sobre as pessoas e alvos visados.

As atividades das "spetsnaz" foram observadas nos países escandinavos, no Afeganistão e na Europa Oriental. Há pouco, sua existência foi oficialmente reconhecida pelos ministérios de Defesa da Suécia, Inglaterra e Estados Unidos. Identificaram-se também centros de treinamento na Rússia.

Neste ano, Victor Suvorov — pseudônimo de um major do serviço de inteligência russo, que fugiu para a Inglaterra — deve publicar um livro a respeito.


Falência do mito sueco

• A última oportunidade para a Suécia sobreviver seria imitar os Estados Unidos, reconhece "Expressen", o maior jornal escandinavo.

Ulf Nillson, principal repórter desse quotidiano, comenta: "Nosso país, ao invés de se tornar a sociedade igualitária perfeita, tornou-se a nação dos sonegadores de impostos e de operários cujo único desejo é receber dinheiro por baixo do pano. Pior ainda, está-se tornando um país em ponto morto, preso na estagnação. E, até na Suécia, o povo está-se dando conta disso".

O controle da vida de cada sueco e a imposição de um radical e minucioso igualitarismo, por parte do Estado, vem tornando impossível a vida no país.

Como se isso não bastasse, a pornografia atingiu tais proporções, que até organismos que nos anos 60 e 70 defendiam o permissivismo sexual — como a Associação Sueca de Educação Sexual — mostram-se agora alarmados com os resultados da própria filosofia pregada antes.

Quem semeia ventos, colhe tempestades...


Teologia da Libertação "não aplicável"

• A Teologia da Libertação "não é aplicável" à Polônia atual, declarou o Cardeal Primaz de Varsóvia, Joseph Glemp. Na sua opinião "estas formas extremas de revolução podem corresponder à conjuntura de determinados países da América Latina e África, mas não à Polônia".

A férrea ditadura comunista a que o General Jaruzelski submeteu essa infeliz nação, portanto, não será abalada ou contestada, se tal depender do Primaz polonês.

Diferenças de "conjuntura..." — eis a explicação do Antístete.

Ao que parece, a rebelião contra sistemas opressores, propugnada por certa "Teologia da Libertação", só seria válida quando o Poder estivesse em mãos de não comunistas. Certamente; nestes casos, a "conjuntura" seria mais favorável.

Estranha forma de conceber a "libertação", que parece legitimar a opressão da esquerda!


Governo americano preocupado com a AIDS

• Preocupados com o AIDS, altos funcionários do governo norte-americano tentam impedir a disseminação dessa fatal doença. Dos 18.070 pacientes registrados, 9.591 já morreram.

Tais autoridades, contudo, julgam que um milhão de norte-americanos podem estar atacados pelo vírus. Por causa disso, pretendem fazer testes sanguíneos nos chamados grupos de alto risco: homossexuais, viciados em drogas, prostitutas, companheiros ou companheiras de pessoas infectadas, hemofílicos que recebem transfusões, nativos do Haiti e da América Central. Além do mais, todos os militares norte-americanos vão sendo submetidos ao teste com o mesmo intuito: deter a expansão do pavoroso flagelo.

Todas essas medidas, entretanto, são meros paliativos. Por que não se fala em evitar aqueles tipos de contato sexual, através dos quais habitualmente se transmite a doença?


Armas para a China

Os Estados Unidos planejam vender à China comunista sofisticados equipamentos para caças supersônicos e já abriram caminho para o fornecimento de ajuda técnica, isentando Pequim de enquadramento na lei de assistência externa, que proíbe ajuda a países comunistas. Desde a visita do Secretário de Defesa americano Caspar Weinberger à China, em 1983, cogita-se de negócios com os chineses, mas vários obstáculos os impedem. Por exemplo, as relações que Washington ainda mantém com Formosa, e que tanto desagradam os chineses comunistas. O "pacote" econômico e tecnológico em estudo pode chegar a 500 milhões de dólares.

Causa pasmo ver a colaboração assim prestada pela potência líder do Mundo Livre a um país comunista.


Governo holandês quer liberar a eutanásia

• Na Holanda, uma comissão governamental recomenda que a eutanásia seja legalizada, sob certas condições, e já existe até precedente judicial nesse sentido. Calcula-se que haja uma média de sete mil mortes por eutanásia, anualmente.

Por outro lado, pesquisas de opinião indicam que mais de três quartos da população apoiam esse crime hediondo.

Quando se concebe a vida sob o prisma hedonista e pagão, não há o que detenha a marcha em direção ao abismo. "Abyssus abyssum invocat" (um abismo atrai outro abismo), ensina a Sagrada Escritura.


A "democracia" ditatorial de Frei Beto

Frei Beto, conhecido por sua estreita vinculação com o terrorista Marighela em 1969, acaba de escrever uma "Introdução à Política Brasileira" (Editora Afica), a qual poderá ser utilizada pelos professores da rede estadual paulista de ensino, que lecionam a matéria Organização Social e Política Brasileira (OSPB).

Coordenador da escandalosa e tristemente célebre "Noite Sandinista", realizada no auditório da PUC de São Paulo, em 1980 (cfr. "Catolicismo", n' 355/356 de julho/agosto de 1980), Frei Beto afirma na citada obra que a diferença de opiniões políticas "não é bem democracia (sic!). É, sim, o resultado de uma sociedade desigual, dividida em diferentes classes sociais, em que nós vivemos..."

Assessor de Lula e dirigente da Pastoral Operária no ABC paulista — onde tem sido um dos mentores dos movimentos grevistas —Frei Beto não esconde nesse recente opúsculo sua concepção ditatorial de "democracia", semelhante à que seus amigos aplicam na Nicarágua!

Tais são as "pérolas" marxistas que o religioso dominicano põe à disposição de professores e alunos do Estado de São Paulo!


Página seguinte