Também tecnologicamente, como se sabe, a Rússia Soviética é muitíssimo inferior aos Estados Unidos. A tal ponto a supremacia ocidental é incontestável, que têm sido frequentes as denúncias de espionagem promovida por agentes comunistas em campos avançados da ciência norte-americana. Por isso os "vazamentos" de informações confidenciais nesses campos eram qualificados de alta traição.
A partir de agora, entretanto, ao que parece, a Rússia não precisará mais dar-se ao trabalho de usar subterfúgios para obter as informações cobiçadas. Vejamos um fato característico. O governo norte-americano decretara, há 9 anos, o embargo à venda para a Rússia de tecnologia e equipamentos para prospecção de petróleo e gás. O governo Reagan decidiu em janeiro último suspender esse embargo, alegando, surpreendentemente, razões de ordem econômica! Foram inúteis as ponderações do Secretário de Defesa Weinberger, ao advertir que a melhor qualidade do equipamento norte-americano fará com que os soviéticos economizem mais para investir em armas.
Sem dúvida, Lenin parecia estar certo ao prever: "Os capitalistas nos venderão a corda com a qual iremos enforcá-los"...
Mulas abortivas, que provocam a expulsão do feto, serão comercializadas dentro de poucos meses na França, segundo anunciaram fontes da Organização Mundial de Saúde, organismo da ONU. Estudos recentes indicam que o método foi eficaz em 90% dos casos, e os testes iniciados há três anos, produzem resultados cada vez mais aperfeiçoados. Os técnicos da empresa Roussel-Uclaf, fabricante do produto, contudo, alertam para o risco de a pílula provocar um aborto incompleto, pois, quando ingerida três ou quatro semanas depois da concepção, costuma provocar a expulsão de somente 60% do feto. Ou seja, o ser em formação é decepado.
Tais crimes — é de pasmar! —não suscitam indignação proporcionada em tantas entidades que se autoproclamam defensoras dos direitos humanos. E isto numa sociedade como a nossa; tão sensível aos pretensos "direitos" dos animais e tão preocupada. por exemplo, com o risco de extinção das baleias...
Conservar, na mente das pessoas, imagens da época anterior ao Concílio, quando as freiras usavam hábitos belos e dignos — eis o que Tom Cholewa, norte-americano de origem polonesa, intenta fazer comercializando bonecas com tais vestimentas.
Cholewa sente saudades daquele tempo em que as religiosas usavam hábitos "à moda antiga". -• Acredita ele que, como no seu caso, muitos têm desejo de preservar as belas recordações de sua infância.
Por isso, pretende criar cada modelo "o mais parecido possível com os originais". Já que, "as vestimentas são costuradas por alfaiates, e cada qual pode ser considerada uma obra de arte; ela [as bonecas] nunca poderão ser feitas em linha de montagem", explica. Pretende, assim, vestir bonecas com os hábitos característicos das 1.800 ordens Religiosas femininas existentes no mundo.
À Cholewa não faltaram originalidade nem perspicácia: jamais lhe ocorreria vestir bonecas com as dessacralizadas roupas usadas pelas freiras em nossos dias; não atrairiam, por certo, o interesse nem de adultos nem de crianças...
Um enorme cubo de cimento, com vidros de aspecto "futurista", 10 andares revestidos de mármores de cores vivas, e grandes janelas panorâmicas —tudo feito para atrair turistas estrangeiros... Seria esse mais um projeto usado para figurar nas famosas avenidas de Manhattan? Errado. Trata-se de um prolongamento vertical do cemitério monumental de Staglieno, em Gênova, que deverá estar concluí do em 1988. O prédio poderá receber até 9.701 cadáveres nas gavetas e 1.679 nos ossuários.
Tal concepção de cemitério além de chocar o sentimento de respeito que se deve ter aos mortos e à tradição imemorial de sepultá-los, vem causando polêmicas na Itália, pois se opõe à monumentalidade dos campos santos peninsulares. E a mais justo título em Gênova, cidade que se ufana de possuir cemitérios considerados obras-primas, e à qual repugna conceber que um defunto "habite" o décimo andar de um edifício...
Indiferentes, porém, a tão sensatas ponderações, os técnicos preferem ver certos lados, ditos práticos e "funcionais" do projeto: proteger os visitantes do mau tempo, e a "vantagem" da iluminação votiva centralizada, que permanecerá sempre acesa, mediante pagamento de uma tarifa anual.
A imagem de liberal, que o ditador russo Gorbachev procura difundir no Ocidente, não teve reflexos em seu próprio país no que se refere à liberdade religiosa, ainda condicionada ao grau de colaboração com o governo. Assim, a igreja cismática russa, dita ortodoxa — cuja hierarquia é indicada pelas autoridades comunistas — goza paradoxalmente de bom tratamento, num país oficialmente ateu. Mas, por outro lado, prosseguem os encarceramentos de dissidentes nos hospitais psiquiátricos, aos quais vez por outra é concedida a liberdade, desde que renunciem a fé em Deus.
Edward J. Derwinski, conselheiro do Departamento de Estado norte-americano, em depoimento perante um subcomitê do Congresso sobre "Religião na Rússia", meses atrás, afirmou que as autoridades soviéticas aumentaram a repressão contra as comunidades religiosas. Isto porque, segundo o regime, a religião atua como uma ideologia hostil e um obstáculo à difusão do ateísmo. Os condenados por "crimes religiosos" são sentenciados a trabalhos forçados e classificados como "criminosos especialmente perigosos nas suas atividades contra o Estado". Vale dizer, trabalho-escravo em algum campo de concentração dos mais rigorosos, eventualmente localizado nas regiões distantes como a gélida Sibéria...
Depois de sentirem na própria pele os desastrosos efeitos do socialismo, vários países da África negra resolveram adotar princípios capitalistas em sua economia. Resultado: após 20 anos de atraso e miséria quase absolutos — quando essas nações recém-independentes tornaram-se praticamente colônias soviéticas — passaram a manifestar agora sinais inequívocos de progresso.
Segundo a Comissão Econômica para a África, órgão do governo norte-americano, embora não se possa assegurar uma estabilidade nessa expansão a longo prazo, dadas as dificuldades de cada um desses países (alguns dos quais fortemente endividados), hoje a mudança é notória. Assim, após seis anos de rigorosa recessão, a África negra apresentou, em 1986, um crescimento da ordem de 2%, havendo expectativas de que tais índices aumentem até o final da década.
Mais uma vez se comprovou, parafraseando um conhecido adágio popular: quem semeia socialismo, colhe miséria...
Antonio Francisco Navarro
24 DE OUTUBRO DE 1986. Quatrocentos manifestantes chegam até o portão da Base Naval de Bangor, no estado de Washington (EUA) para protestar contra a presença do submarino nuclear "Alaska". Entre eles, representantes de grupos pacifistas, ecologistas, da "esquerda católica" e similares. Brados, palavras de ordem, cartazes contra o governo. À frente da manifestação um homem de 60 anos, trajando grossa jaqueta e boina preta. Só o colarinho branco denota sua condição sacerdotal. É D. Raymond Hunthausen, Arcebispo de Seattle, a maior diocese do estado de Washington.
A presença desse Prelado em passeatas do gênero não é novidade. Ele é aberto opositor da política militar do governo Reagan, tendo chegado ao ponto de, a partir de 1982, não pagar 50% de seus impostos em sinal de protesto. Esse tipo de "desobediência civil" (de fato uma grave infração das leis tributárias do país) é a marca característica do irrequieto Arcebispo.
A participação em passeatas pacifistas e a revolta tributária não são as únicas manifestações censuráveis de D. Hunthausen. A diocese de Seattle é tristemente célebre por ser palco de muitos outros abusos. Por exemplo, em 1983, D. Hunthausen cedeu a catedral metropolitana para uma missa de homossexuais. É comum na diocese a utilização de moças (as chamadas "altar girls") para ajudarem as Missas. A composição do pão ázimo para a consagração frequentemente não obedece às normas litúrgicas. Infelizmente, a lista seria longa se quiséssemos completá-la.
Tais abusos causaram estranheza em muitos fiéis, desorientados com o que viam acontecer em sua diocese. Começaram então a chagar cartas a Roma, expondo perplexidades, narrando episódios escandalosos, solicitando medidas. O fluxo de carta foi tal, que o Vaticano se viu forçado a intervir.
Como diz o documento oficial publicado pela Nunciatura Apostólica em 24 de outubro do ano passado, a Santa Sé procurou "responder ao imenso volume de queixas enviadas a Roma por sacerdotes, religiosas e fiéis da arquidiocese".
Para isso, o Vaticano instaurou um inquérito, nomeando D. James Hickey, Arcebispo de Washington, como Visitador Apostólico encarregado de investigar os aludido abusos na diocese de Seattle. O inquérito, por desejo de Roma, seria secreto.
Após meses de investigação, Mons. Hickey elaborou um relatório no qual, entre outras coisas, aponta as seguintes irregularidades:
Tribunal Diocesano. Uso de pessoas não graduadas no Tribunal Diocesano, bem como de ex-sacerdotes.
Liturgia e sacramentos. Contínuo uso da absolvição geral; prática da Primeira Comunhão sem primeira confissão; repetidos casos de intercomunhão (católicos comungando em igrejas protestantes e vice versa).
Saúde pública e moral. Falta de ensino das diretivas da Santa Sé sobre anticoncepcionais e esterilização. Prática frequente num hospital da diocese da esterilização em mulheres com fins anticoncepcionais.
Homossexuais. Falta de afirmação categórica da doutrina da Igreja a respeito da questão; ligação da igreja com grupos homossexuais.
Ex-sacerdotes. Emprego de ex-sacerdotes em tarefas educativas ou de ministério pastoral, ou até em serviços litúrgicos, contrariando abertamente as normas da Santa Sé.
Formação do clero. Irregularidades doutrinárias nas seguintes áreas: Cristologia, Antropologia, papel do Magistério, Natureza da Igreja e do Sacerdócio e Teologia Moral.
Como consequência da Visita Apostólica, foi decidido — de comum acordo com D. Hunthausen — que o Vaticano nomearia um Bispo auxiliar para a diocese, sob cuja autoridade ficariam as áreas pastorais questionadas. A escolha recaiu sobre D. Donald Wuerl.
A pedido de membros da Hierarquia norte-americana, a Santa Sé concordou que fosse o próprio D. Hunthausen quem delegasse tal autoridade para o novo Bispo Auxiliar.
Entretanto, por mais de seis meses tais faculdades não foram concedidas a
D. Raymond Hunthausen, Bispo de Seattle.
D. James Malone, Presidente da NCCB (foto), emitiu documento oficial, ao fim da reunião geral do Episcopado norte-americano, no qual aquele órgão se solidariza com o Bispo de Seattle.
D. Donald Wuerl foi nomeado Bispo Auxiliar de Seattle.