P.18-19 | CRISE MORAL |

Moral cristã, salvaguarda contra a expansão da AIDS

Plinio Corrêa de Oliveira

A "Folha de S. Paulo", em sua edição de 21-2-87, formulou ao Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a seguinte pergunta: "Você acha que o enfoque moral é adequado para combater a AlDs?" A essa questão, o Presidente do Conselho Nacional da TFP respondeu da seguinte forma:

Sem dúvida, em nosso País já tão perigosamente atingido pela expansão da Aids, é preponderante o fator moral, como coercitivo do terrível mal.

Com efeito, sabe-se que o principal foco do contágio dessa doença está nos ambientes homossexuais. Mas também os bissexuais contagiam a Aids, e isto não só nas relações com o próprio sexo, como ainda com o sexo feminino (aliás mais resistente ao contágio do que o masculino).

Esses são os dois grandes "grupos de risco" para a propagação da Aids. Há um terceiro "grupo de risco", constituído pelas pessoas sujeitas a frequentes transfusões de sangue, como os hemofílicos, certos anêmicos etc. Constituem eles vítimas inocentes do cruel contágio, em razão do pouco cuidado com que seja eventualmente selecionado pelos técnicos o sangue que recebam. Com efeito, pode suceder-lhes seja assim ministrado sangue contaminado de Aids...

Quanto a cada um desses três "grupos de risco", o enfoque moral segundo os princípios da Igreja, em nosso País graças a Deus católico, é de molde a exercer a mais valiosa influência. Pois, segundo é geralmente sabido, o ato homossexual é qualificado pela Igreja como "pecado contra a natureza", e catalogado entre os pecados que bradam ao céu e clamam a Deus por vingança. O que lhe revela toda a gravidade.

Ora, a não ser um freio moral de tanto alcance, não sei verdadeiramente como coibir de modo eficaz a homossexualidade, e, portanto, a expansão da Aids. O que é mais digno de nota tomando-se em consideração a tendência por assim dizer suicida, já vitoriosa em diversos países, e em franca ascensão em outros, a não qualificar a homossexualidade como crime.

Poder-se-ia objetar que o próprio surgimento da ameaça da Aids exerce efeito inigualável para a repressão da homossexualidade. E que, reprimida esta, o perigo da Aids estaria extinto. A expansão da Aids constituiria, portanto, um perigo auto demolidor: o próprio pânico da terrível doença levaria os homens a evitá-la, abstendo-se do ato contra a natureza.

Sem contestar certo efeito salutar do perigo da Aids como fator coercitivo da homossexualidade, cumpre notar que tal valor tem algo de relativo. Pois depende do próprio viciado escolher entre as duas perspectivas difíceis que se lhe abrem: a dura batalha para a extinção do vício, ou a permanência nesse vício, embora sob o terrível risco do contágio mortal. Ora, está na psicologia de incontáveis viciados optarem pela via do vício, que lhes agrada a moleza e as apetências desordenadas.

Pelo contrário, o católico, posto ante tal alternativa não se considera livre de escolher entre uma e outra via: sabe que lhe cumpre tão-só obedecer à vontade de Deus. Obedecer, sim, pelo amor e pela submissão que a este deve. Mas também pelo justo temor de que a mão de Deus o castigue duramente com as penas eternas do inferno. E, bem entendido, com proporcionados castigos nesta vida. Destes, um dos mais terríveis é a caminhada inexorável do portador de Aids, através dos mais devastadores procedimentos, rumo à morte.

Resta dizer uma palavra sobre o desleixo e a incúria responsáveis pela transmissão da Aids nas transfusões de sangue. O prejuízo sofrido pelas vítimas inocentes, em razão dessas faltas profissionais, qualifica de muito grave o pecado dos responsáveis. E a justiça de Deus pode se desfechar sobre eles com todo o rigor, ainda quando consigam ardilosamente tornar despercebido o seu crime ante a justiça dos homens. O que constitui para o católico motivação de inigualável importância para que não se deixe arrastar, pelas negligências ou pela precipitação, a uma transgressão contra o 5° Mandamento: "Não matarás".

Nesse caso, como em tantos outros, só mesmo a moral especificamente religiosa constitui para o homem o parapeito salvador que o protege contra as múltiplas propensões internas para o mal.


| IN MEMORIAM |

Nota de falecimento

Faleceu no dia 8 de janeiro último a Irmã carmelita Dolores de Jesus, no Carmelo de Plasencia, na Espanha.

A falecida, que ingressara na vida religiosa em 1934, demonstrou grande fortaleza de alma e resignação em face dos sofrimentos provocados pelo câncer que a vitimou, oferecendo todas suas provações e a própria vida na intenção das TFPs em todo o mundo.

A Irmã Dolores, pouco antes de sua morte, recebeu, com a permissão de sua superiora, a capa de sócia-honorária da TFP espanhola.

De acordo com a regra carmelitana, o ataúde foi colocado sobre um tecido marrom, no coro da capela conventual, tendo sido o corpo velado durante toda a noite.

No dia seguinte, após a encomendação do corpo feita pelo Vigário Geral da diocese de Plasencia, o féretro foi carregado por sócios e cooperadores da TFP-Covadonga, bem como por familiares da religiosa carmelita até o cemitério do convento.

A TFP brasileira fez celebrar Missa de Sétimo Dia em sufrágio da alma da Irmã Dolores de Jesus.

Irmã Dolores de Jesus D.C.D.


| TFPs EM AÇÃO |

TFP promove encontro para jovens

SÃO PAULO — Em sua sede de campo no município de Amparo (SP), a TFP promoveu mais uma programação especial de férias, visando a formação cultural e entretenimento de seus jovens cooperadores e simpatizantes, procedentes de todo o Brasil. Participaram também desse programa delegações de TFPs da Austrália, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Estados Unidos, Peru e Uruguai, tendo sido aproximadamente de 400 o número de jovens presentes.

Na abertura do encontro foi solenemente recepcionada uma cópia da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima, cuja presença avivou em todos a lembrança das aparições da Santíssima Virgem em Portugal, exatamente há 70 anos. Como se sabe, as revelações da Mãe de Deus indicavam guerras e a dominação comunista como castigos resultantes da impiedade crescente do mundo, caso os homens não fizessem penitência e oração.

Foram realizados, durante 'a programação, além de palestras de formação, animados jogos, com a participação de cavaleiros e de uma fanfarra, tendo sido também encenadas atraentes peças teatrais.

No dia 10 de fevereiro último, quando foi instalada a Assembleia Nacional Constituinte, a TFP fez afixar na sede de seu Conselho Nacional à Rua Maranhão esquina da Rua Itacolomi, na capital paulista, uma expressiva faixa alusiva ao acontecimento.


A TFP mantém bem alto seu estandarte anti-agro-reformista

VÃO SE AVOLUMANDO dia a dia os protestos levantados por prestigiosos órgãos da classe rural — ou surgidos espontaneamente de importantes zonas agrícolas — contra a política do Governo face à agricultura e à pecuária. Tais protestos incluem mais de uma vez a reivindicação de um tratamento paritário entre produtores agrícolas e industriais no conjunto da economia nacional.

Em vista desses fatos, a Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade — TFP, comunica que:

1) Não sendo embora um órgão de classe, mas entidade voltada à apreciação da plurimórfica realidade nacional com base nos princípios tradicionais da doutrina católica, considera um dever declarar seu apoio às referidas reivindicações agropecuárias, as quais se lhe apresentam, de modo geral, conformes à justiça e à equidade.

2) Dentro da tormenta socioeconômica que assim se vai estendendo pelo País, a TFP não esquece, entretanto, a necessidade indeclinável de manter bem alto seu estandarte na luta contra a Reforma Agrária socialista e confiscatória que vai sendo gradualmente imposta, em todo o território nacional, pelo MIRAD.

3) O empenho explicito, desassombrado e constante em favor da propriedade privada e da livre iniciativa constitui o ponto-chave da defesa dos direitos da agricultura brasileira contra o perigo agro reformista.

4) Com efeito, é, por certo, muito censurável que o Poder Público onere com uma política agrícola injusta a produção agropecuária. Contudo, mais censurável ainda é confiscar ele a própria terra, da qual, mercê do trabalho humano, nascem estas riquezas.

5) É o que facilmente se conclui, desde que se tome em conta que onerar abusivamente os frutos pendentes da laranjeira de alguém é obviamente prejudicar esse alguém.

Porém, muito mais prejudica a esse alguém a pessoa que lhe serra pela raiz a laranjeira.

6) A TFP apela, pois, para o povo brasileiro no sentido de que, com a atenção dele desviada para os mais diversos assuntos por efeito dos problemas angustiantes que vão emergindo a todo momento nos mais variados pontos do horizonte nacional, não se omita de manter no centro de suas preocupações uma explícita e inflexível ação legal anti-agro-reformista.

7) Este apelo é feito a toda a população, e não só à classe agrícola. Pois, caso a opinião pública se habitue à Reforma Agrária, estarão abertas irremediavelmente as portas para outras reformas que golpeiam sucessivamente os demais setores da sociedade e da economia brasileira: a Reforma Urbana voltada contra os proprietários de imóveis urbanos, e a Reforma Empresarial voltada contra os proprietários dos estabelecimentos industriais e comerciais.

É esta a tríplice reforma dirigida contra a propriedade privada e contra a livre iniciativa, segundo os velhos anseios que o Partido Comunista do Brasil (PCB) vem difundindo em nosso País desde sua fundação, no longínquo ano de 1922.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE DEFESA DA TRADIÇÃO, FAMÍLIA E PROPRIEDADE

Rua Dr. Martinico Prado, 246 • Cep 01224 • Fone: 221-8755 • São Paulo, SP

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