| REFORMA AGRÁRIA |

A classe rural na "Dança da Morte" agro-reformista

O Brasil passa, no presente momento, por uma situação verdadeiramente singular.

A Constituinte ainda está dando seus primeiros passos. E com quanta indecisão!

A moratória — que tanto assustou —parece não trazer efeitos imediatos. Pois sempre que tais efeitos parecem na iminência de explodir, alguma concessão dos credores, feita a curto prazo, os adia para dentro em breve. E sempre que esse curto prazo se esgota, é prolongado por outro período mais ou menos igual...

Embora o Governo Federal continue a fazer frequentemente desapropriações de terras para efeito de Reforma Agrária, o total dessas desapropriações não configura uma marcha célere da terrível reforma.

Por seu lado, as "mass media" tanto mantêm na surdina essas desapropriações, que um misto de apreensão e de distensão se vai alastrando pelos campos.

Com tudo isso, a Reforma Agrária parece de tal maneira encalhada, que até já se cogitou, em alguns jornais, de fechamento do Ministério da Reforma e do Desenvolvimento Agrário.

Enfim, tem-se a impressão de que todos os perigos — ou pelo menos os principais — pararam de andar.

"Pararam de andar" é bem a expressão adequada. Porque quem dissesse que esses perigos desapareceram do panorama, cometeria um grande erro de avaliação.

Erro de avaliação esse, a que pode ser induzida a classe rural, ao passar de um tensivo debate, que já dura quase dois anos, em torno da ameaça agro reformista, para um quadro de aparente recuo do perigo, como é o atual.

Qualquer observador de mediana clarividência pode constatar que nada aconteceu que demonstre terem os promotores do perigo se retirado efetivamente da luta. Eles apenas diminuíram o número de declarações ameaçadoras e de "façanhas" aparatosas. Mas a meta reformista e confiscatória continua a ser visada por eles.

Todos já ouvimos falar da "dança da morte" a que se entregam certas tribos de índios.

Lançando mão de algum prisioneiro, amarram-no num tronco e constituem-se em círculo em torno dele. Ato contínuo, dando início a um ritual macabro, começam a dançar e rodopiar em torno da vítima.

O prisioneiro, angustiado, ora vê o círculo dos adversários a se aproximarem ameaçadoramente dele, ora nota, pelo contrário, que o mesmo círculo se alarga, e os adversários tomam distância dele.

Mas o rodopio infernal se vai apertando. Parece à vítima que, a cada vez que o círculo da morte se abre em torno dele, abre-se menos. E, sempre que se fecha, fecha-se mais. Momento virá que a hora da morte terá chegado, quando os selvagens lhe vibrarem na cabeça a machadada fatal.

Esta imagem bem pode servir de metáfora para resumir a história de grande número de revoluções. E também sintetizar a situação convulsa que o País atravessa.

Habitualmente, os que estão no poder, ou os que têm situação econômica mais forte, julgam que o perigo se encontra mais distante do que na realidade está. E, quando menos esperam, soa o momento em que este perigo lhes salta ao pescoço.

No caso da dança dos índios, parece haver uma determinação, por parte dos algozes, de desorientar a vítima e fazê-la passar pelos tormentos de uma confusa marcha para a morte, antes de a exterminar finalmente.

Se tal fosse o intuito dos adversários da classe burguesa no Brasil, não agiriam de outro modo.

A TFP, se quisesse fazer o jogo dos adversários, tomaria ares de distender-se quando eles abrem o cerco, e se faria pregoeira do pânico quando eles o estreitassem.

Entretanto, uma organização com o quilate da TFP jamais procederia assim.

Ela está inteiramente cônscia do perigo, mesmo quando este parece afastar-se. E sabe que o comunismo (ou o reformismo confiscatório, precursor deste), quando afrouxa o círculo, não é porque desistiu de seu intuito de destruição, mas porque pretende desmobilizar a vítima, para logo em seguida voltar à carga com mais virulência ainda. Em outros termos, ele deseja aturdi-la, a desorientá-la antes de a matar.

Se a TFP paralisasse suas atividades nas ocasiões em que o perigo parece minguar, ela teria a sensação de estar faltando com a missão a que se propôs. Mas também está certa de que a propriedade privada e a livre iniciativa acabariam por receber em nosso País — muito antes do que se pode imaginar — a derradeira machadada que as prostraria por terra.

A causa da civilização cristã no Brasil pede — especialmente nesta hora — pontos de apoio verdadeiramente sérios. E é por isso que a TFP vem mantendo bem alto o seu estandarte anti-agro-reformista. E pretende continuar a fazê-lo.


Invasões de terrenos: Reforma Urbana "na marra"

Enquanto se nota, no "ager" brasileiro, o refluxo do movimento de invasões, tal movimento ganha corpo agora nas cidades, através do esbulho organizado de terrenos urbanos. As entidades organizadoras dessas invasões são as mesmas de sempre: a Pastoral da Terra e as CEBs, o PT, o PC do B etc.

Serão as primeiras tentativas para a realização da Reforma Urbana "na marra", no mesmo esquema com que se tentou empurrar para frente a Reforma Agrária?

A ser assim, estaremos diante de um fenômeno de alastramento da agitação, que desta forma passa do campo para a cidade.

Esta era uma consequência há muito prevista pela TFP em suas diversas tomadas de atitude face à Reforma Agrária. Pois, se não se coloca um dique à violação do direito de propriedade no campo, mais cedo ou mais tarde, pela própria dinâmica do mal, esse direito não será também respeitado nas cidades.

Segundo orgãos da imprensa nacional, as invasões da zona leste da capital paulista, que tiveram início em março último, foram insufladas pelo PC do B e pela Pastoral da Terra. Na foto, um dos invasores aparece com a filha, em frente à casa que construiu, na Vila 1 ° de outubro, Estrada D. João Nery, Guaianazes. No muro do terreno, bem visível, um pichamento significativo...

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