As lideranças dos sem-terra, ao fazerem uma avaliação desse ano e meio de acampamentos e invasões, acabaram por concluir que a forma de acampamento já não é a melhor maneira de pressionar as autoridades para a realização da Reforma Agrária. A notícia é dada pelo "Jornal do Brasil" de 8-12-86.
"Desde novembro do ano passado não orientamos mais a formação de acampamentos. Essa forma de luta está esgotada", afirmou o líder do sem-terra Seno Stats, frase essa citada pelo jornal.
Segundo aquele quotidiano, muitas famílias estão saindo do movimento e voltando para suas terras de origem.
Como se recorda, foi no ano de 1981 que se fizeram sentir os sinais precursores da onda de invasões e ocupações de terras, a qual apresentou em fins do regime militar, isto é, a partir de abril de 1984, um surto de maior intensidade (cfr. "No Brasil: A Reforma Agrária leva a miséria ao campo e à cidade — A TFP informa, analisa, alerta", Plinio Corrêa de Oliveira, Editora Vera Cruz, 1986, pp. 10 e 11).
Agitadores agro reformistas munidos por impulso de numerosos vigários, religiosas, e muitos núcleos de CEBs, há tempos vinham reunindo as hordas de invasores, com o manifesto intuito de tornar a Reforma Agrária um fato consumado à margem da lei.
Nessa hora difícil para a classe rural, a TFP promoveu a difusão, em 86 jornais de 21 Unidades da Federação, dos lúcidos pareceres jurídicos que demonstram ter o legítimo proprietário, segundo o Código Civil, quando desassistido da autoridade policial, o direito de defender-se, e às suas terras, contra o esbulho dos invasores e ocupantes agro reformistas — o que pode fazer inclusive à mão armada, quando necessário.
Com expressiva simultaneidade, as invasões e ocupações foram de tal forma caindo de número, que, em certo momento, pareceram ter cessado.
Vinte "plenários" estaduais — organizados pelo notoriamente esquerdista Plenário Pró-Participação Popular na Constituinte, que promove reuniões com a participação da CUT, CGT, Pastoral da Terra, UNE e Fetaesp, entre outras entidades — que debatem por conta própria a Constituinte, já selecionaram cinco temas sobre os quais apresentarão propostas para a nova Constituição.
Os temas são: Reforma Agrária, Reforma Urbana, direito dos trabalhadores, direito à informação e instrumentos de "participação popular" nos planos social, político e econômico (cfr. "Folha de S. Paulo", 25-3-87).
Também o PT, em sua ressurrecta campanha de "diretas, já" para a Presidência da República, irá colocar a Reforma Agrária em sua "plataforma democrática básica" (cfr. "Folha de S. Paulo, 24-3-87).
Plataforma semelhante é simultaneamente pleiteada pelo PC do B, conforme decorre de declarações do sr. Jorge Eltz de Souza, presidente do diretório paranaense desse partido-anão.
Pretende ele a formação de uma frente de trabalho com todos os setores "progressistas" da sociedade, para exercer pressão sobre os constituintes, através de plenárias populares por municípios, entidades ou categorias, manifestações de ruas e caravanas até Brasília (cfr. "Folha de Londrina", 7-2-87).
São na mesma linha os assuntos ventilados na reunião da "ala progressista" do PMDB, à qual compareceram parlamentares do PDT, PT, PSB, e PC do B.
Na ocasião, o deputado Aldo Arantes, conhecido agitador estudantil filiado à Ação Católica nos anos 60, e agora expoente do PC do B, estabeleceu como plataforma comum dos parlamentares presentes, entre outras medidas, a Reforma Agrária (cfr. "Jornal do Brasil", 21-3-87).
Nesse momento em que se prepara um duro golpe contra o proprietário urbano, uma pergunta fica levantada: qual será o "latifúndio" urbano que os órgãos e entidades estatais detêm em suas mãos, muitas vezes "improdutivo"?
A esse propósito, o "Jornal do Brasil" publicou reportagem de 3/4 de página, de responsabilidade de Anselmo Gois, da qual extraímos alguns dados reveladores.
Segundo o articulista, "o governo federal que (...) se vê empalado a promovera reforma agrária nas terras alheias, tem sido, ao longo do tempo, relapso com suas próprias terras — muitas delas fincadas em áreas de grande valorização no perímetro urbano".
O imenso latifúndio urbano do IAPAS daria para abrigar 428 campos de futebol. O instituto é um infeliz proprietário de 9 mil 917 imóveis que ocupam uma área de 3 milhões de metros quadrados no perímetro urbano. Só em Minas esse patrimônio sobe a 1 mil 130 imóveis.
Nas terras do BNH poderia ser erguida, em tese, uma cidade nova para 5 milhões de habitantes. São ao todo 282,6 milhões de metros quadrados.
A Rede Ferroviária Federal é proprietária de imóveis residenciais, pelo Brasil afora, equivalentes a quase dois terços das moradias do bairro de Botafogo, na Zona Sul carioca. Ela tem nada menos que 20 mil imóveis residenciais, além de prédios e terrenos de toda espécie.
Quatro grandes favelas do Rio estão plantadas sobre terrenos do Banco Central, em plena Avenida Brasil.
O Banco do Brasil é dono de 1 mil 100 imóveis de vários tipos, isto sem contar os 1 mil 181 prédios em que funcionam suas agências.
O Metrô do Rio tem 95 terrenos em áreas de grande valorização imobiliária na Tijuca, flamengo, Catete e Botafogo. A maioria desses terrenos está abandonada.
"O princípio do fim para o Partido Social Democrata mais antigo do planeta" . Nestes termos exprimiu-se o Chanceler Helmut Kohl, ao comentar o grande revés sofrido pelos socialistas alemães (SPD) em Hesse, tradicional reduto desse partido há mais de quatro décadas. Segundo o candidato vitorioso do Partido Democrata Cristão (CDU), Walter Wallmann, "o SPD (socialista) está condenado a ir de derrota em derrota, se insistir em sua aliança com os Verdes" (ecologistas).
Analistas comentam que o pleito refletiu a grave crise existente entre os socialistas alemães e a desorientação de seus eleitores.
Nos últimos anos, têm sido frequentes na Europa os insucessos eleitorais da esquerda, principalmente na Alemanha e Inglaterra, onde os partidos mais à direita, atualmente no poder, gozam de sólida maioria.
Foi-se o tempo em que confessar publicamente a crença em Deus e frequentar as igrejas eram atitudes logo qualificadas de piegas, próprias tão-somente a espíritos débeis, efeminados ou decrépitos. As novas gerações, ao que parece, não pensam mais desta forma.
Assim, nos meios universitários norte-americanos caiu em desuso e cínico materialismo do passado, e a polêmica sobre questões religiosas renasce com todo vigor, conforme relata ampla matéria estampada pela conhecida revista "Newsweek", de março último.
Nesse sentido, não é difícil comprovar um fato da atualidade: a segurança que a técnica hodierna proporciona aos jovens, não lhes satisfaz os anseios do espírito.
"A alma humana é naturalmente cristã", afirmava judiciosamente Tertuliano. Compreende-se, pois, que nem os prazeres, nem as drogas, tampouco o mero bem-estar material poderá substituir no homem essa profunda apetência pelos temas religiosos.
"A humanidade vai amadurecendo e a religião, pela lei da gravidade, irá desaparecendo até fazê-lo completamente".
Declaração tão aberrante foi feita por um sacerdote que se afirma publicamente marxista, e é amigo de D. Casaldáliga. Trata-se do tristemente afamado Padre Ernesto Cardenal, Ministro da Cultura nicaraguense.
O depoimento, colhido pelo jornalista Pedro Monzón, é citado no livro de Luiz H. Alvares, intitulado "Nicarágua Sandinista o el Refinamiento del Engano", Argentina, 1985.
Mais de 1.500 manifestantes participaram, na Nova Caledônia, de um ruidoso protesto contra a presença do navio russo Alexander Pushkin, no porto de Noumea. Menos de duas horas depois de entrar no porto, o navio foi obrigado a zarpar, sem que nenhum de seus 500 passageiros pudesse desembarcar.
Mesmo antes do navio tentar atracar, seu negro casco já estava coberto de frases como "Soviéticos fora do Pacífico" e "Soviéticos voltem para casa". Quando as cordas foram lançadas ao cais, garrafas de cerveja começaram a voar. Pelo menos uma das janelas da embarcação foi atingida. Os mais exaltados conseguiram cortar as cordas, apesar da torrente de água despejada pela tripulação do navio.
Os organizadores da manifestação — membros do partido direitista "Frente Nacional" — disseram que o protesto visava externar seu descontentamento em relação ao acordo pesqueiro entre a Rússia e Vanuatu no valor de 1,5 milhão de dólares. Vanuatu é um país formado por várias ilhas, a nordeste da Nova Caledônia, e distante apenas 400 quilômetros deste país.
O Colégio Pedro II, tradicional estabelecimento de ensino do Rio, resolveu reviver o ensino tradicional, em busca da qualidade perdida nos últimos vinte anos. Reintroduziu no currículo as antigas disciplinas — português, literatura, história e geografia — em lugar das insonsas e bisonhas "comunicação e expressão", "estudos sociais" e equivalentes, que estavam em voga na década passada. Fez mais: os alunos têm agora aulas obrigatórias de latim e filosofia, e as normas disciplinares tornaram-se rigorosas.
Como consequência, no último ano, 82% dentre os estudantes do referido estabelecimento de ensino, que prestaram exames vestibulares, foram aprovados.
"O professor que deixa algum traço na criança é o duro, o enérgico, nunca o bonzinho", ressalta o diretor do Colégio Pedro II, Tito Urbano, onde leciona há mais de cinquenta anos.
Segundo ele, o latim e a filosofia obrigam o aluno a raciocinar e a desenvolver seu espírito crítico, enquanto os modernismos e as reformas ocasionaram uma decadência do ensino, nos últimos anos.
Espiões russos não precisam praticar malabarismos para terem acesso a segredos militares norte-americanos; basta que frequentem leilões realizados em bases aéreas dos Estados Unidos. Esta é a conclusão a que se pôde chegar, após as auditorias militares efetuadas recentemente nesses locais. Foram encontradas 1.200 fitas magnéticas prontas para serem leiloadas juntamente com cadeiras, escrivaninhas e máquinas de escrever — em várias bases aéreas. As fitas reúnem dados sobre satélites militares e de comunicação lançados em Cabo Canaveral (Flórida); testes de caças-bombardeiros F-15 e F-16 na base de Edwards (Califórnia); dos mísseis Pershing, Poseidon e Triton, na base de Patrick (Flórida); e de lançadores de foguetes, na estação da Força Aérea, em Los Angeles. Outras fitas, contidas em caixas com o selo "secreto", estavam abandonadas no escritório de venda de sucata das bases de Offutt (Nebraska) e Elgin (Flórida).
Segundo especialistas europeus e americanos ligados aos leilões de obras de arte, está mudando a atitude das pessoas nesse campo. Nos dias atuais, artigos muitas vezes feitos em série alcançam preços absurdos; como também certos objetos que pertenceram a cantores de "rock" vêm sendo leiloados a preços exorbitantes, como se fossem obras artísticas.
Por exemplo, há dois anos, o Rolls-Royce do "beatle" John Lennon obteve o preço de 2,3 milhões de dólares durante leilão realizado no antiquário "Sotheby's", de Nova York; e a guitarra do cantor Bill Haley foi arrematada por 24 mil dólares no "Christie's", de Londres. Ambos os antiquários já possuem departamentos especializados em objetos de "rock".
Numa época em que a inversão de valores e a falta de bom senso vão se fazendo notar em tantos campos da atividade humana, não espanta que pseudo-relíquias de "celebridades" em voga ocupem o lugar das grandes obras-primas, disputando-lhes a primazia junto ao público. Como consequência, as manifestações de gênio e talento quase não têm mais onde exilar-se... e estertoram.
Segundo pesquisadores empenhados na descoberta de antídotos contra o vírus dessa terrível doença, a situação agravar-se-á ainda mais, visto que não há a menor perspectiva de êxito para os próximos anos.
No Brasil, somente no mês de fevereiro, comprovaram-se 251 novos casos, o que fez a cifra aumentar de 1.012 para 1.263 doentes (24,7%). São os homossexuais — como se sabe — os principais responsáveis pelo alastramento da moléstia.
Já nos Estados Unidos, estima-se que 1,5 milhão de americanos tenham sido expostos ao vírus da AIDS. Destes, pelo menos 500 mil apresentarão, cedo ou tarde, sintomas da moléstia. Outras 500 mil terão sintomas secundários relacionados com a AIDS (debilitamento geral do organismo, disfunções metabólicas e outros efeitos).
O assunto vem dando margem a uma espantosa publicidade sobre questões sexuais na TV, tanto brasileira quanto norte-americana. Assim, sob pretexto de informar o público acerca da doença e evitar sua propagação, os meios de comunicação social acabam banalizando a prática de aberrações morais, na medida em que, ao veicularem o tema, fazem tábula rasa da moral católica. Redundará tudo, pois — forçosamente — numa maior degradação dos costumes. Ora, crescendo a imoralidade, não grassará ainda mais o apocalíptico flagelo?