| CRISE DO MUNDO MODERNO |

Barbárie materna

COMPULSANDO alguns recortes de jornais, deparei com as seguintes notícias:

Tendo dado à luz a bordo de um avião, a mãe, ao chegar ao aeroporto, jogou o bebê numa lata de lixo. Dois dias depois, a criança foi encontrada morta.

Um bebê de quatro quilos foi encontrado num oco de árvore queimada.

— Uma mulher abandonou seu filhinho no chão de um banheiro, numa parada de beira de estrada.

Esses fatos ocorreram nos Estados Unidos, onde, somente em 1987, mais de seiscentos recém-nascidos foram atirados ao lixo, abandonados em toaletes ou lançados no mar ou em rios, por suas mães. E esse número se refere apenas aos casos registrados pela polícia (cf. "O Globo", 3-1-88).

Em simbólico contraste com essas mães que odeiam os frutos de suas entranhas, uma cadela deu uma lição de carinho com que deve ser tratada toda criança.

Na Alemanha Ocidental um menino de quatro anos de idade foi abandonado pelos pais em sua casa, perto da cidade de Dusseldorf. Avisada por vizinhos, a polícia se dirigiu ao local e encontrou a criança completamente nua, compartilhando um osso com uma cadela.

A casa estava inteiramente abandonada, e havia excrementos por toda parte. O menino, que fora cuidado pela cadela, latia, prestava muita atenção e dormia como se fosse filhote de cachorro. Um pormenor despertou a atenção dos policiais: as mãos, os pés e o rosto do menino estavam muito limpos. "A cadela limpava-o com carinho; ela o criou e o protegeu", disse o promotor encarregado do caso. O dever, criminosamente rejeitado pela mãe, foi cumprido com fidelidade pela cadela.

Na clínica onde foi internado, o menino dormia numa posição canina: a cabeça apoiada sobre os braços estendidos. Constatou-se também que ele é autista (pessoa que se desliga da realidade exterior e cria um mundo dentro de si), articula apenas uma palavra "Asta" — o nome da cadela —, e só aceita alimentos frios, como fazem os cães (cf. "O Globo", 22-3-88).

Outros fatos poderiam ser acrescentados, mas os narrados acima são mais do que suficientes para demonstrar que, no mundo neopagão em que vivemos, o amor materno — inato até nos animais — está declinando rapidamente. E sem amor materno, a instituição da família não pode subsistir.

A principal razão dessa aberração está no vício de só se desejar fazer o que é gostoso. Para se cuidar de um filho é preciso ter espírito de sacrifício e executar trabalhos desagradáveis. E isso rejeita a pessoa com a mentalidade voltada para o gozo.

Ora, fazer apenas o que agrada aos sentidos, deixando de lado os princípios que norteiam a reta atividade da inteligência e da vontade, caracteriza a barbárie.

Paulo Francisco Martos


| DISPLICÊNCIA ANTE O COMUNISMO |

Avestruzes na Europa

CADA VEZ MENOR é o número de alemães ocidentais que se sentem ameaçados pelas forças do Pacto de Varsóvia, aliança militar dos países do bloco comunista na Europa Oriental, capitaneada pela Rússia.

Pesquisas de opinião feitas pelo Ministério da Defesa da Alemanha Ocidental revelaram recentemente essa tendência à despreocupação, que, no entanto, não tem explicação racional à vista dos dados mais recentes sobre o armamento militar existente naqueles países.

Até agora, por exemplo, os soviéticos não só não destruíram nenhum dos seus mais de 50 mil tanques de guerra, mas estão aumentando o seu número. Sob o sorridente governo de Gorbachev, três mil tanques equipados com a mais moderna técnica deixam anualmente as fábricas russas. A OTAN; no entanto, mal obtém mil tanques novos por ano. A própria vantagem oriunda da alta qualidade tecnológica da indústria militar ocidental, que há poucos anos ainda compensava a superioridade numérica russa, já está superada.

Os exércitos de Gorbachev estão em condições, como nunca antes, de tomar de surpresa com armas convencionais qualquer país da Europa Ocidental. A opção para o Ocidente de ter que empregar armas nucleares para barrar um avanço de tropas comunistas é cada vez maior. No entanto, segundo o Ministério da Defesa da Alemanha Ocidental, a maioria dos alemães recusa o emprego até de armas atômicas táticas, o que faz com que mesmo a estratégia da defesa flexível da OTAN não tenha apoio na maioria da população alemã.

Altos oficiais do estado-maior do exército alemão atribuem essa evolução — desastrosa para a defesa e segurança da Alemanha — ao êxito da propaganda empreendida pelo chefe do PC russo, Gorbachev. Ele renunciou aos seus foguetes de alcance médio, mas conseguiu um amolecimento da vontade de defesa dos ocidentais. Um alto negócio político com que os comunistas sempre sonharam.

Os efeitos da glasnost de Gorbachev estão se delineando catastróficos para o Ocidente, pois a introdução de novos sistemas de armamentos e a já urgente modernização de sistemas ultrapassados, dificilmente serão passíveis de realização em vista de seu elevado custo.

Apesar desses fatos, os alemães ocidentais, deleitados com o cântico de paz e abertura da sereia vermelha do oriente, estão metendo a cabeça na areia, como o avestruz, para não ver o perigo que se acerca.

Uma ampla campanha denunciando as reais intenções de Gorbachev com sua política de reforma e a consequente necessidade de uma inteligente política de defesa, bem como sobre as desastrosas consequências de uma comunistização da Europa, se torna urgentemente necessária.


| ERRATA |

Nota da Redação

Em nossa última edição, por um erro técnico, no artigo "O Paraíso prometido" houve um empastelamento entre o 2º. e 3º. parágrafos. Leia-se: "a sabedoria contida nessa máxima é de aplicação muito ampla: não só para os indivíduos, mas também para os povos e a sociedade em geral. Um exemplo esclarece o assunto.

"Com as descobertas científicas do século passado, e deste que ora ingloriamente agoniza, criou-se o mito muito generalizado de que a ciência resolveria todos os problemas da humanidade, conduzindo a um novo Paraiso terrestre. Nele, a paz seria perfeita, pois estando todos os homens com suas necessidades atendidas pela técnica e gozando de todas as comodidades, não haveria razão para disputas".


| REALIDADE |

A realidade concisamente


Vietnamitas passam fome

Grande parte dos 63 milhões de vietnamitas estão "subalimentados e desnutridos". Essa informação não foi inventada pela "imprensa capitalista", mas transmitida por uma emissora oficial do governo comunista.

Dentre os "subalimentados e desnutridos", existem 7 milhões ameaçados de morrer de fome, dos quais 40% são crianças. A escassez de alimentos atingiu tais proporções, que até a ração para os soldados vem sendo cortada. Pelo menos 10 mil habitantes de Saigon (hoje denominada Ho Chi Minh), segundo Vu Tuat Viet, editor do diário "Saigon Liberation", dorme nas ruas.

Desde que os Estados Unidos se deixaram enxotar do país pelas tropas comunistas, a Rússia, em lugar de alimentos, está enviando outro tipo de auxílio: armas e soldados. As bases de Da Nang (aérea) e Cam Ran (naval) estão ocupadas por forças soviéticas.


Pujança agrícola

– Recente estudo de um especialista em economia agrícola, Prof. Fernando Homem de Melo, da USP, desvenda perspectivas alentadoras sobre os rumos da economia nacional. Conforme o referido trabalho, neste final de milênio, a renda do brasileiro —mesmo das camadas sociais mais modestas — tenderá a crescer, levando à substituição das refeições baseadas no feijão com arroz por outras com alimentos mais nobres: carnes, peixes, ovos, verduras, queijos e massas.

Com efeito, este ano tivemos uma safra de grãos recorde, superior a 67 milhões de toneladas, e até o ano 2000 o Brasil produzirá mais de 100 milhões de toneladas de alimentos anuais, assegurando assim o abastecimento interno e exportando os excedentes — conforme anúncio do Ministro da Agricultura. Por ora, já produzimos 95% do que necessitamos.

Como se vê, quão longe da realidade laboram os que pretendem fazer a partilha compulsória das terras, alegando que nossa estrutura agrária é arcaica e geradora de miséria! Se a Reforma Agrária socialista e confiscatória for aplicada, aí sim temos tudo a recear.


"Golpe das instituições"

Valeu-se desta expressão o Departamento de Censo norte-americano ao colher os resultados de uma pesquisa sobre a situação da família no país. Conforme o levantamento, é tão elevada a proporção de divórcios nos Estados Unidos, que a quarta parte dos menores vive só com um dos pais.

"Quem somos?" Foi esta a indagação formulada pelas revistas "Time" e "Newsweek", perante o quadro desolador ostentado pela instituição da família norte-americana neste final do segundo milênio.


"Adolescente dilacerador"

A indústria de exploração sexual nos Estados Unidos campeia infrene. Além da avalanche pornográfica veiculada pela TV e revistas, há uma modalidade mais recente: "phone sex", ou seja, difusão de mensagens libidinosas por telefone. Somente na Califórnia há quatrocentas linhas telefônicas que divulgam essa nauseabunda técnica de perversão, a qual também vai encontrando adeptos em número crescente no Brasil.

A todo esse elenco sinistro de horrores, associa-se, assim, com frequência cada vez maior, o público infantil, que é compelido a ver cenas de sadomasoquismo e violências sexuais, em concorridíssimos espetáculos de cinema.

Após assistir recentemente a um desses filmes, num cinema de Boston, um menino de cinco anos ergueu-se no meio da assistência e apunhalou uma menina de dois anos: ele acabara de presenciar a mesma cena no espetáculo "Adolescente dilacerador..."


Caxias: um falso herói?

— Insultos gratuitos às memórias da Princesa Isabel e do Duque de Caxias vêm sendo veiculados pela esquerda católica neste centenário da Abolição.

A própria catedral de Duque de Caxias, cidade da Baixada Fluminense, foi utilizada recentemente — com a autorização do Bispo local, D. Mauro Morelli —para celebrações paralitúrgicas que intentaram denegrir as duas grandes personalidades de nossa História.

Em declarações à imprensa, D. Mauro Morelli não se pejou ao qualificar a guerra do Paraguai como um "crime" cometido contra o povo daquele país.

Por seu turno, D. José Maria Pires, Arcebispo de João Pessoa, negou à Princesa Isabel o glorioso epíteto de Redentora, e denominou a Lei Áurea de "Lei Madrasta", após assacar injúrias contra a Igreja Católica pelo papel que desempenhou durante a vigência da escravidão no Brasil.

Como era previsível, tais pronunciamentos demagógicos não encontraram acolhida no seio de nossa simpática população negra.


Ode ao terror

— O presidente do Peru, Alan Garcia, surpreendeu seu país e o mundo ao afirmar que os terroristas do "Sendero Luminoso" — movimento guerrilheiro que, com requintes de crueldade, já causou dez mil mortes, sobretudo no meio rural — "merecem nosso respeito e minha admiração pessoal".

Em sua apologia dos guerrilheiros, Garcia declarou ainda que o Sendero tem militantes "ativos e abnegados" e que, "criminosos ou não, os senderistas têm o que nós (o partido APRA) não temos: fervor".

Ante o impacto negativo causado por suas declarações, Garcia achou melhor recuar um tanto, aliás de modo ridículo: disse que "segundo o dicionário, 'admirar' não significa qualificar positivamente, mas sim surpreender-se com alguma coisa". Evidentemente, ninguém levou a séria esse recuo do Presidente, e já houve quem lhe sugerisse pedir uma licença de 90 dias.


Missa "gay"

— Impedidos pela polícia de fazer manifestação dentro da Catedral de São Patrício, localizada no centro de Nova York, 50 "católicos gays" cruzaram a 5a. Avenida e, diante da Catedral, fizeram seu protesto. Consistiu ele, nada mais nada menos, do que na celebração de uma Missa, oficiada pelos padres William O'Brien, de Nova York, e James Mallon, de Filadélfia. A ex-freira Victoria Rue acolitou os padres e distribuiu a comunhão aos homossexuais. Cerca de 200 pessoas assistiram ao sacrílego ato.

O magote "gay" realizou seu protesto neste local pelo fato de o Cardeal John O'Connor ter-se manifestado publicamente contra essa forma nefasta de perversão.

No final, a ex-freira acabou sendo presa... por "desobediência civil", pois atravessou a fileira de guardas que delimitavam o espaço da manifestação: ela queria levar a comunhão a outros "gays" mais distantes do local.


Os Padres William O'Brien, Jim Mallon e a ex-freira Victoria Rue (da esquerda para a direita), na concelebração do protesto "gay".

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