| REALIDADE |

A realidade concisamente


Costumes vitorianos

TAL É A ÚLTIMA moda nos Estados Unidos. Crescem verticalmente os chamados "novos vitorianos" que se inspiram não apenas na decoração, mas até na cultura e no estilo de vida familiar da Inglaterra do século XIX. A firma inglesa Laura Ashley está com doze filiais nos Estados Unidos e espera ter ainda vinte e quatro pontos de venda, dedicados à sua linha de decoração doméstica de estilo vitoriano. Há revistas prestigiosas para atender os "novos vitorianos". Entre elas a "Victorian Homes" e a "Victoria", esta última com 750 mil assinantes. Há no país

1.500 firmas criadas para atender essa faixa do público. O centro de seu interesse é vida familiar, costumes domésticos, decoração, educação infantil, conversa e boas maneiras.

Na foto, a família de Ronald Fleming toca música na sala de visitas de sua residência, em estilo Cambridge.


Empilhados e massacrados

"ARRANCAMOS para a lateral com nosso carro, e o tanque passou, desembestado. Conseguimos escapar do esmagamento, mas uma quantidade de populares não teve a mesma sorte ... Eles atiravam pedras e os moradores do bairro, os olhos cheios de lágrimas, gritavam: 'Isso é o comunismo?'"

Em termos patéticos, um correspondente da imprensa brasileira em Pequim narrou esta cena do massacre perpetrado pelos comunistas chineses na Praça da Paz Celestial.

Após a matança, no encalço de "suspeitos", os chefes marxistas estimulam agora a delação em troca de recompensas.

Empilhados em casas (ou casebres?) construídas habitualmente ao redor de uma pequena praça - onde telefone, cozinha e até banheiro são comuns - os infelizes chineses não têm como evadir-se ...

Enquanto isso, Gorbachev continua a sorrir, parecendo - ó suprema ironia! - tirar proveito da tragédia chinesa para sua perestroika, aos olhos do Ocidente bestificado ...


Enfermeiras que matam

QUATRO enfermeiras – uma das quais prostituta – do Hospital de Lainz, um dos mais conceituados de Viena (Áustria), confessaram ter assassinado pelo menos 200 doentes nos últimos dois anos.

As vítimas – todas com mais de 75 anos – foram exterminadas porque eram "doentes exigentes e trabalhosos" , admitiram as assassinas.

As mortes foram provocadas por doses excessivas de barbitúricos, ou por asfixia dos doentes com a introdução forçada de água nos pulmões por via oral.

Segundo um inspetor de polícia, aquelas enfermeiras "transformaram as agulhas das seringas em punhais".

Eis aí um sintoma típico do espírito neopagão de nossa época. A eutanásia é um crime, além de ser pecado grave contra o 5° Mandamento da Lei de Deus: "Não matarás".

Descalabros I

ANTES DO Plano Verão, um especialista calculou que os 17 bilhões de dólares correspondentes à dívida das siderúrgicas estatais - cujo "déficit" o Governo prodigamente cancelou - dariam para construir 8.300.000 casas populares, de alvenaria, a 1.300.000 cruzados de então cada uma. Assim, o incêndio de gastos dos altos fornos consumiu as casas que poderiam abrigar quase 35 milhões de brasileiros pobres. Tais usinas - que usufruem todos os privilégios de produção e importação - foram construídas com 10 por cento apenas de capital próprio (de que dispunha o Governo) e 90 por cento de capital tomado de empréstimo no Exterior. Quem é, pois, o verdadeiro responsável pela dívida externa?

Descalabros II

PARA a construção de uma das principais empresas do grupo siderúrgico Açominas, foram aplicados 800 milhões de dólares na compra de laminadores, que ficaram amontoados ao relento durante cerca de oito anos. Devido a esta "brilhante" iniciativa, quando a Açominas entrou em operação já ostentava um "déficit" de ... 3,874 bilhões de dólares!


| EDITORIAL |

Assestando o foco nos pontos nevrálgicos

O MUNDO COMUNISTA, de momento, apresenta duas faces. Uma sorri e seduz, a outra amedronta e repugna. A primeira é a russa. A segunda, a chinesa, tem um símile bem menor, porém próximo a nós, na tirania fidelista, paradoxalmente deteriorada e endurecida, mas ainda tão ao gosto dos "teólogos da libertação".

Está em curso, por parte da Rússia, uma autêntica e insidiosa operação de conquista, que aliás já contabilizou importantes êxitos. Não é militar, nem está derramando sangue; suas armas são as da propaganda. Visa, não a ocupação dos territórios, como na guerra clássica, mas o domínio das mentes. Parcelas imensas do público ocidental, inclusive decisivos setores dirigentes, arraigados em concepções anacrônicas a respeito do que é guerra, do que é política e do que é conquista, estão se deixando embair pela imagem desarmante de um comunismo sorridente, reformista e com anseios democráticos. Neste palco, cujo ator principal é Gorbachev, também constituem papéis importantes a encenação em torno do triunfo de "Solidariedade" na Polônia, o degelo húngaro, a anunciada derrubada da "Cortina de Ferro" e declarações como a de Ochetto, líder do PCI, de que o comunismo, enquanto sistema de governo, fracassou.

Derrubando nas psicologias as barreiras que ainda se opõem ao avanço comunista, não haverá resistências de monta nas ordens econômica, política ou militar contra ele. Caminharemos para a convergência dos regimes políticos, qualificada por Gorbachev, no que se refere ao Velho Continente, de "o caminho do consenso em direção a uma casa europeia comum". Tal confluência será uma etapa necessária da planejada e apocalíptica convergência dos sistemas econômicos, das doutrinas mais contrárias, e até mesmo das raças e das religiões.

Entraríamos desta forma na etapa do comunismo integral, ateu, relativista, radicalmente libertário nos costumes e de um igualitarismo extremo.

CONTRA ESSA investida ardilosa, os meios meramente humanos são irrisórios. Para defender-se dela o homem sensato confia sobretudo nos recursos sobrenaturais. Tendo em vista isso, "Catolicismo" oferece a seus leitores nesta edição uma abarcativa análise feita pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, mostrando o papel essencial que a devoção a Nossa Senhora desempenha para o triunfo da Igreja e a restauração da civilização cristã, o que necessariamente significa o esmagamento da Revolução e de seus ardis.

CATOLICISMO mostra também - e este aspecto se relaciona proximamente com a revolução no Brasil contemporâneo - que a onda de criminalidade crescente é alimentada mais pela decadência moral do que pela existência de bolsões de pobreza, desfazendo assim um dos principais mitos de que se serve a esquerda para demolir os fundamentos da presente ordem socioeconômica.


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