P.06-07 | MATÉRIA DE CAPA |

A paixão contemporânea da Igreja sob a tirania maometana

A Paixão de Cristo revive em nossos dias

Luis Carlos Azevedo



Quem conheça a situação de opressão e humilhação em que vivem hoje em dia os católicos nos países maciçamente muçulmanos da África e da Ásia, não terá dificuldade em reconhecer logo que ali sofrem eles sua Paixão, e mesmo morte, por professarem a única verdadeira Fé.


SEMANA SANTA: ocasião propícia para meditarmos o drama da atual perseguição movida contra católicos em países islâmicos.

“O cristão é um outro Cristo”, afirmou Tertuliano, significando com isso que, se formos realmente católicos, seremos semelhantes a Cristo. E, inevitavelmente, o turbilhão de ódio que se voltou contra Nosso Senhor Jesus Cristo, também contra os católicos se há de voltar. Aliás, o próprio Divino Mestre o predisse: “Se eles me perseguiram a mim, também vos hão de perseguir a Vós” (10., 15, 20).

E, precisamente, a glória do católico consiste em, tanto quanto possível, reproduzir em sua vida a vida do Salvador.

Será, por exemplo, o rapaz no colégio que é odiado e escarnecido pelos seus companheiros por não querer profanar a inocência de seus lábios com palavras impuras. O universitário, isolado e desprezado, por ter proclamado sua Fé na sala de aula à vista de um professor ímpio. O intelectual católico tradicional, que vê fecharem-se diante de si as portas da notoriedade, por professar a verdadeira doutrina da Igreja. Ou ainda o operário, perseguido em seu emprego, porque se ufana de sua condição de católico e não aceita as inovações aberrantes. E assim por diante.

Nessa ordem de ideias, quem conheça a situação de opressão e humilhação em que vivem hoje em dia os católicos nos países maciçamente muçulmanos da África e da Ásia, não terá dificuldade em reconhecer logo que ali sofrem eles sua Paixão, e mesmo morte, por professarem a única verdadeira Fé.

Todas essas circunstâncias precisam ser aqui lembradas por ocasião das celebrações da Semana Santa no corrente mês de abril. Tanto mais quanto esses fatos são geralmente ocultados no Ocidente, de modo a favorecer a falsa ideia de que perseguição religiosa é coisa do passado, inexistente numa época de ecumenismo.

Tirania maometana

Referindo-se à crueldade das perseguições movidas na Península Ibérica pelos infiéis maometanos contra os católicos, no século IX, assim se exprimiu o grande Bispo de Córdoba, Santo Eulógio:

"Poder-se-á dizer que vivemos tranquilos quando se destroem nossas basílicas, se enche de opróbrio os sacerdotes e se nos obriga a pagar mensalmente um tributo intolerável?

“É preferível uma morte fulminante a esta vida difícil e miserável. Ninguém de nós pode andar seguro entre os maometanos... enquanto eles virem em nós os símbolos da ordem clerical, irrompendo, como loucos, em gritos desaforados...

“Para que lembrar aqui as abomináveis canções que proferem ao ver o sinal venerável da Cruz, e as maldições e imundícies que vomitam de sua boca quando ouvem os sons de nossos sinos? Por toda parte temos de sofrer sua insolência e seu ódio à nossa santa Religião” (Fr. Justo Perez de Urbel O.S.B, San Eulógio de Córdoba, Ediciones Fax, Madri, 1942, pp. 155-156).

Transcorridos mais de onze séculos, essa sanha anti-catálica não se alterou em nada. Embora tenha passado por períodos extensos de relativa sonolência.

Nos dias de hoje, por toda parte onde o fundamentalismo islâmico(1) se expande e se implanta, o futuro dos católicos se obscurece: os não-maometanos se tornam cidadãos de segunda classe, sem direitos, considerados apátridas em seus próprios países. São proibidos de praticar em público a religião, de construir templos, de ter aulas de religião. Não têm direitos

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