P.26-27
| BRASIL REAL, BRASIL BRASILEIRO |
A Segunda Descoberta do Brasil
Leo Daniele
Colombo descobriu a América. E, segundo a legenda, descobriu também que é possível colocar um ovo em pé.
Já Cabral, ao que se saiba, apenas descobriu nosso País. Mas o descobriu bem descoberto. A carta de Caminha é eloquente: percebe-se que os portugueses julgavam ter topado com paragens de grande futuro.
Houve o Brasil dos primórdios, o Brasil Vice-Reino, o Brasil Reino Unido e o Brasil Império. Chegamos a ser um País importante e a ter uma das moedas mais fortes do mundo.
Depois... a poeira de certo desprestígio caiu sobre ele, encobrindo, pelo menos em parte... o que Cabral descobrira. Algo de análogo sucedeu com a América espanhola.
Ainda há quem pense, na Europa e nos Estados Unidos, que a capital do nosso País é Buenos Aires. Essa desdenhosa ignorância geográfica é constrangedora para nós, bem como para os habitantes da formosa capital argentina.
–– Onde é o Brasil? – pergunta um francesinho.
–– Não sabe? É aquele país imenso, que fica abaixo da Guiana Francesa...
Para não poucos habitantes do Velho Mundo, nisto ou em algo de semelhante se resume nosso País.
* * *
Pior que a ignorância geográfica dos de fora é a perda da autoestima pelos filhos desta terra. E pior do que esta é o vezo, quase a prevenção anti-Brasil que encharca certa mídia. Ela, por assim dizer, faz nosso País desfilar por uma galeria de espelhos côncavos e convexos, os quais o deformam e caricaturizam, embora conservando alguma semelhança com o original.
No último artigo dei exemplos concretos desta operação preconceituosa, que gera novos preconceitos em uma reação em cadeia, no mesmo momento histórico em que a desinformação grassa fora de nossas fronteiras.
* * *
Assim estavam as coisas quando as prestigiosas editoras francesas Hachette e Reclus, em edição conjunta, resolveram nos fazer justiça no verbete "América Latina", do terceiro tomo de sua "Geografia Universal".
Comentando tal lançamento, Pierre Verluise, no "Le Quotidien", de Paris, registra que "a enciclopédia não se propõe uma visão miserabilista. Ela lembra, muito a propósito, que na América Latina raramente se encontram situações de miséria massiva, como em certos países africanos ou asiáticos... [Ela] se situa atrás do pelotão de vanguarda dos países desenvolvidos, do que no grupo dos ‘menos avançados’".
Continua o "Le Quotidien": "Qual o país latino-americano cujo progresso econômico justifica uma atenção particular? O Brasil. Sua reputação de ‘país calorento e não muito sério’ ocultou por muito tempo sua nova posição na hierarquia mundial. Efetivamente, o Brasil tornou-se uma das dez primeiras potências econômicas do mundo. Ele dispõe hoje do primeiro parque industrial do Hemisfério Sul, o que lhe permite ‘dar as cartas’ nos mercados de exportação a países mais tradicionalmente desenvolvidos... como a França".
Sugestivamente, o título do artigo de Verluise é: A América Latina redescoberta.
Não há dúvida. Ou melhor, fica apenas uma dúvida. As editoras Hachette e Reclus estão descobrindo o Brasil, como fez Cabral? Ou apenas colocando um ovo em pé, como, na versão de alguns, em certa ocasião fez Colombo?
Francamente, tendo a ficar com a segunda hipótese.
| POST-SCRIPTUM |
Perfis humanos em painel
Audacioso até o incrível, quando for a hora da audácia;
prudente até o inimaginável, quando for a hora da prudência;
bom até o inexcogitável, quando for a hora do perdão;
severo até o espantoso, quando for a hora do castigo;
confiante a ponto de desarmar os outros de tão confiante, quando se tratar de confiar n’Aquela que merece uma confiança inteira
e, em relação à Qual até Deus, cujo olhar sonda os rins e os corações dos homens,
teve um comprazimento tão irrestrito que chegou ao ponto de n’Ela se encarnar para habitar entre nós.
II
Firmeza, firmeza, firmeza...
Firmeza cortês, firmeza polida, firmeza séria,
firmeza distinta, firmeza sem arrogância,
firmeza sem debilidade. Firmeza!
Plinio Corrêa de Oliveira
Imagem em painel
Dá licença de lembrar...
Charge publicada pelo "Frankfurter Allgemeine Zeitung". Enquanto a Lituânia acaba de escapar do maior cárcere a céu aberto da História da humanidade, cujo nome sinistro se resume nas letras URSS, no alto do muro alguns prisioneiros representam as outras nacionalidades cativas. Eles se preparam para seguir o exemplo da nobre nação báltica, enquanto Gorbachev olha preocupado pela janela.
O resto, estamos lendo todos os dias nos jornais. A charge sublinha o papel pioneiro dos lituanos na liquidação da ex-URSS. O abaixo-assinado das TFPs, de cinco milhões e duzentas mil assinaturas, sem dúvida os confortou e os ajudou a ter essa ousadia.
Se eles não houvessem sido tão audaciosos ... Vê-se agora melhor o valor de cada firma colocada no famoso abaixo-assinado. Inclusive da tua, Leitor.
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