P.16-17 | HISTÓRIA SAGRADA EM SEU LAR |

O Maná

Saídos do Egito, os hebreus caminhavam agora pelo deserto. E sentindo fome, murmuraram contra Deus. "E o Senhor falou a Moisés, dizendo: Eu ouvi as murmurações dos filhos de Israel; dize-lhes pois: à tarde comereis carnes e pela manhã sereis saciados de pães; e sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus".

Codornas e maná

"Aconteceu, pois, de tarde virem codornizes, que cobriram os acampamentos; e pela manhã havia uma camada de orvalho em redor dos acampamentos. E tendo coberto a superfície da terra, apareceu no deserto uma coisa miúda à semelhança de geada sobre a terra. "Tendo visto isto os filhos de Israel disseram entre si: Manhu? que significa: Que é isto? E Moisés disse-lhes: Este é o pão que o Senhor vos dá para comer. Ninguém deixe dele até (amanhã) de manhã. Mas eles não lhe deram ouvidos, e alguns conservaram até de manhã, e ele começou a ferver em vermes e apodrecer. Moisés, pois, irou-se contra eles.(1) "Todos começaram então a apanhar quantidade suficiente para um dia. Só no sábado se conservava, porque, querendo Deus que esse dia lhe fosse exclusivamente consagrado e empregado em obras de religião, não fazia descer o maná; cada qual procurava, pois recolher o dobro na sexta-feira".(2)

Possuía todos os sabores

"Alimentaste o teu povo com o alimento dos anjos, e deste-lhe o pão, vindo do céu, preparado sem trabalho, que tinha em si toda a delícia e a suavidade de todo o sabor. "Porque este alimento mostrava a doçura que tens para com teus filhos, porque, acomodando-se à vontade de cada um, transformava-se no que cada um queria.(3). "E os filhos de Israel comeram maná durante quarenta anos, até chegarem aos confins do país de Canaã".(4) Deus "deu-te [ó Israel] por sustento o maná, que tu desconhecias e teus pais, para te mostrar que o homem não vive só do pão, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus".(5)

No tabernáculo durante séculos

"E Moisés disse a Aarão: Toma um vaso, e mete nele maná; e põe-no diante do Senhor para se conservar pelas vossas gerações. E Aarão o pôs no tabernáculo para ser conservado.(6) "Por um outro prodígio, este mesmo maná, o qual não podia ser guardado de um dia para o outro sem se corromper, exceto no sábado, conservou-se numa urna do tabernáculo [e depois na Arca da Aliança] durante séculos".(7)

Pré-figura da Sagrada Eucaristia

"O maná é figura da Sagrada Eucaristia, que conforta o homem a caminhar no deserto deste mundo, em direção à verdadeira terra prometida, que é o céu".(8) Disse Nosso Senhor aos judeus: "Eu sou o pão da vida. Vossos pais comeram o maná no deserto, e morreram. (Mas) este é o pão que desceu do céu, para que aquele que dele comer não morra. Eu sou o pão vivo, que desci do céu. Quem comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que eu darei, é a minha carne (que será sacrificada) para a salvação do mundo".(9) "O novo maná, recebido com disposições convenientes, transforma-se em todos os desejos da alma fiel: fé, esperança, caridade, humildade, doçura, paciência, arrependimento filial, zelo ardente, coragem invencível, santa alegria".(10) Após ministrar a comunhão, fora da Missa, o sacerdote reza a seguinte oração: "Vós lhes destes o pão do céu, que contém em si todos os sabores". Notas: 1. Ex. 16, 11-20. 2. São João Bosco, História Sagrada, Livraria Editora Salesiana, São Paulo, 1965, 14ª.ed., p. 77. 3. Sb. 16, 20-21. 4. Ex. 16,35. 5. Deut. 8, 3. 6. Ex. 16, 33-34. 7. Padre Rohrbacher, Histoire Universelle de L’Égise Catholique, Gaume Frères, Paris, 1842, t.1, p.384. 8. São João Bosco, op. cit., p. 77. 9. Jo. 6, 48-52. 10. Padre Rohrbacher, op. cit., p. 384.
| REFORMA AGRÁRIA |

Fracassa no México a Reforma Agrária

Ante a baixíssima produtividade agrícola e a miséria do homem do campo, originadas de um longo processo de Reforma Agrária, o Governo viu-se obrigado a modificar a Constituição para incentivar agora a propriedade privada a livre iniciativa. Gregório Lopes O Presidente mexicano, Salinas de GortarI apresenta, em 24-1-91, seu "Relatório sobre o Estado da Nação" calamitoso no que se refere à agricultura. Se os noticiários da imprensa fossem menos caóticos, e salientassem o que de fato importa, teriam dado grande destaque a uma das notícias mais sensacionais dos últimos tempos na América Latina: a espetacular volta atrás da reforma agrária mexicana.

Uma reforma agrária mítica

Desencadeada na segunda década deste século, antes mesmo da soviética, a reforma agrária mexicana constituiu-se numa espécie de padrão universal de revolução no campo. Era citada de boca cheia por todos os esquerdistas como um exemplo a seguir. Aqui mesmo, no Brasil, quantos e quantos a colocavam como meta prioritária a ser por nós atingida! Foi implantada no México em 1915, em meio a um clima de agitações, pressões, efervescências, ódios, promessas mirabolantes, e regada por muito sangue. O clima, enfim, em que a esquerda não raro envolve suas reformas, para melhor ocultar a nocividade delas e a crônica falta de apoio popular de que se ressentem. Tratava-se de uma reforma agrária bastante radical. Todos os grandes e médios proprietários tiveram suas terras confiscadas, e posteriormente loteadas pelo Governo em parcelas ínfimas denominadas ejidos (espécie de assentamentos). A partir de então –– e até há pouco –– foram eles sendo distribuídos aos camponeses. O detentor do ejido não era dele proprietário, não podendo portanto vendê-lo, arrendá-lo ou emprestá-lo (o Estado, como ladrão apegado ao próprio roubo, mantinha-se proprietário da terra). O pobre ocupante do ejido –– tímido anãozinho em face de um Estado todo-poderoso –– podia apenas transmitir por herança aquela posse precária que lhe era concedida. Dois outros tipos de propriedade eram ainda admitidos pela lei agrária: uma microscópica propriedade privada e a propriedade comunitária. Mas a base da reforma era o ejido, que ocupava a maior parte das terras aráveis mexicanas. Evidentemente, um sistema tão antinatural não podia prosperar. Mas, iniciava-se pouco depois no mundo a Revolução comunista, com ponto de apoio na Rússia, e a propaganda trombeteava para os quatro ventos que ela traria a redenção dos pobres. Nesse contexto, a revolução mexicana não podia fracassar, sob pena de grave inconveniente para a expansão do comunismo internacional. Assim é que, para manter o processo de reforma agrária mexicana, foram artificialmente injetadas nele, durante anos a fio, somas astronômicas. Ao Página seguinte