P.08-09 | MARIOLOGIA | (continuação) lo –– e também pela lacrimação de Nova Orleans, que passamos a proclamar a incomparável nobreza de alma da Santíssima Virgem. * * * Em certo sentido, pode-se dizer que a virtude é a nobreza da alma. Isto é, ser nobre na ordem espiritual é ser virtuoso, é viver em estado de graça. De tal maneira que, numa alma nessas condições, o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo faz a sua morada. Assim como a nobreza terrena tem graus, que vão desde o barão até o duque ou o príncipe, assim também o viver na graça de Deus tem graus. E, dentre todas as criaturas, Aquela que atingiu o ápice dessa escala ascensional de virtudes e de graças foi Maria Santíssima. Não tratamos, pois, neste artigo, da nobreza terrena de Nossa Senhora, também verdadeira e importante, como pertencente à Casa real de David, mas tão-só de sua nobreza espiritual.

Proporção entre esposo e esposa

Um elemento para avaliarmos a nobreza de alma de Nossa Senhora está em considerarmos que, em todo matrimônio bem constituído, deve haver uma certa proporção entre esposo e esposa. Caso contrário, está-se em presença de uma mesaliança. Ora, Maria Santíssima é a Esposa do Divino Espírito Santo. Filha, Mãe e Esposa do próprio Deus, Ela concebeu a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade em seu claustro virginal (que permaneceu virginal antes, durante e depois do parto) por obra do Espírito Santo. É, portanto, Aquela criatura por excelência, única e incomparável, que pela graça teve certa proporção para esse desponsório com a perfeição infinita. A imagem de Nossa Senhora do Som Sucesso, esculpida milagrosamente no século XVI e venerada no Mosteiro da Conceição, em Quito, espelha adequadamente a nobreza espiritual e corporal da Rainha do Universo

Coragem e desprendimento

A autêntica nobreza de alma comporta dois importantes traços, que se manifestam na coragem e no desprendimento. Na alma santíssima de Nossa Senhora ambas características resplandeceram de modo incomparável. Nosso Senhor Jesus Cristo viveu trinta anos com sua Mãe amantíssima e o castíssimo São José. Este Lhe servia admiravelmente de pai. Nosso Divino Redentor consagrou três anos à sua atuação pública, ao cabo dos quais Nossa Senhora, que tinha perfeito conhecimento das Escrituras, sabia que Ele haveria de morrer crucificado. Também ao longo desses três anos, Nossa Senhora acompanhou passo a passo - pessoalmente ou em espírito –– seu Divino Filho. Após o falecimento de São José, Ela viu que a glória de seu Filho maravilhava e encantava as multidões, no primeiro ano de seu apostolado junto aos judeus. Isso, muito naturalmente, Lhe causava grande alegria, mais ainda por Ele ser Deus do que pelo fato de ser seu Filho. No segundo ano, começou Ela a notar os ódios e as intrigas articuladas contra Nosso Senhor pelos sacerdotes do Templo, escribas e fariseus. E compreendeu bem que, em meio a toda aquela conspiração, se preparava o momento em que uma tempestade haveria de desabar sobre seu Divino Filho, levando-O à morte. Maria Santíssima, com total desprendimento, considerava a aproximação da hora em que Ela deveria, uma vez mais, renunciar ao maior tesouro que jamais foi dado a uma criatura possuir: o próprio Homem-Deus. Ela concordou plenamente com que seu Filho cumprisse até o fim sua missão sendo morto como vítima expiatória pelos pecados dos homens. E adorando-O como ninguém, entregou-O nas mãos da justiça divina com coragem e desprendimento.

Nobreza por excelência

O Padre Eterno quis o consentimento d’Ela para que seu Filho morresse. Teve Ela conhecimento de todos os homens que haveriam de ser salvos pelos méritos do Sangue infinitamente precioso de Nosso Senhor Jesus Cristo, até o fim do mundo, e da glória que assim era dada a Deus. Por isso Ela consentiu. E é precisamente nessa entrega do tesouro mais precioso ao Padre Eterno que se venera um dos traços mais salientes da nobreza por excelência de Nossa Senhora. Com esse ato de generosidade, dispôs-se Ela a aceitar um dilúvio de dores, sofridas em união com as de seu Divino Filho. E por isso Nossa Senhora é realmente a Co-Redentora do gênero humano. Eis aí a nobreza perfeita: a coragem, o desprendimento completo, seguidos da glória perfeita, d’Aquela que é a "honra, glória e alegria" do mundo inteiro. A imagem de Nossa Senhora dos Reis (séc. XIII), sentada em seu trono na catedral de Sevilha, reflete bem o caráter régio da Mãe de Deus
| INTERNACIONAL |

O "turista" e sua máscara

Na viagem aos EUA, e em diversas entrevistas, Gorbachev tenta reafivelar máscara democrática. Um obstáculo: o "caso" da Lituânia. Charge publicada pela revista "Newsweek" (25-5-92) a respeito do presente oferecido por Reagan a Gorbachev: "Obrigado pelo chapéu de cowboy, Reagan... Ele servirá oportunamente..." Ser comunista não está mais na ordem do dia. Nem deixar de sê-lo. Face ao enorme fracasso socioeconômico, revelado pelo curso dos acontecimentos nos países de trás da ex-cortina de ferro, a importância política dessa ideologia decaiu enormemente, sendo necessário "nova roupagem" para ela. Há aí duas questões a serem respondidas: quem foi o culpado pelo fracasso e qual é a "nova roupagem" a ser adotada.

Gorbachev, o ambíguo

Mikhail Gorbachev, em sua tournée pelos Estados Unidos, declarou: "Tendo sido por muito tempo marxistas ortodoxos, estávamos certos de que tudo sabíamos. Mas a vida, mais uma vez, recusou aqueles que se consideram sabe-tudo e Messias" ("Jornal do Brasil", 7-5-92). Aparentemente uma rejeição ao marxismo ortodoxo, talvez o responsável pelo fracasso do socialismo. Na verdade, apenas a confissão de que não "sabíamos" tudo... E como para Gorbachev parece difícil deixar de mostrar-se um "sabe-tudo e Messias", numa entrevista com os editores da revista norte-americana "Time", eis o que ele apresenta como "um corolário da sua ‘perestroika’: o mundo inteiro necessita de mudança e reorientação". E anuncia que "uma alternativa entre capitalismo e socialismo está por acontecer" ("Time", 25-5-92). Entretanto, "olhando retrospectivamente a ‘perestroika’ e a ‘glasnost’, admitiu ele que não tinha ideia de no que tais mudanças iriam dar" (id., ib.). No país do capitalismo, recepções magníficas aguardavam Gorbachev, à maneira de um "turista" de luxo. Jantares a 1.000 e 5.000 dólares por pessoa, conferências igualmente pagas e discursos em lugares históricos. Simbólico o nome do avião que o transportava: Capitalist Tool –– Instrumento Capitalista. "Para um político decadente, afastado do poder e visto com desdém por seu próprio povo, foi notável a extasiada recepção" ("Jornal do Brasil", 12-5-92). Em Fulton, no local em que Churchill denunciou a criação da Cortina de Ferro em 1946, Gorbachev pretendeu ombrear com o estadista britânico e aproveitou o ensejo para fustigar os EUA e seus aliados, os quais teriam cometido muitos erros após a IIª Guerra Mundial. As conclusões dos EUA "sobre a probabilidade de uma agressão militar soviética eram irreais e perigosas" ("Jornal do Brasil", 7-5-92), afirmou. Insinuou, ademais, que esse erro de avaliação provocara a corrida armamentista., e que a URSS não visava a conquista mundial... Asserções estas notoriamente falsas! Enquanto o ex-chefe soviético recebia homenagens nos EUA, a imprensa internacional divulgava entrevistas suas. Numa delas, não escondeu seu verdadeiro perfil de comunista, a respeito de um ponto sensível: interrogado pelo "Komsomolskaia Pravda" (apud "Folha de Página seguinte