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A Floresta de Pedra
Esqueça, caro leitor, por alguns instantes, o poluído século XX, a agitação das megalópoles modernas e a faina da vida diária.
Imagine-se transportado para uma época cheia de distinção e nobreza, na qual as pessoas procuram não apenas a utilidade das coisas, mas sobretudo a sua beleza.
Olhe agora, com atenção, a foto desta página e sinta-se no vale do Loire, o jardim da França, a dois passos do castelo de Chambord.
O ocaso prematuro dos dias de inverno deixa seus últimos reflexos nas paredes brancas do castelo. que contrastam com o negro profundo do teto de ardósia, e com as sombras que cercam a faustosa construção.
A profusão de torreões e chaminés, com variados formatos, confere a impressão de uma autêntica floresta de pedra.
O conjunto arquitetônico, no entanto, é simétrico e proporcionado, exprimindo de modo eloquente a grandeza sem brutalidade, a distinção sem moleza, a nobreza sem afetação.
Estamos, é verdade, no século XVI, em plena Renascença. O rei da França, Francisco I, querendo impressionar seu rival. o imperador alemão Carlos V, mandou construir essa pequena cidade encantada em forma de castelo. E daí surgiu uma obra-prima da arquitetura francesa, que deslumbrou o monarca do Sacro Império e que, séculos mais tarde, ainda continua a deslumbrar, na geração presente, as almas sedentas de grandeza.
História muda narrada em pedra. Embora já pós-medieval, Chambord evoca um passado grandioso, carregado de glórias e tragédias, de paz e de guerras, que em muitos aspectos ainda exala o perfume inconfundível da Idade Média. aquela doce primavera da Fé.