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| REVOLUÇÃO E CONTRA-REVOLUÇÃO – PARTE III | (continuação)
Desta maneira, a III Revolução torna-se capaz de vencer, porém mais pelo aniquilamento do adversário do que pela multiplicação dos amigos.
Obviamente, para conduzir esta guerra, mobiliza o comunismo todos os meios de ação com que conta, nos países ocidentais, graças ao apogeu em que nestes se acha a ofensiva da III Revolução.
B. A guerra psicológica revolucionária total, uma resultante do apogeu da III Revolução e dos embaraços por que esta passa
A guerra psicológica revolucionária total é, portanto, uma resultante da composição dos dois fatores contraditórios que já mencionamos: o auge de influência do comunismo sobre quase todos os pontos-chaves da grande máquina que é a sociedade ocidental, e de outro lado o declínio da capacidade de persuasão e de liderança dele sobre as camadas profundas da opinião pública do Ocidente.
4. A ofensiva psicológica da III Revolução, na Igreja
Não seria possível descrever esta guerra psicológica sem tratar acuradamente do seu desenrolar naquilo que é a própria alma do Ocidente, ou seja, o cristianismo, e mais precisamente a Religião Católica, que é o cristianismo em sua plenitude absoluta e em sua autenticidade única.
A. O Concílio Vaticano II
Dentro da perspectiva de Revolução e Contra-Revolução, o êxito dos êxitos alcançado pelo comunismo pós-staliniano sorridente foi o silêncio enigmático, desconcertante, espantoso e apocalipticamente trágico do Concílio Vaticano II a respeito do comunismo.
Este Concílio se quis pastoral e não dogmático. Alcance dogmático ele realmente não o teve. Além disto, sua omissão sobre o comunismo pode fazê-lo passar para a História como o Concílio a-pastoral.
Explicamos o sentido especial em que tomamos esta afirmação.
Figure-se o leitor um imenso rebanho enlanguescendo em campos pobres e áridos, atacado de todas as partes por enxames de abelhas, vespas, aves de rapina.
Os pastores se põem a regar a pradaria e a afastar os enxames. –– Esta atividade pode ser qualificada de pastoral? –– Em tese, por certo. Porém, na hipótese de que, ao mesmo tempo, o rebanho estivesse sendo atacado por matilhas de lobos vorazes, muitos deles com peles de ovelha, e os pastores se omitissem completamente de desmascarar ou de afugentar os lobos, enquanto lutavam contra insetos e aves, sua obra poderia ser considerada pastoral, ou seja, própria de bons e fiéis pastores?
Em outros termos, atuaram como verdadeiros Pastores aqueles que, no Concílio Vaticano II, quiseram espantar os adversários minores, e impuseram livre curso – pelo silêncio – a favor do adversário maior?
Com táticas aggiornate –– das quais, aliás, o mínimo que se pode dizer é que são contestáveis no plano teórico e se vêm mostrando ruinosas na prática –– o Concílio Vaticano II tentou afugentar, digamos, abelhas, vespas e aves de rapina. Seu silêncio sobre o comunismo deixou aos lobos toda a liberdade. A obra desse Concílio não pode estar inscrita, enquanto efetivamente pastoral, nem na História, nem no Livro da Vida.
É penoso dizê-lo. Mas a evidência dos fatos aponta, neste sentido, o Concílio Vaticano II como uma das maiores calamidades, se não a maior, da História da Igreja.(cfr. Sermão de Paulo VI, de 29/6/1972.) A partir dele penetrou na Igreja, em proporções impensáveis, a "fumaça de Satanás", que se vai dilatando dia a dia mais, com a terrível força de expansão dos gases. Para escândalo de incontáveis almas, o Corpo Místico de Cristo entrou no sinistro processo da como que autodemolição.
Sobre as calamidades na fase pós-conciliar da Igreja, é de fundamental importância o depoimento histórico de Paulo VI na Alocução "Resistite fortes in fide", de 29 de junho de 1972, que citamos aqui na versão da Poliglotta Vaticana: "Referindo-se à situação da Igreja de hoje, o Santo Padre afirma ter a sensação de que «por alguma fissura tenha entrado a fumaça de Satanás no templo de Deus». Há – transcreve a Poliglotta – a dúvida, a incerteza, o complexo dos problemas, a inquietação, a insatisfação, o confronto. Não se confia mais na Igreja; confia-se no primeiro profeta profano [estranho à Igreja] que nos venha falar, por meio de algum jornal ou movimento social, a fim de correr atrás dele e perguntar-lhe se tem a fórmula da verdadeira vida. E não nos damos conta de já a possuirmos e sermos mestres dela. Entrou a dúvida em nossas consciências, e entrou por janelas que deviam estar abertas à luz. ....
"Também na Igreja reina este estado de incerteza. Acreditava-se que, depois do Concílio, viria um dia ensolarado para a História da Igreja. Veio, pelo contrário, um dia cheio de nuvens, de tempestade, de escuridão, de indagação, de incerteza. Pregamos o ecumenismo, e nos afastamos sempre mais uns dos outros. Procuramos cavar abismos em vez de soterrá-los.
"Como aconteceu isto? O Papa confia aos presentes um pensamento seu: o de que tenha havido a intervenção de um poder adverso. Seu nome é diabo, este misterioso ser a que também alude São Pedro em sua Epístola" (cfr. Insegnamenti di Paolo VI, Tipografia Poliglotta Vaticana, vol. X, pp. 707-709).
Alguns anos antes, o mesmo Pontífice, na Alocução aos alunos do Seminário Lombardo, no dia 7 de dezembro de 1968, havia afirmado que "a Igreja atravessa hoje um momento de inquietação. Alguns praticam a autocrítica, dir-se-ia até a autodemolição. É como uma perturbação interior, aguda e complexa, que ninguém teria esperado depois do Concílio. Pensava-se num florescimento, numa expansão serena dos conceitos amadurecidos na grande assembleia conciliar. Há ainda este aspecto na Igreja, o do florescimento. Mas, posto que «bonum ex integra causa, malum ex quocumque defectu», fixa-se a atenção mais especialmente sobre o aspecto doloroso. A Igreja é golpeada também pelos que d'Ela fazem parte" (cfr. Insegnamenti di Paolo VI, Tipografia Poliglotta Vaticana, vol. VI, p. 1188).
Sua Santidade João Paulo II traçou também um panorama sombrio da situação da Igreja: "É necessário admitir realisticamente e com profunda e sentida sensibilidade que os cristãos hoje, em grande parte, sentem-se perdidos, confusos, perplexos e até desiludidos: foram divulgadas prodigamente ideias contrastantes com a Verdade revelada e desde sempre ensinada; foram difundidas verdadeiras e próprias heresias, no campo dogmático e moral, criando dúvidas, confusões e rebeliões; alterou-se até a Liturgia; imersos no «relativismo» intelectual e moral e por conseguinte no permissivismo, os cristãos são tentados pelo ateísmo, pelo agnosticismo, pelo iluminismo vagamente moralista, por um cristianismo sociológico, sem dogmas definidos e sem moral objetiva" (Alocução de 6/2/81 aos Religiosos e Sacerdotes participantes do I Congresso Nacional Italiano sobre o tema "Missões ao Povo para os Anos 80", in "L'Osservatore Romano", 7/2/81).
Em sentido semelhante pronunciou-se posteriormente o Emmo. Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé: "Os resultados que se seguiram ao Concílio parecem cruelmente opostos às expectativas de todos, a começar do papa João XXIII e depois de Paulo VI. .... Os Papas e os Padres conciliares esperavam uma nova unidade católica e, pelo contrário, se caminhou para uma dissensão que – para usar as palavras de Paulo VI – pareceu passar da autocrítica à autodemolição. Esperava-se um novo entusiasmo e, em lugar dele, acabou-se com demasiada frequência no tédio e no desânimo. Esperava-se um salto para a frente e, em vez disso, encontramo-nos ante um processo de decadência progressiva ....". E conclui: "Afirma-se com letras claras que uma real reforma da Igreja pressupõe um inequívoco abandono das vias erradas que levaram a consequências indiscutivelmente negativas" (cfr. Vittorio Messori, A coloquio con il cardinale Ratzinger, Rapporto sulla fede, Edizioni Paoline, Milano, 1985, pp. 27-28).
Legendas desta página:
– O maior dos êxitos alcançados pelo comunismo pós-stalinista sorridente foi o silêncio enigmático, desconcertante e espantoso, apocalipticamente trágico do Concílio Vaticano lI a respeito do comunismo.
– Cardeal Ratzinger: "Os Papas e os Padres conciliares esperavam [após o Concílio] uma nova unidade católica e, pelo contrário, se caminhou rumo a uma dissensão que —para usar as palavras de Paulo VI -pareceu passar da autocrítica à autodemolição".
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